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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

A apresentação do Menino Jesus no Templo e o cântico do velho Simeão


Quarenta dias depois do Natal, somos convidados a festejar a Apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém e a Purificação de Nossa Senhora, meditada no quarto mistério gozoso do Rosário. Esta primeira manifestação de Nosso Senhor foi saudada por um cântico memorável, o “Nunc dimittis”, popularizado pela liturgia cristã, com palavras de gratidão e de alegria que irrompem em cada um dos seus versos.

A história pode assim ser resumida: Havia em Jerusalém um homem virtuoso, chamado Simeão. No entardecer de uma vida consagrada ao culto do Senhor, tinha apenas um desejo: poder contemplar, antes de morrer, o Salvador prometido a seus pais. E o Espírito Santo avisou-o de que essa alegria suprema lhe seria concedida.

Um dia, entrou no Templo com o pressentimento de que em breve se cumpririam as promessas divinas a seu favor. Viu diante do altar uma humilde mãe ajoelhada, oferecendo o seu Menino ao Senhor. De repente, iluminado por uma graça divina, reconheceu nas feições dessa Criança o Redentor esperado. Imediatamente, convidado pela Santíssima Virgem a apertá-lo em seus braços, o velho Simeão, inundado de felicidade, cantou: “Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a salvação, que oferecestes a todos os povos" (Lc 2, 29-31).

Ver Jesus e depois morrer foi a consolação do santo patriarca. Ver e contemplar este Messias, esperança dos seus pais, cujas grandezas e humilhações foram cantadas pelos profetas, foi para o santo ancião uma antecipação das alegrias do céu. A sua vida terminaria com a realização dos seus desejos mais queridos.

Que diferença do Antigo Testamento para o Novo! Não precisamos chegar ao limiar da velhice para conhecer e saborear essas alegrias. A fé, se cuidarmos de mantê-la intacta, protegida de todos os ataques, é um consolo que acalma as nossas angústias, uma luz que ilumina os nossos passos. Não gozamos hoje da presença divina? A sua morada está ao lado da nossa! Como não nos alegrarmos com as comunhões, quando Jesus Cristo vem repousar, não apenas entre nossos braços, mas no fundo dos nossos corações, inundando-nos de inexprimível felicidade e onde nos tornamos seu templo?

O velho Simeão viveu numa época em que os judeus padeciam humilhados, sob o domínio romano. Mas, impelido pela inspiração da profecia, vê no adorável Menino que repousa entre seus braços a luz e a glória do povo de Israel; e é para publicar o destino grandioso que lhes aguarda, que ele acrescenta: "Luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo" (Lc 2, 32). O povo que o santo ancião previu e do qual Jesus seria a glória e a luz, era sobretudo o povo cristão. Com efeito, acompanhar o curso da história, a força, a prosperidade, os triunfos de um povo, tudo o que o prestigia e o engrandece, provém dos princípios da virtude, da luz e da civilização, que o cristianismo trouxe e conserva. Quanto mais uma nação é religiosa, mais ela cresce; quanto mais ela se esquece de Deus, mais se humilha.

Jesus deveria ser ainda mais a glória desta sociedade que é chamada de Igreja. No passado, o Divino Mestre passou por montanhas, vales e desertos, sempre caminhando e abençoando. Por sua vez, a Igreja, continuando a obra do Salvador, vai primeiro de Jerusalém a Samaria, depois espalha os seus ensinamentos pelo mundo para evangelizá-lo e santificá-lo; dando a conhecer o Evangelho até aos confins da terra.

Mas, para interpretar num sentido mais particular o cântico do profeta, Jesus Cristo não veio sobretudo para ser a luz do nosso coração, pelos admiráveis ensinamentos que nos deixou e pelas inspirações da Sua Graça que nele deposita constantemente?

Luz que devemos seguir sempre, se não quisermos nos desviar. Sim! Jesus Cristo é a nossa luz e será a nossa glória se permanecermos fiéis a Ele. Já não sei onde li estas palavras que me vêm à memória: “Há mais honra em servir a Deus do que em usar a mais bela coroa do mundo”. Admirável lema que deveria ser o lema de toda família cristã e sobre o qual nunca é demais meditar: "Há mais honra em servir a Deus do que em usar a mais bela coroa do mundo".

Como o Magnificat, é o hino de gratidão, o cântico do velho Simeão é o do ocaso, do pôr-do-sol da nossa vida, de todas as tarefas cumpridas, de todos os desejos realizados e de cada noite que aponta para o fim de uma etapa e o começo de uma outra esplendorosa.