Ao vir aqui de um outro país, Cristo não pôde encontrar senão o que aqui há em abundância: penas, dores e morte. Eis o que tu tens aqui, eis o que há aqui em abundância. Ele comeu contigo o que se encontrava em abundância na pobre casa da tua infelicidade. Bebeu o vinagre, provou o fel (Jo 19,29), eis o que Ele encontrou na tua pobre casa!
Mas Ele convidou-te para a sua mesa magnífica, para a sua mesa do céu, para a sua mesa de anjos onde Ele próprio é o pão (Jo 6,34). Descendo à tua casa e encontrando a infelicidade na tua pobre casa, não desdenhou sentar-se à tua mesa, tal como ela era, e prometeu-te a sua... Tomou a tua infelicidade, dar-te-á a sua felicidade. Sim, Ele dar-ta-á: prometeu-nos a sua vida.
E o que Ele realizou é ainda mais inacreditável: deu-nos como penhor a sua própria morte. É como se nos dissesse: “Convido-vos para a minha vida, lá onde ninguém morre, lá onde se encontra a verdadeira felicidade, lá onde o alimento não se corrompe, lá onde ele restaura, não produz nunca imperfeição e enche tudo. Vede para onde eu vos convido. Para o país dos anjos, para a amizade do Pai e do Espírito Santo, para uma refeição eterna, para a minha amizade fraterna. Enfim, convido-vos para mim próprio, convido-vos para a minha própria vida. Não quereis acreditar que vos darei a minha vida? Tomai a minha morte como testemunho!”.
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja - Sermão 231
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja - Sermão 231
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