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sábado, 13 de outubro de 2012

Apontamentos sobre o ideal, a vontade e a autoridade



Santo Agostinho

Sem ideal a vida não tem rumo. Com um ideal sem beleza, a vida não tem elevações.
O ideal é o norte ou a bússola para orientar a vontade e o esforço; a atitude do espírito, a disposição da alma; favorável ao esforço, a decisão é o querer; o exercício quotidiano é a acção, tónico para que o ideal não se esvaia.
A vontade é a força motriz e a razão formal de todo o verdadeiro acto humano. Mais que a inteligência e demais faculdades humanas, ela exerce papel predominante na vida livre e racional do homem.
Que é a inteligência sem vontade? Será mais que uma pérola atirada a uma esquina, da qual ninguém se apercebe? Não, por certo. “Inteligências sem vontades são valores perdidos ou, pelo menos, lamentavelmente diminuídos” (Dom Manuel Trindade Salgueiro, Papel da vontade na Educação, Coimbra, 1934, pag. 52).
E de mãos dadas, a vontade e a inteligência? São um Santo Agostinho de Hipona, um São Tomás de Aquino, um Spinoza, um Newton, um Ozanam, homens que encheram o mundo e os tempos com o seu valor.
Onde buscar o perfeito equilíbrio moral? Em vontades anémicas e movediças? Por certo que não. Não foram assim os nobres exemplos que nos fascinam ao lê-los. Estes foram sim os que mantiveram bem retesado o arco da vontade contra a qual se despedaçaram as rebeliões dos sentidos e da carne.

Aliás, só pela valorização da vontade, o homem consegue dominar e disciplinar o apetite concupiscente. Para se conseguir a vitória da continência absoluta ou na continência matrimonial, na luta entre a razão e os sentidos, só a vontade forte faz inclinar a balança a favor da razão.


Vida comunitária e autoridade
Fosse a nossa vontade suficientemente forte para nos forçar a obedecer com presteza e alegria, e para olhar os nossos irmãos e as comunidades espalhadas por esse mundo de Cristo como santos, e não com sentimentos de indiferença ou até de inimizade, de inimigos que se aborrecem e digladiam debaixo do mesmo tecto, como tantas vezes sucede.
E para que serve a autoridade? Para comandar. E para que serve o comando? Para educar as pessoas dentro da ordem.
E educar é fazer que alguém se desentranhe de si mesmo, e fazer de uma criança um homem, de um homem um cristão, de um cristão um santo, um eleito, quantos os que contraíram o débito da sua personalidade, da sua reputação, da sua religião – e que religião, a cristã! – o débito de bem pensar e bem sentir para bem agir, a uma vida que se vive a todo o momento, que se renuncia a si mesma para que à semelhança do Apóstolo das gentes, se fizesse tudo para todos para ganhar a todos!
Por isso, o autoritarismo prejudica a autoridade. E a autoridade, em última análise, não serve senão para servir.


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