Nosso Senhor Jesus Cristo e todos os Santos foram tentados e venceram a tentação.
A tentação é uma prova, um teste para nós. Como Nosso Senhor, o próprio Filho de Deus, foi tentado, nós também seremos tentados, como Ele mesmo afirma: “O discípulo não é superior ao mestre, nem o servo é superior ao seu Senhor” (Mt10, 24). Se existe uma tentação, existe um tentador, que é o demónio, o espírito maligno. O seu propósito é afastar a humanidade de Deus ou do caminho da obediência aos seus mandamentos. Deus permite a tentação porque constitui uma prova de fé destinada a fortalecer os fiéis (cf. 1Pe1, 6-7).
Na vida de Santo António Maria Claret encontramos dois bonitos factos sobre como ultrapassou tentações contra a castidade, invocando Maria Santíssima que, posteriormente, Lhe apareceu e pôs sobre a sua cabeça uma coroa de rosas.
Assim, narra o santo:
“Quando cursava o segundo ano de filosofia em Vic, na Espanha, aconteceu-me o seguinte: No inverno tive um resfriado ou constipação. Mandaram-me ficar de repouso. Obedeci. Num daqueles dias em que estava acamado, às dez e meia da manhã, sofri uma tentação terrível. Recorria a Maria santíssima. Invocava o Anjo da Guarda. Rogava aos Santos do meu nome e da minha especial devoção. Esforçava-me por fixar a atenção em objetos diferentes, distrair-me e assim afastar e esquecer a tentação. Persignava-me na fronte, a fim de que o Senhor me livrasse dos maus pensamentos. Porém, foi tudo em vão.
“Finalmente, virei-me para o outro lado da cama para ver se assim afastaria a tentação. Eis que se apresenta Maria Santíssima, formosa e graciosíssima. Seu vestido era carmesim; o manto azul e, entre seus braços, vi uma enorme grinalda de belíssimas rosas. Em Barcelona, tinha visto rosas naturais e artificiais muito bonitas, mas não eram como estas. Oh! Como tudo aquilo era belo! Ao mesmo tempo em que estava na cama, como que pasmado, via a mim mesmo como um menino formosíssimo, ajoelhado e com as mãos postas. Eu não perdia de vista a Virgem Santíssima, em Quem tinha fixos os meus olhos.
“Recordo-me muito bem de que tive este pensamento: ‘É mulher e não provoca nenhum mau pensamento; pelo contrário, afastou de mim todos os outros’. E a Santíssima Virgem dirigiu-me a palavra, dizendo: ‘António, se venceres, esta coroa será tua’. Estava tão preocupado que não conseguia dizer-lhe uma palavra sequer. E vi que a Santíssima Virgem punha na minha cabeça a coroa de rosas que tinha na sua mão direita (além da grinalda, também de rosas, entre os seus braços e no lado direito). Naquela criança, via-me coroado de rosas. Nem depois disto, disse palavra alguma.
Vi também um grupo de Santos que estavam à sua direita, em atitude de oração. Não os conheci. Só um me pareceu ser Santo Estêvão. Acreditei então, e ainda agora convenço-me disso, que aqueles Santos eram os meus protetores, que rogavam e intercediam por mim para que eu não caísse em tentação. Depois, à minha esquerda, vi uma multidão de demónios, que se puseram enfileirados, como soldados em retirada após ter travado uma batalha, e eu dizia a mim mesmo: ‘Que multidão e como são temíveis! Diante de tudo isto, estava como que surpreendido, nem sabia mais o que me estava a acontecer. E logo que tudo passou, fiquei livre da tentação e com tamanha alegria, que não sabia o que se passara comigo.
Tenho certeza de que não estava a dormir, nem estava em estado febril, nem outra coisa que me pudesse causar uma ilusão semelhante. Isto fez-me acreditar que foi uma visão real e uma especial graça de Maria Santíssima, pois a partir daquele momento fiquei livre da tentação e, por muitos anos, estive livre de qualquer tentação contra a castidade e, se depois tive alguma, foi tão insignificante que nem merece o nome de tentação. Glória a Maria! Vitória de Maria!”.
Noutra ocasião, Maria santíssima livrou-o de outro perigo.
“Encontrando-me em Barcelona, ia alguma vez visitar um conterrâneo. Não falava com ninguém da casa a não ser com ele. Ao chegar, dirigia-me ao seu quarto e conversava unicamente com ele. Porém, viam-me sempre entrar e sair. Eu era então jovenzinho e gostava de vestir, não digo com luxo, mas sim com bastante elegância, talvez demasiada. Será que Deus me pedirá conta disso no dia do Juízo?
“Um dia, fui à mesma casa e perguntei pelo amigo. A dona da casa, que era uma senhora jovem, disse-me que o esperasse, pois estava para chegar. Esperei um pouco e logo percebi a paixão daquela senhora, que se manifestou com palavras e ações. Eu, depois de invocar Maria santíssima, e lutando com todas as minhas forças, escapei dos seus braços, saí a correr da casa sem nunca mais voltar e sem dizer a ninguém o que tinha ocorrido, a fim de não prejudicar a sua honra.
“Deus dava-me todos esses golpes para me despertar e livrar-me de todos os perigos do mundo”.
Estes exemplos de Santo António Maria Claret devem ajudar-nos a acreditar que superar as tentações é possível! Mas o que devemos fazer?
Em primeiro lugar, ter uma vida de oração (Mc14, 38; Lc 22, 34), viver na presença de Deus, para resistir às armadilhas do demónio. Quanto mais tempo passamos com uma pessoa, mais nos parecemos com ela. Quanto mais tempo vivemos com Jesus e para Jesus mais facilmente nos pareceremos com Ele e venceremos as tentações.
É importante, também, afastar-se de tudo o que alimente ou desperte a tentação. A epístola de São Tiago encoraja-nos, igualmente, a confessar os nossos pecados uns aos outros. Encontrar pessoas santas e sábias que nos aconselhem e nos ajudem a vencer a tentação, ou quando caímos nos ajudem a levantar, é muito importante. Finalmente, não desanimar nunca e lutar sempre para expulsar o mal de nós!
Sem comentários:
Enviar um comentário