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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O pecado e o perdão

Pedro devia receber as chaves da Igreja, mais ainda, as chaves dos céus, e devia ser-lhe confiada a governação de um povo numeroso. […] Se, com a tendência que tinha para a severidade, Pedro tivesse permanecido sem pecado, como poderia ser misericordioso com os seus discípulos? Ora, por uma disposição da graça divina, caiu no pecado, por forma a que, tendo tido a experiência da sua própria miséria, pudesse ser bom para com os outros.
Repara bem: quem cedeu ao pecado foi Pedro, o chefe dos apóstolos, o fundamento sólido, a rocha indestrutível, o guia da Igreja, o porto invencível, a torre inabalável, ele que tinha dito a Cristo: “Mesmo que tenha de morrer contigo, não Te negarei” (Mt 26, 35); ele que, por uma revelação divina, tinha confessado a verdade: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.”

Ora, narra o Evangelho que, na própria noite em que Jesus foi entregue, […] uma jovem diz a Pedro: “Também tu estavas com aquele homem”, ao que Pedro responde: “Não conheço esse homem” (Mt 26, 69-72). […] Ele, a coluna, a muralha, cede perante as suspeitas de uma mulher. […] Jesus fixou nele o olhar […], Pedro compreendeu, arrependeu-se do seu pecado e desatou a chorar. É então que o Senhor misericordioso lhe concede o seu perdão. […]

Ele foi submetido ao pecado para que a consciência da sua culpa e do perdão recebido do Senhor o levasse a perdoar aos outros por amor. Realizava assim uma disposição providencial, conforme à maneira divina de agir. Foi necessário que Pedro, a quem a Igreja seria confiada, a coluna das Igrejas, a porta da fé, o médico do mundo, se mostrasse fraco e pecador. Assim foi, na verdade, para que ele descobrisse na sua fraqueza uma razão para exercer a bondade para com os outros homens.

São João Crisóstomo (c. 345-407), bispo de Antioquia, depois de Constantinopla, doutor da Igreja, Homilia sobre S. Pedro e Sto. Elias

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