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domingo, 25 de fevereiro de 2024

Procura ser feliz? Tenha a consciência tranquila!


A alegria, escreveu o venerável Arcebispo Fulton Sheen,“, é o agradável experimentar de sensações de prazer pelo bem adquirido e desfrutado num determinado momento, ou a perspetiva do bem que se espera alcançar. Podem existir alegrias naturais e alegrias espirituais.

A alegria natural será a alegria da juventude, antes da alma cansada ter passado pela desilusão, ou a alegria da saúde, quando lhe agrada o saboroso alimento, ou a alegria do triunfo, quando a batalha foi ganha, ou as alegrias da afeição, quando se é amado. Todas estas alegrias se tornam mais intensas e sólidas, quando têm por base a alegria espiritual. Nenhuma felicidade terrena será permanente e perfeita, se não estiver associada a uma boa consciência.

A alegria espiritual é uma tranquilidade de espírito no meio das vicissitudes da vida, semelhante à da montanha, quando a tempestade desaba sobre ela. Com aquele que não está arraigado ao Divino, todo o revés é aumentado. Porque está perturbado por muitas coisas, não pode aplicar, plenamente, as suas faculdades a uma só.

A alegria não é o mesmo que jovialidade. A jovialidade é um ato, a alegria um hábito. A jovialidade é como um meteoro, a alegria como uma estrela; a jovialidade é como o crepitar de um espinho, a alegria como uma chama. A alegria, sendo mais permanente, torna mais fáceis as ações difíceis. Os soldados, depois de uma longa caminhada, dificilmente marchariam tão ágeis, se não o fizessem ao som da música. Um coração alegre acha sempre o jugo suave e a fardo leve.

A alegria das enfermeiras


Nenhuma enfermeira é útil no quarto de um doente, se não for dotada de espírito alegre. Duas coisas deve ter uma enfermeira, antes de entrar no quarto de um doente: uma ferida e o sentido do bom humor. Uma ferida, para poder avaliar o que custa a dor; o sentido do bom humor, para saber difundir a felicidade. Não é preciso que esta ferida seja física, mas simbólica, quer dizer, importa que se compreenda, profundamente, as penas e os sofrimentos dos outros. Nada há que faça prolongar tanto a doença como um rosto carregado.

A alegria depende muito mais do coração do que da razão. Os carinhos da esposa e dos filhos despertam e aumentam muito mais a satisfação do chefe de família do que os raciocínios da sua inteligência, por mais penetrantes que sejam. Diante do berço, o pai parece ter os atributos de Deus, que infundiu a sua ternura e o seu amor naquela criança. O potencial de alegria é sempre uma prova clara do estado moral do homem. Ninguém pode ser feliz no exterior, se não for feliz já no interior. Se o sentido da culpa oprimir a alma, nenhuma soma de prazeres do exterior poderá compensar a falta de alegria do interior. Como a tristeza é a companheira do pecado, a alegria é a companheira da santidade.

Tanto se pode sentir alegria na prosperidade, como na adversidade. Na prosperidade, ela não consiste nos bens que fruímos, mas nos que esperamos; não a sentimos nos prazeres, mas nos que, num dia, acreditamos ter. Podem abundar as riquezas, mas as que esperamos são daquelas que a traça não corrói, nem a ferrugem consome, nem os ladrões assaltam e roubam. Mesmo, na adversidade, pode ter alegria, na certeza de que até o Divino Mestre morreu na Cruz, como condição para ressuscitar.

Se a alegria é hoje pouco comum, é porque há almas tímidas que não têm coragem de se esquecerem de si mesmas e fazer sacrifícios pelo próximo, ou, ainda, porque um humanitarismo acanhado torna as coisas mais sedutoras da vida futura de aparência vã. Quanto mais se desvanecerem da vida uma fé ardente em Deus e um cuidado sério pela salvação da alma, tanto mais desaparecerá a alegria e voltar-se-á ao desespero dos pagãos. Os antigos Gregos e Romanos sempre viram, ao longo do seu caminho, uma sombra e um cadáver a seus pés. Não era surpresa alguma que um Romano, que não sabia porquê vivia e nada esperava da vida, entrasse numa banheira e, rompendo uma veia, morresse tranquila e insensivelmente. Certo dia, um poeta grego disse da vida que era melhor não ter nascido e que a melhor coisa depois desta vida seria deixar de viver, o mais depressa possível. Tudo isto está no extremo oposto do que disse Paulo: «Alegrai-vos, sempre, no Senhor e, mais uma vez, vos digo, alegrai-vos»".


Sheen, Dom Fulton. Way to happiness - Rumo à Felicidade