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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Transfiguração: a manifestação por adiantamento do último dia

Aproximava-se a hora da Paixão… Nesse momento os discípulos não deviam estar com o espírito abalado; não devia acontecer que aqueles que, um pouco antes, tinham confessado pela voz de Pedro que ele era o filho de Deus (Mt 16,16) acreditassem, vendo-o pregado na cruz como um culpado, que ele era um simples homem. Por isso os fortaleceu com esta visão admirável.

Assim, quando o vissem traído, em agonia, implorando que lhe fosse afastado o cálice da morte e arrastado ao tribunal do sumo sacerdote, lembrar-se-iam da subida ao Tabor e compreenderiam que era por sua livre vontade que se entregava à morte… Quando vissem os golpes e os escarros na sua face, não se escandalizariam, relembrando-se do seu brilho que ultrapassava o do sol. Quando o vissem revestido pelo escárnio do manto escarlate, lembrar-se-iam que esse mesmo Jesus estivera vestido de luz no monte. Quando o vissem crucificado na cruz entre dois malfeitores, lembrar-se-iam que ele tinha aparecido entre Moisés e Elias como o seu Senhor. Quando o vissem sepultado na terra como um morto, pensariam na nuvem luminosa que o envolvera.

Aqui está pois um motivo para a Transfiguração. E talvez haja um outro: o Senhor exortava os seus discípulos a não tentarem economizar a sua própria vida; ele dizia-lhes: “se alguém quiser vir após Mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me” (Mt 16,24). Mas renunciar a si mesmo e ir ao encontro de uma morte vergonhosa, isso parece difícil; é por isso que o Salvador mostra aos seus discípulos qual o tipo de glória de que serão julgados dignos os que imitarem a sua Paixão. Com efeito a Transfiguração não é senão a manifestação por adiantamento do último dia “onde os justos fulgirão na presença de Deus” (Mt 13,43).

Teófanes de Cerameia (séc. XII), monge de S. Basílio - Homilia sobre a Transfiguração

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