Conselheiro dos Papas Pio VIII, Gregório XVI e Beato Pio IX,
missionário desvelado, defensor da Igreja e da fé, António Rosmini nasceu em
Rovereto no dia 24 de Março de 1797 e faleceu em Stresa a 1 de Julho de 1855, dedicando
a sua vida aos estudos de filosofia, política, ascética e pedagogia.
O espírito sacerdotal resplandeceu nesse ministro do Altar. Ao
terminar os estudos jurídicos e teológicos na Universidade de Pádua, recebeu a
Ordenação sacerdotal em 1821 e tornou-se um pároco exemplar em Rovereto, sua
cidade natal. Depois foi cónego de Milão, incansável atleta de Cristo,
sacerdote modelar e polemista incomparável. Foi escritor de fecundidade famosa,
de estilo elegante e profundo, amigo íntimo do poeta Alessandro Manzoni.
Imediatamente
demonstrou grande interesse e inclinação para os estudos filosóficos,
encorajado neste sentido pelo Papa Pio VIII, que lhe pedira para conduzir os
homens à religião através da razão, e mais de uma vez colocou-se contra
enganadores e falsos movimentos de pensamento como o sensismo e o iluminismo.
Político profundo, ao lado de Gioberti intentou uma
concordata do Rei Carlos Alberto da Sardenha com Pio IX. Pio IX nomeou-o ministro da
instrução, cargo que não aceitou. Quando em 1848 o Santo Padre se refugiou em
Gaeta, Rosmini aconselhou-o a permanecer em Benavento, onde reinava absoluta
calma.
Depois retirou-se completamente do campo da Política.
A filosofia atraiu-o poderosamente, pretendendo harmonizar
as doutrinas Kantianas com Santo Agostinho e São Tomás. A Santa Sé condenou em
1849 dois livros seus: “Constituição segundo a Justiça social” e “Cinco chagas da
Igreja", por decreto de 12 de agosto. Rosmini submeteu-se publicamente. Depois
de sua morte foram condenadas 40 proposições extraídas das suas obras.
Em 1828 fundou o Instituo da Caridade e o das Irmãs da
Providência, “idealizados e queridos como ambientes propícios à formação
humana, cristã e religiosa de quantos tinham partilhado o mesmo espírito,
adaptando-se às contingências históricas, civis e culturais do seu tempo. Na
audiência de 12 de Janeiro de 1972, Paulo VI definiu-o "profeta", que
em antecipação de um século sentiu e indicou problemas da humanidade e
pastorais, debatidos depois no Concílio Vaticano II.
A sua obra "As cinco chagas da Santa Igreja" é
considerada precursora dos temas conciliares. Uma delas fazia o Beato P. António
Rosmini sofrer demais: a separação entre
fiéis e clero durante as funções litúrgicas, pela impossibilidade dos primeiros
seguirem as orações formuladas em latim, adiantando a proposta de seguir as
línguas próprias de cada povo. Devido à novidade de algumas suas ideias sobre a
reforma da Igreja, a obra foi, como acima referido, posta no Índex em 1849, com
todas as polémicas que se seguiram.
Somente com João Paulo II ocorreu a completa reabilitação da
sua figura. Na carta encíclica Fides et ratio, o predecessor de Bento XVI
colocou Rosmini "entre os pensadores mais recentes nos quais se realiza um
fecundo encontro entre saber filosófico e palavra de Deus", concedendo a
introdução da causa de beatificação.
Precedentemente também João XXIII fez o retiro espiritual
sobre as Máximas de perfeição cristã de Rosmini, idealizadas para definir o
fundamento espiritual sobre o qual todos os cristãos pudessem garantir um
caminho na perfeição, assumindo-a como própria regra de comportamento.
Também Paulo VI não foi indiferente ao pensamento do Beato P.
António Rosmini: por ocasião do 150º aniversário de fundação do Instituto da
Caridade, enviou uma mensagem ao então Padre-Geral, na qual elogiava a intuição
rosminiana ao dar importância à missão caritativa já no nome que designava o
instituto. O seu sucessor, João Paulo I, formou-se em Teologia Sagrada na
Universidade Gregoriana de Roma com uma tese sobre "A origem da alma
humana segundo António Rosmini".
A Congregação do Instituto da Caridade foi fundada em 1828
no Santuário do Monte Calvário em Domodossola, com a aprovação pontifícia de
Gregório XVI em 1839. Formado por sacerdotes e leigos com votos simples e
perpétuos, mas também por religiosos e bispos "adscritos", o
organismo nasceu com uma finalidade muito precisa: o exercício da caridade
universal, união daquelas formas que Rosmini enumera como "caridade
espiritual", "caridade intelectual" e "caridade
temporal". Uma ordem, contudo, susceptível de mudanças de acordo com as
exigências expressas pelo próximo. Sucessivamente, em 1832, foram fundadas as
Irmãs da Providência, cujo carisma é o mesmo do ramo masculino.
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