O prazer é como um tempero, é como um sal que dá à felicidade um certo sabor. São Tomás de Aquino diz que o homem, para existir, precisa ter algo, por menor que seja, que lhe dê algum prazer.
Se imaginássemos um homem que não tivesse nem um grão de
felicidade, esse homem desapareceria. E a Providência Divina, que é materna e
bondosa, permite duas coisas: Primeiro, que a grande maioria dos homens tenha
pelo menos uma parcela de felicidade, não uma felicidade inteira, que não
existe nesta vida; segundo, também faz com que aqueles a quem Ela mais ama
passem por períodos dos quais a felicidade desaparece completamente. São os
grandes períodos da vida de um homem. É quando se faz noite para ele e a
felicidade desaparece, inclusive a consolação sobrenatural. E ele entra no
túnel obscuro, plumbeamente pesado, de uma infelicidade grande.
Mas os males críticos, muito agudos, não duram. Ou conduzem
à morte ou passam logo. Assim também, é preciso ver essas partes trágicas da
existência como permitidas por uma disposição especial da Providência, em geral
com pouca duração.
Por outro lado, o prazer é uma cilada. Ele facilmente
convida para o abuso. Não quero dizer que se deva abster-se dele, mas sim que
se deve tomar cuidado com o prazer; como em relação a certos remédios, que
tomados em dose muito pequena podem ser úteis, e até indispensáveis; mas ai de
quem errar a dosagem! Fica envenenado. É assim também com o prazer.
Plinio Corrêa de Oliveira