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sábado, 24 de fevereiro de 2024

Abolidas as espórtulas dos sacramentos ministrados no Estado brasileiro o Piauí

As espórtulas são os valores que os fiéis oferecem à Igreja quando recebem alguns sacramentos como o Batismo, o Crisma, o Matrimónio e, especialmente, a Santa Missa por alguma intenção particular.

Segundo as leis da Igreja Católica, Cân. 945 a 947, “qualquer sacerdote que celebra ou concelebra a Missa é permitido receber a espórtula oferecida para que ele aplique a Missa segundo determinada intenção. Recomenda-se vivamente aos sacerdotes que, mesmo sem receber nenhuma espórtula, celebrem a Missa segundo a intenção dos fiéis, especialmente dos pobres.

“Os fiéis que oferecem espórtula para que a Missa seja aplicada segundo suas intenções concorrem, com essa oferta, para o bem da Igreja e participam do seu empenho no sustento dos seus ministros e obras.

“Deve-se afastar completamente das espórtulas de Missas até mesmo qualquer aparência de negócio ou comércio”.


Novidade no Estado brasileiro do Piauí

Os bispos da Igreja Católica Apostólica Romana, da Província Eclesiástica de Teresina, composta de todas as dioceses do Estado do Piauí, que compreende também a Regional NE IV da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil decidiram abolir através de um decreto, que entrará em vigor no dia 24 de dezembro - Natal do Senhor e abertura do Jubileu/2025 - as espórtulas dos Sacramentos do Batismo, Crisma, Eucaristia e Matrimónio.

No documento assinado por todos os bispos do Piauí, “as espórtulas de Missas, ficam eliminadas para todas as celebrações paroquiais ordinárias. Celebrações em horários extraordinários ou que impelem deslocamento, a oferta é livre, ficando sua regulamentação ao encargo de cada Diocese.

“Salientamos, que esta resolução não isenta os fiéis das suas obrigações de socorrer as necessidades da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é necessário para o culto divino, para as obras de apostolado e de caridade e para o honesto sustento dos ministros”.

Os bispos lembram ainda que “a responsabilidade de sustentar a comunidade paroquial é um compromisso de todo o cristão. Ofertas, campanhas e festas podem ajudar, mas a colaboração há de ser organizada, frequente e generosa”.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Qual é a virtude de que mais necessitamos?

 


A virtude mais necessária é o amor, explica Santo António Maria Claret. Sim, digo-o e repetirei mil vezes: a virtude mais necessária é o amor. Devemos amar a Deus, a Jesus Cristo, a Maria santíssima e ao próximo. Sem esse amor, as suas mais belas qualidades são inúteis, mas, se acompanhadas de grande amor, tudo possui.

Para o que prega a divina palavra, o amor é como o fogo em um fuzil. Se um homem atirar uma bala com a mão, pouco estrago faz, mas, se essa mesma bala for arremessada com o fogo da pólvora, mata. Assim é a palavra de Deus. Se for dita naturalmente, sem espírito sobrenatural, pouco bem faz, mas se for dita por um sacerdote cheio do fogo da caridade, do amor a Deus e ao próximo, extirpará vícios, destruirá pecados, converterá pecadores, operará prodígios. Vemos isto em São Pedro, ao sair do Cenáculo, ardendo no fogo do amor, que tinha recebido do Espírito Santo, e o resultado foi a conversão de oito mil pessoas em dois sermões: três mil no primeiro e cinco mil no segundo.

O Espírito Santo, aparecendo sob a forma de línguas de fogo pousando sobre os Apóstolos no dia de Pentecostes, dá-nos a entender claramente esta verdade: precisamos carregar chamas do fogo divino da caridade na língua e no coração. Certa vez, um jovem sacerdote perguntou a São João d’Ávila o que era preciso para se tornar um bom pregador, e ele respondeu muito oportunamente: Amar muito.

A experiência ensina, e a história da Igreja confirma, que os melhores e maiores pregadores foram os que mais fervorosamente souberam amar.

Na verdade, o fogo da caridade num ministro do Senhor produz o mesmo efeito que o fogo na locomotiva de um comboio, e a máquina num navio a vapor: arrasta-os com a maior facilidade. Para que serviria toda aquela máquina se não tivesse o combustível e o vapor? Para nada serviria. De que valeria um sacerdote ter feito uma carreira brilhante, ter-se formado em teologia e em direito, se não tem o fogo da caridade? De nada. Para ninguém serviria porque seria uma máquina de comboio sem fogo, antes, pelo contrário, talvez pudesse até estorvar. Não serviria nem para ele pessoalmente, como diz são Paulo: Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.

Estou muito convencido da utilidade e necessidade do amor: empenhei-me em buscar este tesouro escondido, ainda que fosse preciso vender tudo para comprá-lo. Depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que os meios mais adequados para o conseguir eram os seguintes:

1º Guardar bem os mandamentos da lei de Deus;

2º Praticar os Conselhos Evangélicos;

3º Corresponder com fidelidade às inspirações internas;

4º Fazer bem a meditação.

5º Pedir e suplicar contínua e incessantemente, sem jamais desfalecer ou cansar, por mais que tarde em alcançá-lo. Rezando a Jesus e a Maria Santíssima e pedindo, sobretudo, a nosso Pai que está nos Céus (pelos méritos de Jesus e Maria santíssima), certo de que o bom Pai dará o divino Espírito àquele que assim o pede.

6º O sexto meio é ter fome e sede deste amor. Assim como aquele que tem fome e sede corporais, sempre pensa em como poderá saciar-se; e pede ajuda a todos os conhecidos; assim também eu procuro, ansiosa e ardentemente, dirigir-me ao Senhor e dizer-lhe de todo o meu coração:

“Ó meu Senhor, Vós sois meu amor! Vós sois a minha honra, minha esperança, meu refúgio! Vós sois a minha vida, minha glória, meu fim! Ó amor meu! Ó bem-aventurança minha! Ó conservador meu! Ó alegria minha! Ó reformador meu! Meu mestre! Meu Pai! Meu amor!

“Não procuro, Senhor, nem quero saber outra coisa senão vossa santíssima vontade e cumpri-la com toda a perfeição. Não amo senão a Vós. Em Vós, unicamente por Vós, e para Vós são todas as demais coisas. Sois para mim mais que suficiente. Senhor, Vós sois meu

Pai, meu amigo, meu irmão, meu esposo, meu tudo. Amo-Vos, meu Pai, fortaleza minha, meu refúgio e meu consolo. Fazei, meu Pai, que Vos ame como Vós me amais e como quereis que eu Vos ame. Ó meu Pai! Bem sei que não Vos amo o quanto deveria amar-Vos, porém, estou certo de que virá o dia em que Vos amarei o quanto desejo amar-Vos, porque Vós me concedereis o amor que Vos peço por Jesus e por Maria.

“Ó Meu Jesus! Peço-Vos uma coisa e sei que quereis concedê-la. Sim, meu Jesus, peço-Vos amor, grandes chamas desse fogo que fizestes baixar do céu à terra. Vem, fogo divino! Vem, fogo sagrado, incendeia-me, abrasa-me, derrete-me e funde-me para que assuma o molde da vontade de Deus.

 Ó mãe minha Maria! Mãe do divino amor, não posso pedir outra coisa mais agradável nem mais fácil de conceder que o divino amor, concedei-o, ó minha mãe! Minha mãe, amor! Minha mãe, tenho fome e sede de amor, socorrei-me, saciai-me! Ó Coração de Maria, instrumento de amor, inflamai-me no amor de Deus e do próximo!

Ó querido próximo, amo-te por mil razões. Amo-te porque Deus assim o quer. Amo-te porque Deus me manda que te ame. Amo-te porque Deus te ama. Amo-te porque Deus te criou à sua imagem e destinou-te para o céu. Amo-te porque foste redimido pelo sangue de Jesus Cristo. Amo-te pelo muito que Jesus fez e sofreu por ti. E, como prova do meu amor por ti, suportarei por ti todas as dificuldades e trabalhos, até a morte, se for necessário. Amo-te porque Maria santíssima, minha queridíssima mãe, ama-te. Amo-te porque és amado pelos Anjos e Santos do Céu. Amo-te e, por este amor, livrar-te-ei dos pecados e das penas do inferno. Amo-te e, por este amor, te instruirei e te mostrarei os males que deves evitar e as virtudes que deves praticar; enfim, te acompanharei nos caminhos das boas obras rumo ao céu.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Santa Margarida de Cortona, uma santa penitente

 


Na igreja dos Frades Menores de Cortona, uma jovem, em lágrimas, encontrava-se ajoelhada. O seu olhar fixava um crucifixo. O seu rosto expressava vergonha, arrependimento e um desejo enorme de obter perdão, que ela não ousava sequer pedir. E eis que uma voz misericordiosa saiu dos lábios expirantes de Nosso Senhor Jesus Cristo e fizeram-se ouvir por esta alma desolada:

-- “O que queres, pobrezinha?”

E ela, sem hesitação, respondeu:

-- “Não procuro e não quero nada de Vós, Senhor Jesus!”

A “pobrezinha” merecia bem este nome. Ela não possuía nada, nem riquezas terrenas, nem celestes. Mas longe das primeiras, ela acumularia tesouros que não enferrujam, que os vermes não devoram, nem os ladrões não podem levar.

Ela chamava-se Margarida e tinha vinte e seis anos.

Seu pai, Tancredo era um modesto agricultor de Laviano, uma pequena cidade da Umbria, não longe do Lago Trasimeno.

Sua mãe, mulher piedosa, educou-a com verdadeiros sentimentos religiosos.

Aos sete anos, contudo, ficou órfã de mãe e seu pai voltou a casar-se com uma senhora mesquinha, de coração duro.

Assim, Margarida não tardou a procurar fora de casa uma diversão que lhe permitisse fugir dos seus aborrecimentos. Aos quinze anos, era uma jovem de grande beleza, mais amiga do prazer do que bela. Viva e abandonada a si mesmo, ela seria a presa do primeiro homem que soubesse tocar o seu coração.

Aos dezassete anos, conheceu Guilherme del Pecora, filho do senhor de Valiano que, prometendo casar com ela, conseguiu seduzi-la, levando-a para a villa Palazzi, pouco distante de Montepulciano.

O casamento não se deu, mas a infeliz consentiu em permanecer na casa do seu sedutor e tiveram um filho. Guilherme tratava-a bem com carinho e admiração, chegando até a formar uma espécie de pequena corte de amigos, na qual ela era uma rainha muito querida.

No meio desta alegria humana, eis que Margarida ouviu a voz da sua consciência falar mais alto: “Em Montepulciano, perdi tudo, afirmou mais tarde: honra, dignidade, paz, tudo, menos a Fé”. Foi a sua Fé, sempre viva, que lhe levou a pensar em certa ocasião em que se encontrava sozinha: “Como estaria bem aqui! Como seria bom se eu rezasse e fizesse penitência!”

Apesar destes problemas de consciência, do seu secreto desgosto e dos apelos da graça, Margarida continuou no seu pecado. Para a fazer sair, era preciso um raio estrondoso. E Deus, que queria muito esta alma, enviou-lhe.

Como acontecia com certa regularidade, Guilherme decidiu fazer uma curta viagem.

Passados dois dias, Margarida viu aproximar-se dela o cão que acompanhava sempre o senhor de Valiano. O animal puxou-lhe a saia e começou a ladrar de maneira estranha. Inquieta, seguiu-o. O animal levou-a à floresta de Patrignano, perto de um carvalho. Ali, sob um amontoado de folhas, a jovem descobre o cadáver, já em estado de decomposição, do seu sedutor. Assaltantes o tinham cravado de golpes de espada, roubado e escondido o corpo sob a folhagem. Diante deste cenário, toda a sua fé voltou a iluminar o seu coração e a sua cabeça. As suas lágrimas correram em abundância.

Voltou apressadamente para a cidade e tomou uma rápida e decisiva resolução: abandonaria as suas ricas vestes, voltaria a colocar a sua roupa de camponesa e, com o seu filho nos braços, dirigiu-se a Laviano, em direção à casa paterna.

Apesar de dezanove anos se terem passado, o rancor da madrasta mantinha-se intacto, a ponto de exigir de Tancredo que não abrisse a porta à filha. De cabeça baixa, Margarida afastou-se sem palavras e, no jardim, chorou de vergonha.

Eis que uma tentação lhe veio ao espírito:

-- “Já que foste rejeitada pelo teu próprio pai, porque tentar uma vida que não te trará senão dores? Jovem, bela, conhecida pelos teus charmes, graça e encanto, não demorarias em encontrar um protetor que te pudesse dar dinheiro, como forma de pagamento pela tua desonra”.

Neste assalto do demónio, a graça manifestou-se de maneira ainda mais forte. Convencida de que, com a ajuda de Deus, poderia viver, decidiu: “Prefiro mendigar meu pão, a retornar à minha vida passada. Se meu pai da terra me rejeita, meu Pai do Céu me acolherá!”. Levantou-se e ouviu uma voz interior que lhe disse: “Vai até Cortona e procura pelos Frades Menores!”

Rapidamente, apesar dos dezanove quilómetros que era preciso percorrer a pé, tomou a estrada montanhosa de Cortona.

Enquanto Margarida, carregando o seu filho nos braços, subia as ruas escarpadas da cidade, duas nobres senhoras, Marinaria e Raneria Moscori, ficaram tocadas com as lágrimas e o ar de perdida da pobre infeliz. Aproximaram-se, interrogaram-na, deram-se conta do que se estava a passar e, associando-se à obra divina, não apenas guiaram Margarida até ao convento dos Frades Menores, como impuseram como condição que passasse a morar na casa delas. Sem dúvida, foram as irmãs Moscori que escolheram o Padre Bevegnati para se ocupar da sua alma. Ele confessou, dirigiu espiritualmente, assistiu-a na morte e, finalmente foi o primeiro a contar a sua conversão e a história da sua vida santa.

Sob a sua forte e misericordiosa direção, Margarida fez enormes progressos. Se o Frade Menor, no começo, pensou dever exaltar a sua penitente à humildade, contrição, ao sofrimento, apercebeu-se rapidamente que deveria suspender o seu apetite de reparação. O verdadeiro mestre da sua alma, comentava o sacerdote, foi seu Deus Crucificado. A Cruz foi desde o começo onde mais aprendia. A pobre senhora que só O queria entregar-se inteiramente ao abandono absoluto e só tinha um desejo: chorar as suas faltas e repará-las, perdendo-se na humilhação e na dor.

Margarida cortou o seu cabelo e, se a obediência não a tivesse impedido, teria desfigurado a sua face com uma navalha. Passou a vestir-se como uma mendiga e na casa de Marinaria Moscari onde viveu, só comia pão, legumes e bebia água, infligindo-se múltiplas práticas de penitência corporal. Mais ainda, preferia que lhe chamassem de “grande ou pobre pecadora”, mantendo os seus olhos sempre baixos.

De tal maneira queria reparar os seus pecados que pediu ao Padre Bevegnati a autorização para ser conduzida pelas ruas de Montepulciano, que a tinham visto elegantemente vestida e triunfante, com a cabeça raspada, vestida com trapos e corda ao pescoço, enquanto uma mulher, que a acompanhasse, gritasse: “Eis aqui a infame pecadora que pelo seu orgulho e os seus escândalos perdeu tantas almas nesta cidade!”.

O sacerdote não permitiu, mas aceitou que fizesse as pazes com as pessoas da sua cidade natal. Um domingo, na igreja de Laviano, em pranto, confessou publicamente os seus pecados, pedindo perdão pelas suas loucas vaidades. A assembleia emocionou-se e prometeu não recordar o seu passado, mas de guardar a memória de um impressionante arrependimento.

Enquanto se penitenciava, Margarida assistiu os doentes e os pobres. Ela mesma pedia esmola na rua para aliviar as suas dores e conseguiu criar um Hospital da Misericórdia e abrir uma casa de acolhimento aos peregrinos, que abundavam naquela época. Com a ajuda dos Frades Menores, conseguiu fundar até uma congregação de mulheres que assistiam as necessidades dos hospitalizados.

Mesmo nos dias de grande atividade caritativa, permanecia longas horas em oração, prosternada na igreja dos Frades Menores, diante de um Crucifixo que lhe falhou milagrosamente. Os seus êxtases multiplicaram-se: Deus revelou-lhe que os seus pecados tinham sido perdoados e dizia-lhe que a destinava a ser “uma prova de que estava sempre pronto para abrir os braços da sua misericórdia para o filho pródigo que regressava à casa com a sinceridade do seu coração”.

Finalmente, Deus manifestou-lhe a sua vontade de vê-la numa solidão mais profunda, designando-lhe um lugar: uma cabana contruída numa das inclinações que permitem o escoamento das águas da cidade de Cortona, contigua a um santuário beneditino, dedicado a São Basílio, o Grande. Foi para ali, seguindo as ordens de Deus, que no ano de 1288, rompendo todas as relações que tinha com o mundo, instalou-se. Desde então, viveu na contemplação, passando por várias provas, que Deus nunca deixa de enviar às almas chamadas a uma elevada santidade, como também por muitas consolações.

Ela ouviu, certo dia, o Divino Mestre perguntar-lhe, como a Pedro:

-- Margarida, amas-me?

-- Ah! Senhor, respondeu-lhe, não somente amo-Vos, como gostaria de habitar no Vosso Coração.

-- Penetrai nele, então, respondeu-lhe Jesus, e que Ele seja o teu refúgio!

Numa outra ocasião, ordenou-lhe, como ao Apóstolo São Tomé, de colocar o seu dedo nas chagas das suas Divinas Mãos e, de repente, brilhantes e resplandecentes de luz, viu as chagas do Costado e o seu Coração, ferido de amor por ela.

Margarida viveu no recolhimento e isolamento durante oito anos inteiros, até que no dia 3 de janeiro de 1297, um Anjo anunciou-lhe que no dia 22 de fevereiro, depois do inverno, começaria para ela a primavera eterna do Paraíso. A doença tomou conta do seu corpo, tão mortificado. Desde o dia 5 de fevereiro, já não conseguiu tomar outro alimento que a Sagrada Eucaristia. E no dia 22, pela manhã, tendo recebido os sacramentos, rendeu o último suspiro, enquanto um Santo contemplativo de Città del Castello, viu-a elevar-se ao Céu, sob a forma de um globo de fogo, acompanhada por uma escolta de almas saídas do Purgatório, por causa das suas penitências e os seus méritos.


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Hoje comemoramos São Pedro Damião, o Santo que lutou contra o homossexualismo na Igreja

 


Qual é a história de São Pedro Damião, cuja festa é celebrada no dia 21 de fevereiro?

Nascido em Ravenna, último filho de uma família pobre, muitas vezes maltratado e tendo passado fome na sua infância, Pedro ficou órfão muito cedo. 

Enquanto cuidava dos porcos, ajudado pelo seu irmão Damião, este escritor e orador nato teve a oportunidade de prosseguir os estudos de maneira brilhante. Por esta, razão adicionou o nome do irmão ao seu.

O encontro com dois eremitas levaram-no a uma comunidade que seguia a Regra de São Romualdo. Ali, em Fonte-Avellana, na atual região italiana de Pesaro Urbino, vivia-se numa grande austeridade. O jejum era quase quotidiano, sendo servida apenas uma refeição com legumes. Os religiosos não usavam calçados durante todo o ano; rezavam com os braços em Cruz; utilizavam cilícios e permaneciam em vigília de orações durante longas horas.

Mosteiro de Fonte Avellana - Italia

São Pedro Damião ao ser nomeado superior, exigiu a pobreza, mortificações e induzia a todos à prática da perfeição. A sua bondade e o bem que exercia sobre os outros era tal, que foi obrigado a fundar seis mosteiros, nas cercanias de Ravenna.

Apesar de tudo, dedicou-se à oração, à ascese, ao estudo das Sagradas Escrituras, à contemplação e também à pregação. 

Passados dez anos de vida interior, contemplativa e monástica, passou a tomar parte nas lutas dolorosas da Igreja, fixando a sua atenção nos males horrorosos do seu tempo que atingiam o clero: a imoralidade, a simonia e o desdém para com as leis eclesiásticas.

Querendo ajudar os sacerdotes que se desviaram da lei de Deus e da Igreja, escreveu um livro, intitulado “O livro de Gomorra”, onde vocifera contra o pecado das relações homossexuais.

A obra explica os diferentes pecados de sodomia e a sua maldade intrínseca, fala da necessidade de rigorosa punição e penitência para os clérigos que a praticam, de como a excessiva brandura da autoridade eclesiástica é prejudicial à Igreja, e faz grande apelo à conversão dos pecadores.

A gravidade da prática homossexual

A ato sexual homossexual, escreve São Pedro Damião, “remove o fundamento da Fé, tira a força da Esperança, quebra o laço da Caridade, destrói a Justiça, mina a Fortaleza, expulsa a Temperança, e embota a nitidez da Prudência. E o que mais direi? Uma vez que, de facto, expele cada pedra angular das virtudes do tribunal do coração humano, como se removessem as dobradiças das suas portas, introduzindo toda barbárie dos vícios nos corações”.

“Este vício, ultrapassa a selvageria de todos os outros vícios, não se compara a nenhum outro. Ele é a morte não só dos corpos, como a destruição das almas. Polui a carne, extingue a luz do intelecto, expulsa o Espírito Santo do templo do coração humano, introduz o diabólico incitador da luxúria, lança confusão, e elimina completamente a verdade da mente equivocada”.

“Uma vez que esta serpente venenosa cravou os seus dentes no coração de um infeliz, o bom senso imediatamente é turvado, a memória é eliminada, a clareza da mente é obscurecida; torna-se esquecido de Deus e olvida-se até de si mesmo”.

“A fim de semear guerras impiedosas contra Deus, a sodomia separa a infeliz alma da comunhão dos Anjos, remove-a da sua nobreza para a colocar sob o jugo da sua própria dominação. Despoja os seus soldados dos armamentos das virtudes, atacando-os, expondo-os aos dardos de todos os vícios. Atormenta a consciência, queima a carne como um fogo, e incita-a com o desejo de prazer. Mas, por outro lado, ela teme ser exposta, sair em público, ser conhecida pelos outros”.

Diante deste pecado, S. Pedro Damião escreve que devemos evitar a “misericórdia cruel” de ficarmos calados diante do mal, e até mesmo adverte que nos tornamos “assassinos da alma dos outros” se nos calamos contra a imoralidade do seu comportamento.

“Quem sou eu para assistir um crime tão nocivo, e que se está espalhando até nos que receberam as ordens sagradas, e ficar calado, ousando aguardar a punição divina, tornando-me um assassino da alma do próximo? Não me tornaria também um devedor de uma culpa da qual, de nenhuma maneira, teria sido eu o autor? Como poderei, amando o meu próximo como a mim mesmo, negligentemente permitir que a ferida, que lhe dará uma morte cruel, infete a sua alma? Vendo, pois as feridas espirituais, deveria eu negar-me a curá-las pela cirurgia das palavras?”

Passados mais de mil anos da sua publicação, o livro é atualíssimo! Hoje a situação do clero não está muito diferente da época de São Pedro Damião, pois em muitas dioceses do mundo ainda reinam a imoralidade, as más doutrinas e a morte espiritual nas fileiras dos eclesiásticos.

São Pedro Damião nunca deixou de denunciar a vida depravada e relaxada dos clérigos, padres e monges, advertindo os grandes mosteiros do seu tempo, como Cluny e Monte Cassino, a que erradicassem os desvios e escândalos, vividos na flagrante impunidade. Em 1057, foi nomeado Cardeal-Bispo de Ostia e encarregado de missões em Milão, Frankfurt, e várias outras cidades. 

Apoiou os Papas na sua ação reformadora, mas Leão IX foi obrigado a mantê-lo à parte, pela oposição de vários bispos. 

Mais tarde, os Papas subsequentes deram-lhe importantes missões oficiais de conciliação e de reforma. Os seus escritos espirituais, obras, cartas e sermões fizeram dele um doutor da Igreja.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

O que está a acontecer na Basílica de São Pedro?

 


Segundo informa o site “Sillere non possum”, nos últimos dias, alguns funcionários que trabalham na Basílica de São Pedro escreveram uma carta dirigida ao Cardeal Fernando Vérgez Alzaga, L.C., Presidente do Governo do Estado da Cidade do Vaticano desde 2021. Queixam-se da falta de proteção e segurança no local de trabalho, da gestão e transparência.

Nas últimas horas, estão a circular nas redes sociais gravações áudio e vídeo da intervenção da Gendarmaria Vaticano nos escritórios da Fábrica de São Pedro, que apreendeu algum material.

O que devemos esperar desta ação? Numa entrevista para a Associated Press, o Papa afirmou que as críticas podem ser tão irritantes quanto precipitadas, mas existe liberdade de expressão, as críticas são um direito humano e as contestações, no entanto devem ser feitas na sua cara, para ajudar a crescer.

Será que as críticas feitas contra a administração do Cardeal Mauro Gambetti, O.F.M.Conv., Vigário-Geral de Sua Santidade para a Cidade do Vaticano e Presidente da Fábrica de São Pedro, serão tratadas como uma ajuda a crescer ou os que apresentaram uma opinião contrária serão perseguidos?

O regresso dos uniformes nos colégios franceses?

 




Desde a Revolução anárquica, cultural, maoista, trotskista e marxista de Maio de 1968, que pretendeu liberalizar os alunos da submissão a qualquer ordem pré-estabelecida, o uso da bata ou do uniforme, deixou de ser obrigatório nas escolas francesa. Naquela ocasião, os professores e alunos pediram a independência e a liberdade na maneira de se vestir.


Meio século depois, segundo Nicole Belloubet, a Ministra da Educação Francesa, informa que 87 escolas francesas aceitaram experimentar o uso dos uniformes nos estabelecimentos de ensino. «A ideia não é de abolir, mas de criar unidade, de criar um sentimento de pertencimento, de tentar trabalhar sobre esta noção de igualdade», afirmou a ministra.

Os principais benefícios dos uniformes são:

1) Os alunos têm a impressão de pertencer a um grupo unido e de fazer parte de uma dinâmica forte, podendo incentivá-los a se superarem e a estudarem com a impressão de que os seus esforços serão verdadeiramente valorizados.

2) Evitar a discriminação e o bullying. As crianças que não usam roupas da moda ou que não optam por determinada marcas são muitas vezes ridicularizadas pelos seus colegas.

3) O uniforme dá uma ideia de disciplina, de uma regra e, por isso, as crianças tendem a comportar-se melhor.

4) Finalmente, evita problemas aos pais na hora de comprarem roupas aos filhos em cada início de ano letivo.

Quem manda verdadeiramente no mundo?



Atualmente, em escala global, tem-se a impressão de existir um grupo seleto de pessoas que indica o caminho que a população mundial deve tomar, quais são as ideologias que podemos e devemos aceitar e as que devem ser rejeitadas, como nos devemos vestir, que opiniões e pontos de vista podem ser defensáveis e os que devem ser ridicularizados e postos de lado, mesmo que para isto se recorra a artimanhas e calúnias posteriormente comprovadas.

A este fenómeno radical que “manda” no mundo, muitos chamam de “Revolução”. Ele é tratado como se tivesse uma verdadeira personalidade, dotado de um pensamento e de ação própria, encarregado de cumprir uma missão soberana, de ser o único a poder indicar o caminho correto que deve seguir a humanidade.

O curioso é que este “ser” misterioso tem os seus devotos e fiéis seguidores. Às vezes, apresenta-se como um especialista numa matéria mais ou menos desconhecida do público, de um chefe ou político carismático. E a opinião pública mundial, mesmo que no começo não esteja de acordo, vai aos poucos executando as suas ordens, sacrificando as suas convicções e até interesses próprios, com o ardor de um prosélito ou com a submissão de um escravo. É preciso dizer que a Revolução exerce um certo fascínio sobre toda a humanidade, pois ela é cosmopolita. O cidadão do Oriente ou do Ocidente sente-se atraído por uma nova norma ou “moda”, aparecida ou imposta em qualquer lugar do mundo. E as suas pretensões de doutor, de chefe e de mestre supremo não tem limite, ambiciona uniformizar a humanidade inteira. Ela, em primeiro lugar, adota como suas, algumas individualidades eminentes, doutrinas e sistemas que apareceram em épocas anteriores, como o iluminismo, a Revolução Francesa, a revolução comunista, etc.

O escritor e político francês, Alexis de Tocqueville no seu livro « L’Ancien Regime et la Révolution », ao analisar a Revolução Francesa, dá pistas para compreender o caminho que o mundo está a empreender : “Como a Revolução parecia tender ainda mais para a regeneração da raça humana do que para a reforma da França, ela acendeu uma paixão, inspirou o proselitismo e deu origem à propaganda. Tornou-se uma nova religião, uma religião imperfeita, sem Deus, sem culto e sem altares, mas que, no entanto, inundou toda a terra com os seus soldados, os seus apóstolos e os seus mártires”.

Ao analisarmos esta doutrina nova, que aspira a regenerar o género humano, não sabemos onde ela nos conduzirá. Damo-nos conta de que tem como ponto de partida ideias absolutamente contrárias aos princípios cristãos, que vão do racionalismo ao ateísmo, da liberdade de pensamento à negação do pensamento, da soberania do povo ao direito da permanente insurreição, do socialismo ao anarquismo, do sensualismo ao tribalismo, do culto ao progresso científico ao ecologismo radical do “bom selvagem” de Rousseau. Do ponto de vista religioso, ela persegue os que pretendem viver santamente e segundo o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo; sabe ser alternadamente, tudo de uma vez, progressista e capaz de negar a existência de Deus. Mas o seu principal sucesso nos nossos dias é a promessa de reformas e de liberdade. Desta forma, lisonjeia as mais nobres paixões do ser humano, enquanto, por outro lado, favorece os seus maus instintos, criando “ativistas”, admiradores e asseclas entre aqueles que ela quer escravizar e destruir, enquanto eleva pessoas desordeiras, como se fossem verdadeiros heróis.

Na ordem política foi, dependendo das circunstâncias, liberal ou convencional, parlamentar ou absolutista, burguesa ou proletária, política ou social, conservadora ou anarquista.  Às vezes exalta o povo, às vezes pisa-o, mima os déspotas ou derruba-os, lisonjeia a inteligência humana ou escraviza-a.  Preparar a humanidade para uma nova vida”, tal é o objetivo que ela estabelece para si mesma. Através dela, os homens devem ser independentes de qualquer autoridade, natural ou espiritual; os povos livres de todos os líderes; as inteligências desapegadas de qualquer regra; os corpos desprendidos de qualquer privação para poderem ter todos os tipos de prazer e, finalmente, o ser humano emancipar-se de todos os deveres.

Todas as paixões desordenadas e malignas encontram nela uma legitimação e um apoio: não há crime que não possa ser glorificado; não há malfeitor que não possa ser exaltado; e não é difícil provar, olhando ao nosso redor, que todo o homem que se desvia dar regras estabelecidas pelas nossas sociedades e que se degrada, torna-se inevitavelmente um revolucionário, e que, em troca da sua fé, a Revolução autoriza e recompensa as mais hediondas explosões dos seus vícios.

Embora a “Revolução” atue de modo a mostrar que favorece o mal e não o bem, o seu espírito domina de tal forma os homens dos nossos dias que um grande número deles lhe atribui todos os benefícios da sociedade em que vivem.

Que poder é este, cujo império se tornou indiscutível no século XXI? Por que série de circunstâncias os cristãos passaram a aceitar como facto consumado, necessário e respeitável, um movimento que ataca o cristianismo de todas as formas e em toda a parte com o ódio de um inimigo implacável e pretende até ir modificando aos poucos o Evangelho de Cristo?

Em futuros artigos, procuraremos analisar as origens da “Revolução”, os seus ídolos, o seu método, os exemplos históricos e o seu processo, nos caminhos que traça para a humanidade.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Maria Santíssima ajuda Santo António Maria Claret a vencer a tentação contra a castidade

 

Nosso Senhor Jesus Cristo e todos os Santos foram tentados e venceram a tentação.

A tentação é uma prova, um teste para nós. Como Nosso Senhor, o próprio Filho de Deus, foi tentado, nós também seremos tentados, como Ele mesmo afirma: “O discípulo não é superior ao mestre, nem o servo é superior ao seu Senhor” (Mt10, 24). Se existe uma tentação, existe um tentador, que é o demónio, o espírito maligno. O seu propósito é afastar a humanidade de Deus ou do caminho da obediência aos seus mandamentos. Deus permite a tentação porque constitui uma prova de fé destinada a fortalecer os fiéis (cf. 1Pe1, 6-7).

Na vida de Santo António Maria Claret encontramos dois bonitos factos sobre como ultrapassou tentações contra a castidade, invocando Maria Santíssima que, posteriormente, Lhe apareceu e pôs sobre a sua cabeça uma coroa de rosas.

Assim, narra o santo:

“Quando cursava o segundo ano de filosofia em Vic, na Espanha, aconteceu-me o seguinte: No inverno tive um resfriado ou constipação. Mandaram-me ficar de repouso. Obedeci. Num daqueles dias em que estava acamado, às dez e meia da manhã, sofri uma tentação terrível. Recorria a Maria santíssima. Invocava o Anjo da Guarda. Rogava aos Santos do meu nome e da minha especial devoção. Esforçava-me por fixar a atenção em objetos diferentes, distrair-me e assim afastar e esquecer a tentação. Persignava-me na fronte, a fim de que o Senhor me livrasse dos maus pensamentos. Porém, foi tudo em vão.

“Finalmente, virei-me para o outro lado da cama para ver se assim afastaria a tentação. Eis que se apresenta Maria Santíssima, formosa e graciosíssima. Seu vestido era carmesim; o manto azul e, entre seus braços, vi uma enorme grinalda de belíssimas rosas. Em Barcelona, tinha visto rosas naturais e artificiais muito bonitas, mas não eram como estas. Oh! Como tudo aquilo era belo! Ao mesmo tempo em que estava na cama, como que pasmado, via a mim mesmo como um menino formosíssimo, ajoelhado e com as mãos postas. Eu não perdia de vista a Virgem Santíssima, em Quem tinha fixos os meus olhos.

“Recordo-me muito bem de que tive este pensamento: ‘É mulher e não provoca nenhum mau pensamento; pelo contrário, afastou de mim todos os outros’. E a Santíssima Virgem dirigiu-me a palavra, dizendo: ‘António, se venceres, esta coroa será tua’. Estava tão preocupado que não conseguia dizer-lhe uma palavra sequer. E vi que a Santíssima Virgem punha na minha cabeça a coroa de rosas que tinha na sua mão direita (além da grinalda, também de rosas, entre os seus braços e no lado direito). Naquela criança, via-me coroado de rosas. Nem depois disto, disse palavra alguma.

Vi também um grupo de Santos que estavam à sua direita, em atitude de oração. Não os conheci. Só um me pareceu ser Santo Estêvão. Acreditei então, e ainda agora convenço-me disso, que aqueles Santos eram os meus protetores, que rogavam e intercediam por mim para que eu não caísse em tentação. Depois, à minha esquerda, vi uma multidão de demónios, que se puseram enfileirados, como soldados em retirada após ter travado uma batalha, e eu dizia a mim mesmo: ‘Que multidão e como são temíveis! Diante de tudo isto, estava como que surpreendido, nem sabia mais o que me estava a acontecer. E logo que tudo passou, fiquei livre da tentação e com tamanha alegria, que não sabia o que se passara comigo.

Tenho certeza de que não estava a dormir, nem estava em estado febril, nem outra coisa que me pudesse causar uma ilusão semelhante. Isto fez-me acreditar que foi uma visão real e uma especial graça de Maria Santíssima, pois a partir daquele momento fiquei livre da tentação e, por muitos anos, estive livre de qualquer tentação contra a castidade e, se depois tive alguma, foi tão insignificante que nem merece o nome de tentação. Glória a Maria! Vitória de Maria!”.

Noutra ocasião, Maria santíssima livrou-o de outro perigo.

“Encontrando-me em Barcelona, ia alguma vez visitar um conterrâneo. Não falava com ninguém da casa a não ser com ele. Ao chegar, dirigia-me ao seu quarto e conversava unicamente com ele. Porém, viam-me sempre entrar e sair. Eu era então jovenzinho e gostava de vestir, não digo com luxo, mas sim com bastante elegância, talvez demasiada. Será que Deus me pedirá conta disso no dia do Juízo?

“Um dia, fui à mesma casa e perguntei pelo amigo. A dona da casa, que era uma senhora jovem, disse-me que o esperasse, pois estava para chegar. Esperei um pouco e logo percebi a paixão daquela senhora, que se manifestou com palavras e ações. Eu, depois de invocar Maria santíssima, e lutando com todas as minhas forças, escapei dos seus braços, saí a correr da casa sem nunca mais voltar e sem dizer a ninguém o que tinha ocorrido, a fim de não prejudicar a sua honra.

“Deus dava-me todos esses golpes para me despertar e livrar-me de todos os perigos do mundo”.

Estes exemplos de Santo António Maria Claret devem ajudar-nos a acreditar que superar as tentações é possível! Mas o que devemos fazer?

Em primeiro lugar, ter uma vida de oração (Mc14, 38; Lc 22, 34), viver na presença de Deus, para resistir às armadilhas do demónio. Quanto mais tempo passamos com uma pessoa, mais nos parecemos com ela. Quanto mais tempo vivemos com Jesus e para Jesus mais facilmente nos pareceremos com Ele e venceremos as tentações.

É importante, também, afastar-se de tudo o que alimente ou desperte a tentação. A epístola de São Tiago encoraja-nos, igualmente, a confessar os nossos pecados uns aos outros. Encontrar pessoas santas e sábias que nos aconselhem e nos ajudem a vencer a tentação, ou quando caímos nos ajudem a levantar, é muito importante. Finalmente, não desanimar nunca e lutar sempre para expulsar o mal de nós!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Não me calarei! Oração abrasada de Santo António Maria Claret

 

Diante da maldade do mundo, da aparente extinção da Fé e da expansão das heresias na Europa dos anos 1840, Santo António Maria Claret, ainda noviço, em Roma, compôs uma oração para pedir o fim das heresias; outra para não se calar e pedir forças para denunciar os erros da sua época; e uma jaculatória para pedir longa vida, para ganhar mais almas para o céu.

Primeira súplica: Pelo fim das heresias

Ó Maria santíssima, concebida sem pecado original, Virgem e Mãe do Filho de Deus vivo, Rainha e Imperatriz dos Céus e da Terra! Já que sois Mãe de Piedade e de Misericórdia, dignai-Vos voltar os vossos ternos e compassivos olhos para este infeliz desterrado neste vale de lágrimas, angústias e misérias que, embora infeliz, tem a ditosa sorte de ser vosso filho. Ó minha Mãe, quanto Vos amo! Quanto Vos aprecio! Confio plenamente que me concedereis a perseverança no Vosso santo serviço e a graça final!

Em tempo oportuno, Minha Mãe, eu Vos suplico e Vos peço pelo fim de todas as heresias que devoram o rebanho do vosso Filho.  Lembrai-vos, piedosíssima virgem, de que tendes poder de acabar com todas elas. Fazei isso por caridade, pelo grande amor que professais a Jesus Cristo, vosso Filho. Olhai para as almas redimidas com o preço infinito do Sangue de Jesus, impedi que voltem de novo ao poder do demónio, desprezando o vosso Filho e Vós mesma.

Eia, pois, Minha Mãe, o que falta? Desejais, por acaso, um instrumento para remediar tão grande mal? Aqui tendes um; ao mesmo tempo em que se reconhece o mais vil e desprezível, considera-se o mais útil para esse fim; para que resplandeça mais o Vosso poder e se veja mais visivelmente que sois Vós quem operais e não eu. Eia, Mãe amorosa, não percamos tempo: aqui me tendes, fazei de mim o que quiserdes, bem sabeis que sou todo vosso. Sei que assim o fareis, por vossa grande bondade, piedade e misericórdia. Rogo-vos pelo amor que tendes ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Amém.

 Segunda oração abrasada: Minha Mãe, não me calarei

Ó Imaculada Virgem e Mãe de Deus, Rainha e Senhora da Graça!

Dignai-Vos, por caridade, lançar um olhar compassivo para este mundo perdido. Reparai como todos abandonaram o caminho ensinado pelo Vosso Santíssimo Filho; esqueceram-se das suas santas leis e perverteram-se tanto, que se pode dizer: “Non est qui faciat bonum, non est usque ad unum” (Não há mais ninguém que faça o bem, nem um, nem mesmo um só).

Extinguiu-se neles a santa virtude da Fé, de modo que apenas vegetam. Ah! Extinguiu-se a Divina Luz, tudo é escuridão e trevas e não sabem por onde andam, e desorientados, andam apressadamente pelo largo caminho que conduz à eterna perdição.

E quereis, minha mãe, que eu, sendo um destes infelizes, olhe com indiferença a sua fatal ruína? Ah, não! Nem o amor que tenho a Deus nem o amor ao próximo podem tolerar semelhante coisa. Que caridade seria a minha se vendo os meus irmãos em tantas dificuldades, não os socorresse? Que caridade seria a minha se sabendo que num caminho há ladrões e assassinos que roubam e matam, e não avisasse os que para lá se dirigissem? Que caridade seria a minha, sabendo que o lobo devora as ovelhas do meu Senhor, eu me calasse? Que caridade seria a minha se ficasse calado ao ver como roubam as joias da casa de meu Pai, joias tão preciosas que custaram o Sangue e a Vida de um Deus, e ao ver que atearam fogo à Casa e à Herança de meu Amantíssimo Pai?

Ah! Não é possível ficar calado, minha mãe, em tais ocasiões; não, não me calarei, embora saiba que me farão em pedaços. Não quero ficar calado. Clamarei, gritarei, darei ordens aos céus e à terra, afim de se remediar tão grande mal. Não me calarei! E, se de tanto gritar, se enrouquecer ou emudecer a minha voz, levantarei as mãos ao Céu, arrancarei os cabelos, e os golpes no chão com os pés suprirão a falta de palavras.

Por isso, minha Mãe, começo desde agora a falar e a gritar. Acudo a Vós, sim, a Vós, que sois Mãe de Misericórdia, dignai-Vos prestar socorro a tão grande necessidade. Não digais que não podeis, porque sei que, na ordem da Graça, sois Omnipotente. Dignai-Vos, conceder a todos a graça da conversão, eu Vos suplico, porque, sem ela, nada faríamos e, então, enviai-me e vereis como se converterão. Sei que concedereis essa graça a todos os que a pedirem verdadeiramente; porém, se não a pedem, é porque não sabem da sua necessidade e, tão fatal é o seu estado, que não conhecem o que lhes convém, o que me move ainda mais à compaixão.

Portanto, eu, como primeiro e principal pecador, peço-Vos por todos os demais, oferecendo-me como instrumento da sua conversão. Ainda que esteja destituído de qualidades para semelhante missão, não importa, “mitte me”: (enviai-me), assim melhor se notará que, “gratia Dei sum id quod sum” (Pela graça de Deus, sou o que sou). Talvez medireis que eles, como enfermos inconscientes, não queiram escutar quem os quer curar, antes me desprezarão e me perseguirão de morte, não importa, “mitte me”, porque, “cupio esse anathema pro fratribus méis” (Envia-me, porque desejo ser anátema por amor dos meus irmãos). Ou ainda direis que não poderei sofrer tantas intempéries como o frio, calor, chuvas, nudez, fome, sede, etc., etc. Não há dúvida de que por mim mesmo nada posso suportar, porém confio em Vós e digo: “Omnia possum in ea quae me confortat” (Tudo posso nAquela que me conforta).

Ó Maria, minha Mãe e minha Esperança, consolo da minha alma e objeto do meu amor! Lembrai-Vos das muitas graças que Vos tenho pedido, e todas mas concedestes. Justamente agora verei esgotado esse manancial perene? Não. Não se ouviu nem se ouvirá jamais que nenhum devoto vosso tenha sido rejeitado por Vós. Vede, senhora, tudo que peço dirige-se à maior glória de Deus e Vossa, e para o bem das pessoas, por isso espero alcançar e alcançarei, e para que o concedais ainda mais rápido, não alegarei méritos meus, porque não tenho senão deméritos; direi, sim, como a Filha que sois do Eterno Pai, Mãe do Filho e Esposa do Espírito Santo, é muito bom que zeleis pela honra da Santíssima Trindade, da qual é viva imagem a alma do homem e, além disso, essa mesma imagem é banhada com o Sangue do Deus humanado.

Se Jesus e Vós tendes feito tanto pela minha alma, agora a abandonareis? É verdade que é merecedora desse abandono. Porém, por caridade Vos suplico, não a abandoneis. Peço-Vos, pelo que há de mais santo e sagrado no Céu e na terra, peço-Vos por Aquele mesmo que eu, ainda que indigno, hospedo todos os dias na minha casa, falo-Lhe como amigo, mando e me obedece, descendo do Céu à minha voz. Este é o mesmo Deus que Vos preservou da culpa original, que Se encarnou nas Vossas Entranhas, que Vos encheu de glória no Céu e Vos fez Advogada dos pecadores; e este, não obstante ser Deus, me ouve, me obedece cada dia.

Ouvi-me, pois, ao menos esta vez e dignai-Vos conceder-me a graça que Vos peço. Tenho certeza de que o fareis, porque sois minha Mãe, meu Alívio, meu Consolo, minha Fortaleza e meu tudo depois de Jesus. Viva Jesus, viva Maria. Amém!

Jaculatória para ganhar almas para o Céu

Ó Jesus e Maria! O amor que Vos tenho faz-me desejar a morte para poder estar unido a Vós no Céu; porém, tão grande é o amor, que me faz pedir longa vida, para ganhar almas para o céu!

Maria è il cuore della Chiesa


«Maria è tutta carità. Dove c’è Maria lì c’è la carità. Maria, dunque, è il cuore della Chiesa. Per questo germogliano da essa tutte le opere di carità. È risaputo che il cuore ha due movimenti che i medici chiamano sistole e diastole. Col primo, il cuore si stringe ed assorbe il sangue; col secondo si dilata e lo versa nelle arterie. Così anche Maria esercita continuamente questi due movimenti: assorbe la grazia del suo amato Figlio e la riversa sui peccatori».

Sant'Antonio Maria Claret