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domingo, 15 de janeiro de 2023

Barbárie contra a Igreja católica na Nigéria

 


No passado dia 14 de janeiro, pelas 3 horas da madrugada, a residência paroquial da Igreja de São Pedro e de São Paulo em Kafin-Koro, na região de Paikoro, na Nigéria foi invadida por indivíduos armados. Neste brutal ataque, o pároco, Padre Isaac Achi foi queimado vivo e o P. Collins, seu assistente, ao tentar fugir, ficou gravemente ferido, atacado pelas costas.

Mais um ataque hediondo e covarde contra um ministro de Deus neste país africano. Uma notícia que começa a fazer-se constante nos noticiários, mas que recebe pouca difusão na Europa.

Fortes críticas do Cardeal Pell ao Pontificado de Francisco

 


Durante a Quaresma de 2022, no dia 15 de março de 2022, o jornalista italiano Sandro Magister publicou no seu Blogue Sétimo Céu, um memorando com fortes críticas ao Pontificado de Francisco. O documento estava assinado por um pseudónimo: Demos.

No dia 11 de janeiro de 2023, ficamos a saber que o seu autor, segundo Sandro Magister, é o Cardeal George Pell, que faleceu aos 81 anos, no dia 10 de janeiro de 2023, no Hospital Internacional Salvator Mundi de Roma, após ter sido submetido a uma cirurgia no quadril.

 No documento, podem-se ler as seguintes críticas:

 Os comentaristas de todas as escolas, mesmo que por razões diferentes, com a possível exceção do padre Spadaro, SJ, concordam que este pontificado é um desastre sob muitos ou mais aspetos, uma catástrofe.

 1)     O sucessor de São Pedro é a rocha sobre a qual está edificada a Igreja, uma grande fonte e causa de unidade mundial. Historicamente, a partir de Santo Irineu, o papa e a Igreja de Roma têm um papel único em preservar a tradição apostólica, a regra da fé, em garantir que as igrejas continuem ensinando aquilo que Cristo e os apóstolos ensinaram. Anteriormente, o lema era: “Roma locuta. Causa finita est” [Roma falou, a causa acabou]. Hoje é: “Roma loquitur. Confusio augetur” [Roma fala, cresce a confusão].

 a) O Sínodo alemão fala de homossexualidade, de mulheres sacerdotes, de comunhão para os divorciados. E o papado se cala.

            b) O cardeal Hollerich rejeita o ensino cristão sobre a sexualidade. E o papado se cala. Isso é duplamente significativo, porque o cardeal é explicitamente herético; não usa palavras em código ou alusões. Se o cardeal continuar sem a correção romana, isso representará outra rutura mais profunda na disciplina, com poucos (ou nenhum?) precedentes na história. A Congregação para a Doutrina da Fé deve agir e falar.

         c) O silêncio é ainda mais evidente quando se choca com a perseguição ativa dos tradicionalistas e dos mosteiros contemplativos.

     2)     A centralidade de Cristo no ensino se enfraquece; Cristo é removido do centro. Às vezes, Roma parece até confusa sobre a importância de um rigoroso monoteísmo, aludindo a um certo conceito mais amplo de divindade; não propriamente panteísmo, mas como uma variante do panteísmo hindu.

            a) Pachamama é idólatra, embora talvez não tenha sido entendida como tal inicialmente.

            b) As freiras contemplativas são perseguidas, e existem tentativas para mudar os ensinamentos dos carismáticos.

            c) A herança cristocêntrica de São João Paulo II na fé e na moral é objeto de ataques sistemáticos. Muitos professores do instituto romano para a família foram afastados; a maioria dos estudantes foi embora. A Academia para a Vida está gravemente prejudicada; por exemplo, alguns de seus membros recentemente defenderam o suicídio assistido. As pontifícias academias têm membros e oradores convidados que defendem o aborto.           

3)    O não respeito pela lei no Vaticano corre o risco de se tornar um escândalo internacional. Esses problemas foram concretizados no processo em andamento no Vaticano contra 10 acusados de negligência financeira, mas o problema é mais antigo e mais amplo.  

a) O papa mudou a lei quatro vezes durante o processo para ajudar a acusação.

            b) O cardeal Becciu não foi tratado com justiça, porque foi removido do seu cargo e destituído das suas dignidades cardinalícias sem nenhuma prova. Ele não recebeu o devido processo. Todos têm direito a um devido processo.

            c) Como chefe do Estado vaticano e fonte de toda autoridade de lei, o papa se serviu desse poder para interferir nos procedimentos judiciários. 

d) O papa às vezes, se não frequentemente, governa com decretos pontifícios, motu proprio, que eliminam o direito de apelação das pessoas afetadas.

            e) Muitos membros do pessoal, muitas vezes sacerdotes, foram expulsos às pressas da Cúria vaticana, muitas vezes sem uma razão válida.

            f) As escutas telefônicas são praticadas regularmente. Não tenho certeza do quão frequentemente isso é autorizado.

            g) No processo inglês contra Torzi, o juiz criticou duramente os acusadores públicos vaticanos. Estes ou são incompetentes e/ou foram condicionados, impedidos de fornecer o quadro completo.

            h) A irrupção da Gendarmeria vaticana sob o comando do Dr. Giani, em 2017, no escritório do auditor Libero Milone, em território italiano, provavelmente foi ilegal e, de todos os modos, foi intimidatória e violenta. É possível que as provas contra Milone tenham sido fabricadas.

4)    A situação financeira do Vaticano é grave. Nos últimos 10 anos (pelo menos) quase sempre houve déficits financeiros. Antes da Covid, esses défices eram de cerca de 20 milhões de euros ao ano. Nos últimos três anos, foram cerca de 30-35 milhões de euros ao ano. Os problemas remontam a antes do Papa Francisco e também do Papa Bento XVI.

            a) O Vaticano enfrenta um pesado déficit dos fundos de pensão. Por volta de 2014, os especialistas da Cosea [Comissão de Estudos sobre as Atividades Econômicas] estimavam que em 2030 o déficit seria de cerca de 800 milhões de euros. Isso antes da Covid.

            b) Estima-se que o Vaticano perdeu 217 milhões de euros no prédio da Sloane Avenue, em Londres. Nos anos 1980, o Vaticano foi obrigado a desembolsar 230 milhões de dólares após o escândalo do Banco Ambrosiano. Devido à ineficiência e à corrupção, nos últimos 25-30 anos, o Vaticano perdeu pelo menos outros 100 milhões de euros e provavelmente vários mais, talvez 150-200 milhões.

             c) Apesar da recente decisão do Santo Padre, os processos de investimento não foram centralizados (como recomendado pela Cosea em 2014 e tentado pela Secretaria da Economia em 2015-2016) e permanecem desprovidos do conselho de especialistas. Durante décadas, o Vaticano lidou com financistas de má reputação, evitados por todos os banqueiros que gozam de estima na Itália.

            d) O rendimento das 5.261 propriedades imobiliárias vaticanas continua escandalosamente baixo. Em 2019, a receita média (antes da Covid) era de quase 4.500 dólares por ano. Em 2020, era de 2.900 euros por propriedade.

            e) O papel mutável do Papa Francisco nas reformas financeiras (progressos incompletos, mas substanciais na redução da criminalidade, muito menos bem-sucedidos, exceto no IOR, em termos de rentabilidade) é um mistério e um enigma.

            Inicialmente, o Santo Padre defendeu fortemente as reformas. Depois, impediu a centralização dos investimentos, opôs-se às reformas e à maioria das tentativas de desmascarar a corrupção e defendeu (então) o arcebispo Becciu, no centro do establishment financeiro vaticano. Depois, em 2020, o papa se voltou contra Becciu, e, no fim, 10 pessoas foram processadas e acusadas. Ao longo dos anos, poucas ações penais foram iniciadas a partir das indicações de infração da AIF [Autoridade de Informação Financeira].

            Os auditores da Price Waterhouse & Cooper foram afastados, e o auditor geral Libero Milone foi forçado a renunciar em 2017, com acusações inventadas. Estavam chegando perto demais da corrupção na Secretaria de Estado.

 

5)    A influência política do Papa Francisco e do Vaticano é insignificante. Intelectualmente, os escritos papais mostram um declínio em relação aos níveis de São João Paulo II e do Papa Bento XVI. As decisões e as linhas políticas são muitas vezes “politicamente corretas”, mas houve graves falhas em defender os direitos humanos na Venezuela, em Hong Kong, na China continental e agora na invasão russa.

Não houve nenhum apoio público aos fiéis católicos na China que foram perseguidos intermitentemente pela sua fidelidade ao papado por mais de 70 anos. Nenhum apoio público vaticano à comunidade católica na Ucrânia, particularmente aos greco-católicos.

             Esses temas deveriam ser revisitados pelo próximo papa. O prestígio político do Vaticano está agora em um nível baixo.

 

6)    Em um nível diferente, menor, deveria ser regularizada a situação dos tradicionalistas tridentinos (católicos).

            Em um nível ainda mais modesto, deveria ser novamente permitida a celebração das missas “individuais” e com pequenos grupos pela manhã na Basílica de São Pedro. Neste momento, essa grande basílica, no início da manhã, é como um deserto.

            A crise da Covid encobriu a forte queda no número de peregrinos presentes nas audiências papais e nas missas.

            O Santo Padre tem pouco apoio entre seminaristas e jovens sacerdotes, e existe uma ampla desfiliação na Cúria vaticana.

            O próximo conclave

1) O Colégio dos Cardeais foi enfraquecido por nomeações excêntricas e não foi mais reconvocado após a rejeição das posições do cardeal Kasper no consistório de 2014. Muitos cardeais são desconhecidos uns dos outros, acrescentando uma nova dimensão de imprevisibilidade ao próximo conclave.

            2) Depois do Vaticano II, as autoridades católicas muitas vezes subestimaram o poder hostil da secularização, do mundo, da carne e do diabo, especialmente no mundo ocidental, e superestimaram a influência e a força da Igreja Católica.

            Estamos mais fracos do que há 50 anos, e muitos fatores estão fora do nosso controle, pelo menos em curto prazo, por exemplo, a queda no número dos fiéis, a frequência das presenças nas missas, o desaparecimento ou a extinção de muitas ordens religiosas.

             3) O papa não precisa ser o melhor evangelizador do mundo, nem uma força política. O sucessor de Pedro, como chefe do Colégio dos Bispos, que também são os sucessores dos apóstolos, tem um papel fundamental para a unidade e a doutrina. O novo papa deve entender que o segredo da vitalidade cristã e católica vem da fidelidade aos ensinamentos de Cristo e às práticas católicas. Não vem da adaptação ao mundo ou do dinheiro.

            4) As primeiras tarefas do novo papa serão a retomada da normalidade, a retomada da clareza doutrinal na fé e na moral, a retomada do justo respeito ao direito e a garantia de que o primeiro critério para a nomeação dos bispos seja a aceitação da tradição apostólica. A competência e a cultura teológica são uma vantagem, não um obstáculo para todos os bispos e sobretudo para os arcebispos.

 Esses são fundamentos necessários para viver e pregar o Evangelho.

5) Se as reuniões sinodais continuarem em todo o mundo, elas consumirão muito tempo e dinheiro, provavelmente desviando energias da evangelização e do serviço em vez de aprofundarem essas atividades essenciais.

            Se for dada autoridade doutrinal aos sínodos nacionais ou continentais, teremos um novo perigo para a unidade da Igreja mundial, razão pela qual a Igreja alemã, por exemplo, já agora tem posições doutrinais não compartilhadas por outras Igrejas e incompatíveis com a tradição apostólica.

            Se não houver uma correção romana de tais heresias, a Igreja se reduzirá a uma vaga federação de Igrejas locais, com visões diferentes, provavelmente mais próxima de um modelo anglicano ou protestante, do que de um modelo ortodoxo.

            Uma prioridade imediata para o próximo papa deve ser a de eliminar e evitar um desenvolvimento tão perigoso, exigindo unidade no essencial e não permitindo diferenças doutrinais inaceitáveis. A moralidade da atividade homossexual será um desses pontos críticos.

    6) Embora o clero jovem e os seminaristas sejam quase completamente ortodoxos, às vezes bastante conservadores, o novo papa deverá estar ciente das mudanças substanciais feitas na liderança da Igreja desde 2013, talvez especialmente na América do Sul e Central. Há um novo salto no avanço dos protestantes “liberais” na Igreja Católica.

            É improvável que um cisma ocorra à esquerda, onde habitualmente não se fazem dramas sobre as questões doutrinais. É mais provável que um cisma venha da direita, e isso é sempre possível quando as tensões litúrgicas são inflamadas e não atenuadas.

            Unidade nas coisas essenciais. Diversidade nas não essenciais. Caridade em tudo.

            7) Apesar do seu perigoso declínio no Ocidente e da intrínseca fragilidade e instabilidade em muitos lugares, se deveria levar seriamente em consideração a viabilidade de uma visita apostólica à ordem dos jesuítas. Eles estão em uma situação de catastrófico declínio numérico, de 36.000 membros durante o Concílio a menos de 16.000 em 2017 (provavelmente com 20-25% deles com mais de 75 anos de idade). Em alguns lugares, há também um catastrófico declínio moral.

            A ordem é altamente centralizada, suscetível à reforma ou ruína de cima. O carisma e a contribuição dos jesuítas foram e são tão importantes para a Igreja que não se deveria permitir que desapareçam imperturbáveis da história ou que simplesmente se reduzam a uma comunidade afro-asiática.

            8) É preciso enfrentar a desastrosa queda numérica dos católicos e a expansão dos protestantes na América do Sul. Isso foi muito pouco mencionado no Sínodo Amazônico.

            9) Obviamente, é preciso trabalhar muito nas reformas financeiras no Vaticano, mas esse não deveria ser o critério mais importante na escolha do próximo papa.

            O Vaticano não tem dívidas substanciais, mas os contínuos déficits anuais acabarão levando à falência. Obviamente, serão tomadas medidas para remediar, para separar o Vaticano de cúmplices criminosos e equilibrar receitas e despesas. O Vaticano deverá demonstrar competência e integridade para atrair doações substanciais que ajudem a resolver esse problema.

            Apesar da melhoria dos procedimentos e de uma maior transparência, as contínuas dificuldades financeiras representam um grande desafio, mas são muito menos importantes do que os perigos espirituais e doutrinais que a Igreja deve enfrentar, especialmente no Primeiro Mundo.

 Demos (Quaresma de 2022)

Cuidado com os smartphones e tablets para as crianças!

 


Segundo um estudo da Associação Italiana de Pediatria (SIP), a Federação Italiana de Pediatras (FIMP) e a Associação Cultura de Pediatras (ACPI) sobre o tempo e comportamento das crianças de 0 a 15 anos que usam as novas tecnologias, apenas metade dos pais italianos estão conscientes de um verdadeiro perigo para a saúde dos seus filhos. Os pais reconhecem que na faixa de 0 a 2 anos, 72% das famílias usam redes sociais e chats durante as refeições dos filhos, enquanto 26% permitem que as crianças usem os aparelhos com total autonomia.

O estudo – que envolveu um conjunto de pediatras voluntários e cerca de 800 famílias de todo o país, com um questionário anónimo – insere-se no projeto “Delicate Connections” que visa sensibilizar os pais para a utilização de dispositivos digitais com as crianças e promover boas práticas. O estudo tem a parceria da Fundação Carolina, nascida em memória de Carolina Picchio, a primeira vítima reconhecida de cyberbullying na Itália.

O questionário revelou pouca conscientização das famílias e uma condição de solidão nas crianças: 26% dos pais permitem que os seus filhos usem os dispositivos de forma independente entre 0 e 2 anos de idade, percentual que sobe para 62% para a faixa etária dos 3 a 5, 82% na faixa etária de 6 a 10 anos e 95% entre os 11 e 15 anos.

“Já numa declaração publicada em 2018 no Italian Journal of Pediatrics, a SIP destacou os riscos documentados para a saúde psicofísica de um uso precoce, prolongado e não controlado por adultos de dispositivos eletrónicos em crianças de 0 a 8 anos. Já foram detetadas interferências negativas no sono, na visão, no sistema musculoesquelético, no aprendizado e até no desenvolvimento cognitivo”, declara a presidente da SIP, Dra. Annamaria Staiano.

Daí a recomendação de evitar smartphones e tablets antes dos dois anos, limitar a sua utilização a um máximo de uma hora por dia entre os 2 e os 5 anos e a um máximo de duas para os que têm entre os 5 e os 8 anos.

Ainda assim, de acordo com o estudo, tablets e smartphones também invadem um momento precioso e íntimo como a amamentação. “A diminuição da atenção das mães aos sinais do seu bebé devido ao uso do smartphone, especialmente no início da vida nos contextos interativos primários de amamentação e interações face a face, pode ter repercussões negativas nas trajetórias de neurodesenvolvimento do bebé”, alerta o Dr. Antonio D' Avino, presidente da FIMP. Em suma, as mães que amamentam, olhando o écran do smartphone em vez de ter contato visual com o filho, perdem preciosos momentos de interação, essenciais para promover o crescimento fisiológico, cognitivo e socioemocional da criança e para desenvolver um saudável vínculo de mãe/pai-filho.

É aterrador verificar que na Itália, uma em cada quatro famílias na faixa de 0 a 2 anos e uma em cada cinco na faixa de 3 a 5 anos conta com inteligência artificial para colocar os seus filhos a dormir com canções de ninar produzidas por assistentes de voz, enquanto 35% dos pais, com filhos entre 0 e 2 anos, delegam a tarefa de contar histórias a aparelhos, percentual que chega a 80% na faixa etária de 3 a 5 anos. Além disso, a perceção das famílias sobre os riscos do uso indevido da tecnologia digital é fraca: desconhecem quase por completo os riscos de ansiedade, depressão, sobrepeso, transtornos alimentares; vício, cyberbullying, aliciamento online e sexting. Neste último, 66% dos pais de 6 a 10 anos nem sabem o que é.

Diante das perguntas que todos os pais deveriam colocar-se: Qual é a idade abaixo da qual o uso de tecnologia não é recomendado? Ou, por quantas horas crianças e jovens podem ficar expostos aos écrans? Cerca de metade das famílias envolvidas não sabem responder. Ora, “o cérebro de um adolescente não é igual ao de um adulto, a quantidade de mielina dobra e isso leva a uma propagação mais rápida das mensagens nervosas. A exposição a fatores traumáticos e tóxicos pode, portanto, alterar o seu desenvolvimento cognitivo”, explica a Dra. Stefania Manetti, presidente da ACP. Segundo o pedagogo Ivano Zoppi, secretário-geral da Fundação Carolina, "o bem-estar psicofísico das crianças deve ser protegido on-line exatamente como off-line, desde os primeiros anos de vida e é tarefa dos pais conhecê-lo e responsabilizá-lo com o apoio de especialistas competentes, e neste caso de médicos".

O projeto-piloto permitiu elaborar a primeira versão do “Relatório de Saúde Digital”, um documento valioso com vistas a expandir a iniciativa a nível nacional na próxima primavera.

 

A Fundação Carolina disponibilizou alguns pontos de reflexão para os pais, baseado em estudos científicos:

Para os tempos de exposição dos menores, a comunidade científica recomenda: De 0 a 2 anos não utilizar dispositivos digitais para entreter ou acalmar as crianças; De 2 a 5 anos não ultrapassar uma hora de exposição por dia; De 5 a 8 anos dedicar menos de duas horas por dia; Dos 9 a 15 anos limitar o uso a três horas por dia (independentemente do dispositivo).

Quanto ao conteúdo: Dos 3 a 6 anos sem acesso à internet; Dos 6 a 9 anos videojogos e acesso digital a música e vídeos mas sem dispositivos na sala; Dos 9 a 14 anos acesso gradual e controlado à internet, combinando as regras de uso dos aparelhos. Em geral, em qualquer idade, é recomendado não usar écrans ou aparelhos durante as refeições e proibir o seu uso pelo menos uma hora antes de dormir.

A Fundação Carolina recomenda:

Observação, escuta e presença emocional dos pais são o verdadeiro controle parental;

Se observarmos que o humor dos filhos mudou e percebermos atitudes como as abaixo, pode ter origem num uso distorcido da Web:

Sintomas:

• Nervosismo, inquietação, insônia

• Cansaço e fraqueza

• Fraco poder de concentração

• Perda de interesse ou afastamento das atividades habituais

• Aumento de comportamentos de risco

• Mudança repentina nos hábitos alimentares e alterações de peso

As crianças devem ser ajudadas a viverem a sua experiência online com segurança…

Dez dicas:

1. Baixe jogos e aplicativos adequados para a idade do seu filho (lembre-se de que, antes dos 13 anos, nada de redes sociais!);

2. Leia atentamente os termos e condições indicados nas diretrizes de cada rede social;

3. Decida as configurações de privacidade junto com o seu filho;

4. Avalie quais aplicativos devem manter a geolocalização ativada;

5. Ative os sistemas de proteção contra conteúdo impróprio;

6. Explique ao seu filho como bloquear pessoas indesejadas;

7. Explique ao seu filho como denunciar conteúdo impróprio;

8. Explique ao seu filho que ele não deve fornecer informações pessoais online;

9. Explique ao seu filho que ele não deve enviar fotos suas para estranhos;

10. Lembre-se de que o controle dos pais nunca pode substituir a sua presença;

…e para construir o seu relacionamento de confiança junto com o teu filho, procure entender e educar:

1. Tenha sempre em mente que online não é virtual, mas absolutamente real;

2. Interesse-se pela vida digital do teu filho (“O que viste de interessante hoje em ….”);

3. Leve a sério e não banalize o que está a acontecer na vida/experiência online do teu filho;

4. Dê o exemplo e trate outras pessoas com respeito, mesmo online;

5. Explique que on-line é para sempre e, depois de fazer uma postagem, perdes o controle dela;

6. Lembre-se de que outros contatos online devem ser tratados com o mesmo respeito que gostariam de receber;

7. Insista na importância de conversar contigo ou outro cuidador sobre qualquer desconforto que eles sintam online;

8. Lembre-se de que desafios ou exemplos de comportamento autodestrutivo são sempre perigosos;

9. Lembre-se de que o vício do écran geralmente é o sintoma, não a causa de uma doença;

10. Mostre ao teu filho que online é um mundo infinito no qual podemos extrair informações enriquecedoras: mas devemos ter cuidado com falsificações e selecionar fontes;

Estes são apenas alguns passos iniciais que todo o pai, que ama verdadeiramente o seu filho, deveria ter!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

“A raiz de todos os males é o amor ao dinheiro”

 


A avareza é um amor descontrolado dos bens terrenos e principalmente do dinheiro. Como bem sabemos, amar os bens da terra não é um mal. Mas, desejá-lo com muito ardor e torná-lo objeto de afeição, é um defeito grave e um pecado mortal.

Em primeiro lugar, porque a avareza é uma idolatria! Para o avarento, o dinheiro passa a ser um deus.

Este defeito foi apontado por Nosso Senhor quando afirmou: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou há-de afeiçoar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a riqueza”. (Mt 6, 24)

O amor desordenado à riqueza escraviza vergonhosa e tiranicamente, pois o avarento se submete inteiramente aos bens materiais e, para satisfazer a sua paixão, está disposto a vender até mesmo o seu corpo e a sua alma. “Não há coisa mais iníqua do que amar o dinheiro; o que o ama venderia até a sua alma, visto que se despojou, em vida, das próprias entranhas”. (Eclo 10, 10)

Mas qual são as consequências da ganância para a alma?

A avareza faz com que a pessoa viva numa perpétua inquietação, com medo de perder a fortuna meticulosamente acumulada! Muitos mestres de vida espiritual dizem que o avarento se esforça mais para manter os seus bens do que os santos para ganhar o céu.

Há um outro ponto, não menos grave. A avareza endurece o coração. O avarento é insensível. Nunca fale com ele sobre ajudar os irmãos! Ele vai, no máximo, dar conselhos e explicar como se deve fazer para ganhar dinheiro.

Por fim, a avareza cega a alma. Mesmo na hora da morte, o avarento não consegue fazer um exame de consciência, analisar o seu relacionamento com Deus e com o próximo. Ele pensa apenas em bens perecíveis.

Mas, se a ganância faz mal para a alma, ela afeta também o corpo. É uma paixão debilitante, pois o avarento não tem descanso nem de noite e nem de dia. Está sempre nervoso e irritado e a sua saúde é sempre fraca. É uma paixão que costuma levar ao suicídio ou à loucura. Quantos avarentos não conseguem sobreviver à menor perda, e quantos morrem de fome, mesmo tendo escondido uma verdadeira fortuna!?

São Paulo faz da avareza a raiz de todas as doenças; “Com efeito, a raiz de todos os males é o

amor ao dinheiro, por causa do qual alguns se desencaminharam da fé e se enredaram em muitas aflições.” (1 Tm 6:10).

Se sentirmos uma tendência muito forte para a avareza, o que podemos fazer?

Em primeiro lugar, para se curar da avareza, deve-se lembrar de que a vida é muito breve. Do que serve, arrecadar tanta riqueza se um dia devemos deixar tudo para trás?

Por outro lado, devemos considerar a vaidade dos bens terrenos. Os próprios pagãos aperceberam-se disso e formulavam a pergunta: Quando um avarento tiver todo o ouro do mundo, será mais feliz, mais amado, mais virtuoso do que os outros homens? A resposta é evidentemente negativa.

O homem ganancioso é um pobre homem, aos olhos dos outros. Nada da sua grande riqueza transparece para os outros. Todos zombam, desprezam e fogem deles. Apenas, os seus herdeiros tratam-no bem, preocupam-se dele e, infelizmente, muitos desejam a sua morte.

Assim, caro leitor, não procuremos acumular tesouros nesta terra, pois isto seria uma perda de tempo. Prefira preparar tesouros imperecíveis para o céu: “Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça (os) consumam, e onde os orifícios perfuram as paredes e roubam. Entesourai para vós tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem a traça (os) consuma, e onde os suportes não perfuram as paredes nem roubam. Porque onde, está o teu tesouro, aí está também o teu coração” (Mt 6, 19-21).

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

A apresentação do Menino Jesus no Templo e o cântico do velho Simeão


Quarenta dias depois do Natal, somos convidados a festejar a Apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém e a Purificação de Nossa Senhora, meditada no quarto mistério gozoso do Rosário. Esta primeira manifestação de Nosso Senhor foi saudada por um cântico memorável, o “Nunc dimittis”, popularizado pela liturgia cristã, com palavras de gratidão e de alegria que irrompem em cada um dos seus versos.

A história pode assim ser resumida: Havia em Jerusalém um homem virtuoso, chamado Simeão. No entardecer de uma vida consagrada ao culto do Senhor, tinha apenas um desejo: poder contemplar, antes de morrer, o Salvador prometido a seus pais. E o Espírito Santo avisou-o de que essa alegria suprema lhe seria concedida.

Um dia, entrou no Templo com o pressentimento de que em breve se cumpririam as promessas divinas a seu favor. Viu diante do altar uma humilde mãe ajoelhada, oferecendo o seu Menino ao Senhor. De repente, iluminado por uma graça divina, reconheceu nas feições dessa Criança o Redentor esperado. Imediatamente, convidado pela Santíssima Virgem a apertá-lo em seus braços, o velho Simeão, inundado de felicidade, cantou: “Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a salvação, que oferecestes a todos os povos" (Lc 2, 29-31).

Ver Jesus e depois morrer foi a consolação do santo patriarca. Ver e contemplar este Messias, esperança dos seus pais, cujas grandezas e humilhações foram cantadas pelos profetas, foi para o santo ancião uma antecipação das alegrias do céu. A sua vida terminaria com a realização dos seus desejos mais queridos.

Que diferença do Antigo Testamento para o Novo! Não precisamos chegar ao limiar da velhice para conhecer e saborear essas alegrias. A fé, se cuidarmos de mantê-la intacta, protegida de todos os ataques, é um consolo que acalma as nossas angústias, uma luz que ilumina os nossos passos. Não gozamos hoje da presença divina? A sua morada está ao lado da nossa! Como não nos alegrarmos com as comunhões, quando Jesus Cristo vem repousar, não apenas entre nossos braços, mas no fundo dos nossos corações, inundando-nos de inexprimível felicidade e onde nos tornamos seu templo?

O velho Simeão viveu numa época em que os judeus padeciam humilhados, sob o domínio romano. Mas, impelido pela inspiração da profecia, vê no adorável Menino que repousa entre seus braços a luz e a glória do povo de Israel; e é para publicar o destino grandioso que lhes aguarda, que ele acrescenta: "Luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo" (Lc 2, 32). O povo que o santo ancião previu e do qual Jesus seria a glória e a luz, era sobretudo o povo cristão. Com efeito, acompanhar o curso da história, a força, a prosperidade, os triunfos de um povo, tudo o que o prestigia e o engrandece, provém dos princípios da virtude, da luz e da civilização, que o cristianismo trouxe e conserva. Quanto mais uma nação é religiosa, mais ela cresce; quanto mais ela se esquece de Deus, mais se humilha.

Jesus deveria ser ainda mais a glória desta sociedade que é chamada de Igreja. No passado, o Divino Mestre passou por montanhas, vales e desertos, sempre caminhando e abençoando. Por sua vez, a Igreja, continuando a obra do Salvador, vai primeiro de Jerusalém a Samaria, depois espalha os seus ensinamentos pelo mundo para evangelizá-lo e santificá-lo; dando a conhecer o Evangelho até aos confins da terra.

Mas, para interpretar num sentido mais particular o cântico do profeta, Jesus Cristo não veio sobretudo para ser a luz do nosso coração, pelos admiráveis ensinamentos que nos deixou e pelas inspirações da Sua Graça que nele deposita constantemente?

Luz que devemos seguir sempre, se não quisermos nos desviar. Sim! Jesus Cristo é a nossa luz e será a nossa glória se permanecermos fiéis a Ele. Já não sei onde li estas palavras que me vêm à memória: “Há mais honra em servir a Deus do que em usar a mais bela coroa do mundo”. Admirável lema que deveria ser o lema de toda família cristã e sobre o qual nunca é demais meditar: "Há mais honra em servir a Deus do que em usar a mais bela coroa do mundo".

Como o Magnificat, é o hino de gratidão, o cântico do velho Simeão é o do ocaso, do pôr-do-sol da nossa vida, de todas as tarefas cumpridas, de todos os desejos realizados e de cada noite que aponta para o fim de uma etapa e o começo de uma outra esplendorosa.