Quando o cristianismo começava a difundir-se pelo mundo,
qual grão de mostarda que semeado dá origem a uma frondosa árvore, inimigos
seus apareceram, procurando travar-lhe o passo. Não olhando a pessoas nem a
coisas, o ódio ao cristianismo arquitetava toda a sorte de tramas e cruéis
tormentos para o massacre dos valorosos defensores da fé. Os cristãos eram
apresentados no circo, em cuja arena morriam despedaçados pelos dentes das
feras; eram crucificados e, banhados em óleo, ardendo como tochas, outros eram
presos e finalmente decapitados. O simples pretexto de que era uma nova religião,
contrária à religião do Estado era motivo de captura.
Grandes luminares do Cristianismo de então se levantaram
contra a injustiça e a calúnia. A golpes de pena, de lógica nos seus
raciocínios, belamente expostos no seu “Apologeticum” insurgiu-se, por exemplo,
Tertuliano.
Com as perseguições surgem também os primeiros escritos anticristãos. As suas doutrinas adulteram e mais ainda negam as verdades da Igreja. Insurgem-se contra supostos crimes cujos delinquentes eram os cristãos. Se a religião cristã preceitua o crime, e induz os seus seguidores a comer e beber o Sangue de Cristo, é forçoso destruí-la. É a vez de sair à liça e à luz do dia a verdade. “Não se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire” (Mt 5, 15).
Servindo-se da sua cultura superior e firmados na robustez da sua fé, surgem então homens que nos deixam as mais belas páginas da doutrina cristã tão importantes no estudo do dogma católico: as apologias. As calúnias forjadas por espíritos avessos ao cristianismo minavam as inteligências de muitos e lançavam-nas na dúvida.
Ao longo destes vinte e um séculos já percorridos depois do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, o ódio de morte à Igreja não desarmou. Numa parte do mundo continua a perseguição; noutra a calúnia.
Olhando para o mundo anuímos na sua materialização. Os problemas na ordem do dia, as crises, dizem respeito, simplesmente, ao aspeto económico, político e social. Procurando as causas dos males, esquece-se uma que é a principal: a ausência de Nosso Senhor Jesus Cristo na sociedade.
Percorre-se a galeria dos grandes vultos que dirigem o
mundo, e das figuras notáveis que, pela palavra escrita ou falada, orientam a
opinião pública. Por muito otimistas que sejamos, temos de reconhecer que são
poucos, desoladoramente poucos os homens que possuem conhecimento sério da
doutrina de Cristo e menos ainda aqueles que, tendo-a na inteligência, a
conservam no coração, para que os seus atos sejam em tudo projeção luminosa da
fé cristã.
Triste realidade, mas… realidade! Jesus Cristo continua a ser o grande desconhecido dos nossos dias. Ao mundo que dramaticamente sofre por falta de luz sobrenatural na inteligência e de vida divina na alma, urge anunciar a mensagem cristã, o Evangelho.
A prosa suave e encantadora de Renan, de Strauss, traçou um
Cristo muito deformado, não vendo em Nosso Senhor senão um homem superior que
por hábeis engenhos e fraudes alucinava e enganava a população! É preciso
difundir a verdadeira fisionomia de Jesus Cristo e o seu Evangelho.
Quando se visita não só o nosso país, mas toda a Europa,
encontram-se formosíssimas igrejas e catedrais que atestam uma crença que
existiu, mas que, infelizmente, se apagou ou escureceu. Espalhados pelos
campos, em muitas aldeias, despontam numerosas capelas erigidas por gente que
outrora compreendia o que é amar e servir a Deus.
Hoje, em torno da maioria delas ronda o ceticismo. Por
dentro aridez e gelo, quando não é suspeição e ódio. Apagou-se nos espíritos a
luz viva da fé e nos corações a chama de um amor puramente cristão. Povoações que
com verdade e justiça foram reputadas fervorosas, com um passado glorioso, jardim
de tantas vocações, por forças de doutrinas corruptoras e de desvairadas
provocações do vício, por vezes originadas por quem dirige e tem obrigação de
orientar, vieram tornar-se terríveis centros de perseguição e indiferentismo religioso.
Quantos homens por este mundo fora vegetam, morrem à míngua
de Cristo porque não o conhecem ou não o querem conhecer?
São precisos novos apologistas, urgentemente! Contudo, o perfil destes novos defensores da fé e reevangelizadores do mundo deve obedecer a critérios específicos: “o mundo de hoje precisa de pessoas que anunciem e testemunhem que é Cristo quem nos ensina a arte de viver, o caminho da verdadeira felicidade, porque é Ele mesmo o caminho da vida; pessoas que tenham elas mesmas, antes de tudo, o olhar fixo em Jesus, o Filho de Deus: a palavra do anúncio deve estar sempre imersa numa relação profunda com Ele, numa vida intensa de oração. O mundo de hoje precisa de pessoas que falem com Deus, para poder falar de Deus” (Papa Bento XVI, Discurso 15 de Outubro de 2011).
São precisos novos apologistas, urgentemente! Contudo, o perfil destes novos defensores da fé e reevangelizadores do mundo deve obedecer a critérios específicos: “o mundo de hoje precisa de pessoas que anunciem e testemunhem que é Cristo quem nos ensina a arte de viver, o caminho da verdadeira felicidade, porque é Ele mesmo o caminho da vida; pessoas que tenham elas mesmas, antes de tudo, o olhar fixo em Jesus, o Filho de Deus: a palavra do anúncio deve estar sempre imersa numa relação profunda com Ele, numa vida intensa de oração. O mundo de hoje precisa de pessoas que falem com Deus, para poder falar de Deus” (Papa Bento XVI, Discurso 15 de Outubro de 2011).
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