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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O dilúvio, símbolo do fim do mundo

Tanto quanto mo permite a pequenez do meu espírito, penso que o dilúvio, com o qual o mundo quase acabou, é o símbolo do fim do mundo, fim que um dia chegará verdadeiramente. Tal declarou-o o próprio Senhor, quando disse : «Nos dias de Noé, os homens compravam, vendiam, lutavam, casavam, davam as filhas em casamento, e veio o dilúvio e a todos fez perecer. Assim será igualmente com a vinda do Filho do homem». Neste texto, parece que o Senhor descreve de uma mesma e só maneira o dilúvio, já acontecido, e o fim do mundo, que anuncia para o futuro.
Foi, portanto, dito outrora a Noé que fizesse uma arca e que, nesta, com ele introduzisse não só os seus filhos e parentes mas também animais de todas as espécies. Da mesma forma, no fim dos tempos, foi dito pelo Pai ao Senhor Jesus Cristo, novo Noé, o único Justo e Íntegro (Gn 6,9), para fazer uma arca de madeira esquadriada com as exactas medidas dos mistérios divinos (cf. Gn 6,15). Isto vem indicado num salmo que diz : «Pede e dar-te-ei as nações como herança e os confins da terra como propriedade» (Sl 2,8). Ele construiu portanto uma arca com todas os tipos de abrigo para acolher os diversos animais. Um certo profeta fala-nos dessas moradas, escrevendo: «Eia, povo meu, entra nos teus aposentos, esconde-te por algum tempo, até que a cólera tenha passado» (Is 26,20). Há de facto uma misteriosa correspondência entre este povo que está salvo na Igreja e todos aqueles seres, homens e animais, que, dentro da arca, foram salvos do dilúvio.

Orígenes (c. 185-253), padre e teólogo - Homilias sobre o Génesis, II, 3

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