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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Beato P. Antonio Rosmini, “profeta” que sentiu cem anos antes os problemas tratados no Concílio



Conselheiro dos Papas Pio VIII, Gregório XVI e Beato Pio IX, missionário desvelado, defensor da Igreja e da fé, António Rosmini nasceu em Rovereto no dia 24 de Março de 1797 e faleceu em Stresa a 1 de Julho de 1855, dedicando a sua vida aos estudos de filosofia, política, ascética e pedagogia.

O espírito sacerdotal resplandeceu nesse ministro do Altar. Ao terminar os estudos jurídicos e teológicos na Universidade de Pádua, recebeu a Ordenação sacerdotal em 1821 e tornou-se um pároco exemplar em Rovereto, sua cidade natal. Depois foi cónego de Milão, incansável atleta de Cristo, sacerdote modelar e polemista incomparável. Foi escritor de fecundidade famosa, de estilo elegante e profundo, amigo íntimo do poeta Alessandro Manzoni.

Imediatamente demonstrou grande interesse e inclinação para os estudos filosóficos, encorajado neste sentido pelo Papa Pio VIII, que lhe pedira para conduzir os homens à religião através da razão, e mais de uma vez colocou-se contra enganadores e falsos movimentos de pensamento como o sensismo e o iluminismo.

Político profundo, ao lado de Gioberti intentou uma concordata do Rei Carlos Alberto da Sardenha com Pio IX. Pio IX nomeou-o ministro da instrução, cargo que não aceitou. Quando em 1848 o Santo Padre se refugiou em Gaeta, Rosmini aconselhou-o a permanecer em Benavento, onde reinava absoluta calma. 

Depois retirou-se completamente do campo da Política.

A filosofia atraiu-o poderosamente, pretendendo harmonizar as doutrinas Kantianas com Santo Agostinho e São Tomás. A Santa Sé condenou em 1849 dois livros seus: “Constituição segundo a Justiça social” e “Cinco chagas da Igreja", por decreto de 12 de agosto. Rosmini submeteu-se publicamente. Depois de sua morte foram condenadas 40 proposições extraídas das suas obras.

Em 1828 fundou o Instituo da Caridade e o das Irmãs da Providência, “idealizados e queridos como ambientes propícios à formação humana, cristã e religiosa de quantos tinham partilhado o mesmo espírito, adaptando-se às contingências históricas, civis e culturais do seu tempo. Na audiência de 12 de Janeiro de 1972, Paulo VI definiu-o "profeta", que em antecipação de um século sentiu e indicou problemas da humanidade e pastorais, debatidos depois no Concílio Vaticano II.

A sua obra "As cinco chagas da Santa Igreja" é considerada precursora dos temas conciliares. Uma delas fazia o Beato P. António Rosmini sofrer demais:  a separação entre fiéis e clero durante as funções litúrgicas, pela impossibilidade dos primeiros seguirem as orações formuladas em latim, adiantando a proposta de seguir as línguas próprias de cada povo. Devido à novidade de algumas suas ideias sobre a reforma da Igreja, a obra foi, como acima referido, posta no Índex em 1849, com todas as polémicas que se seguiram.

Somente com João Paulo II ocorreu a completa reabilitação da sua figura. Na carta encíclica Fides et ratio, o predecessor de Bento XVI colocou Rosmini "entre os pensadores mais recentes nos quais se realiza um fecundo encontro entre saber filosófico e palavra de Deus", concedendo a introdução da causa de beatificação.

Precedentemente também João XXIII fez o retiro espiritual sobre as Máximas de perfeição cristã de Rosmini, idealizadas para definir o fundamento espiritual sobre o qual todos os cristãos pudessem garantir um caminho na perfeição, assumindo-a como própria regra de comportamento.

Também Paulo VI não foi indiferente ao pensamento do Beato P. António Rosmini: por ocasião do 150º aniversário de fundação do Instituto da Caridade, enviou uma mensagem ao então Padre-Geral, na qual elogiava a intuição rosminiana ao dar importância à missão caritativa já no nome que designava o instituto. O seu sucessor, João Paulo I, formou-se em Teologia Sagrada na Universidade Gregoriana de Roma com uma tese sobre "A origem da alma humana segundo António Rosmini".

A Congregação do Instituto da Caridade foi fundada em 1828 no Santuário do Monte Calvário em Domodossola, com a aprovação pontifícia de Gregório XVI em 1839. Formado por sacerdotes e leigos com votos simples e perpétuos, mas também por religiosos e bispos "adscritos", o organismo nasceu com uma finalidade muito precisa: o exercício da caridade universal, união daquelas formas que Rosmini enumera como "caridade espiritual", "caridade intelectual" e "caridade temporal". Uma ordem, contudo, susceptível de mudanças de acordo com as exigências expressas pelo próximo. Sucessivamente, em 1832, foram fundadas as Irmãs da Providência, cujo carisma é o mesmo do ramo masculino.

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