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domingo, 30 de dezembro de 2012

Carta ao Pai Natal



Caro Pai Natal,
Você chegou até à nossa terra vindo dos países germânicos, onde é conhecido pelo nome de Santa Claus.
Mas duvido que mesmo nessas terras de onde o importamos, as pessoas ainda saibam que se você aparece vestido dessa maneira é porque foi bispo em Mira, na Ásia Menor. E foi numa das viagens que fez a caminho do Concílio de Niceia, em 325, ( o primeiro Concílio Ecuménico onde se definiu a Encarnação  do Verbo Divino em Jesus de Nazaré ) que  se tornou protetor das crianças e jovens.
Hoje você está reduzido a um velho bonacheirão que colocaram à porta dos mercados, para promover o comércio de Natal.  Numa sociedade mercantilista  você deixou de promover o bem das crianças e dos jovens, tão necessitados de proteção e arrimo, para passar a ser apenas o promotor do consumismo materialista em que deixamos cair o Natal. E que você ainda usa o nome.
O São Nicolau ficou lá para trás e já não fala de Jesus às crianças e jovens. Apenas lhes acena com falsas promessas de prendas materiais, que a lógica comercial nos quer impingir e que não passa, tantas vezes, de um convite para um esbanjamento de recursos financeiros que bem poderiam ter melhor destino.
Sabe o que lhe digo?
Vá-se embora, com o seu trenó e as suas renas que não têm nada a ver connosco.
Assim travestido de Pai Natal que não é pai, nem anuncia o verdadeiro Natal, não precisamos de você aqui.
Vá-se embora, que já temos gente suficiente para desfigurar a santidade do Natal, transformando-o em festa de comilanças e desperdício, sem lugar para Jesus.
Vá-se embora e deixe-nos ficar com o Menino Jesus que faz melhor do que você e também traz presentes para o sapatinho da chaminé.
Deixe-nos com o encanto desse Menino que cada um pode colocar no Presépio da sua imaginação, sem precisar de recorrer a um consumismo despojado de sentido.
Deixe as nossas crianças voltarem a sonhar com esse Menino-Deus, que nos traz sobretudo promessas de reconciliação e de paz, para todos os que ainda forem capazes de guardar um pouco de boa vontade no seu coração.
Deixe-nos de uma vez  para sempre, na celebração de uma Fé que moldou este continente europeu e que por causa dela, atravessou os oceanos para evangelizar outros povos.
Deixe-nos em paz na meditação dessas raízes que nos querem fazer esquecer o que você, assim travestido, também não pode nos devolver.
Sobretudo não retire o lugar àquEle Jesus que o seu antepassado São Nicolau anunciou e tão bem serviu.
Cónego  Carlos  Paes, Igreja São João de Deus, Lisboa – Natal de 2003

Brincar com as palavras



A língua portuguesa é riquíssima, com um vocabulário vasto, palavras de sentido específico, e uma gama de sinónimos que nos permitem criar qualquer tipo de mensagem textual ou oral.
A escrita, longe de ser uma técnica, consiste numa arte.
Redigir é exteriorizar, em palavras, ideias, em ordem e método.
O conhecedor da língua pode até brincar com as palavras.
Diz a lenda que o grande escritor brasileiro Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal.
Para lá se dirigiu, e constatou que um ladrão tentava levar alguns patos da sua criação.
Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com os seus animais, disse-lhe:
-- Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo... mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com a minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.
O ignorante ladrão, confuso, responde-lhe:
-- “Doutô! afinar, levo ou deixo os pato?
Uma pessoa culta possui um bom vocabulário, tem à sua disposição uma grande quantidade de palavras para expressar as suas ideias, mas deve saber, também, escolher as palavras certas para as ocasiões corretas…

Reuniões ou assistência espiritual aos fiéis?



Confissões com o Santo Padre Pio
Depois de ter rezado, rapidamente, as Laudes do seu velho breviário, o Abade entra no seu escritório. Abre a agenda e lê:
9.00 - reunião com o conselho paroquial.
10.30 - reunião de sacerdotes da vigararia.
12.30 - reunião com os administradores.
15.00 - reunião com o Bispo e os agentes pastorais.
17.30 - reunião com os catequistas.
Arruma uma enorme quantidade de papéis acumulados sobre a sua mesa, ouve a campainha da sacristia, algumas vozes e os passos do porteiro que se aproxima:
-- "Chegou uma senhora de uma certa idade com um menino e querem falar com um padre”.
O Abade, instintivamente, respondeu-lhe:
-- "Diga-lhes que estamos ocupados, e que venham mais tarde”.
O porteiro retira-se e o relógio toca as badaladas, reduzidas, das 8:45 horas.
Apressado, o abade retira-se.
Contudo, para chegar à sala de reuniões, tem que passar pela sacristia, onde estavam, de pé, a senhora e o jovem, que lhe interpelam:
-- "Padre, perdoe a nossa insistência! Podemos falar um momento com o senhor?
E ele responde:
-- "Bom dia, bom dia. Perdão, mas é que tenho um pouco de pressa. Agora, devo ir a uma reunião, e toda a manhã e tarde, vou estar ocupado. Não podem vir mais tarde? Estou certo de que encontrão algum sacerdote livre."
-- "Padre, levo mais de um ano com desejo de me confessar. Nunca encontro um sacerdote na igreja, ou se os encontro estão sempre muito ocupados. Não posso deixar passar mais tempo! Convenci o meu neto que viesse comigo para se confessar também ou, pelo menos para receber alguns conselhos espirituais de um padre. Talvez seja este o momento de Deus, não esperemos mais tempo”!
O Abade sentiu um pouco de pena, mas prosseguiu o seu caminho:
-- “Estas reuniões são muito importantes, e já estavam programadas há tanto tempo… Olhe, senhora, asseguro-lhe que até ao meio-dia encontrará outro padre. O ecónomo saiu para fazer algumas compras, o administrador agora vem comigo para a reunião e o encarregado da catequese leva uns dias fora em cursos de atualização. Mas, quando a senhora voltar, estou certo de que um padre a receberá com muito gosto".
Mas a senhora já meio impaciente replicou:
-- “Por favor, Senhor Padre, meu neto está aqui agora, mas ao meio-dia tem que ir para a escola. Não seria possível fazer algo, encontrar alguém?"
O Abade instintivamente com um movimento de impaciência, olhou para o relógio, que marcava 8:55 horas. Tinha pressa, mas tinha que se mostrar educado.
-- "Senhora, sinto muito. Asseguro-lhe que haverá outra oportunidade. Talvez quando voltar com o seu neto, outro dia…"
Como a senhora fez um gesto de insistência, o padre decidiu escapar diretamente pela igreja, para chegar mais rapidamente à sala de reuniões.
Ao passar pela capela do Santíssimo Sacramento, ajoelhou-se em sinal de adoração, mas sentia-se triste e inquieto. Como se “Jesus escondido”, como costumava chamar o Beato Francisco de Fátima, lhe sussurrasse ao coração: "Vais dar mais importância às reuniões, do que a umas pessoas que vieram aqui para pedir ajuda? Foi para isso que te dei a vocação do sacerdócio?"
Aquele sentimento foi como um golpe profundo no coração do Abade. Algumas lágrimas escorreram pelos olhos. Repetiu a genuflexão, e voltou para a sacristia.
A senhora e o jovem estavam a ponto de sair pela porta lateral, quando o Abade os interpelou com voz alta:
-- "Esperem, encontrei uma solução. Um momento, por favor. Volto já de seguida".
Retornou ao escritório, chamou o porteiro e disse-lhe:
-- "Cancele, por favor, todas as reuniões e as minhas ocupações do período da manhã, assinaladas aqui, na agenda".
E o sacristão respondeu-lhe:
-- "Mas, Senhor Padre, o conselho já está reunido…
Agora, retrucou o Abade, tenho algo mais importante a fazer. Depois, explico a todos, o sucedido.
Abriu a porta da sacristia, entrou na igreja e dirigiu-se ao confessionário.
Dava pena ver tal obra de arte, toda esculpida em madeira, tão maltratada, suja e com tantas teias de aranha. Sacudiu o pó, retirou rapidamente as teias de aranha e voltou para a sacristia, com um sorriso nos lábios:
--“Senhora! Venha! Estarei no confessionário para a atender e o seu neto”.
A luz do confessionário acendeu-se. Todavia funcionava! Pensou o Abade, que há muito tempo não usava esse lugar para ministrar o sacramento da reconciliação. Aliás aquela peça era uma verdadeira obra de arte, encomendada ao melhor carpinteiro da região.
Primeiro entrou o jovem, tranquilo e sem pressa. Esteve ali muito tempo. Conversou ou confessou-se? Só Deus o sabe. Mas saiu com um sorriso, como a avó há muito não via no seu rosto. Ao despedir-se do Abade, em voz alta disse-lhe: "Sabe? É a primeira vez em minha vida que falo com um sacerdote!".
Logo entrou a senhora. Tinha feito o propósito de ser rápida, confessar os seus pecados e não tomar muito tempo do padre, tão atarefado. Mas, com surpresa, sentiu-se bem acolhida, com mais carinho do que nunca. O Abade dedicou-lhe muito tempo, como se ela fosse a pessoa mais importante e mais necessitada do mundo.
Na capela do Santíssimo Sacramento, Jesus estava muito feliz. Em primeiro lugar porque o Abade tinha podido recordar que o mais importante do ministério sacerdotal é cuidar das ovelhas. E, em segundo lugar porque duas almas, de idades e mentalidades muito diferentes, tinham recebido um novo sinal do carinho imenso que Deus tem para cada um de seus filhos.

Autor: P. Fernando Pascual/ José Augusto Miranda | Fonte: Catholic.net

Uma Confissão bem-feita, aproxima-nos do Céu



Tenho impressão de que o Sacramento da Penitência nos dá quadamtenus a restauração da inocência. 
As graças que esse sacramento dá, não são as da Eucaristia, são graças específicas.
Quantas e quantas vezes eu me retirei da Confissão com a alma leve, como se eu tivesse ficado mais moço e como se a lei da gravidade deixasse de existir para mim.
Acho que isso aconteceu com todos.
Uma tranquilidade… oh! É esta vida do inocente que se abre. Quantas vezes…!
Às vezes, de se ajoelhar ali no confessionário, antes mesmo de acusar os pecados, já uma atmosfera envolve a alma, uma atmosfera sui generis. Às vezes, só de olhar o confessionário….
(SDP, CSN 21/6/1980)