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quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Os fracassos da educação nascem do esquecimento do fim último das crianças



A edução das crianças depende do conceito da vida. Vive-se como se pensa e educa-se como se vive, ou como os meios de comunicação de massas diz que vivemos ou devemos viver. E este conceito da vida envolve uma doutrina da educação e toda doutrina de educação baseia-se numa filosofia de vida que, no fundo, pode ser resumida em duas perguntas: Que é o homem? Para que está neste mundo?

As diferentes respostas a estas perguntas indicam os rumos que as sociedades dão à educação.

Para nós católicos as respostas são simples.

Que é o homem? Ele é um ser composto de corpo e de alma, portanto, com inteligência, vontade e sensibilidade. Ele é uma pessoa irredutível e membro de uma família, uma pequena sociedade onde nasce, depois escolhe uma profissão e trabalha, finalmente, vive, seguindo as leis e regras do Estado. Como tem uma alma imortal, é filho do tempo, mas destinado à eternidade. Senhor absoluto dos seus atos, pelo livre-arbítrio, mas súdito incondicional de Deus, e submisso às justas leis da sociedade em que vive. O homem, com instintos que pedem satisfação, tem por outro lado, exigências morais que o obrigam a usar dos instintos dentro de normas que os precedem e transcendem. É um ser composto de fraquezas e de forças, de egoísmos e generosidades, possuindo entrelaçadamente como já referi, o intelecto, a vontade e sensibilidade, que se distinguem, mas não se separam, pelo contrário, ligam-se e completam-se numa maravilhosa unidade.


Para que está neste mundo?

O homem foi criado por Deus, inocente e puro. Mas caiu. Quando a mão de Deus o ergueu, pela misericórdia da Redenção, já não era o mesmo. A queda não apenas lhe arrebatara a graça santificante e os dons preternaturais, como também desequilibrou o seu próprio funcionamento natural. As paixões desordenam-se, inclinando-o para o mal. Ele ficou com a inteligência turvada, a vontade enfraquecida, tornando-o incapaz de praticar o bem. Mesmo reconduzido à graça, pelo batismo, pesam-lhe as consequências da queda. Correspondendo à graça, pode, com algum esforço, manter o equilíbrio, vivendo no bem e na virtude. Tendo sido criado para o Céu, vive desgostoso e insatisfeito na terra, de tal maneira inquieto que só sossega, quando descansa em Deus. Dir-se-ia que sente uma nostalgia da Casa Paterna, uma como saudade daquelas tardes em que o Senhor descia a passear com ele no Paraíso (Gn 3, 8). Na verdade, nunca se esqueceu que Deus é o seu primeiro princípio e o seu último fim.

Só com esta visão completa do homem, estaremos em condições de proporcionar às crianças uma educação integral. Encarando o homem como ele é, podemos torná-lo como deve ser. Deveria ser, portanto, dever do educador explicar e apresentar aos pequenos a multiplicidade das suas funções orgânicas e espirituais, no seu destino terreno e eterno, nas suas atividades individuais e sociais, a fim de que aprendam uma hierarquia de valores, que lhes dará um rumo certo à educação, não deformando o conjunto, nem perturbando a harmonia das suas finalidades.

A criança deve aprender que tudo existe em vista de um fim. Nas várias finalidades humanas, uma deve dominar a todas e é, por isso mesmo, o motivo primeiro e último da existência. Todos os fins particulares, importantes que sejam, devem subordinar-se e servir a este último fim, cuja consecução deve ser a maior preocupação da vida, o seu verdadeiro ideal. Isto é de tal modo vital, que a vida só tem sentido em vista deste fim: perdido ele, tudo fica perdido, mas se for alcançado, tudo se ordena, e até os fins secundários são mais facilmente atingidos.

Portanto, a salvação da alma domina e deve canalizar tudo. Temos um fim último eterno, que, por isto, constitui toda a nossa felicidade e cuja perda é para nós a suprema desgraça. Mas, nem por isso se desfazem os demais fins da vida. Pelo contrário, convergem e orientam-se todos para ele.

Este é o verdadeiro conceito do homem e da vida e, por ele, devemos educar os nossos filhos e netos: “Cuidar do corpo para servir à alma. Cuidar da inteligência para servir à vontade; cuidar da vontade para servir a Deus”.

Os fracassos da educação nascem do esquecimento do fim e dos meios sobrenaturais para atingi-lo. E aquele homem do dever, senhor de si, de vontade firme, em busca de perfeição, por mais que se façam esforços, não se consegue sem o ideal cristão, o amparo da oração, a força dos sacramentos. Na educação, como em tudo, é cabal a palavra do Divino Mestre: “Sem Mim, nada podeis fazer” (Jo 15, 5).

É pena que, em lugar de impulsionar as crianças para Deus, sejam alguns “educadores” os primeiros a extinguir neles o Espírito, penetrando-as de ideais errôneos e enchendo-lhes de terra o coração. A criança em sua recetividade generosa é campo fecundo para a impregnação cristã. Facilmente, poder-se-ia comunicar o conceito cristão da vida, uma vontade disposta a fazer o bem, na intenção de fazer sempre o agrado do Pai (Jo 20, 9-29).

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