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domingo, 15 de janeiro de 2023

Cuidado com os smartphones e tablets para as crianças!

 


Segundo um estudo da Associação Italiana de Pediatria (SIP), a Federação Italiana de Pediatras (FIMP) e a Associação Cultura de Pediatras (ACPI) sobre o tempo e comportamento das crianças de 0 a 15 anos que usam as novas tecnologias, apenas metade dos pais italianos estão conscientes de um verdadeiro perigo para a saúde dos seus filhos. Os pais reconhecem que na faixa de 0 a 2 anos, 72% das famílias usam redes sociais e chats durante as refeições dos filhos, enquanto 26% permitem que as crianças usem os aparelhos com total autonomia.

O estudo – que envolveu um conjunto de pediatras voluntários e cerca de 800 famílias de todo o país, com um questionário anónimo – insere-se no projeto “Delicate Connections” que visa sensibilizar os pais para a utilização de dispositivos digitais com as crianças e promover boas práticas. O estudo tem a parceria da Fundação Carolina, nascida em memória de Carolina Picchio, a primeira vítima reconhecida de cyberbullying na Itália.

O questionário revelou pouca conscientização das famílias e uma condição de solidão nas crianças: 26% dos pais permitem que os seus filhos usem os dispositivos de forma independente entre 0 e 2 anos de idade, percentual que sobe para 62% para a faixa etária dos 3 a 5, 82% na faixa etária de 6 a 10 anos e 95% entre os 11 e 15 anos.

“Já numa declaração publicada em 2018 no Italian Journal of Pediatrics, a SIP destacou os riscos documentados para a saúde psicofísica de um uso precoce, prolongado e não controlado por adultos de dispositivos eletrónicos em crianças de 0 a 8 anos. Já foram detetadas interferências negativas no sono, na visão, no sistema musculoesquelético, no aprendizado e até no desenvolvimento cognitivo”, declara a presidente da SIP, Dra. Annamaria Staiano.

Daí a recomendação de evitar smartphones e tablets antes dos dois anos, limitar a sua utilização a um máximo de uma hora por dia entre os 2 e os 5 anos e a um máximo de duas para os que têm entre os 5 e os 8 anos.

Ainda assim, de acordo com o estudo, tablets e smartphones também invadem um momento precioso e íntimo como a amamentação. “A diminuição da atenção das mães aos sinais do seu bebé devido ao uso do smartphone, especialmente no início da vida nos contextos interativos primários de amamentação e interações face a face, pode ter repercussões negativas nas trajetórias de neurodesenvolvimento do bebé”, alerta o Dr. Antonio D' Avino, presidente da FIMP. Em suma, as mães que amamentam, olhando o écran do smartphone em vez de ter contato visual com o filho, perdem preciosos momentos de interação, essenciais para promover o crescimento fisiológico, cognitivo e socioemocional da criança e para desenvolver um saudável vínculo de mãe/pai-filho.

É aterrador verificar que na Itália, uma em cada quatro famílias na faixa de 0 a 2 anos e uma em cada cinco na faixa de 3 a 5 anos conta com inteligência artificial para colocar os seus filhos a dormir com canções de ninar produzidas por assistentes de voz, enquanto 35% dos pais, com filhos entre 0 e 2 anos, delegam a tarefa de contar histórias a aparelhos, percentual que chega a 80% na faixa etária de 3 a 5 anos. Além disso, a perceção das famílias sobre os riscos do uso indevido da tecnologia digital é fraca: desconhecem quase por completo os riscos de ansiedade, depressão, sobrepeso, transtornos alimentares; vício, cyberbullying, aliciamento online e sexting. Neste último, 66% dos pais de 6 a 10 anos nem sabem o que é.

Diante das perguntas que todos os pais deveriam colocar-se: Qual é a idade abaixo da qual o uso de tecnologia não é recomendado? Ou, por quantas horas crianças e jovens podem ficar expostos aos écrans? Cerca de metade das famílias envolvidas não sabem responder. Ora, “o cérebro de um adolescente não é igual ao de um adulto, a quantidade de mielina dobra e isso leva a uma propagação mais rápida das mensagens nervosas. A exposição a fatores traumáticos e tóxicos pode, portanto, alterar o seu desenvolvimento cognitivo”, explica a Dra. Stefania Manetti, presidente da ACP. Segundo o pedagogo Ivano Zoppi, secretário-geral da Fundação Carolina, "o bem-estar psicofísico das crianças deve ser protegido on-line exatamente como off-line, desde os primeiros anos de vida e é tarefa dos pais conhecê-lo e responsabilizá-lo com o apoio de especialistas competentes, e neste caso de médicos".

O projeto-piloto permitiu elaborar a primeira versão do “Relatório de Saúde Digital”, um documento valioso com vistas a expandir a iniciativa a nível nacional na próxima primavera.

 

A Fundação Carolina disponibilizou alguns pontos de reflexão para os pais, baseado em estudos científicos:

Para os tempos de exposição dos menores, a comunidade científica recomenda: De 0 a 2 anos não utilizar dispositivos digitais para entreter ou acalmar as crianças; De 2 a 5 anos não ultrapassar uma hora de exposição por dia; De 5 a 8 anos dedicar menos de duas horas por dia; Dos 9 a 15 anos limitar o uso a três horas por dia (independentemente do dispositivo).

Quanto ao conteúdo: Dos 3 a 6 anos sem acesso à internet; Dos 6 a 9 anos videojogos e acesso digital a música e vídeos mas sem dispositivos na sala; Dos 9 a 14 anos acesso gradual e controlado à internet, combinando as regras de uso dos aparelhos. Em geral, em qualquer idade, é recomendado não usar écrans ou aparelhos durante as refeições e proibir o seu uso pelo menos uma hora antes de dormir.

A Fundação Carolina recomenda:

Observação, escuta e presença emocional dos pais são o verdadeiro controle parental;

Se observarmos que o humor dos filhos mudou e percebermos atitudes como as abaixo, pode ter origem num uso distorcido da Web:

Sintomas:

• Nervosismo, inquietação, insônia

• Cansaço e fraqueza

• Fraco poder de concentração

• Perda de interesse ou afastamento das atividades habituais

• Aumento de comportamentos de risco

• Mudança repentina nos hábitos alimentares e alterações de peso

As crianças devem ser ajudadas a viverem a sua experiência online com segurança…

Dez dicas:

1. Baixe jogos e aplicativos adequados para a idade do seu filho (lembre-se de que, antes dos 13 anos, nada de redes sociais!);

2. Leia atentamente os termos e condições indicados nas diretrizes de cada rede social;

3. Decida as configurações de privacidade junto com o seu filho;

4. Avalie quais aplicativos devem manter a geolocalização ativada;

5. Ative os sistemas de proteção contra conteúdo impróprio;

6. Explique ao seu filho como bloquear pessoas indesejadas;

7. Explique ao seu filho como denunciar conteúdo impróprio;

8. Explique ao seu filho que ele não deve fornecer informações pessoais online;

9. Explique ao seu filho que ele não deve enviar fotos suas para estranhos;

10. Lembre-se de que o controle dos pais nunca pode substituir a sua presença;

…e para construir o seu relacionamento de confiança junto com o teu filho, procure entender e educar:

1. Tenha sempre em mente que online não é virtual, mas absolutamente real;

2. Interesse-se pela vida digital do teu filho (“O que viste de interessante hoje em ….”);

3. Leve a sério e não banalize o que está a acontecer na vida/experiência online do teu filho;

4. Dê o exemplo e trate outras pessoas com respeito, mesmo online;

5. Explique que on-line é para sempre e, depois de fazer uma postagem, perdes o controle dela;

6. Lembre-se de que outros contatos online devem ser tratados com o mesmo respeito que gostariam de receber;

7. Insista na importância de conversar contigo ou outro cuidador sobre qualquer desconforto que eles sintam online;

8. Lembre-se de que desafios ou exemplos de comportamento autodestrutivo são sempre perigosos;

9. Lembre-se de que o vício do écran geralmente é o sintoma, não a causa de uma doença;

10. Mostre ao teu filho que online é um mundo infinito no qual podemos extrair informações enriquecedoras: mas devemos ter cuidado com falsificações e selecionar fontes;

Estes são apenas alguns passos iniciais que todo o pai, que ama verdadeiramente o seu filho, deveria ter!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

“A raiz de todos os males é o amor ao dinheiro”

 


A avareza é um amor descontrolado dos bens terrenos e principalmente do dinheiro. Como bem sabemos, amar os bens da terra não é um mal. Mas, desejá-lo com muito ardor e torná-lo objeto de afeição, é um defeito grave e um pecado mortal.

Em primeiro lugar, porque a avareza é uma idolatria! Para o avarento, o dinheiro passa a ser um deus.

Este defeito foi apontado por Nosso Senhor quando afirmou: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou há-de afeiçoar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a riqueza”. (Mt 6, 24)

O amor desordenado à riqueza escraviza vergonhosa e tiranicamente, pois o avarento se submete inteiramente aos bens materiais e, para satisfazer a sua paixão, está disposto a vender até mesmo o seu corpo e a sua alma. “Não há coisa mais iníqua do que amar o dinheiro; o que o ama venderia até a sua alma, visto que se despojou, em vida, das próprias entranhas”. (Eclo 10, 10)

Mas qual são as consequências da ganância para a alma?

A avareza faz com que a pessoa viva numa perpétua inquietação, com medo de perder a fortuna meticulosamente acumulada! Muitos mestres de vida espiritual dizem que o avarento se esforça mais para manter os seus bens do que os santos para ganhar o céu.

Há um outro ponto, não menos grave. A avareza endurece o coração. O avarento é insensível. Nunca fale com ele sobre ajudar os irmãos! Ele vai, no máximo, dar conselhos e explicar como se deve fazer para ganhar dinheiro.

Por fim, a avareza cega a alma. Mesmo na hora da morte, o avarento não consegue fazer um exame de consciência, analisar o seu relacionamento com Deus e com o próximo. Ele pensa apenas em bens perecíveis.

Mas, se a ganância faz mal para a alma, ela afeta também o corpo. É uma paixão debilitante, pois o avarento não tem descanso nem de noite e nem de dia. Está sempre nervoso e irritado e a sua saúde é sempre fraca. É uma paixão que costuma levar ao suicídio ou à loucura. Quantos avarentos não conseguem sobreviver à menor perda, e quantos morrem de fome, mesmo tendo escondido uma verdadeira fortuna!?

São Paulo faz da avareza a raiz de todas as doenças; “Com efeito, a raiz de todos os males é o

amor ao dinheiro, por causa do qual alguns se desencaminharam da fé e se enredaram em muitas aflições.” (1 Tm 6:10).

Se sentirmos uma tendência muito forte para a avareza, o que podemos fazer?

Em primeiro lugar, para se curar da avareza, deve-se lembrar de que a vida é muito breve. Do que serve, arrecadar tanta riqueza se um dia devemos deixar tudo para trás?

Por outro lado, devemos considerar a vaidade dos bens terrenos. Os próprios pagãos aperceberam-se disso e formulavam a pergunta: Quando um avarento tiver todo o ouro do mundo, será mais feliz, mais amado, mais virtuoso do que os outros homens? A resposta é evidentemente negativa.

O homem ganancioso é um pobre homem, aos olhos dos outros. Nada da sua grande riqueza transparece para os outros. Todos zombam, desprezam e fogem deles. Apenas, os seus herdeiros tratam-no bem, preocupam-se dele e, infelizmente, muitos desejam a sua morte.

Assim, caro leitor, não procuremos acumular tesouros nesta terra, pois isto seria uma perda de tempo. Prefira preparar tesouros imperecíveis para o céu: “Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça (os) consumam, e onde os orifícios perfuram as paredes e roubam. Entesourai para vós tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem a traça (os) consuma, e onde os suportes não perfuram as paredes nem roubam. Porque onde, está o teu tesouro, aí está também o teu coração” (Mt 6, 19-21).

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

A apresentação do Menino Jesus no Templo e o cântico do velho Simeão


Quarenta dias depois do Natal, somos convidados a festejar a Apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém e a Purificação de Nossa Senhora, meditada no quarto mistério gozoso do Rosário. Esta primeira manifestação de Nosso Senhor foi saudada por um cântico memorável, o “Nunc dimittis”, popularizado pela liturgia cristã, com palavras de gratidão e de alegria que irrompem em cada um dos seus versos.

A história pode assim ser resumida: Havia em Jerusalém um homem virtuoso, chamado Simeão. No entardecer de uma vida consagrada ao culto do Senhor, tinha apenas um desejo: poder contemplar, antes de morrer, o Salvador prometido a seus pais. E o Espírito Santo avisou-o de que essa alegria suprema lhe seria concedida.

Um dia, entrou no Templo com o pressentimento de que em breve se cumpririam as promessas divinas a seu favor. Viu diante do altar uma humilde mãe ajoelhada, oferecendo o seu Menino ao Senhor. De repente, iluminado por uma graça divina, reconheceu nas feições dessa Criança o Redentor esperado. Imediatamente, convidado pela Santíssima Virgem a apertá-lo em seus braços, o velho Simeão, inundado de felicidade, cantou: “Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a salvação, que oferecestes a todos os povos" (Lc 2, 29-31).

Ver Jesus e depois morrer foi a consolação do santo patriarca. Ver e contemplar este Messias, esperança dos seus pais, cujas grandezas e humilhações foram cantadas pelos profetas, foi para o santo ancião uma antecipação das alegrias do céu. A sua vida terminaria com a realização dos seus desejos mais queridos.

Que diferença do Antigo Testamento para o Novo! Não precisamos chegar ao limiar da velhice para conhecer e saborear essas alegrias. A fé, se cuidarmos de mantê-la intacta, protegida de todos os ataques, é um consolo que acalma as nossas angústias, uma luz que ilumina os nossos passos. Não gozamos hoje da presença divina? A sua morada está ao lado da nossa! Como não nos alegrarmos com as comunhões, quando Jesus Cristo vem repousar, não apenas entre nossos braços, mas no fundo dos nossos corações, inundando-nos de inexprimível felicidade e onde nos tornamos seu templo?

O velho Simeão viveu numa época em que os judeus padeciam humilhados, sob o domínio romano. Mas, impelido pela inspiração da profecia, vê no adorável Menino que repousa entre seus braços a luz e a glória do povo de Israel; e é para publicar o destino grandioso que lhes aguarda, que ele acrescenta: "Luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo" (Lc 2, 32). O povo que o santo ancião previu e do qual Jesus seria a glória e a luz, era sobretudo o povo cristão. Com efeito, acompanhar o curso da história, a força, a prosperidade, os triunfos de um povo, tudo o que o prestigia e o engrandece, provém dos princípios da virtude, da luz e da civilização, que o cristianismo trouxe e conserva. Quanto mais uma nação é religiosa, mais ela cresce; quanto mais ela se esquece de Deus, mais se humilha.

Jesus deveria ser ainda mais a glória desta sociedade que é chamada de Igreja. No passado, o Divino Mestre passou por montanhas, vales e desertos, sempre caminhando e abençoando. Por sua vez, a Igreja, continuando a obra do Salvador, vai primeiro de Jerusalém a Samaria, depois espalha os seus ensinamentos pelo mundo para evangelizá-lo e santificá-lo; dando a conhecer o Evangelho até aos confins da terra.

Mas, para interpretar num sentido mais particular o cântico do profeta, Jesus Cristo não veio sobretudo para ser a luz do nosso coração, pelos admiráveis ensinamentos que nos deixou e pelas inspirações da Sua Graça que nele deposita constantemente?

Luz que devemos seguir sempre, se não quisermos nos desviar. Sim! Jesus Cristo é a nossa luz e será a nossa glória se permanecermos fiéis a Ele. Já não sei onde li estas palavras que me vêm à memória: “Há mais honra em servir a Deus do que em usar a mais bela coroa do mundo”. Admirável lema que deveria ser o lema de toda família cristã e sobre o qual nunca é demais meditar: "Há mais honra em servir a Deus do que em usar a mais bela coroa do mundo".

Como o Magnificat, é o hino de gratidão, o cântico do velho Simeão é o do ocaso, do pôr-do-sol da nossa vida, de todas as tarefas cumpridas, de todos os desejos realizados e de cada noite que aponta para o fim de uma etapa e o começo de uma outra esplendorosa.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Telemóveis: a proibição nas escolas e as conclusões impressionantes de um estudo do Senado italiano

 


Uma circular, assinada pelo Ministro da Educação e Mérito Giuseppe Valditara, datada de 19 de dezembro de 2022 e dirigida aos Gestores e Coordenadores Pedagógicos de instituições de ensino de todos os níveis do sistema de ensino italiano, confirma a proibição do uso de telemóveis e dispositivos eletrónicos análogos, como iPad ou tablets, nas salas de aula, por ser um elemento de distração e falta de respeito para com os professores, conforme já tinha sido estabelecido no Estatuto dos Estudantes de 1998 e pela Circular Ministerial n. 30 de 2007.

"Considerando a crescente difusão do uso de telemóveis e dispositivos eletrónicos análogos nas salas de aula italianas, é útil fornecer informações para neutralizar o seu uso impróprio ou não autorizado.

“A este respeito, já com a circular de 15 de março de 2007, n. 30, foram emitidos por este Ministério ‘orientações e indicações sobre o uso de telemóveis e outros dispositivos eletrónicos durante a atividade didática, com imposição de sanções disciplinares e o dever de vigilância e coresponsabilidade dos pais e professores’.

“Esse documento especificava como: ‘a proibição do uso de telemóveis durante o horário das classes responde a uma regra geral de correção que encontra a sua codificação formal no Estatuto dos alunos, nos termos do Decreto Presidencial 24 de junho 1998, nº. 249’; ‘o uso de telemóveis e outros dispositivos eletrónicos é um elemento de distração tanto para o usuário quanto para os seus companheiros, além de constituir grave falta de respeito para com o professor, configurando assim uma infração disciplinar punível com medidas, orientadas não só para prevenir e desencorajar tais comportamentos, mas também, segundo uma lógica própria da instituição de ensino, para estimular a conscientização do aluno e desvalorizar o uso dos mesmos’.

“Assim, como se depreende da referida circular, existe uma proibição geral da utilização de telemóveis nas salas de aula.

“Nesse sentido, o relatório final da pesquisa da 7ª Comissão Permanente do Senado da República ‘sobre o impacto da tecnologia digital nos alunos, particularmente nos processos de aprendizagem’, da XVIII Legislatura, destaca os efeitos nocivos decorrentes do uso continuado de telemóveis, incluindo, perda de capacidade de concentração, memória, espírito crítico, adaptabilidade, capacidade dialética.

“Por outro lado, é permitida a utilização destes dispositivos na sala de aula, como ferramenta compensatória nos termos da legislação em vigor, bem como, em cumprimento do Regulamento escolar, com o consentimento do professor, para fins inclusivos, educativos e formativos, também no âmbito do Plano ‘Escola Nacional Digital’ e os objetivos da ‘cidadania digital’m nos termos do art. 5 Lei 25 de agosto de 2019, n. 92.

“Em conclusão, convidamos os responsáveis a favorecer a observância do acima presentado, promovendo, quando necessário, os necessários acréscimos aos Regulamentos das respetivas instituições de ensino e aos acordos de corresponsabilidade educativa, visando contrariar o uso indevido ou não autorizado dos referidos dispositivos”.

A investigação do Senado

Com a circular, o Ministério da Educação italiana enviou o estudo feito pela Comissão de Educação do Senado, que está na base da decisão ministerial. Nele, são apontados danos físicos e riscos de prejuízos psicológicos, como os de uma droga, aos utilizadores de telemóveis e dispositivos eletrónicos análogos, como iPad ou tablets : «Existem danos físicos: miopia, obesidade, hipertensão, distúrbios músculo-esqueléticos, diabetes. E riscos de prejuízos psicológicos: vício, alienação, depressão, irascibilidade, agressividade, insônia, insatisfação, diminuição da empatia. Mas o que mais preocupa é a perda progressiva das faculdades mentais essenciais, que há milênios representam o que chamamos sumariamente de inteligência: a capacidade de concentração, memória, espírito crítico, adaptabilidade e capacidade dialética”.

O estudo compara o uso e abuso de smartphones ao vício do consumo de drogas. “Em nada diferente da cocaína, com as mesmas implicações neurológicas, biológicas e psicológicas”.

Em apoio a esta tese, são apresentadas as opiniões de neurologistas, psiquiatras, psicólogos, pedagogos, grafólogos e representantes das forças policiais "auditadas" durante a investigação realizada pelo Senador Andrea Cangini, do Partido “Força Itália”. 

O caso paradigmático apresentado é o da Coreia do Sul, onde "30% dos jovens entre os dez e dezanove anos são classificados como "demasiado dependentes" dos seus telemóveis e onde existem dezasseis "Centros" criados, especificamente, para tratar de doenças ligadas ao consumo excessivo da Web". 

Outro exemplo apresentado é o da China. No estudo, lemos que “vinte e quatro milhões de jovens estão ‘doentes’. O primeiro centro de reabilitação foi inaugurado há quinze anos, concebido segundo o estilo chinês: enquadramento militar, trabalhos forçados, eletrochoque, uso abundante de psicofármacos, ou seja, um campo de concentração, método brutal, regularmente utilizado pelo comunismo no passado e, atualmente, nos países onde é imposta esta ideologia ao povo. Desde então, mais de quatrocentos desses 'Centros' surgiram». Finalmente, para ficar no Extremo Oriente, faz-se também uma referência aos ‘hikikomori’ japoneses, onde os jovens "vegetam fechados nos seus quartos, perpetuamente ligados a algo que não existe na realidade. E já são um milhão de zumbis."

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Os meus votos para as festividades do nascimento do Menino Deus de 2022

 


Na proximidade das festas natalinas, é costume enviarmos postais de Natal, trocarmos mensagens, desejando “Boas Festas”, e um Ano Novo em que se tenha muita saúde, dinheiro, prazer e prosperidade.

Mas será que um ano, em que gozamos de boa saúde e recebemos bens materiais e prazeres, é sempre um bom ano?

É claro que a saúde, o conforto, a prosperidade nos negócios são bens reais que devemos pedir e agradecer a Deus que no-los concede.  

Mas há, acima deles, outros, mais excelentes, que bastam para tornar bons, e muito bons, os anos em que os possuímos e que, portanto, deveríamos desejar aos nossos familiares e amigos.

Quais são? Trata-se dos bens espirituais, das virtudes cristãs que nos preparam para a eternidade, com uma felicidade sem fim, superior a todas as nossas maiores esperanças. São as bênçãos e graças que Deus concede a quem procura viver na sua amizade e que são como o gérmen seguro de vida eterna. Quem os recebe tem anos verdadeiramente bons e felizes, parecidos aos dos nossos pais no Paraíso. E, pelo contrário, são tristes todos os outros anos, ainda que cheios dos bens temporais.

Portanto, os meus sinceros votos, aos meus familiares e amigos, nestas festividades do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo do ano da graça de 2022, são:

“Um Santo Natal e um Ano de 2023 com muitas consolações, graças místicas, alegria, paz com Deus, com o próximo, consigo mesmo, fruto da inocência, da caridade, da partilha, do coração puro e de uma consciência sem culpa, obtida através de uma vida espiritual, regada constantemente pela oração e pela prática das virtudes!”

sábado, 3 de dezembro de 2022

Notícias dos dias 1, 2 e 3 de dezembro de 2022

 


Site do Vaticano sofre ataque informático

Quem procurou aceder ao site oficial do Vaticano, Vatican.va, na tarde do dia 30 de novembro não conseguiu, aparecendo apenas: “404 not found”. O problema ficou solucionado apenas na madrugada do dia 3 de dezembro. Num primeiro momento, as autoridades informaram que o mesmo encontrava-se em manutenção. Todavia, mais tarde, foi confirmado o ataque informático. Terão as declarações e tomadas de posição de Francisco sobre a Guerra Russa-Ucraniana, motivado o ataque?

Mais um Instituto Comissariado pelo Vaticano

O Instituto Miles Christi (Soldados de Cristo), Associação Pública Clerical, fundada por Roberto Juan Yannuzzi em Buenos Aires e que conta com um ramo de religiosas e de leigos, vai ser comissionada pelo Vaticano.

O fundador, depois de uma investigação por abusos e irregularidades, foi reduzido ao estado laical em 2020 por “delitos contra o sexto mandamento com adultos, de absolvição do cúmplice e de abuso de autoridade”.

O Dicastério para os Institutos de vida consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, liderado pelo Cardeal Braz de Aviz, nomeou Mons. Jorge Ignacio García Cuerva, Bispo de Rio Gallegos, como Comissário Pontifício do Instituto de direito diocesano.

Menos da metade dos britânicos diz-se cristão

O número de ateus cresce na Inglaterra e no Pais de Gales de maneira espantosa. 37,2% da população afirma não ter religião, enquanto os cristãos passaram de 59,3%, em 2011, para 27,5%, no último Censo, segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas britânico. Os que professam a religião muçulmana são 15% e os hindus 5%. Em Londres, um em cada quatro habitantes, professa uma religião não cristã.

Redução das restrições contra o COVID na China

Depois de grandes manifestações contra as restrições impostas pelo governo chinês para tentar conter o contágio do COVID, grandes cidades como Pequim, Cantão, Shenzhen e Chongqing, por exemplo, estão a diminuir as restrições que impedem os habitantes de saírem das suas casas, ou terem de apresentar um teste PCR para entrar em estabelecimentos como supermercados, ou hospitais.

A informação oficial fala de apenas 5.233 mortos, vítimas deste vírus na China!

Cinquenta padres italianos proclamam a sua homossexualidade

A revista italiana “Domani” de Yoga, Filosofia e Cultura, publicou um documento intitulado “De todo o coração”, no qual cinquenta sacerdotes se opõem abertamente aos ensinamentos da Igreja e pedem maior abertura da Igreja para o tema. Os signatários “apontam o dedo à homofobia incutida durante a formação do seminário”, emitidas, como está na moda dizer, “sem respaldo científico, mas socialmente preconceituosas”. No texto não há referências bíblicas sobre a matéria.

“O feto não é um ser humano, mas uma pessoa”, afirma Francisco

Numa entrevista à “America Magazine” dos jesuítas americanos, respondendo a uma pergunta sobre o aborto, o Papa Francisco faz uma distinção entre pessoa e ser humano:

“Não digo que [o feto] seja uma pessoa, porque é contestado, mas é um ser humano”.

Uma distinção que espantou os católicos americanos, pois apoia a ideia das pessoas que sustentam o aborto, segundo a qual apesar de se ouvir o coração bater, ainda não podemos dizer que é uma pessoa. Como é possível haver seres humanos que não sejam pessoas e vice-versa? O Papa não explicou.

Ordenação de um bispo chinês sem consentimento da Santa Sé

No dia 24 de novembro, o Vaticano publicou um comunicado de imprensa no qual manifestava espanto pela ordenação de um bispo sem o conhecimento e aprovação de Roma. Com efeito John Peng Wizhao foi entronizado como bispo auxiliar de Nanchang, uma “diocese não reconhecida pela Santa Sé”.

Esta nomeação contraria o Acordo Provisório sobre a Nomeação de Bispos, muito contestado, assinado entre a Santa Sé e o Vaticano em 2018 e renovado até 2024. A Santa Sé “espera que tais episódios não se repitam”, enquanto a China despreza completamente o “diálogo respeitoso sobre todas as questões de interesse comum” proposto pelo Vaticano.

Dois conselhos do Papa: Antes de dormir, passem diante do Sacrário e não sejam viciados no telemóvel

O Papa Francisco recebeu a comunidade do Colégio Pio Latinoamericano e convidou os seminários e sacerdotes a serem missionários, pastores do Povo de Deus e não clérigos de Estado.

"Marcos em seu Evangelho resume o chamado de Jesus para ser discípulos e missionários. Ele chamou os apóstolos 'para estar com Ele e enviá-los a pregar'. Estar com Jesus e sair para anunciá-l’O".

Francisco convidou os membros da Comunidade do Pontifício Colégio Pio Latino Americano a não se esquecerem de voltar a Jesus, "todas as noites, depois de um longo dia. Mas atenção!" Voltar "para Ele, não para o écran do telemóvel". O Papa disse que fica muito triste quando vê "um sacerdote bom, trabalhador que se cansa e se esquece de ir ao sacrário, e vai dormir porque está cansado". "Ele tem razão, tem que dormir, mas primeiro saúda, certo? Não seja mal-educado". O Pontífice se entristece também quando um sacerdote procura refúgio no telemóvel. "Por favor, não sejam viciados nesse mundo de fuga. Não se viciem. Existem vários passos que vão tirando a força. Sejam viciados no encontro com Jesus. Ele sabe do que precisamos e tem uma palavra a nos dizer em todas as ocasiões".

Os saquinhos de açúcar vão desaparecer na Europa

Uma proposta de regulamentação de embalagens da União Europeia poderá fazer com que os saquinhos de açúcar desapareçam dos bares, hotéis e restaurantes. A intenção é "banir as as embalagens de utilização única, contendo porções individuais utilizadas para condimentos, conservas, molhos, cremes para café, açúcar e temperos, com exceção das tais embalagens fornecidas juntamente com alimentos prontos para consumo, destinados ao consumo imediato, sem necessidade de qualquer outra preparação".  Se for aprovada, voltaremos aos açucareiros tradicionais

A invenção do pacotinho de açúcar é controversa: alguns datam de 1862 na Filadélfia; outros a atribuem a dois parisienses, Loic de Combourg e François de la Tourrasse, que supostamente inventaram o 'sucre-pochette' em 1908. Outros ainda a atribuem ao nova-iorquino Benjamin Eisenstadt, nascido em 1906, inventor profissional e empresário, falecido em 1996. Ele Tinha uma cafeteria no Brooklyn, depois passou a fazer saquinhos de chá: para ampliar os ganhos, propôs aos grandes produtores de açúcar embalá-lo em saquinhos de poucos gramas. Como não tinha pedido a patente, os comerciantes de açúcar roubaram a sua ideia e não lhe pagaram nada. Eisenstadt não desanimou e em 1957 inventou a sacarina em pó. Agora, uma das suas invenções de maior sucesso acabará fora do mercado no Velho Continente, onde obteve grande sucesso.

A baguete francesa: património imaterial da Humanidade da UNESCO

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) atribuiu o "estatuto de património cultural imaterial" à tradição de fazer a baguete, um símbolo da gastronomia francesa, definida pelo Presidente francês, Manuel Macron, em 2021 como “250 de magia e de perfeição”.

Mais do que o próprio produto, a UNESCO premeia com esta distinção o "savoir-faire", a forma particular de preparar, amassar e assar este pão que sofreu, como tantos outros sucessos da culinária francesa, os abusos da industrialização.

Esta inscrição "celebra também toda uma cultura: um ritual cotidiano, um elemento que estrutura as refeições, um sinónimo de troca e convivência", reagiu a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay.

"É um reconhecimento para a comunidade de padeiros e confeiteiros", explicou Dominique Anract, presidente da Confederação Francesa que reúne estes "artesãos" da farinha e do fermento.

O prémio é um reconhecimento às padarias tradicionais, que estão a encerrar em França, principalmente no interior.

Em 1970 havia cerca de 55.000 padarias artesanais (uma para cada 790 habitantes) e hoje há 35.000 (uma para cada 2.000 habitantes), segundo dados do Ministério da Cultura.

Seis milhões de baguetes são vendidas todos os anos.

 


quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Notícias do dia 30 de Novembro de 2022

 


Manifestações na China

Depois do fim de semana marcado por manifestações em todo o país contra a política “zero covid”, que bloqueia bairros e cidades inteiras, vídeos que circularam na internet mostram confrontos entre manifestantes e a polícia foram registados na cidade de Cantão, a maior do Sul da China. As manifestações iniciaram depois de mortes ocorridas durante o incêndio num prédio em Urumqi, no noroeste do país. Os bombeiros demoraram muito para aceder ao local, por estar o bairro bloqueado por causa da Covid e os moradores não puderam escapar pois as portas do prédio estavam fechadas.

A baguete francesa: património imaterial da Humanidade da UNESCO

Definida pelo Presidente francês, Manuel Macron, em 2021 como “250 de magia e de perfeição”, a baguete francesa passou a fazer parte do património imaterial da Humanidade da Unesco.

A OTAN adverte sobre o perigo da dependência com a China

Os países membros da OTAN reuniram-se em Bruxelas e alertaram para os riscos de se gerar dependência económica e tecnológica com a China.

“A guerra na Ucrânia demonstrou a nossa perigosa dependência de gás russo. Isto também deveria levar-nos a avaliar as nossas dependências de outros regimes autoritários, entre eles a China, no que diz respeito às nossas cadeias de fornecimento de tecnologia e infraestruturas”, assinalou o Secretário-Geral da OTAN, Jens Sotlbenberg.

Já no mês de junho, em Madrid, a OTAN tinha ressaltado que a China não era um adversário, mas advertia sobre o “ambicioso desenvolvimento militar” de Pequim e dos seus avances em matéria tecnológica e de ciberatividades.

 Presidente da Comunidade de Madrid acusa Pedro Sánchez de tirano

Isabel Díaz Ayuso, presidente da Comunidade de Madrid denunciou a falta de liberdade do governo de Pedro Sánchez ao ser expulsa do Parlamento uma deputado de VOX, Patricia Rueda, por ter-se recusado a retirar o inuslto aos representantes do partido EH Bildu, chamando-os de “filoetarra”:

“Não posso ignorar o que aconteceu ontem no Congresso dos Deputados, quando o vice-presidente, ao serviço do Governo e o Governo, a serviço de Bildu, expulsou um deputado do Plenário por ter dito a palavra filoetarra".

"Como líder político, como parlamentar da Assembleia de Madrid e, acima de tudo, como defensora da Democracia, quero dizer que é inaceitável o abuso que o Partido Socialista e a ultraesquerda estão fazendo das instituições", afirmou.

Segundo Ayuso, "é obrigação de todos os espanhóis dizer não ao autoritarismo do PSOE e da ultraesquerda" por expulsar "um deputado que define um partido liderado por membros que pertenceram ao ETA como filoetarra ".

A Presidente da Comunidade defendeu que não deviam ter falado em "filoetarras", mas "simplesmente em membros da ETA ou o que quer que considerem porque por isso são parlamentares no livre exercício da palavra".

“O divisionismo não é católico”, afirma Francisco

Em entrevista concedida à Revista America dos jesuítas norte-americanos, Francisco afirma que “o divisionismo não é católico. Um católico não pode pensar ‘ou, ou’ e reduzir tudo a posições irreconciliáveis. A essência do católico é ‘e, e’. O católico une o bem e o não tão bom. O povo de Deus é um”.

Aceitando que o Espírito Santo provoca inicialmente o espanto e a “perturbação”, Francisco refere que, depois, “Ele é autor de harmonia. O Espírito Santo na Igreja não reduz tudo a um único valor, mas harmoniza as diferenças dos contrários. Esse é o espírito católico. Quanto mais harmonia entre diferentes e entre opostos, mais católico”.

Sobre a ordenação das mulheres, Francisco esclarece: Porque a mulher não pode entrar nos ministérios, ser ordenada? Porque o princípio petrino não o permite”.

Sobre os abusos esclareceu: “O costume na Igreja era o usado nas famílias ou em algumas outras instituições: encobrir”, mas “a Igreja fez uma opção: não encobrir. E a partir daí avançou-se através dos processos judiciais, da criação da Pontifícia comissão para a Tutela dos Menores”. E acrescentou: “Quando as pessoas honestas veem como a Igreja assume esta monstruosidade, dão-se conta de que uma coisa é a Igreja e outra coisa são os abusadores que estão dentro da Igreja e que são punidos pela própria Igreja.

Fiasco do primeiro filme de animação 3D da Disney, Avalonia

O desinteresse do público pelo primeiro filme de animação 3D da Disney, Avalonia, com um herói abertamente homossexual tanto nos Estados Unidos, como no resto do mundo, anunciam perdas colossais que podem chegar aos 100 milhões de dólares. Trata-se de um filme de aventura e science fiction.

Dois padres presos ilegalmente em Donetsk, Ucrânia

Os Padres redentoristas Ivan Levystky e Bohan Geleta foram acusados de posse ilegal de armas, munições, livros sobre a história da Ucrânia, encontrados na igreja onde exerciam as suas atividades pastorais e foram detidos pelas tropas russas de Berdyansk, na região de Donetsk, acusados de atividade subversiva e de guerrilha.

Os bispos da Igreja Geco-Católica da Ucriania, ligada a Roma, denunciam a detenção furto de uma calúnia clara e uma falsa acusação e pediram a libertação imediata dos sacerdotes. Os dois presbíteros estavam presos quando as armas foram encontradas nas instalações paroquiais e, por isso, não podem assumir quaisquer responsabilidades pelas armas pretensamente encontradas no local.

Twitter já não controlará as informações sobre a Covid

Depois da compra do Twitter por Elon Musck, a plataforma informa que não controlará mais as informações sobre o vírus.

domingo, 23 de outubro de 2022

Com o nascimento de Jesus Cristo, Deus quis elevar as mulheres

 


Porquê o Verbo de Deus quis humilhar-Se a ponto de nascer de uma Mulher, uma pobre Virgem, desconhecida do mundo, e que afinal era apenas uma mera criatura?

Os Padres da Igreja e inúmeros santos dissertaram sobre este tema e escreveram vários volumes para responder a esta pergunta e não a esgotaram. Com efeito, para o expor digna e completamente seria preciso conhecer as razões divinas, que são infinitas de bondade, poder e sabedoria. E isto é impossível! Contudo, levantemos alguns pontos de reflexão:

Teria Deus querido nascer de Maria Santíssima, para glorificar os dois sexos, para as mulheres não terem inveja dos homens e vice-versa?

Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador, era homem, mas devia o seu nascimento a uma mulher. Maria comunicou-Lhe toda a natureza humana, dando-lhe a capacidade de ser homem. Assim, Cristo é Deus, mas Maria é sua mãe e este título, dá-lhe autoridade e até certa superioridade sobre o seu Filho.

Neste desígnio supremo da Providência, vemos como Deus quis elevar admiravelmente a mulher. Até então, as mulheres eram consideradas inferiores, brinquedos frágeis nas mãos dos homens, quando não eram as suas vítimas. Os Severianos, por exemplo, uma seita herética, chegaram a declarar que as mulheres não eram obra de Deus, mas de Satanás, e que não foram redimidas pelo sangue do Calvário.

Sem dúvida Eva, a primeira mulher, inoculou-nos a terrível doença do pecado original, mas que remédio admirável, infinitamente superior ao mal, Nossa Senhora deu-nos com a Encarnação!

O Filho de Deus feito homem, sem dúvida assumiu as enfermidades da natureza humana, mas também as grandezas, as prerrogativas que a honram. As mulheres têm um coração, impregnado de bondade. Por isso, na Encarnação, que é antes de tudo mistério de bondade, Deus quis fazer transparecer o melhor da mulher que é a ternura e misericórdia.

Leiamos os Evangelhos sob esta perspetiva: o Salvador, por exemplo, na parábola do filho pródigo, no julgamento da adúltera, quando se comove pelo filho do oficial de Cafarnaum, diante do caixão do filho da viúva de Naim, no túmulo de Lázaro, mostra-se como pai, com o rigor e dos homens? Não! Ele mostra-Se sobretudo como mãe. Em muitas outras partes da Sagrada Escritura vemos surgir em Nosso Senhor Jesus Cristo, além da sua divina mansidão, aquela bondade humana que herdou de Nossa Senhora, uma bondade mais terna, mais compassiva, mais delicadamente penetrante, sem qualquer traço de frieza ou impassibilidade, própria aos homens.

Além destes aspetos, o Seu nascimento de uma Virgem foi o único digno de Deus, a única "entrada verdadeiramente real no mundo", segundo as palavras de São Crisóstomo.

O Salvador não poderia vir ao mundo como um de nós! E a virgindade de Maria é uma das provas da sua divindade. A honra de Deus exigia este milagre único e incomparável, e na verdade não entenderíamos que Nosso Senhor Jesus Cristo pudesse ter nascido de outra forma, caso contrário ligaríamos sempre ao Seu nascimento uma ideia de impropriedade, desonra ou pelo menos desrespeito. Pelo contrário, sendo Maria Santíssima sua mãe e tendo permanecido virgem, tudo se explica e admiramos este meio maravilhoso, esta invenção divina que dá vida ao nosso Divino Salvador, sem que Ele carregue nenhuma das manchas ou vergonhas da carne.

Santo Agostinha perguntava-se no Sermão VI sobre a Natividade do Senhor: “Como poderia Cristo, em seu nascimento, violar a integridade virginal, Aquele que veio curar toda corrupção?”

Finalmente, a virgindade de Maria, continua Santo Agostinho, não era o símbolo da pureza virginal da Igreja? Como Jesus Cristo nasceu de uma Virgem, os seus membros deveriam nascer da Igreja virgem. Orgulhemo-nos de ser filhos da Igreja Católica, esta virgem ‘sem mancha, nem ruga´, esta mãe imaculada e fecunda, que em nossos dias está sendo impiedosamente atacada pelos seus inimigos internos e externos. Na nossa vida, acima de tudo, sejamos dignos d’Ela, dignos de Maria Santíssima, pela nossa pureza de costumes, conduta integra e piedade!

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Tomás de Canterbury, mártir da separação da Igreja e do Estado


Tomás de Canterbury foi um dos homens que mais brilhantemente lutou pela Igreja, na Inglaterra do século XII.

Bossuet, o famoso orador francês, no panegírico que fez deste santo, glorificou o Primaz da Inglaterra chamando-o de “heroico defensor das liberdades cristãs”: "A Igreja", disse ele, "precisava de sangue para fortalecer a sua autoridade, como o Sangue divino tinha sido derramado para o estabelecimento da sua doutrina". Foi para o triunfo desta nobre causa que Tomás Becket dedicou todos os seus esforços, tornando-se num modelo de coragem inflexível, intrépido até a morte.

A situação da Igreja da Inglaterra na segunda metade do século XII era aproximadamente aquela que muitos dos nossos legisladores gostariam de impor: a sujeição do poder religioso ao poder. civil. O homem que, então, sonhava em oprimir o catolicismo na Grã-Bretanha ou, pelo menos, substituí-lo por uma Igreja nacional, chamava-se Henrique Plantagenet: um príncipe traiçoeiro e violento, no qual, como bem assertivamente expressou o Beato Frederico Ozanam, "o espírito da tirania elevou-se ao poder supremo, mas encontrou na pessoa de Tomás Becket uma incalculável força de oposição”.

Depois de ter sido o primeiro dos ministros e dignitários da coroa, Tomás Becket ocupou a cátedra primacial de Canterbury. No dia da sua coroação, o bispo fez-lhe a seguinte pergunta: "Resta-me pedir-lhe que escolha entre duas coisas que não me parecem compatíveis e que declare o que prefere: os favores e obséquios do rei desta terra, ou a do Rei dos céus. — “Com a ajuda de Deus”, respondeu Tomás, “a minha escolha já está feita. Jamais, por amor de um rei desta terra e para preservar os seus favores, renunciarei à graça do Rei do Céu”.

Na sua nova morada, o Primaz, segundo as palavras de Ozanam, “não conservou outra pompa senão a da esmola e da hospitalidade”. Ali, levava a vida laboriosa e mortificada de um monge beneditino. Prevendo que, como sucessor, Santo Anselmo, teria de continuar os mesmos combates contra os poderes do mundo, escolheu-o como modelo: não deveria, aliás, a seu exemplo, fazer prevalecer sobre as exigências régias o non possimus da fé?

No primeiro debate, a questão polémica entre Henrique II e Tomás Becket foi uma questão da jurisdição. Um cônego de Canterbury insultou oficiais reais. De acordo com a disciplina da época, o tribunal do arcebispo, – o único autorizado, em tal caso – condenou o culpado a açoitamento e suspensão temporária do ministério e benefícios inerentes ao seu cargo. Mas Henrique II, considerando esta sentença muito leve, quis encaminhá-la ao tribunal civil. Tomás protestou em nome do direito da imunidade que os membros da Igreja tinham. Este foi o início de uma luta que seria tão longa, quanto dolorosa.

Henrique II, para atingir os seus objetivos, resolveu então restabelecer os chamados “costumes reais”, que tornavam qualquer dignitário eclesiástico sujeito à autoridade secular. A partir de então, desapareceu a hierarquia católica, cujos membros se renovavam e sucediam-se por transmissão legítima. Da mesma forma, o Papa e os Bispos perderam a sua jurisdição e não tinham mais poder coercitivo ou penal sobre os dissidentes em assuntos religiosos. Os “costumes reais” eram, portanto, uma verdadeira carta de servidão. Ao separar a Igreja da Inglaterra da grande sociedade cristã, ela foi despojada da sua liberdade primitiva para rebaixá-la aos pés do trono como uma aristocracia vassala. Basicamente, o que Henrique Plantagenet buscava era destruir a imunidade eclesiástica, colocar as duas espadas em suas mãos e fazer da Igreja um instrumento do reinado. A esta pretensão régia, Tomás opôs-se fortemente e respondeu que observaria os “costumes do reino”, "menos a honra e os direitos da sua ordem, salvo ‘ordine suo’" segundo a fórmula utilizada na ordenação episcopal.

No começo, o arcebispo de Canterbury expiará a sua coragem em opor-se ao poder usurpador, ficando seis meses exilado.

Obrigado a fugir da Inglaterra, o sucessor de Santo Anselmo de Cantuária desembarcou, após difícil travessia, a 2 de novembro de 1170, pouco antes do pôr-do-sol, nas praias do Boulonnais, a cerca de cinco quilómetros de Gravelines, para de lá, dirigir-se, imediatamente, a Soissons . Depois dali ter recebido a hospitalidade do rei da França que nele venerava um bispo perseguido injustamente, apressou-se a visitar o papa Alexandre III em Sens, ele próprio banido de Roma pelo imperador Frederico “Barba ruiva”, da Alemanha. Entre os dois ilustres exilados ­– um usando a coroa de espinhos do papado e representando o direito contra a força, e o outro que logo usaria a auréola do martírio – a entrevista foi tocante. Eles expuseram a tristeza mútua e fortaleceram-se na provação, pela troca de pensamentos mais corajosos.

Alexandre III, depois de renovar a confiança em Tomás Becket, implorou-lhe que fosse para a abadia cisterciense de Pontigny, que era filha de Citeaux. E foi o que sucedeu. Lá viveu pacificamente sob o hábito monástico, dividindo os seus dias entre oração e estudo.

Henrique II, informado da nova residência do Primaz, ameaçou suprimir imediatamente nos seus Estados todos os conventos da Ordem, se os monges não o afastassem, o mais rapidamente possível. E os monges cederam. O próprio rei da França, temendo o seu rival inglês, desistiu da causa do Bispo proscrito.

Como Tomás Becket foi perguntado onde esperava refugiar-se, respondeu: “Ouvi que nas margens do Saône e até às terras da Provença, os homens são livres... Irei para lá, e talvez vendo a minha aflição, as pessoas tenham pena de mim».

Em Lyon, onde foi acolhido, aproximou-se do túmulo de Santo Irineu, onde meditou sobre a ciência dos mártires. Em cartas admiráveis, que são um monumento precioso para a história da época, expôs as suas cruéis desventuras e verteu lágrimas pela sua Igreja enlutada.

Finalmente, Henrique II, temendo a excomunhão com que Roma o ameaçava, consentiu numa reconciliação oficial, ocorrida em 1170, no dia em que se comemorava a memória de Santa Maria Madalena. O rei prometeu, na presença de um grande número de notáveis, devolver à Igreja da Inglaterra o uso das suas liberdades e os seus direitos. Infelizmente, tratou-se de um perjúrio!

Ansioso em rever os seus fiéis, Tomás deixou a França. Assim que o navio que o transportava tocou a costa britânica, uma multidão correu até ele, ovacionando-o durante todo o caminho até à sua cidade episcopal. Nada mais era preciso para renovar e envenenar o ódio do rei.

Certo dia, vários cavaleiros da sua comitiva ouviram Henrique II pronunciar as seguintes palavras: "Quem me livrará deste homem?"

O projeto do crime foi imediatamente concebido, e os assassinos chegaram a Cantuária no dia seguinte, 29 de dezembro, festa dos Santos Inocentes. Era a hora da recitação das Vésperas. O Primaz acabara de entrar na velha e imponente catedral para cantar o ofício com os monges, quando os assassinos avançaram, espada na mão, perguntando: “Onde está o arcebispo?” Este desceu imediatamente os degraus do presbitério e exclamou: "Aqui estou. Eu sou o arcebispo! Se é a minha cabeça que estão à procura, ofereço-a. Morro de bom grado pela paz e pela liberdade da Igreja”.


Sem mais delongas, um violento golpe de espada atingiu-o na cabeça, “no lugar da tonsura ou ‘coroa clerical’ e por onde escorreu os santos óleos, durante a sua sagração. Rapidamente, o Santo Bispo caiu e morreu como o bom Pastor no meio do seu rebanho". Nenhum traço de alteração apareceu nas suas feições", narra o seu último historiador. “Os olhos e lábios pareciam suavemente fechados, indicando uma paz celestial, e o sangue das suas feridas, coagulado, formou um círculo de rubis ao redor da sua cabeça».

Tal era a sua fama de santidade, que bastaram dois anos e dois meses para que Tomás fosse canonizado, no dia 21 de fevereiro de 1173. Toda a sua vida pode ser resumida nestas belas palavras, tiradas da Bula da sua canonização: “Pro iustitia Dei et Eclesiae libertate decertavit. Lutou pelos direitos de Deus e pela liberdade da Igreja”. Por outro lado, a mão da Providência foi visivelmente pesada com a casa real da Inglaterra: não apenas Henrique II foi odiosamente traído pelo seu próprio filho, mas logo veríamos a dinastia Plantageneta extinta com a Guerra das Duas Rosas. É assim que a Igreja triunfa!

A história de São Tomás Becket é parecida com a de muitas figuras eclesiásticas. Foi a de Santo Ambrósio diante de Teodósio, a do Papa Pio VII face a Napoleão I. O seu desenvolvimento constitui um dos episódios mais gloriosos da luta entre o sacerdócio e o império.

Ainda hoje, como no passado, muitos cristãos, ao venerarem as relíquias de São Tomás Becket, pedem-lhe coragem para defender a fé.

O'Connell, por exemplo, líder nacionalista irlandês da primeira metade do século XIX, conhecido como o “Libertador” ou “Emancipador”, ao visitar a Inglaterra e ao passar por Canterbury venerou "as lajes da incomparável catedral, manchada com o sangue de um mártir, cujo relicário está lindamente adornado de pedras preciosas e esmaltes".

Recordemos ainda a história do arcebispo Dom Georges Darboy que recebeu no dia em que tomou posse da Catedral de Paris, em 1863, a cruz que São Tomás de Cantuária carregava quando foi assassinado. "Aceitei o presságio", disse.  Pouco tempo depois, no dia 4 de abril de 1871, durante a Comuna de Paris, foi encarcerado e no dia 24 assassinado. A batina ensanguentada de Dom Darboy e a cruz de São Tomás encontram-se depositadas no tesouro de Notre-Dame, retiradas durante o incêndio de 15 de abril de 2019.

Que ensinamento podemos tirar da história de São Tomás Becket?

Em primeiro lugar, que a Igreja, cidadela sagrada da liberdade de consciência, foi sempre perseguida, no passado, como hoje continua a ser, fazendo com o sangue dos mártires seja derramado pela fidelidade aos ensinamentos de Cristo, à sua causa e às suas leis.

Em segundo lugar, ela convida-nos a permanecer sempre filhos devotados da Igreja; a não nos calarmos quando pretenderem retirar os seus direitos; a ouvi-la quando fala, ensinando o Evangelho; e a apoiá-la quando é atacada pelos seus inimigos internos e externos. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Ne jamais perdre l'espérance de son salut: l'exemple du Bon Larron

Normalement, la sainteté consiste à vivre en présence de Dieu, à obéir à ses commandements, à s'efforcer d'être parfait comme notre Père céleste est parfait. Cependant, avec Saint Dimas, le Bon Larron, la miséricorde de l’Homme Dieu a touché son cœur au dernier moment et son repentir a été parfait, ouvrant ainsi pour lui les portes du Ciel, avant même les Apôtres. Jésus a voulu nous laisser cet exemple pour que nous ne désespérions jamais de notre salut. C'est ce qu'explique saint Jean Chrysostome dans son septième Sermon sur la Genèse :

 « Le diable a chassé Adam du paradis, le Christ y a introduit le voleur. Examinez la différence. Le premier a chassé l'homme qui ne portait pas un péché mais une seule souillure de désobéissance, le Christ a introduit, comme cela, dans le paradis, un voleur qui traînait de lourdes fautes. La chose étonnante, est-ce donc seulement le fait qu'il ait introduit un voleur dans le paradis, et rien d'autre ?

« Il faut ajouter quelque chose d'encore plus grand. En effet, il n'a pas seulement introduit un voleur mais encore il l'a fait devant toute la terre et devant les apôtres, afin que personne, par la suite, ne désespère de sa possibilité d'entrer au paradis et ne perde l'espérance de son salut, en voyant séjourner dans les demeures royales un homme chargé de maux innombrables.

« Le voleur a-t-il mis en avant ses efforts et ses bonnes actions et leurs fruits ? Non, mais, par une simple parole, par la foi seule, il a fait, devant les apôtres, irruption dans le paradis – et cela afin que tu apprennes que ce n'est pas tant la noblesse de ses sentiments qui a prévalu que la bienveillance du Seigneur qui a tout fait.

« En effet, qu'a dit le voleur ? qu'a-t-il fait ? a-t-il jeûné ? pleuré ? déchiré ses vêtements ? a-t-il mis en avant une longue pénitence ? nullement ; mais c'est sur la croix elle-même qu'il a obtenu le salut, avec sa déclaration. Voyez la rapidité : de la croix au ciel, de la condamnation au salut.

« Quelles sont donc ces paroles ? quel pouvoir ont-elles qu'elles lui aient apporté de tels biens ? « Souviens-toi de moi, dit-il, dans ton royaume » (Lc 23,42). Qu'est-ce que cela signifie ? il demanda à recevoir des biens, il ne mit absolument pas en avant ses propres actes, mais, connaissant son cœur, il ne se préoccupa pas de ses actions, mais de ses dispositions intérieures.

« En effet, ceux qui avaient profité de l'enseignement des prophètes, vu les signes et contemplé les miracles, disaient du Christ : « Il est possédé d'un démon », et : « Il égare la foule » (Mt 11,18). Mais le voleur, qui n'avait pas écouté les prophètes ni vu les miracles, en le voyant cloué sur la croix, ne se préoccupa pas du mépris, et ne regarda pas le déshonneur mais regardant vers la nature divine elle-même, il dit : « Souviens-toi de moi dans ton royaume » (Lc 23,42). C'est ceci qui est inattendu et extraordinaire. Tu vois une croix : te souviens-tu du royaume ? Qu'as-tu vu qui ait la valeur du royaume ? un homme mis en croix, giflé, tourné en dérision, décrié, couvert de crachats, fouetté ; tout cela a-t-il la valeur du royaume, dis-moi ?

« Comprenez-vous qu'il regardait par les yeux de la foi et qu'il ne s'attachait pas aux apparences ? C'est pourquoi Dieu non plus ne s'attacha pas à ses actions seules mais, comme cet homme avait regardé à la nature divine, de même Dieu regarda au cœur du voleur et dit : « Aujourd'hui tu seras avec moi dans le paradis » (Lc 23,43) ».