Há duas coisas que apenas provêem de Deus: a honra de receber a confissão e o poder de perdoar. Devemos confessar-nos a Ele, e esperar o seu perdão. Com efeito, somente a Deus pertence perdoar os pecados; só a Ele, pois, devem ser confessados. Mas o Omnipotente, o Altíssimo, tendo tomado uma esposa fraca e insignificante, fez desta serva uma rainha, colocando a Seu lado a que estava ajoelhada a Seus pés; pois foi do Seu lado que ela saiu, e foi desse modo que Ele a tomou como esposa (Gen 2, 22; Jo 19, 34). E, da mesma maneira que tudo aquilo que pertence ao Filho pertence ao Pai, e tudo aquilo que pertence ao Pai pertence ao Filho pela unidade de natureza que há entre os dois (Jo 17, 10), assim também o Esposo deu todos os seus bens à esposa, e se encarregou de tudo o que pertence à esposa, que uniu a Si mesmo e também a seu Pai. […]
É por isso que o Esposo, que é um com o Pai e um com a esposa, retirou dela tudo quanto nela encontrou de estranho, prendendo-lhe os pecados à madeira da cruz, e destruindo-os por meio desse lenho. O que é natural e próprio da esposa, assumiu-o Ele, tomando-o para Si; aquilo que Lhe é próprio e divino, deu-o Ele à esposa. […] Deste modo, partilha a fraqueza da esposa, bem como os seus gemidos, sendo todas as coisas comuns ao Esposo e à esposa: a honra de receber a confissão e o poder de perdoar. É essa a razão da ordem: “Vai mostrar-te ao sacerdote” (Mc 1, 44).
Isaac de l’Étoile (? - c. 1171), monge cisterciense - Homilia 11
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