Não era um interesse medíocre o deste jovem; ele manifesta-se como um apaixonado. Enquanto os outros homens de aproximavam de Cristo para o pôr à prova ou para lhe falar das suas doenças, das dos seus parentes ou ainda de outras pessoas, ele aproxima-se para conversar acerca da vida eterna. O terreno era rico e fértil, mas estava cheio de espinhos prontos a abafar as sementes (Mt 13,7). Vê como ele está realmente disposto a obedecer aos mandamentos: "Que devo fazer para ter como herança a vida eterna?"... Nunca nenhum Fariseu manifestou tais sentimentos; pelo contrário, eles estavam furiosos por serem reduzidos ao silêncio. O nosso jovem, quanto a ele, partiu com os olhos baixos de tristeza, sinal bem claro de que não tinha vindo com más intenções. Somente, ele era demasiado fraco; tinha o desejo da Vida mas retinha-o uma paixão muito difícil de ultrapassar...
"Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, distribui o dinheiro aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me... Ao ouvir estas palavras, o jovem afastou-se pesaroso". O evangelista explica qual é a causa daquela tristeza: é porque ele "tinha muitos bens". Os que têm pouco e os que estão mergulhados na abundância não possuem os seus bens da mesma maneira. Nestes, a avareza pode ser uma paixão violenta, tirânica. Neles, cada nova aquisição acende uma chama mais viva e os que são atingidos ficam mais pobres do que antes. Têm mais desejos e, contudo, sentem com mais força a sua pretensa indigência. Em todo o caso, vê como aqui a paixão mostrou a sua força... "Como será difícil aos que possuem riquezas entrar no reino dos Céus!" Não que Cristo condene as riquezas mas antes os que são dominados por elas.
S. João Crisóstomo (c. 345-407), bispo de Antioquia depois de Constantinopla, doutor da Igreja - Homilia 63 sobre S. Mateus
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