Visualizações de página na última semana

domingo, 24 de maio de 2020

Nossa Senhora, Mãe, Padroeira e Imperatriz dos chineses

A devoção dos chineses a Nossa Senhora remonta aos anos 1900, quando o país viveu um período conturbado, denominado o Levante dos Boxers. Em junho deste ano, os boxers, anticatólicos, contrários à presença estrangeira no país e à influência do Papa, decidiram invadir Dong Lu, onde estava sediada uma importante missão lazarista, e matar os cerca de nove mil católicos que ali viviam.

A proteção de Maria Santíssima

Milhares de boxers cercaram a aldeia e quando estavam prestes a invadi-la, viram uma Senhora com um Menino que pairava sobre o povoado. A primeira reação que tiveram foi a de disparar para o Céu. Mas, vendo que o efeito era nulo, ficaram com medo e fugiram em debandada. Contemporaneamente, os anciãos e as mulheres, que tinham permanecido recolhidos no interior da igreja para pedir a vitória sobre os inimigos, viram a imagem desaparecer e a tela ficar, literalmente, branca. Quando a batalha terminou a imagem de Nossa Senhora voltou à pintura, dando a entender que tinha saído para ajudar a afugentar os inimigos dos seus filhos e devotos.

O primeiro Santuário

Para agradecer à Virgem Maria por tê-los salvo da invasão e do massacre, os habitantes construíram um santuário mariano, onde passou a ser venerada uma pintura representando a Virgem Maria com os trajes de imperatriz chinesa.

Em 1924, no primeiro Sínodo dos bispos chineses realizado em Xangai, o bispo jesuíta Henri Lecroart defendeu a ideia de que a China, a Mongólia, o Tibete e a Manchúria fossem consagrados à Virgem Maria, sob a invocação de "Nossa Senhora Imperatriz da China". A sua ideia foi aceite e a consagração foi feita em junho desse mesmo ano por 150 bispos, encabeçados pelo arcebispo Celso Constantini, que era na altura o delegado apostólico na China.

Em 1932, o Papa Pio XI elevou o santuário de Dong Lu à categoria de Santuário. Em 1941, o Papa Pio XII estabeleceu uma festa litúrgica em honra de Maria Medianeira de todas as graças, sob a invocação de "Santa Mãe, Imperatriz da China".

Infelizmente, o Santuário de Dong Lu foi bombardeado e destruído pelos japoneses, durante a Segunda Guerra Mundial. Mas os católicos chineses reconstruiram um novo, ainda maior do que o anterior, situado no meio de uma floresta de bambu em Shangai. 

Em 1973, após o Concílio Vaticano II, a conferência episcopal chinesa, com a aprovação da Santa Sé, decidiu que a festa da Santa Mãe e Imperatriz da China seria celebrada no sábado anterior ao segundo domingo de maio, no qual se celebra o Dia da Mãe.

Nova aparição de Nossa Senhora em She Shan

No dia 23 de maio de 1995, Nossa Senhora voltou a aparecer e o acontecimento foi certificado pelo bispo de Baoding. Cerca de trinta mil peregrinos viram o sol girar da esquerda para a direita e colorindo o céu com várias cores, num acontecimento que durou cerca de vinte minutos.

Ainda como manifestação do apreço da Igreja Universal pelos católicos chineses, desde o ano de 2007, Bento XVI instituiu o dia 24 de maio memória litúrgica da Virgem Maria, Auxílio dos Cristãos, como Nossa Senhora de She Shan, venerada com grande devoção no imponente Santuário que traz o mesmo nome, único local de peregrinação para os católicos chineses, autorizado pelo governo comunista.

Oração a Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos

Nesta ocasião, o Papa Bento XVI escreveu a seguinte oração:

“Virgem Santíssima, Mãe do Verbo encarnado e Mãe nossa, venerada com o título de «Auxílio dos cristãos» no Santuário de Sheshan, para o qual, com devoto afecto,  levanta os olhos toda a Igreja que está na China, vimos hoje junto de Vós implorar a vossa protecção.

Lançai o vosso olhar sobre o Povo de Deus e guiai-o com solicitude materna pelos caminhos da verdade e do amor, para que, em todas as circunstâncias, seja fermento de harmoniosa convivência entre todos os cidadãos.

Com o «sim» dócil pronunciado em Nazaré, Vós consentistes que o Filho eterno de Deus encarnasse no vosso seio virginal e assim desse início na história à obra da Redenção, na qual cooperastes depois com solícita dedicação, aceitando que a espada da dor trespassasse a vossa alma, até à hora suprema da Cruz, quando no Calvário permanecestes de pé junto do vosso Filho, que morria para que o homem vivesse.

Desde então tornastes-Vos, de forma nova, Mãe de todos aqueles que acolhem na fé o vosso Filho Jesus e aceitam segui-Lo carregando a própria Cruz sobre os ombros.

Mãe da esperança, que na escuridão do Sábado Santo caminhastes, com inabalável confiança, ao encontro da manhã de Páscoa, concedei aos vossos filhos a capacidade de discernirem em cada situação, mesmo na mais escura, os sinais da presença  amorosa de Deus.

Nossa Senhora de She Shan, sustentai o empenho de quantos na China continuam, no meio das canseiras diárias, a crer, a esperar, a amar, para que nunca temam falar de Jesus ao mundo e do mundo a Jesus.

Na imagem que encima o Santuário, levantais ao alto o vosso Filho, apresentando-O ao mundo com os braços abertos em gesto de amor. Ajudai os católicos a serem sempre testemunhas credíveis deste amor, mantendo-se unidos à rocha de Pedro sobre a qual está construída a Igreja. Mãe da China e da Ásia, rogai por nós agora e sempre. Amen.”


domingo, 3 de maio de 2020

Nunca se detenha!




No entardecer da nossa vida, quando o sol começar a se por, a neblina impedir ver mais do que alguns metros à nossa frente, a estrada parecer mais íngreme, não desanimemos e não queiramos voltar atrás. 

Pelo contrário, este é o momento de retomar as forças e de continuarmos a nossa caminhada, porque por detrás das dificuldades está a luz, a clareza e o sublime dos ideais que nunca morrem, das esperanças que nunca desiludem e daquelas “vozes interiores” que nos acompanham desde a infância e nos garantem a realização de todos os nossos sonhos e da nossa vocação.

Santa Teresa de Calcutá - que para além da sua dedicação aos pobres tinha um notável dom para a escrita - sobre a luta e o desânimo deixou-nos estas belas palavras:

"Tenha sempre presente que a pele enruga, o cabelo embranquece, os dias convertem-se em anos, mas o que é importante não muda. A sua força e a sua convicção não têm idade. O seu espírito é como o de uma teia de aranha qualquer. Atrás de cada conquista vem um novo desafio.

Enquanto estiver vivo, sinta-se vivo. Se sentir saudades do que fazia, volte a fazê-lo. Não viva de fotografias amareladas...

Continue, quando todos esperam que desista. Não deixe enferrujar o ferro que existe em si. Faça com que, em vez de pena, lhe tenham respeito.

Quando não conseguir correr atrás dos anos, trote. Quando não conseguir trotar, caminhe. 

Quando não conseguir caminhar, use uma bengala. Mas nunca se detenha!"


Existe uma mulher que tem algo de Deus… descrição de uma mãe




Durante muitos anos, o dia da Mãe foi celebrado em Portugal a 8 de dezembro. Contudo, porque Maio é o mês dedicado a Maria Santíssima, Mãe de Jesus Cristo e nossa Mãe, a festa passou a ser comemorada no primeiro domingo do mês de Maio.

Todos nós facilmente nos recordamos da solicitude, generosidade e bondade da nossa mãe. Contudo, a melhor descrição de uma mãe foi escrita por Dom Ramón Ángel Jara, bispo de La Serena, no Chile, distinto e renomado orador, chamado de “Cisne da eloquência sagrada”, ou o “Crisóstomo chilena”, que assim a descreve:

Retrato de uma mãe

“Existe uma mulher que tem algo de Deus, pela imensidade do seu amor, e muito de anjo, pela incansável solicitude dos seus cuidados.

Existe uma mulher, que sendo jovem, tem a ponderação de uma anciã, e na velhice, trabalha com o vigor da juventude.

Uma mulher que, se é ignorante, descobre os segredos da vida com mais acerto do que um sábio, e se é instruída, acomoda-se à simplicidade das crianças.

Uma mulher que, sendo pobre, se satisfaz com a felicidade dos que ama e, sendo rica, daria com gosto o seu tesouro para não sofrer no seu coração a ferida da ingratidão.

Uma mulher que, sendo vigorosa, se estremece com o choro de uma criança e, sendo débil, reveste-se por vezes com a bravura de um leão.

Uma mulher que, enquanto vive, não sabemos estimar, porque ao seu lado todas as dores ficam esquecidas, mas depois de mortas, daríamos tudo o que somos, ou tudo o que possuímos, para poder olhá-la de novo, ainda que por um só instante, para receber dela um único abraço, para escutar só uma palavra saída dos seus lábios.

Desta mulher, não me exijais o nome se não queirais que humedeça com lágrimas o vosso álbum, porque já a vi passar no caminho.

Quando os vossos filhos crescerem, lede-lhes esta página e eles, cobrindo de beijos a vossa fronte, dir-vos-ão que um humilde viajante, como paga da suntuosa hospedagem recebida, deixou aqui para vós e para eles este esboço do retrato da sua mãe.”