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quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Quer combater o egoísmo e o orgulho? Reze a ladainha da humildade!


Na Audiência Geral do dia 28 de fevereiro, o Papa Francisco, na saudação em língua espanhola, aconselhou a meditar com frequência na “Ladainha da humildade”, do Cardeal Merry del Val, para combater os vícios que nos distanciam da vida em Cristo.

Apresentamos abaixo a ladainha, que era recitada todos os dias, depois da Missa, pelo servo de Deus Cardeal Rafael Merry del Val y Zulueta, que foi nomeado Cardeal aos 34 anos, tendo sido secretário indefetível do Papa São Pio X.

Como afirmava o Professor Dr. Plinio Correa de Oliveira, sob um certo ponto de vista, essa oração poderia ser chamada “Ladainha do Desprendimento”, pois todos os pedidos nela formulados têm por objetivo evitar o egoísmo. Assim, os desejos de ser estimado, amado, honrado, consultado, preferido, de ser mais santo do que os outros, etc., resultam, em última análise, da preocupação egoísta de considerar-se o primeiro e ter tudo para si. Em síntese, de quem possui, como ideia fixa, o “eu, eu, eu”.

Assim, parece-me em extremo conveniente meditarmos sempre no conteúdo dessa valiosa oração. E fazê-lo com aplicações concretas à nossa vida quotidiana, ao nosso dia-a-dia na vocação. Pois o amor próprio é algo tão contínuo, polimórfico e profundamente radicado na natureza humana, que qualquer pessoa, não tendo vigilância, acaba sendo meio infiltrado — para dizer pouco! — por ele.

Exemplifico. Se desempenhamos uma tarefa de modo bem feito, obtemos um grande resultado e, por isso, somos objetos de admiração dos outros. A pergunta que devemos fazer a nós mesmos é: “Agimos assim por satisfação própria ou por amor de Deus e de Nossa Senhora? Para sermos aplaudidos ou para a glória de Deus?

Se realizamos o trabalho para glorificar a Nosso Senhor Jesus Cristo e a Santíssima Virgem, estamos a fazer o correto e o desejável. Mas, se eu degustar os elogios e pensar: “Fiz tal coisa, e como os outros me admiraram naquela hora! Fulano, que sempre me contraria, ficou com uma face comprida…” Se assim procedo, estarei a entregar-me a considerações lastimáveis, as quais roubam todo o mérito da minha ação.

Precisamos ser indiferentes ao facto de aparecermos ou não naquilo que fazemos, especialmente quando se trata de um apostolado ou ação para benefício espiritual de outros. E para se alcançar esse desprendimento, só há um meio eficaz: examinar-se e perguntar se, de facto, Deus e Nossa Senhora estão a ser bem servidos, honrados e glorificados com as nossas realizações.

Quer dizer, o modo mais prático e correto de rezar a Ladainha da Humildade é fazer continuamente essas aplicações ao nosso comportamento. Por outro lado, se empreendemos um trabalho importante e ninguém nos elogia, não nos incomodemos. Desde que tenhamos procurado atender aos desígnios de Deus, o resto não importa. Dessa forma, combate-se inteiramente o egoísmo e o orgulho.

Ladainha da Humildade

Jesus manso e humilde de coração: fazei o nosso coração semelhante ao Vosso.

O que o varão católico não deve desejar para si

Do desejo de ser estimado, livrai-me, ó Jesus.

Do desejo de ser amado, livrai-me, ó Jesus.

Do desejo de ser conhecido, livrai-me, ó Jesus.

Do desejo de ser honrado, livrai-me, ó Jesus.

Do desejo de ser louvado, livrai-me, ó Jesus.

Do desejo de ser preferido, livrai-me, ó Jesus.

Do desejo de ser aprovado, livrai-me, ó Jesus.

O que o varão católico não deve temer para si

Do receio de ser humilhado, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de ser desprezado, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de sofrer repulsas, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de ser caluniado, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de ser esquecido, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de ser ridicularizado, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de ser infamado, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de ser objeto de suspeita, livrai-me, ó Jesus.

O que o varão católico deve desejar para si

Que os outros sejam amados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Que os outros sejam estimados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Que os outros possam elevar-se na opinião do mundo, e que eu possa ser diminuído, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Que os outros possam ser escolhidos e eu posto de lado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Que os outros possam ser louvados e eu desprezado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Que os outros possam ser preferidos a mim em todas as coisas, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Que os outros possam ser mais santos do que eu, embora me torne santo quanto me for possível, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Ó Jesus, Mestre, Modelo e Fonte de zelo pela glória do Padre Eterno, ouvi-me.

O que o varão católico deve desejar para a igreja militante

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja estimada acima de todas as coisas pelos homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja amada acima de todas as coisas pelos homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja exaltada acima de todas as coisas pelos homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja honrada acima de todas as coisas pelos homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja louvada acima de todas as coisas pelos homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja preferida a tudo pelos homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja acatada como Mestra suprema e infalível por todos os homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja inteiramente compreendida e apoiada por todos os homens, dai-me, ó Jesus.

O que o varão católico deve odiar por amor à Igreja militante

A santa indignação por ver a Igreja militante humilhada por seus adversários internos ou externos, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante desprezada por seus adversários internos ou externos, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante sofrer repulsas de seus adversários internos ou externos, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante caluniada por seus adversários internos ou externos, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante ser objeto de esquecimento dos seus adversários internos ou externos e de seus filhos tíbios, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante ridicularizada pelos seus adversários internos ou externos e objeto do respeito de seus filhos tíbios, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante infamada por seus adversários internos ou externos, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante objeto de suspeita de seus adversários internos ou externos e de seus filhos tíbios, dai-me ó Jesus.

O que o varão católico deve desejar para si na Igreja militante

Que os outros filhos da Igreja militante sejam amados mais do que eu, Jesus dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções de apostolado.

Que os outros filhos da Igreja militante sejam estimados mais do que eu, Jesus dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções de apostolado.

Que os outros filhos da Igreja militante possam elevar-se na opinião do mundo, e que eu possa ser diminuído, Jesus dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções de apostolado.

Que os outros filhos da Igreja militante possam ser escolhidos e eu posto de lado, Jesus dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções de apostolado.

Que os outros filhos da Igreja militante possam ser louvados e eu desprezado, Jesus dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções de apostolado.

Que os outros filhos da Igreja militante possam ser preferidos a mim em todas as coisas, Jesus dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções de apostolado.

Que os outros filhos da Igreja militante possam ser mais santos do que eu, embora eu me torne santo, quanto me for possível, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções na vida interior.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

As crianças e o uso compulsivo dos telemóveis

 


Parece que, finalmente, estamos a acordar para um verdadeiro problema de sociedade: o vício dos telemóveis e as consequências, por exemplo, na educação das crianças. Na Califórnia, um professor queixou-se de que os seus estudantes assistiam Netflix durante as aulas. No Maryland, a professora de química afirma que os estudantes não prestam a devida atenção nas explicações dadas, pois usam todos os tipos de aplicações, como o Snapchat para mandar mensagens durante as aulas, para ouvirem música e até fazerem compras online. Estes foram apenas os dois últimos casos apresentados pela imprensa americana desta semana de fevereiro. O fenómeno é tão generalizado que os pais e as autoridades começam a ficar preocupados e em já são cada vez mais os países a proibirem o uso de tablets e de telemóvel nas escolas. O vício do contacto imediato com os outros, não pessoal, mas através das aplicações de telemóvel, chega a tal ponto que, mesmo durante as Missas, as crianças não conseguem deixar de ver se alguém lhes mandou alguma foto, comentário ou vídeo. E muitas chegam até a responder... Vale a pena recordar que O uso compulsivo do telemóvel é reconhecido como um transtorno que designado por “nomofobia” e que significa ter medo de ficar sem o telemóvel. Longe do dispositivo a pessoa fica ansiosa com a sensação de estar a perder informações importantes ou apresenta sensações de excesso de tédio.

 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

A Igreja e o mundo moderno


 

“Não há mais de cem pessoas nos Estados Unidos que odeiam a Igreja Católica", escreve o venerável Dom Fulton J. Sheen, no seu livro ‘Respostas da Rádio’. “Há, contudo, milhões que odeiam o que acreditam erradamente ser a Igreja Católica – o que é, obviamente, uma coisa bem diferente. Estes milhões dificilmente podem ser culpados por odiarem os católicos porque os católicos “adoram imagens”; porque “colocam a Mãe Santíssima no mesmo nível de Deus”; porque dizem que “a indulgência é uma permissão para cometer pecado”; porque o Papa “é fascista”; porque a “Igreja é a defensora do Capitalismo”. Ora, se a Igreja ensinasse ou acreditasse em qualquer uma destas coisas deveria ser odiada, mas o facto é que a Igreja não acredita nem ensina nenhuma delas. Segue-se então que o ódio de milhões é dirigido contra o erro e não contra a verdade. Na verdade, se nós, católicos, acreditássemos em todas as inverdades e mentiras que foram ditas contra a Igreja, provavelmente odiaríamos a Igreja mil vezes mais do que eles.

“Se eu não fosse católico e procurasse a verdadeira Igreja no mundo de hoje, procuraria uma igreja que não se desse bem com este mundo, em outras palavras, eu procuraria a igreja que o mundo odeia. A minha razão para tal atitude é que Cristo está em todas as igrejas do mundo e mesmo assim, continua a ser odiado, como foi quando esteve presente entre nós. Se quer encontrar Cristo hoje, então O encontraria na Igreja que não se dá bem com o mundo.

“Procure a Igreja que é odiada pelo mundo, como Cristo também o foi.

“Procure a Igreja que é acusada de ser arcaica, como Cristo foi acusado de ser ignorante.

“Procure a Igreja que os homens troçam como socialmente inferior, como zombaram de Nosso Senhor porque Ele veio de Nazaré.

“Procure a Igreja que é acusada de ter um demónio como Nosso Senhor foi acusado de estar possuído por Belzebu, o príncipe dos demónios.

“Procure a Igreja que, em tempos de intolerância, os homens dizem que devia ter sido destruída em nome de Deus, como os homens crucificaram Cristo e pensaram estar que tinham prestado serviço a Deus.

“Procure a Igreja que o mundo rejeita porque afirma ser infalível, como Pilatos rejeitou Cristo porque Ele afirmou ser a Verdade.

“Procure a Igreja que é rejeitada pelo mundo, como Nosso Senhor foi rejeitado pelos homens.

“Procure a Igreja que, mesmo nas opiniões discordantes, os seus membros A amam como amam Cristo e respeitam a sua Voz como a própria voz do seu Fundador.

“Se a Igreja é impopular com o espírito do mundo então Ela é não-mundana, e se for não-mundana, é de outro mundo. Visto que é de outro mundo, é infinitamente amada e infinitamente odiada, como foi o próprio Cristo. Somente o que é Divino pode ser infinitamente odiado e infinitamente amado. Portanto, a Igreja é Divina.

“Se, então, o ódio à Igreja se baseia em ideias erradas, a atual necessidade básica deve ser a instrução. O amor depende do conhecimento pois não podemos aspirar nem desejar o desconhecido.

“O nosso grande país (Estados Unidos) está repleto do que poder-se-chamar de “cristãos marginais”, ou seja, aqueles que vivem à margem da religião e que são descendentes de pais cristãos vivos, mas que agora são cristãos só de nome. Eles guardam alguns dos seus ideais por indolência e força do hábito; só conheceram a gloriosa história do Cristianismo através de certas formas deformadas às quais se associaram o espírito da época, e agora estão a morrer com ele. Do Catolicismo e dos seus Sacramentos, do seu perdão, da sua graça, da sua certeza e da sua paz, eles nada sabem, exceto alguns preconceitos herdados. E ainda assim são boas pessoas que querem agir corretamente, mas que não têm uma filosofia definida a respeito. Eles educam os seus filhos sem religião e, ainda assim, ressentem-se da moral comprometedora dos seus filhos. Eles ficariam zangados se você lhes dissesse que não são cristãos, mas não acreditam que Cristo é Deus. Eles se ressentem de serem chamados de pagãos, mas nunca tomam um conhecimento prático da existência de Deus. Só há uma coisa da qual eles têm certeza: as coisas não estão certas como estão. É exatamente essa certeza que faz deles o que poderíamos chamar de grandes “potenciais”, pois estão prontos para serem puxados em qualquer uma das duas direções. Em breve, deverão tomar partido; devem juntar-se a Cristo ou devem afastar-se; eles devem estar com Ele ou contra Ele; eles devem estar na Cruz como outros Cristos, ou em baixo como outros algozes. Para que lado tenderão esses cristãos marginais? A resposta depende daqueles que têm Fé. Como as multidões que seguiram Nosso Senhor no deserto, são como ovelhas sem pastor. Eles estão à espera de serem pastoreados como ovelhas ou cabras. Só isso é certo. Sendo humanos e tendo coração, eles querem mais do que a luta de classes e a economia; eles querem a Vida, querem a Verdade e querem o Amor. Numa palavra, eles querem Cristo.

Procura ser feliz? Tenha a consciência tranquila!


A alegria, escreveu o venerável Arcebispo Fulton Sheen,“, é o agradável experimentar de sensações de prazer pelo bem adquirido e desfrutado num determinado momento, ou a perspetiva do bem que se espera alcançar. Podem existir alegrias naturais e alegrias espirituais.

A alegria natural será a alegria da juventude, antes da alma cansada ter passado pela desilusão, ou a alegria da saúde, quando lhe agrada o saboroso alimento, ou a alegria do triunfo, quando a batalha foi ganha, ou as alegrias da afeição, quando se é amado. Todas estas alegrias se tornam mais intensas e sólidas, quando têm por base a alegria espiritual. Nenhuma felicidade terrena será permanente e perfeita, se não estiver associada a uma boa consciência.

A alegria espiritual é uma tranquilidade de espírito no meio das vicissitudes da vida, semelhante à da montanha, quando a tempestade desaba sobre ela. Com aquele que não está arraigado ao Divino, todo o revés é aumentado. Porque está perturbado por muitas coisas, não pode aplicar, plenamente, as suas faculdades a uma só.

A alegria não é o mesmo que jovialidade. A jovialidade é um ato, a alegria um hábito. A jovialidade é como um meteoro, a alegria como uma estrela; a jovialidade é como o crepitar de um espinho, a alegria como uma chama. A alegria, sendo mais permanente, torna mais fáceis as ações difíceis. Os soldados, depois de uma longa caminhada, dificilmente marchariam tão ágeis, se não o fizessem ao som da música. Um coração alegre acha sempre o jugo suave e a fardo leve.

A alegria das enfermeiras


Nenhuma enfermeira é útil no quarto de um doente, se não for dotada de espírito alegre. Duas coisas deve ter uma enfermeira, antes de entrar no quarto de um doente: uma ferida e o sentido do bom humor. Uma ferida, para poder avaliar o que custa a dor; o sentido do bom humor, para saber difundir a felicidade. Não é preciso que esta ferida seja física, mas simbólica, quer dizer, importa que se compreenda, profundamente, as penas e os sofrimentos dos outros. Nada há que faça prolongar tanto a doença como um rosto carregado.

A alegria depende muito mais do coração do que da razão. Os carinhos da esposa e dos filhos despertam e aumentam muito mais a satisfação do chefe de família do que os raciocínios da sua inteligência, por mais penetrantes que sejam. Diante do berço, o pai parece ter os atributos de Deus, que infundiu a sua ternura e o seu amor naquela criança. O potencial de alegria é sempre uma prova clara do estado moral do homem. Ninguém pode ser feliz no exterior, se não for feliz já no interior. Se o sentido da culpa oprimir a alma, nenhuma soma de prazeres do exterior poderá compensar a falta de alegria do interior. Como a tristeza é a companheira do pecado, a alegria é a companheira da santidade.

Tanto se pode sentir alegria na prosperidade, como na adversidade. Na prosperidade, ela não consiste nos bens que fruímos, mas nos que esperamos; não a sentimos nos prazeres, mas nos que, num dia, acreditamos ter. Podem abundar as riquezas, mas as que esperamos são daquelas que a traça não corrói, nem a ferrugem consome, nem os ladrões assaltam e roubam. Mesmo, na adversidade, pode ter alegria, na certeza de que até o Divino Mestre morreu na Cruz, como condição para ressuscitar.

Se a alegria é hoje pouco comum, é porque há almas tímidas que não têm coragem de se esquecerem de si mesmas e fazer sacrifícios pelo próximo, ou, ainda, porque um humanitarismo acanhado torna as coisas mais sedutoras da vida futura de aparência vã. Quanto mais se desvanecerem da vida uma fé ardente em Deus e um cuidado sério pela salvação da alma, tanto mais desaparecerá a alegria e voltar-se-á ao desespero dos pagãos. Os antigos Gregos e Romanos sempre viram, ao longo do seu caminho, uma sombra e um cadáver a seus pés. Não era surpresa alguma que um Romano, que não sabia porquê vivia e nada esperava da vida, entrasse numa banheira e, rompendo uma veia, morresse tranquila e insensivelmente. Certo dia, um poeta grego disse da vida que era melhor não ter nascido e que a melhor coisa depois desta vida seria deixar de viver, o mais depressa possível. Tudo isto está no extremo oposto do que disse Paulo: «Alegrai-vos, sempre, no Senhor e, mais uma vez, vos digo, alegrai-vos»".


Sheen, Dom Fulton. Way to happiness - Rumo à Felicidade

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Abolidas as espórtulas dos sacramentos ministrados no Estado brasileiro o Piauí

As espórtulas são os valores que os fiéis oferecem à Igreja quando recebem alguns sacramentos como o Batismo, o Crisma, o Matrimónio e, especialmente, a Santa Missa por alguma intenção particular.

Segundo as leis da Igreja Católica, Cân. 945 a 947, “qualquer sacerdote que celebra ou concelebra a Missa é permitido receber a espórtula oferecida para que ele aplique a Missa segundo determinada intenção. Recomenda-se vivamente aos sacerdotes que, mesmo sem receber nenhuma espórtula, celebrem a Missa segundo a intenção dos fiéis, especialmente dos pobres.

“Os fiéis que oferecem espórtula para que a Missa seja aplicada segundo suas intenções concorrem, com essa oferta, para o bem da Igreja e participam do seu empenho no sustento dos seus ministros e obras.

“Deve-se afastar completamente das espórtulas de Missas até mesmo qualquer aparência de negócio ou comércio”.


Novidade no Estado brasileiro do Piauí

Os bispos da Igreja Católica Apostólica Romana, da Província Eclesiástica de Teresina, composta de todas as dioceses do Estado do Piauí, que compreende também a Regional NE IV da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil decidiram abolir através de um decreto, que entrará em vigor no dia 24 de dezembro - Natal do Senhor e abertura do Jubileu/2025 - as espórtulas dos Sacramentos do Batismo, Crisma, Eucaristia e Matrimónio.

No documento assinado por todos os bispos do Piauí, “as espórtulas de Missas, ficam eliminadas para todas as celebrações paroquiais ordinárias. Celebrações em horários extraordinários ou que impelem deslocamento, a oferta é livre, ficando sua regulamentação ao encargo de cada Diocese.

“Salientamos, que esta resolução não isenta os fiéis das suas obrigações de socorrer as necessidades da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é necessário para o culto divino, para as obras de apostolado e de caridade e para o honesto sustento dos ministros”.

Os bispos lembram ainda que “a responsabilidade de sustentar a comunidade paroquial é um compromisso de todo o cristão. Ofertas, campanhas e festas podem ajudar, mas a colaboração há de ser organizada, frequente e generosa”.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Qual é a virtude de que mais necessitamos?

 


A virtude mais necessária é o amor, explica Santo António Maria Claret. Sim, digo-o e repetirei mil vezes: a virtude mais necessária é o amor. Devemos amar a Deus, a Jesus Cristo, a Maria santíssima e ao próximo. Sem esse amor, as suas mais belas qualidades são inúteis, mas, se acompanhadas de grande amor, tudo possui.

Para o que prega a divina palavra, o amor é como o fogo em um fuzil. Se um homem atirar uma bala com a mão, pouco estrago faz, mas, se essa mesma bala for arremessada com o fogo da pólvora, mata. Assim é a palavra de Deus. Se for dita naturalmente, sem espírito sobrenatural, pouco bem faz, mas se for dita por um sacerdote cheio do fogo da caridade, do amor a Deus e ao próximo, extirpará vícios, destruirá pecados, converterá pecadores, operará prodígios. Vemos isto em São Pedro, ao sair do Cenáculo, ardendo no fogo do amor, que tinha recebido do Espírito Santo, e o resultado foi a conversão de oito mil pessoas em dois sermões: três mil no primeiro e cinco mil no segundo.

O Espírito Santo, aparecendo sob a forma de línguas de fogo pousando sobre os Apóstolos no dia de Pentecostes, dá-nos a entender claramente esta verdade: precisamos carregar chamas do fogo divino da caridade na língua e no coração. Certa vez, um jovem sacerdote perguntou a São João d’Ávila o que era preciso para se tornar um bom pregador, e ele respondeu muito oportunamente: Amar muito.

A experiência ensina, e a história da Igreja confirma, que os melhores e maiores pregadores foram os que mais fervorosamente souberam amar.

Na verdade, o fogo da caridade num ministro do Senhor produz o mesmo efeito que o fogo na locomotiva de um comboio, e a máquina num navio a vapor: arrasta-os com a maior facilidade. Para que serviria toda aquela máquina se não tivesse o combustível e o vapor? Para nada serviria. De que valeria um sacerdote ter feito uma carreira brilhante, ter-se formado em teologia e em direito, se não tem o fogo da caridade? De nada. Para ninguém serviria porque seria uma máquina de comboio sem fogo, antes, pelo contrário, talvez pudesse até estorvar. Não serviria nem para ele pessoalmente, como diz são Paulo: Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.

Estou muito convencido da utilidade e necessidade do amor: empenhei-me em buscar este tesouro escondido, ainda que fosse preciso vender tudo para comprá-lo. Depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que os meios mais adequados para o conseguir eram os seguintes:

1º Guardar bem os mandamentos da lei de Deus;

2º Praticar os Conselhos Evangélicos;

3º Corresponder com fidelidade às inspirações internas;

4º Fazer bem a meditação.

5º Pedir e suplicar contínua e incessantemente, sem jamais desfalecer ou cansar, por mais que tarde em alcançá-lo. Rezando a Jesus e a Maria Santíssima e pedindo, sobretudo, a nosso Pai que está nos Céus (pelos méritos de Jesus e Maria santíssima), certo de que o bom Pai dará o divino Espírito àquele que assim o pede.

6º O sexto meio é ter fome e sede deste amor. Assim como aquele que tem fome e sede corporais, sempre pensa em como poderá saciar-se; e pede ajuda a todos os conhecidos; assim também eu procuro, ansiosa e ardentemente, dirigir-me ao Senhor e dizer-lhe de todo o meu coração:

“Ó meu Senhor, Vós sois meu amor! Vós sois a minha honra, minha esperança, meu refúgio! Vós sois a minha vida, minha glória, meu fim! Ó amor meu! Ó bem-aventurança minha! Ó conservador meu! Ó alegria minha! Ó reformador meu! Meu mestre! Meu Pai! Meu amor!

“Não procuro, Senhor, nem quero saber outra coisa senão vossa santíssima vontade e cumpri-la com toda a perfeição. Não amo senão a Vós. Em Vós, unicamente por Vós, e para Vós são todas as demais coisas. Sois para mim mais que suficiente. Senhor, Vós sois meu

Pai, meu amigo, meu irmão, meu esposo, meu tudo. Amo-Vos, meu Pai, fortaleza minha, meu refúgio e meu consolo. Fazei, meu Pai, que Vos ame como Vós me amais e como quereis que eu Vos ame. Ó meu Pai! Bem sei que não Vos amo o quanto deveria amar-Vos, porém, estou certo de que virá o dia em que Vos amarei o quanto desejo amar-Vos, porque Vós me concedereis o amor que Vos peço por Jesus e por Maria.

“Ó Meu Jesus! Peço-Vos uma coisa e sei que quereis concedê-la. Sim, meu Jesus, peço-Vos amor, grandes chamas desse fogo que fizestes baixar do céu à terra. Vem, fogo divino! Vem, fogo sagrado, incendeia-me, abrasa-me, derrete-me e funde-me para que assuma o molde da vontade de Deus.

 Ó mãe minha Maria! Mãe do divino amor, não posso pedir outra coisa mais agradável nem mais fácil de conceder que o divino amor, concedei-o, ó minha mãe! Minha mãe, amor! Minha mãe, tenho fome e sede de amor, socorrei-me, saciai-me! Ó Coração de Maria, instrumento de amor, inflamai-me no amor de Deus e do próximo!

Ó querido próximo, amo-te por mil razões. Amo-te porque Deus assim o quer. Amo-te porque Deus me manda que te ame. Amo-te porque Deus te ama. Amo-te porque Deus te criou à sua imagem e destinou-te para o céu. Amo-te porque foste redimido pelo sangue de Jesus Cristo. Amo-te pelo muito que Jesus fez e sofreu por ti. E, como prova do meu amor por ti, suportarei por ti todas as dificuldades e trabalhos, até a morte, se for necessário. Amo-te porque Maria santíssima, minha queridíssima mãe, ama-te. Amo-te porque és amado pelos Anjos e Santos do Céu. Amo-te e, por este amor, livrar-te-ei dos pecados e das penas do inferno. Amo-te e, por este amor, te instruirei e te mostrarei os males que deves evitar e as virtudes que deves praticar; enfim, te acompanharei nos caminhos das boas obras rumo ao céu.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Santa Margarida de Cortona, uma santa penitente

 


Na igreja dos Frades Menores de Cortona, uma jovem, em lágrimas, encontrava-se ajoelhada. O seu olhar fixava um crucifixo. O seu rosto expressava vergonha, arrependimento e um desejo enorme de obter perdão, que ela não ousava sequer pedir. E eis que uma voz misericordiosa saiu dos lábios expirantes de Nosso Senhor Jesus Cristo e fizeram-se ouvir por esta alma desolada:

-- “O que queres, pobrezinha?”

E ela, sem hesitação, respondeu:

-- “Não procuro e não quero nada de Vós, Senhor Jesus!”

A “pobrezinha” merecia bem este nome. Ela não possuía nada, nem riquezas terrenas, nem celestes. Mas longe das primeiras, ela acumularia tesouros que não enferrujam, que os vermes não devoram, nem os ladrões não podem levar.

Ela chamava-se Margarida e tinha vinte e seis anos.

Seu pai, Tancredo era um modesto agricultor de Laviano, uma pequena cidade da Umbria, não longe do Lago Trasimeno.

Sua mãe, mulher piedosa, educou-a com verdadeiros sentimentos religiosos.

Aos sete anos, contudo, ficou órfã de mãe e seu pai voltou a casar-se com uma senhora mesquinha, de coração duro.

Assim, Margarida não tardou a procurar fora de casa uma diversão que lhe permitisse fugir dos seus aborrecimentos. Aos quinze anos, era uma jovem de grande beleza, mais amiga do prazer do que bela. Viva e abandonada a si mesmo, ela seria a presa do primeiro homem que soubesse tocar o seu coração.

Aos dezassete anos, conheceu Guilherme del Pecora, filho do senhor de Valiano que, prometendo casar com ela, conseguiu seduzi-la, levando-a para a villa Palazzi, pouco distante de Montepulciano.

O casamento não se deu, mas a infeliz consentiu em permanecer na casa do seu sedutor e tiveram um filho. Guilherme tratava-a bem com carinho e admiração, chegando até a formar uma espécie de pequena corte de amigos, na qual ela era uma rainha muito querida.

No meio desta alegria humana, eis que Margarida ouviu a voz da sua consciência falar mais alto: “Em Montepulciano, perdi tudo, afirmou mais tarde: honra, dignidade, paz, tudo, menos a Fé”. Foi a sua Fé, sempre viva, que lhe levou a pensar em certa ocasião em que se encontrava sozinha: “Como estaria bem aqui! Como seria bom se eu rezasse e fizesse penitência!”

Apesar destes problemas de consciência, do seu secreto desgosto e dos apelos da graça, Margarida continuou no seu pecado. Para a fazer sair, era preciso um raio estrondoso. E Deus, que queria muito esta alma, enviou-lhe.

Como acontecia com certa regularidade, Guilherme decidiu fazer uma curta viagem.

Passados dois dias, Margarida viu aproximar-se dela o cão que acompanhava sempre o senhor de Valiano. O animal puxou-lhe a saia e começou a ladrar de maneira estranha. Inquieta, seguiu-o. O animal levou-a à floresta de Patrignano, perto de um carvalho. Ali, sob um amontoado de folhas, a jovem descobre o cadáver, já em estado de decomposição, do seu sedutor. Assaltantes o tinham cravado de golpes de espada, roubado e escondido o corpo sob a folhagem. Diante deste cenário, toda a sua fé voltou a iluminar o seu coração e a sua cabeça. As suas lágrimas correram em abundância.

Voltou apressadamente para a cidade e tomou uma rápida e decisiva resolução: abandonaria as suas ricas vestes, voltaria a colocar a sua roupa de camponesa e, com o seu filho nos braços, dirigiu-se a Laviano, em direção à casa paterna.

Apesar de dezanove anos se terem passado, o rancor da madrasta mantinha-se intacto, a ponto de exigir de Tancredo que não abrisse a porta à filha. De cabeça baixa, Margarida afastou-se sem palavras e, no jardim, chorou de vergonha.

Eis que uma tentação lhe veio ao espírito:

-- “Já que foste rejeitada pelo teu próprio pai, porque tentar uma vida que não te trará senão dores? Jovem, bela, conhecida pelos teus charmes, graça e encanto, não demorarias em encontrar um protetor que te pudesse dar dinheiro, como forma de pagamento pela tua desonra”.

Neste assalto do demónio, a graça manifestou-se de maneira ainda mais forte. Convencida de que, com a ajuda de Deus, poderia viver, decidiu: “Prefiro mendigar meu pão, a retornar à minha vida passada. Se meu pai da terra me rejeita, meu Pai do Céu me acolherá!”. Levantou-se e ouviu uma voz interior que lhe disse: “Vai até Cortona e procura pelos Frades Menores!”

Rapidamente, apesar dos dezanove quilómetros que era preciso percorrer a pé, tomou a estrada montanhosa de Cortona.

Enquanto Margarida, carregando o seu filho nos braços, subia as ruas escarpadas da cidade, duas nobres senhoras, Marinaria e Raneria Moscori, ficaram tocadas com as lágrimas e o ar de perdida da pobre infeliz. Aproximaram-se, interrogaram-na, deram-se conta do que se estava a passar e, associando-se à obra divina, não apenas guiaram Margarida até ao convento dos Frades Menores, como impuseram como condição que passasse a morar na casa delas. Sem dúvida, foram as irmãs Moscori que escolheram o Padre Bevegnati para se ocupar da sua alma. Ele confessou, dirigiu espiritualmente, assistiu-a na morte e, finalmente foi o primeiro a contar a sua conversão e a história da sua vida santa.

Sob a sua forte e misericordiosa direção, Margarida fez enormes progressos. Se o Frade Menor, no começo, pensou dever exaltar a sua penitente à humildade, contrição, ao sofrimento, apercebeu-se rapidamente que deveria suspender o seu apetite de reparação. O verdadeiro mestre da sua alma, comentava o sacerdote, foi seu Deus Crucificado. A Cruz foi desde o começo onde mais aprendia. A pobre senhora que só O queria entregar-se inteiramente ao abandono absoluto e só tinha um desejo: chorar as suas faltas e repará-las, perdendo-se na humilhação e na dor.

Margarida cortou o seu cabelo e, se a obediência não a tivesse impedido, teria desfigurado a sua face com uma navalha. Passou a vestir-se como uma mendiga e na casa de Marinaria Moscari onde viveu, só comia pão, legumes e bebia água, infligindo-se múltiplas práticas de penitência corporal. Mais ainda, preferia que lhe chamassem de “grande ou pobre pecadora”, mantendo os seus olhos sempre baixos.

De tal maneira queria reparar os seus pecados que pediu ao Padre Bevegnati a autorização para ser conduzida pelas ruas de Montepulciano, que a tinham visto elegantemente vestida e triunfante, com a cabeça raspada, vestida com trapos e corda ao pescoço, enquanto uma mulher, que a acompanhasse, gritasse: “Eis aqui a infame pecadora que pelo seu orgulho e os seus escândalos perdeu tantas almas nesta cidade!”.

O sacerdote não permitiu, mas aceitou que fizesse as pazes com as pessoas da sua cidade natal. Um domingo, na igreja de Laviano, em pranto, confessou publicamente os seus pecados, pedindo perdão pelas suas loucas vaidades. A assembleia emocionou-se e prometeu não recordar o seu passado, mas de guardar a memória de um impressionante arrependimento.

Enquanto se penitenciava, Margarida assistiu os doentes e os pobres. Ela mesma pedia esmola na rua para aliviar as suas dores e conseguiu criar um Hospital da Misericórdia e abrir uma casa de acolhimento aos peregrinos, que abundavam naquela época. Com a ajuda dos Frades Menores, conseguiu fundar até uma congregação de mulheres que assistiam as necessidades dos hospitalizados.

Mesmo nos dias de grande atividade caritativa, permanecia longas horas em oração, prosternada na igreja dos Frades Menores, diante de um Crucifixo que lhe falhou milagrosamente. Os seus êxtases multiplicaram-se: Deus revelou-lhe que os seus pecados tinham sido perdoados e dizia-lhe que a destinava a ser “uma prova de que estava sempre pronto para abrir os braços da sua misericórdia para o filho pródigo que regressava à casa com a sinceridade do seu coração”.

Finalmente, Deus manifestou-lhe a sua vontade de vê-la numa solidão mais profunda, designando-lhe um lugar: uma cabana contruída numa das inclinações que permitem o escoamento das águas da cidade de Cortona, contigua a um santuário beneditino, dedicado a São Basílio, o Grande. Foi para ali, seguindo as ordens de Deus, que no ano de 1288, rompendo todas as relações que tinha com o mundo, instalou-se. Desde então, viveu na contemplação, passando por várias provas, que Deus nunca deixa de enviar às almas chamadas a uma elevada santidade, como também por muitas consolações.

Ela ouviu, certo dia, o Divino Mestre perguntar-lhe, como a Pedro:

-- Margarida, amas-me?

-- Ah! Senhor, respondeu-lhe, não somente amo-Vos, como gostaria de habitar no Vosso Coração.

-- Penetrai nele, então, respondeu-lhe Jesus, e que Ele seja o teu refúgio!

Numa outra ocasião, ordenou-lhe, como ao Apóstolo São Tomé, de colocar o seu dedo nas chagas das suas Divinas Mãos e, de repente, brilhantes e resplandecentes de luz, viu as chagas do Costado e o seu Coração, ferido de amor por ela.

Margarida viveu no recolhimento e isolamento durante oito anos inteiros, até que no dia 3 de janeiro de 1297, um Anjo anunciou-lhe que no dia 22 de fevereiro, depois do inverno, começaria para ela a primavera eterna do Paraíso. A doença tomou conta do seu corpo, tão mortificado. Desde o dia 5 de fevereiro, já não conseguiu tomar outro alimento que a Sagrada Eucaristia. E no dia 22, pela manhã, tendo recebido os sacramentos, rendeu o último suspiro, enquanto um Santo contemplativo de Città del Castello, viu-a elevar-se ao Céu, sob a forma de um globo de fogo, acompanhada por uma escolta de almas saídas do Purgatório, por causa das suas penitências e os seus méritos.


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Hoje comemoramos São Pedro Damião, o Santo que lutou contra o homossexualismo na Igreja

 


Qual é a história de São Pedro Damião, cuja festa é celebrada no dia 21 de fevereiro?

Nascido em Ravenna, último filho de uma família pobre, muitas vezes maltratado e tendo passado fome na sua infância, Pedro ficou órfão muito cedo. 

Enquanto cuidava dos porcos, ajudado pelo seu irmão Damião, este escritor e orador nato teve a oportunidade de prosseguir os estudos de maneira brilhante. Por esta, razão adicionou o nome do irmão ao seu.

O encontro com dois eremitas levaram-no a uma comunidade que seguia a Regra de São Romualdo. Ali, em Fonte-Avellana, na atual região italiana de Pesaro Urbino, vivia-se numa grande austeridade. O jejum era quase quotidiano, sendo servida apenas uma refeição com legumes. Os religiosos não usavam calçados durante todo o ano; rezavam com os braços em Cruz; utilizavam cilícios e permaneciam em vigília de orações durante longas horas.

Mosteiro de Fonte Avellana - Italia

São Pedro Damião ao ser nomeado superior, exigiu a pobreza, mortificações e induzia a todos à prática da perfeição. A sua bondade e o bem que exercia sobre os outros era tal, que foi obrigado a fundar seis mosteiros, nas cercanias de Ravenna.

Apesar de tudo, dedicou-se à oração, à ascese, ao estudo das Sagradas Escrituras, à contemplação e também à pregação. 

Passados dez anos de vida interior, contemplativa e monástica, passou a tomar parte nas lutas dolorosas da Igreja, fixando a sua atenção nos males horrorosos do seu tempo que atingiam o clero: a imoralidade, a simonia e o desdém para com as leis eclesiásticas.

Querendo ajudar os sacerdotes que se desviaram da lei de Deus e da Igreja, escreveu um livro, intitulado “O livro de Gomorra”, onde vocifera contra o pecado das relações homossexuais.

A obra explica os diferentes pecados de sodomia e a sua maldade intrínseca, fala da necessidade de rigorosa punição e penitência para os clérigos que a praticam, de como a excessiva brandura da autoridade eclesiástica é prejudicial à Igreja, e faz grande apelo à conversão dos pecadores.

A gravidade da prática homossexual

A ato sexual homossexual, escreve São Pedro Damião, “remove o fundamento da Fé, tira a força da Esperança, quebra o laço da Caridade, destrói a Justiça, mina a Fortaleza, expulsa a Temperança, e embota a nitidez da Prudência. E o que mais direi? Uma vez que, de facto, expele cada pedra angular das virtudes do tribunal do coração humano, como se removessem as dobradiças das suas portas, introduzindo toda barbárie dos vícios nos corações”.

“Este vício, ultrapassa a selvageria de todos os outros vícios, não se compara a nenhum outro. Ele é a morte não só dos corpos, como a destruição das almas. Polui a carne, extingue a luz do intelecto, expulsa o Espírito Santo do templo do coração humano, introduz o diabólico incitador da luxúria, lança confusão, e elimina completamente a verdade da mente equivocada”.

“Uma vez que esta serpente venenosa cravou os seus dentes no coração de um infeliz, o bom senso imediatamente é turvado, a memória é eliminada, a clareza da mente é obscurecida; torna-se esquecido de Deus e olvida-se até de si mesmo”.

“A fim de semear guerras impiedosas contra Deus, a sodomia separa a infeliz alma da comunhão dos Anjos, remove-a da sua nobreza para a colocar sob o jugo da sua própria dominação. Despoja os seus soldados dos armamentos das virtudes, atacando-os, expondo-os aos dardos de todos os vícios. Atormenta a consciência, queima a carne como um fogo, e incita-a com o desejo de prazer. Mas, por outro lado, ela teme ser exposta, sair em público, ser conhecida pelos outros”.

Diante deste pecado, S. Pedro Damião escreve que devemos evitar a “misericórdia cruel” de ficarmos calados diante do mal, e até mesmo adverte que nos tornamos “assassinos da alma dos outros” se nos calamos contra a imoralidade do seu comportamento.

“Quem sou eu para assistir um crime tão nocivo, e que se está espalhando até nos que receberam as ordens sagradas, e ficar calado, ousando aguardar a punição divina, tornando-me um assassino da alma do próximo? Não me tornaria também um devedor de uma culpa da qual, de nenhuma maneira, teria sido eu o autor? Como poderei, amando o meu próximo como a mim mesmo, negligentemente permitir que a ferida, que lhe dará uma morte cruel, infete a sua alma? Vendo, pois as feridas espirituais, deveria eu negar-me a curá-las pela cirurgia das palavras?”

Passados mais de mil anos da sua publicação, o livro é atualíssimo! Hoje a situação do clero não está muito diferente da época de São Pedro Damião, pois em muitas dioceses do mundo ainda reinam a imoralidade, as más doutrinas e a morte espiritual nas fileiras dos eclesiásticos.

São Pedro Damião nunca deixou de denunciar a vida depravada e relaxada dos clérigos, padres e monges, advertindo os grandes mosteiros do seu tempo, como Cluny e Monte Cassino, a que erradicassem os desvios e escândalos, vividos na flagrante impunidade. Em 1057, foi nomeado Cardeal-Bispo de Ostia e encarregado de missões em Milão, Frankfurt, e várias outras cidades. 

Apoiou os Papas na sua ação reformadora, mas Leão IX foi obrigado a mantê-lo à parte, pela oposição de vários bispos. 

Mais tarde, os Papas subsequentes deram-lhe importantes missões oficiais de conciliação e de reforma. Os seus escritos espirituais, obras, cartas e sermões fizeram dele um doutor da Igreja.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

O que está a acontecer na Basílica de São Pedro?

 


Segundo informa o site “Sillere non possum”, nos últimos dias, alguns funcionários que trabalham na Basílica de São Pedro escreveram uma carta dirigida ao Cardeal Fernando Vérgez Alzaga, L.C., Presidente do Governo do Estado da Cidade do Vaticano desde 2021. Queixam-se da falta de proteção e segurança no local de trabalho, da gestão e transparência.

Nas últimas horas, estão a circular nas redes sociais gravações áudio e vídeo da intervenção da Gendarmaria Vaticano nos escritórios da Fábrica de São Pedro, que apreendeu algum material.

O que devemos esperar desta ação? Numa entrevista para a Associated Press, o Papa afirmou que as críticas podem ser tão irritantes quanto precipitadas, mas existe liberdade de expressão, as críticas são um direito humano e as contestações, no entanto devem ser feitas na sua cara, para ajudar a crescer.

Será que as críticas feitas contra a administração do Cardeal Mauro Gambetti, O.F.M.Conv., Vigário-Geral de Sua Santidade para a Cidade do Vaticano e Presidente da Fábrica de São Pedro, serão tratadas como uma ajuda a crescer ou os que apresentaram uma opinião contrária serão perseguidos?

O regresso dos uniformes nos colégios franceses?

 




Desde a Revolução anárquica, cultural, maoista, trotskista e marxista de Maio de 1968, que pretendeu liberalizar os alunos da submissão a qualquer ordem pré-estabelecida, o uso da bata ou do uniforme, deixou de ser obrigatório nas escolas francesa. Naquela ocasião, os professores e alunos pediram a independência e a liberdade na maneira de se vestir.


Meio século depois, segundo Nicole Belloubet, a Ministra da Educação Francesa, informa que 87 escolas francesas aceitaram experimentar o uso dos uniformes nos estabelecimentos de ensino. «A ideia não é de abolir, mas de criar unidade, de criar um sentimento de pertencimento, de tentar trabalhar sobre esta noção de igualdade», afirmou a ministra.

Os principais benefícios dos uniformes são:

1) Os alunos têm a impressão de pertencer a um grupo unido e de fazer parte de uma dinâmica forte, podendo incentivá-los a se superarem e a estudarem com a impressão de que os seus esforços serão verdadeiramente valorizados.

2) Evitar a discriminação e o bullying. As crianças que não usam roupas da moda ou que não optam por determinada marcas são muitas vezes ridicularizadas pelos seus colegas.

3) O uniforme dá uma ideia de disciplina, de uma regra e, por isso, as crianças tendem a comportar-se melhor.

4) Finalmente, evita problemas aos pais na hora de comprarem roupas aos filhos em cada início de ano letivo.