Aproximemo-nos do Senhor, da porta espiritual, e batamos para Ele nos abrir. Peçamos–Lhe para O receber, a Ele mesmo, o pão da vida (Jo 6, 34). Digamos-Lhe: “Dá-me, Senhor, o pão da vida, a fim de que eu viva, porque me encaminho para a perdição, perseguido pela fome do pecado. Dá-me a veste luminosa da salvação, para eu esconder a vergonha da minha alma, porque estou nu, privado do poder do teu Espírito e tenho vergonha da indecência das minhas paixões.” (cf. Gn 3, 10)
E se Ele te disser: “Estavas vestido, o que fizeste à tua veste?”, responde-Lhe: “Caí em poder dos salteadores que, depois de me despojarem e me encherem de pancadas, me abandonaram, deixando-me meio morto.” (cf. Lc 10, 30). Dá-me sandálias espirituais, porque os pés do meu espírito foram trespassados pelos espinhos e pelos cardos (cf. Gn 3, 18): caminho errante pelo deserto, e não posso mais. Dá vista ao meu coração, para que eu veja de novo; abre os olhos do meu coração, porque os meus inimigos invisíveis cegaram-me, cobrindo-me com o véu das trevas, e não sou capaz de contemplar o teu Rosto celeste e tão desejado. Dá-me o ouvido espiritual, porque a minha inteligência está surda e já não consigo ouvir os teus doces e suaves apelos. Dá-me o óleo da alegria (Sl 44, 8) e o vinho da alegria espiritual, para que o aplique às feridas e possa recuperar a vida. Cura-me e devolve-me a saúde, porque os meus inimigos, ladrões temíveis, deixaram-me abandonado e meio morto.”
Alma feliz, a que suplica com perseverança e com fé, como indigente e ferida, porque receberá o que pede; obterá a cura e o remédio eternos e será vingada dos seus inimigos, as paixões do pecado.
São Macário (?-405), monge no Egipto - Homilia 16 da 3ª colecção
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