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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A caridade nos sábados

Num primeiro tempo, tempos de transpirar realizando boas obras, para depois repousarmos na paz da nossa consciência... É esse o sentido da celebração jubilosa de um primeiro sábado em que repousamos dos trabalhos servis deste mundo... e em que já não carregamos os fardos das paixões.
     
Mas podemos deixar o espaço de intimidade em que celebrámos esse primeiro sábado e ganhar a estalagem do nosso coração, onde estamos habituados a "rejubilar com os que estão na alegria e chorar com os que choram" (Rm 12,15), a "ser fracos com os que são fracos e a arder com os que estão escandalizados" (2 Co 11,29). Aí sentiremos a nossa alma unida à de todos os irmãos pelo cimento da caridade; já não seremos perturbados com os aguilhões do ciúme, nem inflamados pelo fogo da cólera, nem feridos pelas flechas da desconfiança; estaremos livres das devoradoras dentadas da tristeza. Se atrairmos todos os homens ao regaço pacificado do nosso espírito, onde todos se sentem envolvidos, acalentados por uma doce afeição, "num só coração e numa só alma" (Act 4,32), então, saboreando esta maravilhosa doçura, o tumulto das cobiças calar-se-á, o barulho das paixões acalmar-se-á e, dentro de nós, operar-se-á um total desprendimento de todas as coisas prejudiciais, um repouso feliz e pacificador na doçura do amor fraterno. Na quietude deste segundo sábado, a caridade fraterna não deixa subsistir nenhum vício... Impregnado pela doçura pacificante deste sábado, David exultou num grito de júbilo: "Vede como é bom, como é agradável vivermos juntos como irmãos" (Sl 132,1).

(Aelred de Rielvaux (1110-1167), - O Espelho da Caridade, III, 3,4)

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