O arrependimento
Quando viu as palavras de Cristo a espalhar-se por toda a parte como aromas, a pecadora começou a detestar o fedor que saía dos seus próprios actos: «Não fiz caso da misericórdia que Cristo tem para comigo, procurando-me quando por minha culpa me perco. Porque é a mim que Ele procura em todo o lado; é por mim que janta em casa do fariseu, Ele que dá alimento ao mundo inteiro. Faz da mesa um altar de sacrifício onde Se oferece, perdoando as dívidas aos devedores, para que estes se aproximem com confiança dizendo: ‘Senhor, salva-me do abismo das minhas más obras.».
Ali acorreu avidamente e, desprezando as migalhas, agarrou no pão; mais faminta do que a Cananeia (Mc 7,24 ss), saciou a sua alma vazia, com igual fé. Não foi o grito de apelo a chamá-Lo o que a remiu, mas o silêncio, pois disse num soluço: «Senhor, livra-me do abismo das minhas más obras».
Correu até casa do fariseu, precipitando-se na penitência. «Vamos, alma minha, disse, chegou o momento que tanto pedias! Aquele que purifica está aqui, porquê ficares no abismo das tuas más obras? Vou ao Seu encontro, pois foi por mim que Ele veio. Deixo os amigos do passado, porque a Este que hoje aqui está, apaixonadamente O desejo; e como Ele me ama, dou-Lhe o perfume e as lágrimas que trago... O desejo pelo Desejado transfigura-me e eu amo Aquele que me ama da maneira que Ele quer ser amado. Arrependo-me e a Seus pés me rojo, é o que Ele espera; procuro o silêncio e o retiro, é o que Lhe agrada. Rompo com o passado; renuncio ao abismo das minhas más obras.
São Romano, o Melodista (c. 560), compositor de hinos - Hino 21
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