O cristianismo não é uma coisa do passado, vivido como se olhássemos sempre para trás, para os tempos evangélicos, mas sempre novo, pois está marcado pela presença constante de Jesus Cristo, que está no meio de nós, e que é de hoje, ontem, amanhã e toda a eternidade. Na história da humanidade, encontramos “pegadas” de Deus. Este blogue procura, humildemente, mostrar alguma delas.
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quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
sexta-feira, 1 de dezembro de 2023
A vocação dos presbíteros à perfeição
Nestes nossos tristes dias, em que os media, muitos cidadãos
não praticantes do mundo inteiro e até membros do próprio clero denigram milhares de dedicados sacerdotes que
procuram viver santamente e conduzir o povo de Deus rumo à felicidade eterna, ensinando-lhes o Evangelho, vale a pena recordar o que o “Decreto Presbyterorum Ordinis, sobre o Ministério
e a vida dos sacerdotes” afirma sobre a união com Cristo, que os ministros de
Deus devem ter:
“Pelo sacramento da Ordem, os presbíteros são configurados
com Cristo Sacerdote, como ministros da cabeça, para a construção e edificação
do seu corpo, que é a Igreja, enquanto cooperadores da Ordem episcopal. Já pela
consagração do Batismo receberam com os restantes fiéis, o sinal e o dom de tão
insigne vocação e graça para que, mesmo na fraqueza humana, possam e devam
alcançar a perfeição, segundo a palavra do Senhor: «Sede, pois, perfeitos, como
o vosso Pai celeste é perfeito» (Mt. 5, 48). Estão, porém, obrigados por
especial razão a buscar essa mesma perfeição visto que, consagrados de modo
particular a Deus pela receção da Ordem, se tornaram instrumentos vivos do
sacerdócio eterno de Cristo, para poderem continuar pelos tempos fora a sua
obra admirável, que restaurou com suprema eficácia a família de todos os
homens. Fazendo todo o sacerdote, a seu modo, as vezes da própria pessoa de
Cristo, de igual forma é enriquecido de graça especial para que, servindo todo
o Povo de Deus e a porção que lhe foi confiada, possa alcançar de maneira
conveniente a perfeição d'Aquele de quem faz as vezes, e cure a fraqueza humana
da carne a santidade d'Aquele que por nós se fez pontífice «santo, inocente,
impoluto, separado dos pecadores» (Heb 7,26).
“Cristo, que o Pai santificou ou consagrou e enviou ao mundo,
«entre a Si mesmo por nós, para nos remir de toda a iniquidade e adquirir um
povo que Lhe fosse aceitável, zeloso do bem» (Tit 2,14), e assim, pela sua
Paixão, entrou na glória. De igual modo os presbíteros, consagrados pela unção
do Espírito Santo e enviados por Cristo, mortificam em si mesmos as obras da
carne e dedicam-se totalmente ao serviço dos homens, e assim, pela santidade de
que foram enriquecidos em Cristo, podem caminhar até ao estado de varão
perfeito.
“Deste modo, exercendo o ministério do Espírito e da justiça,
se forem dóceis ao Espírito de Cristo que os vivifica e guia, são robustecidos
na vida espiritual. Pelos ritos sagrados de cada dia e por todo o seu
ministério exercido em união com o Bispo e os outros sacerdotes, eles mesmos se
dispõem à perfeição da própria vida. Por sua vez, a santidade dos presbíteros
muito concorre para o desempenho frutuoso do seu ministério; ainda que a graça
de Deus possa realizar a obra da salvação por ministros indignos, todavia, por
lei ordinária, prefere Deus manifestar as suas maravilhas por meio daquelas
que, dóceis ao impulso e direção do Espírito Santo, pela sua íntima união com
Cristo e santidade de vida, podem dizer com o Apóstolo: «se vivo, já não sou
eu, é Cristo que vive em mim, (Gal 2,20).
“Por isso, este sagrado Concílio, para atingir os seus fins
pastorais de renovação interna da Igreja, difusão do Evangelho em todo o mundo
e diálogo com os homens do nosso tempo, exorta veementemente todos os
sacerdotes a que, empregando todos os meios recomendados pela Igreja, se
esforcem por atingir cada vez maior santidade, pela qual se tornem instrumentos
mais aptos para o serviço de todo o Povo de Deus”.
(Presbyterorum ordinis (vatican.va))
terça-feira, 19 de setembro de 2023
A conversão de dois sacerdotes apóstatas
Por muitos anos fui sacerdote católico, mas por diversas
razões - talvez até por ter entrado no estado clerical sem ter verdadeira vocação
- renunciei ao ministério sagrado. Tendo o desejo de me unir a uma mulher em
matrimónio, renunciei até à Fé católica e tornei-me protestante. Feita a profissão
ao protestantismo fui chamado a oficiar na cidade X. Assim, conheci a filha de
um comerciante protestante e o casamento deveria realizar-se depois de seis
semanas.
Uma noite, encontrava-me em companhia do pastor
protestante e de um jovem estudante de teologia na pérgula do jardim do
ministro. Enquanto conversávamos, um jovem entrou apressado e pediu ao pastor
que assistisse um moribundo.
-- Não poderia ir no meu lugar, irmão? Pediu-me o
pastor. Entristece-me que o primeiro exercício do seu ministério entre nós,
seja triste, mas não posso deixar os meus convidados.
Manifestei a minha prontidão e segui o mensageiro
que, rapidamente, conduziu-me junto do leito de um homem, cujos dias sobre a
terra estavam evidentemente contados.
-- Sou o novo predicador e estou aqui no lugar do
pastor, que agora está ocupado, disse ao moribundo, cuja fisionomia estava
muito pálida.
Ele balançou tristemente a cabeça e respondeu:
-- Há aqui um equívoco! Eu pedi um sacerdote católico!
-- Mas, o senhor não é membro da igreja evangélica?
Perguntei-lhe, surpreso.
-- Sim, sim! Interrompeu-me. Mas eu quero morrer
católico.
-- Mas como é isto? Repliquei-lhe. O senhor não
acredita no Redentor, que morreu por nós na Cruz? Se acreditar firmemente n’Ele
e colocar toda a sua confiança n’Ele, certamente, Ele será para o senhor um
juiz misericordioso.
O doente esboçou um sorriso amargo. E respondeu:
-- Só a fé não me basta. Eu quero confessar-me e
receber a absolvição. Eu fui um padre católico. Abandonei a minha fé e fiz-me
protestante. Eu sei que só a fé não basta, mas parece que o Céu me recusa esta
última graça de poder confessar-me com um sacerdote e receber a absolvição.
Deu um grande suspiro e as lágrimas correram-lhe
pela pálida face.
Não consigo exprimir o que senti naquele momento.
Que encontro! Um padre apóstata num leito e um outro sacerdote caído ao seu
lado. O estado do pobre doente era tal que não havia tempo a perder.
- Se era sacerdote católico sabe que em caso de
morte todo padre tem plenos poderes. Também eu fui sacerdote, mas, como o
senhor, apostatei e tornei-me protestante. Como vê, tenho a faculdade de ouvir
a sua confissão e dar-lhe a absolvição.
O pobre homem olhava-me maravilhado e quando ouviu
o que acabara de lhe dizer a sua face ganhou cor e vida. Segurou a minha mão e
confessou-se com lágrimas de sincero arrependimento. Rezou a penitência que lhe
tinha indicado e alguns poucos minutos depois, diante de mim, faleceu.
Não procurarei escrever o que senti naquele
momento. Aquele encontro não era um aviso do Céu para mim?
A minha fisionomia tornou-se quase tão pálida,
quanto a do cadáver. Fixei os olhos com o olhar imóvel e sobre os lábios que
ficaram silenciosos para sempre.
Coloquei as minhas mãos sobre as do morto e
prometi a Deus que iria mudar de vida. Pareceu-me vislumbrar o fundo do abismo que
estava diante de mim e no qual estava deslizando loucamente.
Tomei a resolução de nem sequer voltar para a casa
do pastor. Renunciei à condição de predicador e pedi para a minha noiva
esquecer-se de mim. Parto, disse-lhe, agora mesmo para um Mosteiro Trapista, a
fim de expiar as minhas culpas com penitências. Que o Céu tenha pena de mim!
terça-feira, 2 de maio de 2023
Maggio, mese di Maria, mese di grazie
All’inizio del mese di Maria,
in una lettera al suo padre spirituale, Padre Agostino, scritta il l° maggio
1912, Padre Pio manifesta la sua profonda devozione e amore alla Mamma celeste:
Babbo carissimo,
Oh! Le joli mois que le mois
de mai! C'est le plus beau de l'année.
Sì, padre mio, questo mese
come predica bene le dolcezze e la bellezza di Maria! La mia mente nel pensare
agl'innumerevoli benefici che ha fatto a me questa cara mammina mi vergogno di
me stesso, non avendo guardato mai abbastanza con amore il di lei cuore e la di
lei mano, che con tanta bontà me li compartiva; e quel che più mi dà afflizione
è di aver ricambiato le cure affettuose di questa nostra madre con tanti
continui disgusti.
Quante volte ho confidato a
questa madre le penose ansie del mio cuore agitato! E quante volte mi ha
consolato! Ma la mia riconoscenza quale fu?... Nelle maggiori afflizioni mi
sembra di non aver più madre sulla terra; ma di averne una molto pietosa nel
cielo. Ma quante volte il mio cuore fu calmo, tutto quasi dimenticai;
dimenticai quasi perfino i doveri di gratitudine verso questa benedetta mammina
celeste! Il mese di maggio per me è il mese di grazie, e quest'anno spero di
riceverne due sole. La prima vorrei che mi prendesse con sé oppure, anche vivendo,
essere cambiate per me in amarezze tutte le consolazioni della terra, purché
non mi faccia più vedere quelle facce patibolari di quei...
L'altra grazia che desidero è
che mi faccia ... voi mi capite, padre mio.
Quest'ultima grazia non
ardisco più chiedergliela, perché se ne dispiace e mi nasconderebbe di bel
nuovo il suo bel viso, come fece altre volte.
Povera Mammina, quanto bene
mi vuole. L'ho constatato di bel nuovo allo spuntare di questo bel mese. Con
quanta cura mi ha Ella accompagnato all'altare questa mattina. Mi è sembrato
ch'Ella non avesse altro a pensare se non a me solo col riempirmi il cuore
tutto di santi affetti.
Un fuoco misterioso sentivo
dalla parte del cuore, che non ho potuto capire. Sentivo il bisogno di
applicarci del ghiaccio per estinguere questo fuoco che mi va consumando.
Vorrei avere una voce si
forte per invitare i peccatori di tutto il mondo ad amare la Madonna. Ma poiché
ciò non è in mio potere, ho pregato, e pregherò il mio angiolino a compiere per
me questo ufficio.
Il demonio seguita a
terrorizzarmi; e dietro che voi scriveste che forse alla metà del mese corrente
ci rivedremo, mi va intimorendo col dire che mi deve distruggere. Glielo
permetterà Gesù? O babbo mio, son pronto a tutto: ma spero che Gesù non gli
darà questo permesso.
Scrivendo al padre
provinciale siete pregato di fare le mie scuse se non gli scrivo spesso, come è
mio dovere, poiché Dio sa quanto mi costa lo scrivere un po'!
Ho ricevuto l'elemosina delle
messe e grazie infinite ve ne rendo. La pioggia ha ridato o no la gioia, almeno
in parte ai poveri pugliesi, non è vero?
Pregate per me e benedite
spesso il vostro povero discepolo,
fra Pio.
Alla vostra dimanda
riguardante il francese, rispondo con Geremia: "A, a, a ... nescio
loqui" (Non so parlare).
Padre Pio, Epistolario I, pp.
275 - 276
sábado, 25 de março de 2023
Sofrimento e união com Deus
A
alma pode unir-se a Deus pela oração. Pode unir-se também pelo trabalho. Mas, o
sofrimento aceito, tendo em vista a glória divina, o padecimento oferecido ao
Senhor, une muito mais intimamente a alma a Deus.
Um
sofrimento assim é a melhor de todas as orações e o mais frutuoso de todos os
trabalhos (Padre
Henri Ramière, apóstolo do Sagrado Coração de Jesus e fundador do Apostolado da
Oração).
O necessário julgamento dos crimes praticados pela ideologia comunista
China, Rússia, Coreia do Norte ... Venezuela, Nicarágua...
A ameaça dos governos de ideologia comunista, autoritários, antidemocráticos,
ateus, que aprisiona quem manifesta opiniões contrárias ao regime, que quer controlar
plenamente a vida dos cidadãos e que não hesitam em provocar guerras e a morte
de milhares de pessoas, exige uma postura firme da opinião pública mundial.
Em 1945 e 1946, após o término da II Guerra Mundial, alguns
dos responsáveis pelos crimes cometidos durante o período nazista foram levados
a julgamento na cidade alemã de Nuremberg. Juízes das Forças Aliadas
(Grã-Bretanha, França, União Soviética e Estados Unidos) presidiram os
interrogatórios de 22 dos principais criminosos nazistas.
Doze deles receberam a pena de morte. A maioria dos acusados
assumiu os crimes de que eram acusados, porém muitos alegaram que estavam
"apenas seguindo ordens de autoridades superiores". Aqueles
envolvidos diretamente nos assassinatos receberam as sentenças mais severas,
mas outros indivíduos que desempenharam papéis importantes no regime, incluindo
oficiais do alto escalão do governo nazista e executivos que usaram
prisioneiros dos campos de concentração para trabalho escravo, foram condenados
a curtos períodos de detenção ou não receberam nenhuma pena.
Os julgamentos de nazistas continuaram acontecendo na
Alemanha e em muitos outros países. Os depoimentos de centenas de testemunhas,
muitas delas sobreviventes das suas atrocidades, foram transmitidos e escutados
em todo o mundo.
Para não sermos taxados no futuro de coniventes, devemos
exigir que seja instaurado um processo do Comunismo numa Corte Internacional, a
fim de que os povos não sejam usados, enganados e submetidos, como escravos, por
políticos defensores de uma ideologia assassina.
Tanto a União Soviética, comunista, como a Alemanha, nazista,
ocuparam e subjugaram países inteiros e soberanos. Em cada um desses
territórios o método foi o mesmo: repressão, extermínio da elite e deportação
de centenas de milhares para o interior dos países, para o exílio e para os
campos de concentração, de trabalhos forçados. As políticas de ocupação da
Alemanha e da URSS entre 1939 a 1941 foram muito parecidas e devem ser comparadas,
para mostrar à opinião pública a especificidade de cada uma destas ideologias e
demonstrar o funcionamento dos dois regimes totalitários: comunismo e nazismo.
É claro que os países referidos no começo deste artigo nunca
colaborarão, mas a verdade precisa ser conhecida, os cidadãos precisam
pronunciar-se, dar o seu testemunho, contarem o que viveram, para nunca mais termos
no poder pessoas que reivindiquem uma ideologia que esteve na origem da morte
de 100 milhões de pessoas em todo o mundo.
Enquanto não houver uma condenação do comunismo, assistiremos
o renascer de novos ditadores que se orientam por esta ideologia ou de vermos o
aparecimento de regimes saudosos da União Soviética, como o de Moscovo.
Em 2010, depois do fracasso do comunismo, a queda do muro de
Berlim e da União Soviética, numa entrevista à revista francesa Paris Match, o
ex-presidente russo Dimitri Medvedev afirmava: “Não quereria, em nenhum
momento, regressar ao que se vivia na URSS".
Treze anos depois Medvedev parece ter mudado de opinião.
No passado dia 23 de março, como vice-presidente do Conselho
de Segurança da Rússia, num vídeo postado no seu canal do Telegram, Medvedev convidou
os companheiros a ouvirem e lembrarem-se das palavras de Stalin, o ditador que
mandou matar à fome entre 1,8 e 12 milhões de ucranianos, chamado por ele de “Generalíssimo”.
Como bem sabem, comentou, os resultados de tais declarações foram impressionantes
e, se não tivesse sido assim, é fácil de se imaginar o que teria acontecido.
E reproduziu as palavras de Stalin, pronunciadas no dia 17 de
setembro de 1941, poucos meses após a invasão nazi da União Soviética, que visava
acelerar a produção de armamentos: “Peço-vos que cumprais de maneira honesta e
dentro dos prazos os pedidos de fornecimento de cascos de tanques para a
fábrica de tratores de Chelyabinsk. Agora peço e espero que cumprais o vosso
dever perante a pátria. Dentro de alguns dias, se for provado que infringistes o
vosso dever para com a pátria, começarei a aniquilar-vos como criminosos que
menosprezeis a honra e os interesses da vossa pátria. Não se pode permitir que
os nossos soldados sofram na frente de batalha por causa de uma escassez de
tanques, enquanto na retaguarda se tarda e vagueia”, acrescentou.
Estamos a assistir passivamente ao renascer da União
Soviética? Será que a geração mais nova de russos, chineses, coreanos do norte,
etc., pensam da mesma maneira e sonham com o “paraíso comunista” que desabou em
1989, mostrando a pobreza extrema, medo, terrível repressão e falta de
liberdade, no qual viviam milhões de pessoas?
Para que todos possamos conhecer a verdade, esperamos por
uma Nuremberg do comunismo!
sexta-feira, 24 de março de 2023
Não me repelis Senhor! Quero receber-Vos no meu coração!
A Quaresma é o tempo propício para a conversão.
Antes de aproximar-me
da mesa da Sagrada Comunhão, reconheço as minhas misérias e faço minhas as
palavras da Liturgia de São João Crisóstomo: "Senhor, eu não sou digno que
entreis debaixo do teto maculado da minha alma”.
Contudo, como Vos dignastes descer num estábulo e descansar
na manjedoura dos animais; entrar na casa de Simão, o leproso, e receber a
Vossos pés uma pecadora parecida comigo, dignai-Vos entrar no estábulo da minha
alma e neste corpo conspurcado pelo pecado e, em certo sentido, morto e
leproso.
E como não rejeitastes a boca impura da pecadora, que osculou
os Vossos pés sagrados, assim, Senhor meu Deus, não repelis também esse
pecador. Mas, na Vossa misericórdia e bondade, dignai-Vos admitir-me à Comunhão
do Vosso Preciosíssimo Corpo e Sangue.
domingo, 26 de fevereiro de 2023
La perte du pouvoir temporel du Pape
En 1881, M.
l'abbé Schroeder, professeur de philosophie au séminaire de Saint-Front, a
prononcé un discours brillant au Congrès Catholique allemand, sur la perte de
liberté du Pape, à la suite de la perte du pouvoir temporel du Souverain
Pontife, le 20 septembre 1870.
Plus que jamais,
s'est écrié l'orateur, le Vicaire de Jésus-Christ gravit le chemin du Calvaire.
Les droits sacrés du Saint-Père sont foulés aux pieds, on lui a pris ses biens,
on lui a enlevé la liberté, il est prisonnier. Je ne parle naturellement pas de
ces prérogatives spirituelles que Notre-Seigneur Jésus-Christ lui-même a
confiées directement, par sa parole divine et indéfectible, au Prince des
apôtres et à tous ses successeurs. Depuis dix-huit siècles, l'irréligion,
l'hérésie, la fureur des tyrans, la haine du nom chrétien ont en vain réuni
tous leurs efforts pour ébranler ces droits divins ; il est toujours debout,
inébranlable au milieu des flots et des tempêtes, jusqu'à la fin des temps.
Mais je parle
d'autres droits qui, pour n'être pas basés sur la parole immédiate, positive du
divin Sauveur, n'en sont pas moins liés intimement au libre exercice des droits
et des devoirs spirituels du Saint-Siège, je parle du droit qu'a le chef de
l'Eglise à la liberté et à l'indépendance. La révolution, l'ennemie implacable
de l'Église, en Italie comme partout ailleurs, a perfidement attaqué, battu en
brèche, et, pour autant qu'elle a pu, anéanti ces droits imprescriptibles. Les
enfants de l'Église ont donc le devoir sacré de se lever partout pour la
défense de ces droits du Saint-Siège violés.
Que les grands de
ce monde soient assez aveuglés pour méconnaître leurs propres intérêts, pour
applaudir aux faits accomplis ; qu'ils refusent au Souverain-Pontife, au
Pape-Roi vilipendé, volé, emprisonné, je ne dis pas un régiment de soldats,
mais jusqu’à l'appui d'une démarche diplomatique, jusqu'à la consolation d'une
parole de compassion — c'est leur affaire; nous, les enfants de l'Église, nous
ne devons pas nous borner à regretter ces crimes, ce ne serait pas de la piété
filiale, ce serait de la forfaiture, et si nous ne pouvons protéger le Pape par
la force de nos bras, écrivains catholiques, vous lui devez le secours de votre
plume, orateurs, de votre voix, tous sans distinction, le concours d'un cœur
dévoué.
Les catholiques
reconnaissent dans le pouvoir temporel du Pape l'œuvre de la Providence divine
: les peuples et les princes chrétiens, en assurant à la Papauté la dignité et
la place qui lui revient au milieu des nations, n'ont été que les instruments
de la Providence. A nos yeux le Pape-Roi est le roi le plus légitime du monde.
(Applaudissements.) Ses titres à la royauté sont plus nombreux, plus justes,
plus sublimes que ceux de n'importe quel autre monarque. Cette œuvre n'a pas
été créée par la main de l'homme, c'est Dieu qui l'a faite. A « Domino factum
est istud et est mirabile in oculis nostris ». C'est pourquoi nous déclarons
avec Pie IX, que le pouvoir temporel du Pape est pleinement compatible avec la
plénitude du pouvoir spirituel : entre catholiques il ne peut pas y avoir de
différence d'opinion là-dessus.
Jetons un coup d'œil
sur la situation politique et religieuse du monde entier. Plus que jamais la
différence de langues et de mœurs se manifeste dans la divergence de vues
politiques, dans la jalousie toujours croissante des nations entre elles ; les
lois sont hostiles â l'Église ou du moins elles ne sont plus imprégnées de
l'esprit chrétien ; les ennemis de l'autel sapent la base des trônes. En face
de cette triste situation du monde chrétien, le grand Pape a eu bien, raison de
répondre « Non possumus, » nous ne pouvons nous courber sous la domination de
ces pouvoirs hostiles ; nous déclarons avec lui « que, dans les temps actuels,
le pouvoir temporel du Pape est non seulement utile, mais moralement nécessaire
à l'indépendance de l'Eglise, » (bravos) nécessaire, car l'Eglise n'a pas
seulement le droit de vivre, elle a aussi le droit d'être libre.
Elle n'a pas
seulement le droit de se cacher dans les Catacombes, de par la grâce d'un
questeur ou d'un commissaire de police, elle a aussi le droit de montrer à
toutes les nations sa beauté, sa force, sa dignité ; elle n'a pas seulement le
droit de passer devant les palais des grands, couverte de haillons, tendant la
main comme une mendiante pour obtenir un secours, elle a le droit de se montrer
à la société comme une reine,: bénissant et donnant des ordres ; de traverser
les nations, ornée du diadème que son époux, le Roi des rois, lui a posé sur le
front quand il l'épousa sur la croix, au prix de son sang.
Mais la
révolution a aussi son « non possumus, » un « non possumus » satanique. Elle a
juré une haine implacable, une guerre sans trêve ni merci au Pape, parce qu'il
est le plus ancien boulevard de l'autorité. L'or anglais, la trahison d'un
Napoléon, la perfidie et l'insatiable cupidité piémontaise ont amené les
troupes d'un roi soi-disant galant homme, sur les corps des héros de
Castelfidardo, dans les provinces du Saint-Siège, et quelques années après, nos
victoires ont enfin offert à ce gouvernement l'occasion tant désirée de
s'emparer de la Ville-éternelle avec les moyens moraux que l'on sait, avec les
canons de Cadorna et les bombes de Bixio.
Le 20
septembre1870 les derniers champions des droits sacrés de la papauté et de
l'humanité ont versé leur sang pour la cause la plus sainte ; la brèche de la «
Porta Pia» a frayé le passage aux flots envahissants de bataillons fratricides
; jour néfaste qui restera une honte éternelle pour l'Italie â qui le Seigneur
a confié son Vicaire, jour de deuil pour la Ville Éternelle et le monde, jour
de douleur immense pour le plus aimable des Pères et le meilleur des Rois, jour
de souvenirs poignants, pour tous ceux qui ont été les témoins des horreurs par
lesquelles la politique de notre siècle a imprimé sur son front le signe du
parricide.
Du haut du Vatican, Pie IX bénit pour une dernière fois ces braves qu'au milieu de vociférations infâmes, on avait conduit prisonniers sous ses fenêtres ; pour une dernière fois ces braves et nobles volontaires levèrent les regards vers ce Père vénéré, ce vieillard angélique : — un cri déchirant, un adieu navrant retentit, pénétra jusque dans les appartements du Vatican : le crime était accompli, Pie IX était prisonnier.
Déposons une
couronne sur la tombe des héros qui, à Castelfidardo, à Mentana, à la « Porta
Pia » ont arrosé de leur sang le rocher de Saint-Pierre, consacrons-leur une
larme, une prière, un souvenir éternel. C'est le sang de martyrs, et les anges
le recueillent pour le jour de la vengeance ; c'est un sang innocent et ce sang
crie vengeance ! Il viendra le jour de la vengeance ! « Exorietur ex ossibus
ultor » ! Les ossements des victimes feront se lever des vengeurs, oui, des
centaines de vengeurs, que dis-je, des milliers, des centaines de milliers de
vengeurs pour réclamer des descendants de Caïn le sang des frères chrétiens !
Pie IX était
prisonnier, Léon XIII, son grand successeur, est toujours prisonnier. Une
presse éhontée a le front de plaisanter sur les prétendues chaînes du Vatican ;
l'apôtre Thaddée nous a appris ce que nous devons penser de cette espèce
d'êtres dévergondés : « Quaecumque ignorant, blasphémant, et in iisquoe velut
bruta animalia norunt, corrumpuntur ». Il est regrettable, il est honteux qu'il
y ait des catholiques assez coupables pour payer de leur argent une presse qui
répand sa bave immonde sur leur Père commun, qu'il y ait des catholiques assez
bénins et ignorants pour hausser les épaules quand on leur parle de la
captivité du Pape, parce que les chaînes de saint Pierre reposent encore à
Saint-Pierre-ès-liens et que le Vatican avec ses nombreux appartements ne
ressemble pas â la prison Mamertine.
Oui, le Pape est
prisonnier ! Jugez-en Vous-mêmes. Pie IX l'a déclaré à différentes reprises,
aux cours de l'Europe et au monde entier ; il y a quelques semaines seulement
que Léon XIII a renouvelé les protestations de Pie IX, en communiquant aux
cours de l'Europe, dans une note officielle, la déclaration que voici :
« Maintenant il
est clair, il est évident pour tout le monde, que Nous sommes prisonniers dans
Notre propre palais. » Donc, il est vrai, le Pape est prisonnier, car s'il en
était autrement nous serions forcés de dire que Léon XIII ment, je ne dis pas
impudemment, mais d'une manière ridicule. Pour des menteurs, messieurs, il y en
a bien à Rome, mais point au Vatican.
Le Saint-Père est
prisonnier, d'abord, parce qu'il est privé de sa liberté, comme chef de
l'Église ; qu'il ne peut gouverner l'Église en toute liberté, qu'il n'a pas
même la liberté de communiquer avec ses enfants.
Ensuite, quelle
est sa sûreté personnelle ? Peut-il se montrer dans les rues de Rome ? Comment
? Tous les jours, à Rome même, une presse éhontée traîne le Pape dans la boue
de la manière la plus écœurante, tous les jours des théâtres immoraux excitent
à Rome même, les passions de la populace contre le Pape ; même les « onorevoli
» du Parlement déversent les insultes sur le Pape ; on apprend aux petits
enfants dans les écoles officielles que le Pape est le représentant de Satan,
le vampire de l'Italie, l'ennemi de l'humanité ; dans les rues de Rome, sur les
places publiques, aux vitrines, les traits vénérables du Saint-Père sont
ridiculisés par des caricatures immondes. Et le Pape pourrait sortir du Vatican
! Traverser ces ignominies, faire ainsi fi de sa dignité, de son honneur ?
On ose, en face
du monde catholique, alléguer les lois de garanties, comme preuve de la liberté
du Pape. Messieurs, parlons franchement, un Français â bien stigmatisé cette
loi : si la prise de Rome a été une félonie insigne, la loi de garantie est une
perfidie infâme. Elle est une insulte à la Providence divine qu'on voudrait
mettre de côté, une insulte à la Papauté qu'on met dans les fers, une insulte
jetée à la face du monde catholique, vis-à-vis duquel on veut poser en
défenseur de la Papauté, tandis qu'en réalité on en est le geôlier.
Oui, sachez-le,
Bonghi et Sella, Mancini et Nicotera, francs-maçons de la droite et
francs-maçons de la gauche, nous ne voulons pas de votre loi de garanties
(Bravos), parce que, d'après vos propres aveux, Vous ne voulez ni ne pouvez
l’observer ; nous n'en voulons pas, parce que nous ne voulons pas que lo loup
soit le gardien de la brebis ; nous n'en voulons pas, parce que c'est une loi à
la juive, où vous saluez le Pape : « Ave Rabbi, rex Iudeorum », après l'avoir
crucifié.
Quand même vous
seriez sérieux et que vous ne parleriez pas la langue d'un Talleyrand, mais
celle d'un de Maistre, nous dirions pourtant toujours : nous ne voulons pas de
votre loi de garanties, car le vol constitue toujours un crime, et voler les
biens de l'Eglise est toujours un sacrilège. (Bravos.) Nous n'en voulons pas,
car jamais le Pape ne peut être le sujet d'un de ses fils ; nous n'en voulons
pas, car nous ne voulons pas accepter de vous comme une grâce, ce que nous
réclamons comme notre droit. Nous réclamons les droits de l'Église, ces droits
publics, sanctionnés par les siècles et les nations. Nous ne voulons pas de la
loi des garanties, parce qu'elle ne peut protéger nos Papes, ni dans leur vie,
ni après leur mort.
J'ai dit : ni
après leur mort. Peuples de l'Europe, nations du monde civilisé, catholiques ou
dissidents, si vous n'êtes pas les ennemis de l'ordre social, écoutez ce qu'on
a fait à notre père ! Princes et puissants de la terre, rois et empereurs, vous
ne voulez pas qu'on touche au principe de l'autorité, ni que votre poitrine
soit livrée au poignard d'un fanatique, venez et voyez comment on respecte une
couronne royale, portée avec dignité ; et vous tous qui avez conservé une ombre
de sentiments humains, voyez comment l'irréligion foule aux pieds jusqu'à la
dignité humaine !
Les restes
mortels d'un Roi, d'un Pape, reposaient dans un simple sarcophage, dans la
basilique de Saint-Pierre ; ils devaient, suivant le désir du défunt, être
inhumés à côté du tombeau d'un martyr. Le jour ne doit pas éclairer son
cercueil, c'est au plus profond de la nuit que le cortège funèbre doit
traverser ces rues, où chaque pierre rappelle les bienfaits dont le grand Pape
avait comblé la ville. On ne lui pardonne pas même après sa mort, qu'il ait
vécu uniquement pour la prospérité de son peuple, on ne lui pardonne pas que sa
dernière parole ait été une parole de pardon pour ses ennemis.
Peu avant, on
avait porté au Panthéon la dépouille mortelle de celui qui avait été le fils de
Pie IX et qui était devenu son geôlier. Le moindre signe de repentir avait
suffi pour que la grande âme de Pie IX lui accordât les honneurs de l'Église,
et cependant celui-là avait persécuté l'Église jusqu'au dernier moment de sa
vie. — Des Romains, interprètes dos larmes, des prières et des vœux du monde
catholique, veulent rendre les derniers honneurs à la dépouille mortelle de Pie
IX, accompagner jusqu'à la tombe le Père commun de la grande famille
catholique.
Mais non, même
entouré de la majesté de la mort, le grand Pape ne peut traverser la ville de
Rome ! Des vociférations diaboliques étouffent les prières, une bande sauvage
arrache aux pieux pèlerins les flambeaux qui éclairent le cortège funèbre, les
cris barbares : « al fiume la carogna » (à l'eau, la charogne) retentit depuis
le pont des Anges jusqu'au tombeau du prince des apôtres, jusque dans les
appartements du Vatican.
Voilà comment on
respecte un Pape, un roi, un mort. Ces horreurs n'ont pas été commises par
miles barbares, parmi les cannibales, non, ces scènes sauvages se sont passées
en face de l'Europe, dans un pays civilisé, dans la capitale de l'Etat modèle
de la politique moderne. Ces sauvageries ont mis le comble à la longue série de
crimes sur lesquels on a élevé cette maison de cartes qu'on appelle le royaume
d'Italie.
Princes et
peuples, si votre cœur est encore le foyer de sentiments humains, si les droits
de l'humanité vous sont sacrés, vous lèverez sans doute la voix avec nous pour
exprimer votre indignation ; avec Léon XIII vous appellerez ces attentats «
ignobles, » « criminels, » « infâmes ;» vous direz, comme nous, que tous les
gouvernements ont le devoir de protéger le Pape, si le monde ne doit pas
retomber dans une barbarie, dont l'histoire n'a pas vu d'égale.
0 Pie immortel !
qu'a pensé votre grande âme en ces moments ? Qu'auriez-vous dit, si, vous
levant de votre cercueil, vous vous étiez dressé en face de vos ennemis ? Votre
parole était toujours celle de votre divin Maître ; vous auriez dit avec lui :
« Voilà les blessures que j'ai reçues dans la maison-de ceux qui devaient
m'aimer le plus ; » vous aussi, vous pouviez montrer vos bienfaits et dire : «
Je vous ai comblé de tant de biens, pour quel bienfait voulez-vous me lapider ?
» Fidèle jusqu'à la mort à l'exemple de votre Maître, vous auriez dit avec lui
— et nous, prêts â venger le crime, mais à pardonner aux hommes, nous dirons
avec vous : — Père, pardonnez-leur, car ils ne savent ce qu'ils font.
Après avoir ainsi
démontré magistralement et péremptoirement que le Pape est vraiment prisonnier,
qu'il ne peut absolument pas sortir du Vatican, puisque même la dépouille d'un
Pape ne peut sortir de Saint-Pierre sans affronter des outrages sans nom et
sans exemple, l'orateur développe les devoirs des catholiques envers le
Saint-Siège : avant tout un attachement plein, entier et inébranlable, une
obéissance prompte et spontanée, un dévouement généreux pour soutenir l'œuvre
du Denier de Saint-Pierre; L'orateur fait l'éloge, bien mérité, de la
catholique Belgique, qui a toujours occupé la place d'honneur dans cette œuvre
de piété filiale.
Je rappelle, —
dit-il, entre autres choses, — le glorieux exemple du dévouement héroïque que
la Belgique catholique a toujours montré envers le Saint-Siège et qu'elle
continue encore aujourd'hui envers le successeur de saint Pierre. Oui, je cite
la Belgique honoris causa, parce qu'elle met son honneur à remplir avec une
munificence sans pareille ses devoirs envers le Père de la Chrétienté ; honoris
causa à cause de cette noble générosité dont elle a fait preuve en offrant aux
prêtres allemands exilés une hospitalité si douce, si franche et si cordiale ;
honoris causa enfin, parce qu'elle sait honorer et apprécier à leur juste
valeur les vrais hommes d'honneur, parce que son Université catholique de
Louvain, connue depuis longtemps comme le rempart de' la foi, a nommé docteurs
honoraires les « doctores gentis germanicae », les chefs illustres de notre
centre que certes le « doctor gentium » lui-même ne désavouerait pas. (Annales
Catholiques, 26/11/1881)
domingo, 19 de fevereiro de 2023
Como era o Carnaval em Roma há duzentos anos?
Roma foi a cidade em que se celebrava, com maior
brilho e variedade, o Carnaval, uma palavra que deriva do latim “carnelevare”
(carne levare), ou seja, remover a carne.
Nestes dias, tinha-se a impressão de que as hierarquias tinham sido abolidas. Os
trabalhadores manuais da mais simples condição, conviviam com os grandes
senhores, quebrando as normas sociais, à semelhança dos dias de “Saturnália”
na Roma Antiga, em que os senhores serviam os seus escravos.
O Carnaval começava onze dias antes da Quarta-feira de Cinzas e durava até à noite da Terça-feira, chamada “gorda”,
excetuando as sextas-feiras e domingos. No total, eram oito dias de festividade. Segundo o escritor Jacques
Marquet de Montbreton, barão de Norvins, que chegou a ser Chefe de Polícia em
Roma, quando esta cidade fora ocupada por Napoleão, em 1818, o Carnaval só durava um
dia, tendo sido o Papa Pio VII a acrescentar sete outros.
Já nos dias que precediam a festa, a cidade passava por uma enorme agitação. Era o vai-e-vem de pessoas que compravam as suas fantasias, tecidos e tudo o que fosse necessário para a fantasia escolhida. Os mais pobres, como nos nossos dias, faziam empréstimos ou até mesmo vendiam parte da mobília das suas casas, para adquirem um traje de Carnaval ou uma simples máscara. Trabalhadores montavam andaimes sobre alguns pontos estratégicos e arquibancadas para os espectadores.
A Via do Corso, antiga Via Lata, as Praças do Popolo, Colonna, de Veneza, etc., e as ruas adjacentes eram o teatro das animações e com muita antecedência, as janelas já estavam alugadas, por romanos ou estrangeiros, a preços muito elevados e até mesmo exorbitantes em alguns pontos mais procurados. Todas as janelas ou varandas desta parte da cidade ficavam cobertas com tecidos de cores vivas, sedas, veludos damascos, etc.
Na manhã do primeiro dia, erguia-se a "Mannaia", o cadafalso. Sim, um patíbulo! Para não estragar a festa, quando um criminoso era condenado à morte nestes
dias, antecipava-se a execução, antes do toque do sino do Capitólio, que dava
início ao Carnaval.
À uma da tarde, este sino, conhecido como "Patarina", tinha
sido levado de Viterbo para Roma pelo exército papal (naquela época o Papa
também era Rei e tinha exército para defender os Estados Pontifícios!). Ele só
tocava para anunciar a eleição de um Papa e a abertura do Carnaval. Assim que
era soado, as carruagens de dois, quatro ou seis cavalos entravam no Corso, já
repleto de "Pierrots", palhaços, dominós, marqueses, camponeses, cavaleiros e pessoas vestidas com todo o tipo de fantasias. As carruagens desciam em cortejo de duas filas, uma
subia e a outra descia a rua, assediadas pela multidão que caminhava mascarada
e fantasiada. Alguns grupos reproduziam cenas mitológicas,
outros cenas históricas, mas não com conotações políticas (pois tinham sido
proibidas pelo Papa), outros ainda juntavam-se para dar corpo a animais
fabulosos, gigantes, monstros e apresentarem-se no Corso. Muitos lançavam
confeitos (confetti), do tamanho de ervilhas, que eram de açúcar, quando atirados pelos nobres, e em gesso quando vinham dos burgueses ou plebeus. Eles
“choviam” de todos os lados, das janelas, das carruagens, e as crianças
disputavam as que caiam ao chão, quando valia a pena.
De algumas carruagens, eram atiradas flores, sacos de papel,
laranjas e até ovos cheios de farinha.
O pintor Vien deixou-nos desenhos a preto e branco e colorido com a caravana do Sultão
da Meca, onde podemos apreciar a riqueza de algumas carruagnes e dos belos trajes do Carnaval
de Roma de 1748.
Os últimos três dias de Carnaval, ou seja, sábado,
segunda-feira e terça-feira, a animação crescia nas ruas, sendo o último dia o mais tumultuoso. Às quinze horas, da Praça do Popolo e de Veneza o som das
caixas anunciava que a corrida de cavalos ia começar. Estes cavalos tinham o
nome de Barberi, dos Bérberes, apesar de poucos acreditarem ser verdadeiramente desta raça.
As caixas tocavam durante meia hora, a fim de que todas as
carruagens pudessem deixar livre a Via do Corso. A polícia, com espada na mão,
passava à galope para expulsar quem ainda ali estivesse. Um cabo grosso era
estendido na Praça do Popolo e atrás dele, doze ou quinze cavalos, cobertos com
belíssimas fitas de ouropel, sem selas, mas com jóqueis destemidos que
seguravam as suas crinas. Sobre as cabeças dos animais, plumas de diversas
cores, permitiam distinguir facilmente o vencedor.
A multidão impacientava-se diante do espetáculo e começava a gritar: “La mossa! La mossa!”, ou seja, o início da corrida! De repente, o cabo caia, e os “barberi” avançavam. Em dois minutos percorriam 1.686 metros, até chegarem diante de um grande tecido que barrava a Via del Corso, entre os palácios Torlonia e Veneza. Do alto de uma varanda do Palácio de Veneza, o juiz da corrida proclamava o vencedor. Ovacionado, o joquei recebia o prémio: um rolo de tecido precioso, fornecido pelos israelitas de Roma. Com efeito, por um trato com o governo, deixavam de ser obrigados a correr, eles também, no meio dos insultos da população, pelo facto de terem pedido e serem, de alguma forma, responsáveis pela morte de Jesus.
Esta corrida dos "barbieri" repetia-se todos os dias e com ela, concluía-se um dia de Carnaval. Contudo, na terça-feira gorda, assim que a corrida acabava, ouvia-se o grito: “moccoli ou moccoletti”.
Tratavam-se de pequenas “velas”, que aos poucos começavam a iluminar o Corso. A multidão pulava e mexia
as suas velas até ouvirem o sino que indicava a morte do Carnaval. A
obscuridade a mais profunda sucedia à iluminação feérica. Jantava-se em casa ou
nas “tratorias” e, à meia-noite Roma calava-se. A Quaresma, tempo de oração, de
penitência e caridade, substituía a festa, os dias de Carnaval.
Ao ler este relato, retirado do livro “As festas celebradas:
da Antiguidade, da Idade Média e dos tempos modernos”, de autoria de Frédéric
Bernard, editado em Paris no ano de 1883, podemos ter uma noção da evolução do
mundo em menos de dois séculos. De uma festa alegre, inocente e popular, como
tantas outras da nossa sociedade, o Carnaval passou a ser uma celebração em que
tudo é permitido, especialmente do ponto de vista da imoralidade. Estamos a
evoluir ou a regredir?
domingo, 5 de fevereiro de 2023
Orgulho e independência, espírito protestante e modernista: o risco do cisma alemão
Lutero diante da Dieta de Worms |
O Sínodo Alemão está a propor a aprovação do casamento
homossexual, ordenação de mulheres, fim do celibato obrigatório dos sacerdotes,
e outros pontos contrários à doutrina católica.
Já no ano passado, o Vaticano, citando as palavras de
Francisco contidas na Carta ao Povo de Deus, relembrou: "A Igreja universal
vive nas e das Igrejas particulares, assim como as Igrejas particulares vivem e
florescem na e da Igreja universal, e se se encontram separadas de todo o corpo
eclesial, se enfraquecem, apodrecem e morrem. Daí a necessidade de manter
sempre viva e eficaz a comunhão com todo o corpo da Igreja". E lembra que
o Sínodo "não tem poder para obrigar bispos e fiéis", nem criar
"novas formas de governo e novas abordagens de doutrina e moral".
Em finais de janeiro deste ano, Dom Georg Batzing,
presidente da Conferência Episcopal alemã admitiu que Roma e a Igreja alemã têm
"ideias fundamentalmente diferentes sobre a sinodalidade": "O
Papa a entende como uma ampla coleta de impulsos vindo de todos os cantos da
Igreja, depois os bispos deliberam mais concretamente a respeito, e no final,
tem um homem no vértice que toma a decisão. Eu não acredito que esse seja o
tipo de sinodalidade sustentável no século XXI”.
Estas palavras mostram-nos como a Hierarquia Católica alemã está
imbuída do espírito protestante e faz lembrar as palavras de São Pio X, referidas pelo Padre Emmanuel Bailly:
“A Alemanha é a nação que mais me preocupa. Não posso promulgar
uma decisão, sem que os alemães pretendam não ter de se submeter e apresentem razões
para não obedecer.
Encontro obstinações persistentes, seja entre os fiéis, seja
entre os membros do clero. Eles adquiriram, sem dúvida, estas disposições de
orgulho e de independência nas suas Universidades imbuídas do espírito
protestante e modernista.
É o país menos submisso ao Papa. De lá vêm atualmente as
dolorosas dificuldades no governo da Igreja”.
Do século XIX ao XXI, a situação só piorou. Hoje, poucos
ficariam espantados se começassem a ouvir que a Igreja Alemã se dividiu entre
os que são fiéis aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao Evangelho, ao
Magistério da Igreja e ao Papa e os que criaram uma nova seita, fiéis ao
espírito do mundo, que se somaria às centenas de ramificações do
protestantismo.
Que Deus nos livre de mais um cisma, que desfiguraria a
Esposa Mística de Nosso Senhor Jesus Cristo e tanta confusão e dano
ocasionaria nas consciências e corações dos católicos alemãs e de todo o mundo!