Hoje, 30 de novembro, celebramos a festa de Santo André, irmão de São Pedro, no começo, discípulo de São João Batista e depois de Nosso Senhor Jesus Cristo, de quem foi o primeiro discípulo.
Santo André quase não aparece no Evangelho. Pronuncia algumas palavras na cena da multiplicação dos pães. É ele que diz: “Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes, mas o que é isto para tanta gente?” (Jo 6,9). Em escritos apócrifos, aprendemos que, depois da dispersão dos Apóstolos, Santo André dirigiu-se ao país dos citas, povo iraniano de pastores nómades, que evangelizou, depois desceu à Grécia, onde, na Tessália, conheceu São Mateus. Finalmente teria ido ao Peloponeso e teria evangelizado a cidade de Patras. Aí converteu muitos pagãos, entre os quais se encontrava Maximila, esposa do procônsul Egeas. Este magistrado fez com que o apóstolo comparecesse perante o seu tribunal e, dizem os Actos apócrifos, Santo André falou-lhe da Paixão de Jesus Cristo, acrescentando que a cruz era um grande e formidável mistério. “A cruz”, respondeu Egeas, “não é um mistério, mas uma tortura. Farei com que também experimenteis este mistério”, e ordenou aos seus homens que prendessem André e o amarrassem à cruz pelas mãos e pelos pés, para que sofresse mais tempo. Quando André viu a cruz, em forma de X, cumprimentou-a de longe, dizendo: “Ó santa cruz, venho até Vós cheio de segurança e alegria para que que recebas o discípulo daquele que em Vós morreu. Ó venerável cruz, fazei com que volte para o meu mestre! “.
Um facto muito bonito é relatado sobre a proteção de Santo
André.
Um bispo que levava uma vida piedosa e tinha uma veneração
muito particular por Santo André, chegou ao ponto de ter o piedoso costume de
escrever no cabeçalho de todas as suas obras: “Em honra de Deus e de Santo
André.”
O demónio, que não suportava a virtude deste santo homem,
quis atacá-lo e assumiu a aparência de uma mulher de maravilhosa beleza. Ela
foi ao palácio episcopal e manifestou o desejo de se confessar. O bispo
consentiu e ela revelou-lhe ser filha de um grande rei e que tinha fugido da
casa paterna porque seu pai a queria casar com um jovem príncipe. “Dediquei-me
a Jesus Cristo”, disse-lhe ela, “e venho refugiar-me sob as suas asas, na
esperança de poder encontrar um refúgio tranquilo para poder levar uma vida
contemplativa”.
O bispo, admirado com tamanho fervor numa pessoa tão bonita
e com tanta firmeza e tanta eloquência, tranquilizou-a e convidou-a a partilhar
a sua refeição. Sentaram-se então à mesa e ela sentou-se à sua frente; os
outros convidados colocaram-se à sua direita e à sua esquerda, e o bispo tinha
os olhos fixos na senhora, não deixando de contemplar a sua beleza. Ao ao
sentir prazer nesta contemplação, o demónio, inimigo da raça humana,
infligiu-lhe uma grave ferida no coração.
De repente ouve-se um estranho a bater com força à porta e a
pedir, em voz alta, que se lhe deixassem entrar. O bispo perguntou à senhora se
concordava em receber aquele estranho. Ela respondeu: “Antes de o recebermos,
devemos fazer-lhe algumas perguntas um pouco difíceis. Propomos-lhe, pois, dois
enigmas que é inútil contar e que o estranho soube resolver perfeitamente. A
mulher disse então: “Façamos-lhe uma terceira pergunta, muito difícil,
pergunte-lhe qual é a distância entre a terra e o céu. O estranho respondeu ao
mensageiro incumbido de lhe fazer a pergunta: “Diga-lhe que responda ela mesma,
pois viajou pelo espaço que separa a terra do céu, quando foi lançada do céu
para o abismo”.
Quando o enviado relatou as palavras do estranho, a mulher
desapareceu subitamente e todos ficaram surpreendidos. O bispo quis conhecer o
estranho, mas este tinha desaparecido também e não foi encontrado.
Nessa mesma noite foi revelado ao bispo que este estranho
era Santo André que viera em socorro do seu devoto.
Nossa Senhora é seguríssimo refúgio e fidelíssimo auxílio de
todos os que estão em perigo. Não há mãe verdadeiramente católica que não sinta
receio pelo que possa suceder a seu filho. Ora, Maria Santíssima, a melhor de
todas as mães, quanta solicitude não terá para com os seus filhos que vivem
neste mundo, sujeitos a toda a sorte de riscos?
Plinio Corrêa de Oliveira