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domingo, 30 de junho de 2013

A Russia espalhará os seus erros pelo mundo inteiro


Quando Nossa Senhora de Fátima apareceu aos três pastorinhos, a 13 de julho de 1917, e disse-lhes que a “a Rússia espalharia os seus erros pelo mundo inteiro”, não se podia compreender o significado destas palavras proféticas.

Com mais de 90 anos de recuo histórico,  o que vemos? O que a história tem para nos contar, ou mostrar?

O comunismo tolheu direitos sagrados e inalienáveis

Como reação natural contra os abusos espoliadores do liberalismo económico, surgiu no século XIX uma corrente económica-politico-social, que teve em Karl Marx o seu cérebro e a sua estrutura.

O marxismo propos-se libertar o operário de uma exploração capitalista iníqua, mas não fez mais que enredá-lo numa escravidão mais aviltante e mais baixa do que a vivida nos tempos anteriores ao advento da era cristã. Com efeito, esqueceu a dignidade humana e cristã da pessoa humana, redimida por Cristo e por Ele exaltada ao pedestal de filha de Deus, e despojou-a de direitos sagrados e inalienáveis, tais como : o direito à liberdade, o direito a constituir família, o direito à propriedade...

Acima de todas estas negações, de si já graves e comprometedoras, pretendiam os sistemas socialistas arrancar do coração do homem a sua dimensão mais nobre, ou seja, a noção de um destino humano superior ao destino terrestre. Insurgiram-se assim, contra uma constante ininterrupta da história multimilenária da Humanidade, condensada na definição de Mark Twain: “O homem é um aninal religioso” (Mark Twain, cartas da Terra).

 Luta ideológica: ciência contra a religião

Os marxistas tentaram mostrar o fundamento terreno da religião e o seu caráter historicamente acidental, sempre dependente das variadas formas de consciência social dos homens e determinada pelas condições concretas da sua existência vivida em comum.

Engels escreveu que “toda a religião não é mais que um reflexo fantástico na mente humana daquelas forças que dominam a vida diária, reflexo em que as forças terrenas assumem a forma de forças sobrenaturais” (Anti-During, N. I. p. 353 apud Charles J. Mc Fadden, tradução A. Alves de Campos, Filosofia do Comunismo, União Gráfica, Lisboa, 1961, p. 145).

Por outro lado, Marx afirma: “a religião não vive no Céu, mas na Terra. Morrerá por si mesma, logo que seja destruída a realidade perversa de que ela é a teoria” (L’athéisme militant en URSS, Informations Catholiques Internationales, nº 115, p. 13), referindo-se à estrutra social exploradora imperante, que era o capitalismo.

Bukharin, intelectual e político bolchevique, defende que a “religião foi no passado, como ainda hoje o é, um dos mais poderosos meios de que dispõem os opressores, para manter a desigualdade, o despotismo e a obediência servil dos trabalhadores” (O ABC do comunismo, Londres, 1922, p. 247, apud Charles J. Mc. Fadden, op. Cit. P. 149). E Lenine conclui que “o proletariado tem que empreender uma luta aberta para abolir a escravidão económica que é a fonte real do engano religioso da humanidade” (Lenine, Religião, 1935, ibid. P. 152).

No programa do Partido Comunista da URSS foi inscrito: “a realização da planificação e da tomada de consciência, em toda a atividade social e económica das classes, trará consigo a total destruição de preconceitos religiosos” (L’atheisme militant en URSS, Informations Catholiques Internationales, nº 115, Paris, p. 14).

Leonid Ilitchev, presidente da Comissão ideológica do Comité Central do Partido Comunista, proclamou-se fiel à nova tática, inaugurada em 1945 e estilizada no slogan : “ciência contra a religão”. São dele estas palavras: “o nosso dever consiste em combater ativamente a ideologia religiosa, criando em todos os sovietes uma concepção científica do mundo, uma ideologia científica, uma maneira científica de agir e de pensar” (Le rapport Ilitchev, Informations Catholiques Internationales, nº 211, p. 16).

Lamentamos não poder transcrever na íntegra o extenso relatório Ilitchev, pois da sua simples leitura se concluiria a intensidade da dramática ofensiva anti-religiosa de que se revestiu a URSS no século XX, até aos anos 90. Para Ilitchev, “a religião representa a imagem fantástica e desnaturada do mundo que paralisa o espírito do homem com os dogmas e asfixia todo o pensamento criador” (Ibid. p.16).
Missa secreta num bosque da Ucrânia

Encontramos em Lenine palavras, que são expressão inequívoca  de uma linha de agir, tendente a arrancar do coração do povo as últimas fibras de sentimento religioso: “a luta contra a Religião não deve limitar-se, nem reduzir-se a uma disputa abstrata ou ideológica. Deve ligar-se ao movimento prático e concreto de classes. Será sua finalidade arrancar as raízes da Religião” (Lenine, Religião, p.14, apud Charles J. Mac Fadden, op. Cit., p. 153).

E do “programa do Partido Comunista” de 1936 salientamos: “Uma das tarefas mais importantes da revolução cultural que afeta as grandes massas, é a maneira de combater, sistemática e implacavelmente, a Religião, o ópio do povo (...). Enquanto o Estado proletário concede liberdade de cultos e suprime a posição privilegiada da Religião antes dominante (Igreja Ortodoxa), prossegue a propaganda anti-religiosa por todos os meios e reconstroi a totalidade da sua empresa educadora sobre a base de um Materialismo Científico” (Programa da Internacional Comunista, 1936, p. 54, ibid. p. 154).
 
Luta Política para propagar a instrução científica e anti-religiosa, seguida de perseguição

Se no campo ideológico manifestou-se uma hostilidade irredutível e demolidora de todos os princípios tradicionais cristãos, que dizer da política seguida pela URSS, para traduzir em atos essa ideologia perversa?

Para responder a esta pergunta bastar-nos-á recorrer à história e pedir-lhe alugns depoimentos relativos ao modo como, desde a Revolução de Outubro de 1917, até os anos noventa, foi tratada a Religião. Não pretendemos, evidentemente, em simples artigo, ser exaustivo em assunto, infelizmente, tão vasto e complexo.

Como medida legislativa, foi logo incluída no artigo 9 do Decreto de 23 de Janeiro de 1918, a nacionalização dos bens da Igreja e a interdição do ensino religioso em estabelecimentos de ensino público e privado. O artigo 121 do Código Penal ameaçava, além disso, com um ano de trabalhos forçados, quem se atrevesse a ensinar matérias religiosas a jovens que não houvessem ainda atingido a maioridade.

Em 1919, o Partido definia assim a finalidade da sua existência: “ajudar as massas trabalhadoras a libertar-se dos preconceitos religiosos e desenvolver para isso a mais larga propaganda de instrução científica e anti-religiosa. Neste trabalho, é conveniente evitar cuidadosamente qualquer ofensa aos sentimentos dos crentes, o que iria reforçar mais o fanatismo religioso” (L’atheisme militant en URSS, Informations Catholiques Internationales, nº cit., p. 14).

Esta cláusula do Partido não foi, porém, seguida e dizem as estatísticas que, nos três primeiros anos após a Revolução, foram liquidados 1.215 sacerdotes e 28 bispos. Faltam-nos elementos para poder concretizar em números as prisões, as deportações e as torturas, com que foi provada a fidelidade dos cristãos à sua Fé.

Durante alguns anos, os métodos violentos deram lugar a uma intensa campanha de doutrinação materialista, levada até ao extremo de ironizar os meios de salvação, postos pela Igreja à disposição dos seus fiéis.

Coincidindo com a medida governamental da coletivização forçada, em 1929, desencadeou-se uma nova ofensiva anti-religiosa. A “liga dos ateus militantes”, já fundada em 1925 pro Yaroslawski, intensificou a sua ação de destruição e de ódio: foram profanadas muitas igrejas e transformadas em armazéns ou cinemas; organizaram-se concentrações espetaculares, para nelas serem ridicularizadas e destruídas imagens; nas escolas é introduzido um ensino anti-religioso progressivo e adaptado à mentalidade e desenvolvimento dos alunos.

Por volta de 1936, verificou-se uma certa distenção, visivelmente acentuada em 1941, quando a Alemanha invadiu a Rússia. Estaline concedeu, então, aos chefes da Igreja Ortodoxa russa, autorização de livremente organizarem a vida religiosa das suas igrejas. Ocultar-se-ia por detás dessa medida, qualquer manovra? O que se sabe é que essa liberdade foi “sol de pouca dura”.

Com efeito, data de 1945 a mais diabólica perseguição, movida pelo comunismo contra as sobrevivências religiosas; a sua arma mais poderosa, foi o uso do já citado slogan: “ciência contra a religão”.

Em 1947, foi fundada a Sociedade Pan-Unionista para a “Disseminação dos Conhecimentos Políticos e Científicos”, que preenchendo, de certo modo, o vazio deixado pelo desaparecimento da “Liga dos Ateus Militantes”, em 1941, se obstinou desde o seu início, “em propagar a concepção materialista do mundo e lutar contra as sobrevivências de uma ideologia estranha à consciência dos homens” (ibid. p. 15). Nos anos 60, em plena laboração, chegou a publicar por ano centenas brochuras em várias línguas, organizou conferências nas fábricas e nas empresas, promoveu colóquios, com o objetivo de provar a contradição intrínseca existente entre a ciência e a religião.

Reflitamos agora sobre o papel relevante que desempenharam na doutrinação materialista, além  da Sociedade Pan-Unionista, as diversas organizações do Partido, os Sindicatos e as “Casas e Clubes do Ateismo”. As “Casas do Ateismo” foram instuições existentes nas principais cidades e aglomerados populacionais, sobretudo da Ucrânia, zona onde estavam ainda mais profundamente arreigadas as crenças religiosas. Sujeitando-se , segundo a especialidade, por cada uma das 7 seções em que estão divididas, dedicavam-se ao estudo e à propaganda das mais eficazes experiências  anti-religiosas. Para obter essa finalidade, as “Casas e Clubes” organizavam serões especializados para jovens de todos os setores, para intelectuais, para mulheres, etc., e exposições itinerantes de quadros de pintores ucranianos e russos dos séculos XIX e XX sobre temas religiosos.

No mês de agosto de 1959, o jornal “Pravda”, explorando talvez a presença em Moscovo de Giorgio la Pira, Presidente da Câmara de Florença, católico convicto e amigo pessoal de Kruschtchev, publicou um artigo bastante venenoso. Depois de recordar “que não é permitido ofender o sentimento religioso dos crentes, usando um tom pouco respeitoso”, insurgia-se contra o clero e os sectários, por quererem adaptar a religião às condições modernas. E um pouco adiante, acrescentava “... para eliminiar as superstições religiosas, é preciso um trabalho longo e difícil, uma grande paciência e muita seriedade” (ibid., p. 17).

Foi extraordinariamente intensa a propaganda anti-religosa na Ucrânia. Eliminado em 1946 o quadro administrativo da Igreja Católica, a vida religiosa passsou a ser aí alimentada quase exclusivamente pela Igreja Ortodoxa Russa. Porém, também esta foi submetida a uma autêntica perseguição, cada vez mais feroz e sanrenta. Soube-se, por exemplo, por alguns turistas, que por lá passaram, a existência de um “plano septenal”, que se propunha liquidar totalmente a religão até 1965. Essa perseguição traduziu-se: no encerramenteo de mais de 500 igrejas, no curto espaço de três anos; na supressão de mosteiros e seminários; na atribuição dos piores crimes a bispos e sacerdotes, que foram arrastados aos tribunais e condenados; no asfixiamento  do múnus paroquial, através da imposição brutal de impostos; enfim, no apoio de todas as formas de manifestações e de propaganda anti-religiosa. Eis mais alguns números que, na sua eloquência muda, apresentam aquela que era uma realidade confrangedora:

Desde 1959 até aos anos 90, as autoridades soviéticas fecharam ou destruíram mais de 10.000 igrejas, dispersaram umas 40 comunidades monásticas das 67 existentes, restaram apenas 3 seminários dos 8 em atividade, foi interdita a frequência da igreja e a recepção dos sacramentos aos jovens desde os 3 aos 18 anos...

Esta revelação pungente, quando foi conhecido no Ocidente, levou François Mauriac a exclamar numa reunião do Comité interconfessional francês, para esclarecer a situação dos cristãos na URSS: “Quando o Cristo é crucificado em Moscovo e lança um grande grito sobre a cruz, nós ouvimos em Paris! Cristo está em agonia. Nós não devemos dormir durante este tempo”.

A “nova carta da propaganda anti-religiosa”, a extensa declaração de Ilitchev, a que atrás nos referimos e que foi publicada em Moscovo em 17 de Janeiro de 1964 confirma, de maneira arrepiante, a fidelidade à ideologia marxista-leninista.

Devido a circunstâncias, ou motivos especiais, variou por vezes a atitude do regime soviético relativamente à Igreja: não mudou, porém, jamais, nas suas linhas estruturais, a posição teórico-ideológica relativamente à religião.

Posição católica sobre o comunismo

Assentando, o Cristianismo sobre a ideia de Deus, a Quem o comunismo considera “um mito”, e sendo uma religião de vida, a que o comunismo, pela pena de Karl Marx, chama “ópio do povo”, tendo em conta ainda o que até agora se escreveu, vem a propósito perguntar: será possível uma aproximação, um trabalho de colaboração, o estabelecimento de um diálogo entre a Igreja e o comunismo”.

Reproduzimos as palavras de Pio XI, no dia 19 de março de 1937:

“... no que se refere a erros do comunismo, já no ano de 1846, o Nosso Venerando Predecessor, Pio IX, solenemente os condenou e confirmou tal condenação no Sylabus(...).

Mais tarde, outro Nosso Predecessor de imortal memória, Leão XIII, na Carta Encíclica “Quod Apostolici Muneris”, descreveu e definiu os mesmos erros como “peste mortífera que, serpeando através das íntimas articulações da sociedade humana a prostraria no extremo perigo de ruina e de morte”. Com visão clara de espírito penetrante, Leão XIII revelou que o movimento de difusão e louvor ao sistema de cultura técnica, provocando impiamente as massas para o ateísmo, tinha origem naquela concepção filosófica, que já de há séculos se esforçava por separar a ciência e a vida da Fé e da Igreja.

Nós também, não por uma só vez no decurso do Nosso Pontificado, tornámos públicas com solicitude instante essas correntes de ateismo, ferventes de ameaças e a avolumarem-se, de contínuo, dia a dia. De verdade, quando em 1924 a Nossa missão de socorro regressava da Rússia, em especial alocução dirigida ao orbe católico condenamos a doutrina e o sistema comunista (18 de Dezembro de 1924). Nas Nossas Encíclicas  “Miserentissimus Redemptor”, “Quadragesimo Anno”, “Caritate Christi”, “Acerba animi”, “Dilectissima Nobis”, queixámo-nos doloridamente, reclamando contra as cruentas perseguições ao nome cristão levantadas quer na Rússia, quer no México, quer finalmente na Espanha. (Divini Redemptoris, in A Igreja e a questão social, União Gráfica, Lisboa, 1935, pp. 200-201).

Decreto do Santo Ofício, hoje Congregação para a Doutrina da Fé, de 1 de Julho de 1949

Foram dirigidas a esta Suprema Congregação as seguintes perguntas:

1)      É lícito inscrever-se em partidos comunistas ou prestar-lhes apoios?

2)      É lícito publicar, difundir ou ler livros, periódicos, diários ou folhas volantes que defendem a doutrina ou a prática do comunismo, ou colaborar neles com escritos?

3)      Se os fiéis realizam, consciente e livremente, actos a que se referem as perguntas 1 e 2 do presente Decreto, podem ser admitidos aos Sacramentos?

4)      Os fiéis que professam a doutrina do comunismo materialista e anti-cristão, e sobretudo os que a defendem ou propagam, incorrem “ipso facto”, como apóstatas da fé católica, na excomunhão especialmente reservada à Sé Apostólica?

Os Eminentíssimos e reverendíssimos Padres encarregados da tutela da fé e dos costumes, tendo presente o parecer dos Reverendíssimos Consultores na reunião plenária de terça-feira (em vez de quarta-feira), no dia 28 de junho de 1949, decretaram que se respondesse:

Ao número 1: Negativamente: o comunismo, de facto, é materialista e anti-cristão; e portanto, os dirigentes do comunismo, mesmo quando às vezes, por palavras, declaram não combater a religião, de facto, contudo, na teoria e na ação, mostram-se hostis a Deus, à verdadeira religião e à Igreja de Cristo.

Ao número 2: Negativamente, porque são actos proibidos pelo próprio direito canónico (can. 1399).

Ao número 3: Negativamente, conforme os princípios que se referem a não administrar os sacramentos àqueles que não têm a devida disposição.

Ao número 4: Afirmativamente (Acta Apostolicae Sedes, de 13 de julho de 1949. Cf. Joaquim Azpiazu, S. J. Firecciones Pontificias en el Ordem Social, Madrid, 1960, pp. 361-362).

Petição de 213 Padres conciliares

“... Posto que já se vê que uma constituição doutrinária e pastoral a respeito do marxismo, socialismo e comunismo não criará o mínimo obstáculo à ação da Santa Sé em prol da existência pacífica de todos os homens e de todas as nações, rogo, fundamentado nas gravíssimas razões que expus, digne-se a Comissão para Assuntos Extraordinários do II Concílio Vaticano apresentar ao Sumo Pontífice o desejo de muitos Bispos, e de numerosos fiéis, no sentido de que o Santíssimo Padre determine a elaboração e o estudo de um esquema de constituição conciliar no qual:

1)      Se exponha com grande clareza a doutrina social católica, e se denunciem os erros do marxismo, do socialismo e do comunismo, sob os aspectos filosófico, sociológico e económico;

2)      Sejam profligados aqueles erros e aquela mentalidade que preparam o espírito dos católicos para a aceitação do socialismo, do comunismo, e que tornam propensos aos mesmos” (Esta petição foi dirigida ao Cardeal Amelto Cicognâni, Secretário de Estado do Vaticano, em 3 de Dezembro de 1963 e foi largamente divulgada pelos média.

O triunfo do Imaculado Coração de Maria

Passados os anos, vemos que os erros do comunismo esplaram-se pelo mundo inteiro. Não há nação do Ocidente, onde a doutrina anti-cristã não tenha progredido, perseguindo, com cada vez mais sanha, os que tem fé.

Como cristãos, uma única conclusão se nos impõe: rogar ao Senhor que nos liberte deste terrível flagelo e que aos homens sejam universalmente reconhecidos os seus inalienáveis direitos à liberdade de crença e de publicamente se afirmar em sociedade.

E porque o Cristianismo é essencialmente a religião da esperança, importa saber esperar, mesmo contra toda a esperança, de olhos fitos na Mensagem de Nossa Senhora de Fátima: “Por fim o meu Imaculado Coração Triunfará!”

 

 

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Jesus não pediu-nos nada em troca


É bonito fazer parte de uma associação, composta por homens de diferentes idades, unidos no desejo comum de dar um testemunho especial da vida cristã, servindo à Igreja e aos irmãos sem pedir nada em troca. Isso é bonito: servir sem pedir nada em troca, como Jesus. Jesus serviu a todos nós e não nos pediu nada em troca! Jesus fez as coisas com gratuidade; façam as coisas com gratuidade vocês também. A sua recompensa é justamente esta: a alegria de servir ao Senhor, e juntos! Conheçam-no sempre mais, com a oração, com as jornadas de retiro, com a meditação da Palavra, com o estudo do catecismo, para amá-lo mais e mais e servi-lo com um coração generoso e grande, com magnanimidade. Esta é uma bela virtude cristã: a magnanimidade, ter um coração grande, ampliar o coração sempre, com paciência, amar a todos; e não aquelas pequenezas que nos fazem tanto mal, mas a magnanimidade. O seu testemunho será mais convincente e eficaz, e o seu serviço também será melhor e mais alegre.

(Papa Francisco, Audiência, 24 junho 2013)

domingo, 23 de junho de 2013

Falando um pouco de religião


Sob o título “Falando um pouco de religião” Danuza Leão, articulista, resolveu escrever sobre matéria que desconhece: a  Igreja Católica, na Folha de São Paulo do domingo, dia 15 de março de 2009.

Como as acusações continuam a ser repetidas e refletem uma corrente de pessoas preconceituosas, reproduzo o artigo repleto de lacunas e de falta de conhecimento religioso e a resposta do Prof. Felipe Aquino, doutor em engenharia mecânica. Recentemente, recebeu o título de Cavaleiro de São Gregório Magno, conferido pelo Papa Bento VI.

Falando um pouco de religião – Danuza Leão

EU ESTUDEI em colégio de freiras e posso falar de cadeira dos recreios que perdi aos sete, oito anos, ajoelhada no milho na capela, para pagar os meus pecados. Isso não é sadismo em alto grau? Fico tentando lembrar que pecados seriam esses. Teria falado na hora da aula? Teria comido um pedaço da sobremesa antes do almoço? Teria deixado de fazer algum dever? E as freiras ainda nos induziam a fazer sacrifícios, tipo deixar de comer uma mariola ou uma paçoca por amor a Deus. Sacrifício, a palavra que define a Santa Igreja Católica. E a missa obrigatória em todos os domingos e dias santificados? Depois disso, igreja, para mim, só em excursão turística -e assim mesmo só algumas.

É possível considerar o desejo sexual um pecado, um orgasmo um pecado, ter relações sexuais, mesmo de casais casados na igreja, sem outra intenção, a não ser a de procriar, um pecado? E ao considerar quase tudo que dá prazer um pecado, não dá para perceber o quanto as mentes católicas são doentes? E malvadas? Os sacrifícios, tão cultuados entre os católicos -cordas apertando a cintura, debaixo do vestido, até sangrar, eram um grande sinal de amor a Deus. Mas o que deve acontecer naqueles conventos e seminários, com aquele monte de moças e rapazes com seus hormônios explodindo, mas tendo que seguir o sentido contrário ao da natureza para amar a Deus sobre todas as coisas, isso é segredo, e jamais saberemos o que lá se passa - mas minha mão no fogo eu não boto. Será que são todos castos? Dos padres pedófilos se fala um pouquinho, mas logo o assunto é  esquecido. E da excomunhão dos médicos que fizeram o aborto na menina de nove anos estuprada não vou nem falar, porque tudo já foi dito.

Para a Santa Madre Igreja, quanto mais se sofre mais se tem direito ao reino dos céus. Quem tiver uma doença grave será recompensado, se for cego, surdo, mudo e paralítico, é considerado um santo, praticamente, e ai dos que são felizes, dão risadas e gostam da vida. Estes estão condenados às trevas do inferno. Para ser um católico de verdade é preciso sofrer, e quanto mais, melhor. Como têm prestígio as carolas vestidas de preto, com um véu na cabeça e um terço na mão, falando que este mundo está perdido (e levando um pratinho de biscoitos para os padres). Perdido está quem não aproveitou esta vida e nunca ouviu falar em felicidade, pois o  que vem depois ninguém sabe direito. Pelo menos, ninguém voltou pra contar.

Mas também me revoltam as invenções praticadas em nome de Deus, das mais banais às mais revoltantes. Quem pode, em sã consciência, jurar amor "até que a morte nos separe?" Quem faz uma jura dessas é hipócrita, porque até as crianças do jardim-de-infância sabem que a vida não é assim. Mas do que os cardeais gostam mesmo é dos paramentos, das vestes de brocado, dos cálices de ouro, dos tronos incrustados de pedrarias, do luxo das igrejas de ouro, dos quadros mais preciosos deste mundo e de dar declarações absolutamente inúteis, tipo "o papa está muito preocupado com a fome no mundo", como se essa preocupação resolvesse alguma coisa. Esse papa, aliás, que veste Armani e sapatos vermelhos de Prada. Se o Vaticano se desfizesse de metade de seus tesouros, é bem possível que não houvesse mais fome no mundo. Fui batizada,  crismada e fiz a primeira comunhão, mas não cheguei ao ponto de me casar no religioso; e não me incomodaria nem um pouco se fosse excomungada.

Carta do professor Felipe Aquino para a articulista, escritora e socialite Danuza Leão.

 "Com muito respeito gostaria de lhe escrever. Que você não se importe de ser excomungada, não me surpreende, falta-lhe o dom da fé; mas dizer que se a Igreja vendesse os seus bens acabaria com a fome no mundo, isso é demais!  Você sabia que o Vaticano é proibido de vender a menor peça do Museu do Vaticano, uma vez que o Direito Internacional o proíbe  por ser o Vaticano apenas o guarda disso tudo, segundo o Tratado do Latrão assinado com a Itália? Você sabe qual é o tamanho do Vaticano? Resposta: 0,44 km quadrados; não cabe nem um campo de aviação. Aliás, sabe quantos aviões tem o Papa? Zero. E ele é um Chefe de Estado; existe algum que seja tão carente?

 Fiquei arrepiado com tanta bobagem e preconceito que você destilou em sua matéria.

 Como você, eu também estudei em colégio católico, salesiano, graças a Deus; e assistia a missa todos os dias, graças a Deus, e ainda hoje a assisto todos os dias, graças a Deus; é a grande alegria do meu dia (o Sacrifício do Calvário) que nos salva. Você despreza o seu Batismo e a sua Crisma; eu quero lhe dizer que o único diploma que eu tenho coragem de expor na parede do meu escritório é a minha certidão de Batismo; ele me abriu as portas do Céu, me deu a graça de ser membro de Cristo, da Igreja, herdeiro do Céu. O resto... vai ficar na terra.

Estudei física e matemática, fiz mestrado na Universidade Federal de Itajubá e doutorado no ITA em Ciências Aeroespaciais, fiz pós-doutorado na UNESP; fui diretor de um campus da USP em Lorena, SP, por quase vinte anos, sempre eleito por meus pares. Digo isso para você saber que não sou um ignorante que faz da religião uma fuga; ou da Igreja um escudo de proteção; sou católico convicto.

O que lhe faltou, Danuza, infelizmente, foi ter conhecido a Igreja mais a fundo, mais de perto; faltou a você e a tantos que hostilizam a Igreja, nossa Mãe, Corpo místico de Cristo, estudar um pouquinho de teologia: cristologia, história da Igreja, escatologia, mariologia, dogmática, exegese bíblica, hermenêutica, liturgia, moral, mística... Se você tivesse estudado um pouquinho disso tudo; se os seus conhecimentos de Religião não ficassem apenas do tamanho do seu vestidinho de Primeira Comunhão, tudo seria diferente em sua vida; e você não estaria pisando tanto e maldosamente na Igreja que Cristo fundou para a nossa Salvação; mas, ainda é tempo...

 O que de melhor seus pais bondosos lhe deram, foi a Fé; não a jogue fora. A vida terrena passa, o corpo se extingue, a velhice chega, a morte se aproxima, mas a alma sobrevive. CUIDE DELA!

Jesus disse: "de que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma"?