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sábado, 30 de abril de 2011

O que parece pão e vinho na Eucaristia é o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo

“Na noite em que Nosso Senhor Jesus Cristo foi entregue, tomando o pão e dando graças, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: Tomai e comei; isto é o meu Corpo. Depois, tomando o cálice e dando graças, disse: Tomai e bebei; isto é o meu Sangue”.

Tendo, portanto, pronunciado e dito sobre o pão: Isto é o meu Corpo, quem se atreverá a duvidar ainda? E tendo Ele afirmado e dito: Isto é o meu Sangue, quem ousará ainda duvidar, afirmando que não é o seu Sangue?

Recebamo-los, portanto, plenamente convencidos de que se trata do Corpo e Sangue de Cristo. Com efeito, sob a forma de pão é o Corpo que te é dado, e, sob a forma de vinho, o Sangue; de tal maneira que, ao receberes o Corpo e Sangue de Cristo, te transformes, com Ele, num só corpo e num só sangue. Deste modo, tendo assimilado em nossos membros o seu Corpo e o seu Sangue, tornamo-nos portadores de Cristo; tornamo-nos, como diz São Pedro, participantes da natureza divina (…).

Não deves olhar para o pão e vinho eucarísticos como se fossem elementos simples e vulgares. São realmente o Corpo e o Sangue de Cristo, segundo a afirmação do Senhor. Muito embora os sentidos te sugiram outra coisa, tens a firme certeza de que te ensina a fé.

Se foste bem instruído pela doutrina da fé, acreditas firmemente que o que parece pão não é pão, muito embora seja sensível ao gosto, mas é o Corpo de Cristo; e o que parece vinho não é vinho, ainda que tenha esse sabor, mas é o Sangue de Cristo. Já antigamente, bem a propósito, dizia David nos salmos: “O pão fortalece o coração do homem, e o óleo faz brilhar no seu rosto a alegria”. Fortifica, portanto, o teu coração, tomando esse pão espiritual, que fará brilhar a alegria no rosto da tua alma.

Oxalá que, de rosto iluminado por uma consciência pura e reflectindo como num espelho a glória do Senhor, possas caminhar de glória em glória, em Cristo Jesus, Nosso Senhor, a quem seja dada honra, poder e glória pelos séculos sem fim.

Das catequeses de Jerusalém do Século IV
(Cat. 22, Mystagogica 4, 1.3-6.9; Pg 33, 1098-1106)

sábado, 9 de abril de 2011

Oração e leitura

A oração purifica-nos, a leitura instrui-nos. Pratiquemos uma e outra coisa, porque ambas são boas. Mas se isso não é possível, é melhor orar do que ler.
Quem deseja estar sempre com Deus, deve orar e ler frequentemente. Quando oramos, falamos nós com Deus; quando lemos, fala Deus connosco.
Todo o nosso progresso vem da leitura e da meditação. O que ignoramos, aprendemo-lo com a leitura: o que aprendemos, conservamo-lo com a meditação. 
É dupla a vantagem que tiramos da leitura da Sagrada Escritura: ilumina-nos a inteligência e, subtraindo-nos às vaidades do mundo, leva-nos ao amor de Deus.
Dupla deve ser também a preocupação com que devemos ler: primeiro, procurar compreender a Escritura; segundo, explicá-la para proveito do próximo com a devida dignidade. Naturalmente, só quem procura compreender o que leu estará apto para explicar o que aprendeu.
O leitor diligente pensa mais em pôr em prática o que lê do que em adquirir a ciência. É menor desgraça desconhecer um ideal do que, tendo-o conhecido, não o atingir. Lemos para compreender o que é recto, e compreendemos para o pôr em prática.
Ninguém pode descobrir o sentido da Escritura Sagrada se não a lê assiduamente, como está escrito: “Tem-na em grande estima e ela te exaltará; se a recebes, ela será a tua glória”.
Quanto mais assíduos formos na leitura da palavra divina, tanto melhor a compreenderemos , como a terra que tanto mais frutifica quando melhor é cultivada.
Há alguns que têm boa inteligência; mas são negligentes em ler os textos sagrados; o seu desinteresse mostra o desprezo por aquilo que a leitura lhes poderia ensinar. Há outros, porém, que desejam saber, mas têm pouca inteligência. Estes, com uma leitura assídua, conseguem aprender aquilo que os mais inteligentes, pela sua preguiça, nunca aprenderão.
Assim como o menos inteligente consegue, pela sua aplicação, recolher o fruto do seu estudo diligente, assim também aquele que menospreza a inteligência que Deus lhe deu, se torna réu de condenação, porque despreza um dom recebido e o deixa sem fruto.
A doutrina que não é acompanhada pela graça de Deus, entra pelos ouvidos, mas não chega ao coração; faz ruído exteriormente, mas interiormente não aproveita ao espírito. A palavra divina só desce dos ouvidos ao mais íntimo do coração, quando a graça de Deus opera interiormente na alma.
Dos Livros das Sentenças de Santo Isidoro, Bispo Espanhol (Lib.3, 8-10: PL 83,679-682)