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domingo, 29 de setembro de 2024

Não basta amar a Deus, é preciso procurar a salvação e o alívio dos outros



A nossa vocação, afirmava São Vicente de Paulo aos Padres da Missão, é a de ir incendiar o coração dos homens, fazer aquilo que fez o Filho de Deus, Ele que veio trazer o fogo ao mundo para o incendiar com o seu amor. Que outra coisa podemos desejar se não que arda e consuma tudo?

Portanto, é verdade que eu sou enviado não só para amar Deus mas para fazer com que o amem.

Não me basta amar Deus se também o meu próximo não o ama. Devo amar o meu próximo como imagem de Deus e objeto do seu amor, e fazer de tudo para que os homens amem o seu Criador que os reconhece e considera como seus irmãos e que os salvou; e, com a caridade recíproca, procurar que se amem por amor a Deus, o qual tanto os amou, ao ponto de, por eles, abandonar o seu próprio Filho à morte. Portanto, este é o meu dever.

Ora bem, se é verdade que somos chamados a levar, longe ou perto, o amor de Deus, se devemos incendiar as nações, se a nossa vocação é espalhar este fogo divino em todo o mundo, se assim é, e repito, se assim é, irmãos, quanto devo eu mesmo arder deste fogo divino!

Como daremos aos outros a caridade se ela não existe entre nós? Observemos se existe, não em geral, mas em cada um, se existe no devido grau, porque se não está acesa em nós, se não nos amamos uns aos outros como Jesus Cristo nos amou e se não praticamos ações semelhantes às suas, como poderemos esperar difundir um tal amor em toda a terra? Não é possível dar aquilo que não se tem.

O exato dever da caridade consiste em fazer a cada um aquilo que, com razão, queremos que nos seja feito a nós. Faço verdadeiramente ao meu próximo aquilo que desejo dele?

Observemos o Filho de Deus. Não existe ninguém para além de nosso Senhor que tenha sido de tal modo raptado do amor pelas criaturas, ao ponto de deixar o trono de seu Pai, para vir assumir um corpo sujeito a enfermidades.

E porquê? Para estabelecer entre nós, mediante a sua palavra e o seu exemplo, a caridade do próximo. É este o amor que o crucificou e que cumpriu a admirável obra da nossa redenção.

Se tivéssemos um pouco deste amor, permaneceríamos de braços cruzados? Oh! não, a caridade não pode permanecer ociosa, esta impele-nos a procurar a salvação e o alívio dos outros.

São Vicente de Paulo

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