Cada um de nós pode dizer que o sofrimento é o companheiro
inseparável de sua vida.
Desde o momento em que nos recebe à nossa entrada no mundo, o
sofrimento faz-se presente com maior ou menor intensidade, mas nunca se esquece
por completo de nós. Vigia-nos, por assim dizer, em cada um dos nossos dias e
sabemos que no final abater-se-á sobre nós e conduzir-nos-á para fora deste
mundo.
O sofrimento, como todos sabemos, assume mil formas: a doença, a
pobreza, a perda daqueles que amamos, a incompreensão, o ciúme, a inveja, o
ódio, as dificuldades da vida, a incerteza do amanhã, o isolamento, etc.
Se considerarmos a vida como um todo, poucos são aqueles que
podem dizer que viveram mais felizes, do que tristes e preocupados.
Mas, porque acontece isto?
Como somos cristãos, devemos considerar em primeiro lugar tudo
sobre o prisma da religião e do Divino Mestre. E é muito fácil, ao voltarmos o
olhar para a cruz, compreendermos o sentido da dor, a sua justiça e a sua ação
fecunda e benéfica.
Sim! Há uma ação fecunda e benéfica na dor!
Consideremos Nosso Senhor Jesus Cristo, o Inocente por
excelência, que foi pregado na cruz, a sofrer para nos resgatar.
Se Ele, o Cordeiro Imaculado, sofreu, é justo que nós,
pecadores, tenhamos nossa cota de sofrimento, que levemos, nós também a nossa
cruz, que é uma parte daquela mesma que Nosso Senhor carregou.
Muito facilmente, manifestamos o nosso desejo de festejar e
compartilhar a ressurreição de Jesus Cristo, a sua glória, a sua felicidade,
mas quem considera com honestidade e clareza a necessidade de compartilhar
também a sua cruz?
Sobre o sofrimento, que não queremos ver de frente, engamo-nos.
Olhamos à nossa volta e parece-nos que os outros sofrem menos do que nós. Mas,
não nos deixemos enganar pelas aparências.
O nosso dever é de nos compararmos com Jesus Cristo! Sofremos
mais do que este Justo que depois de sofrer toda a Paixão ainda deu a vida por
amor a cada um de nós?
Assim, para todos nós que sofremos, encontramos o grande e o
verdadeiro consolo na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo! Quando sofremos e
aceitamos carregar a nossa cruz, estamos a ter o mais precioso traço de
semelhança com Nosso Senhor Jesus Cristo, a fonte onde Deus tira o perdão dos
nossos pecados, o peso mais poderoso na balança da justiça, a causa mais segura
da nossa salvação eterna.
Sofrer por amor e não só por justiça
Se ao menos, conseguíssemos compreender que Deus nos envia o sofrimento como um presente de predestinação, a fim de que cada um de nós sejamos outros Cristo...
Mas não paremos por aí e vamos mais longe. Não é só por um dever
de justiça, pelos nossos pecados que devemos sofrer, mas seguindo o exemplo de
Jesus, também pelo amor que Lhe devemos.
Deus poderia ter-nos dado as estrelas, o sol, os perfumes e
harmonias da natureza, todas as riquezas da terra. Mas isto não teria sido
suficiente para mostrar o seu infinito amor para connosco. Só quando Ele
sucumbiu sob o peso da Cruz, depois de ter sofrido as dores da Paixão, da
Crucifixão e da morte, tivemos a prova infinita do seu amor.
Também connosco acontece o mesmo. Não é quando estamos felizes
que mais mostramos o nosso amor a Deus, mas quando sofremos com a incompreensão
dos que nos são mais próximos, com o peso do trabalho quotidiano, com a doença
que nos deixa acamados e com tantas dificuldades. Nestes momentos podemos
bradar: “Senhor, eu Vos amo! Dai-me forças para suportar a dor. E se for da
Vossa vontade que eu sucumba, que seja cravado convosco na Vossa Cruz!”
Este foi o ensinamento do Salvador: “Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da
justiça, porque deles é o reino dos céus”. Se conseguirmos viver com este
estado de espírito em relação ao sofrimento, poderemos compreender melhor os
primeiros cristãos, que açoitados injusta e vergonhosamente nos tribunais ou
nas arenas, mostravam-se muito felizes, porque estavam a sofrer como Jesus
Cristo.
Foi assim durante toda a história da Humanidade, dos Apóstolos e
mártires, passando por Santa Teresa de Jesus, por Santa Catarina de Siena,
Padre Pio, os Santos pastorinhos de Fátima, etc. e será assim até ao fim do
mundo. Estes heróis, reconheciam que todo o sofrimento era glorioso, se
comparado com a Cruz de Cristo.
Assim, quer compreender melhor a sua vida, as suas lutas, as
suas fadigas e as suas dores? Aceite-as com coragem. Verá que será consolado e
viverá mais feliz, pois sofrerá por Aquele que mais ama.
O vazio dos inimigos da Cruz
Por outro lado, quão triste são aqueles que não só não aceitam a
Cruz de Cristo, como querem bani-la completamente da nossa sociedade.
É deplorável a cegueira dessas pessoas, inclusive legisladores, que fazem de tudo para retirar o crucifixo, dos hospitais, das escolas e dos tribunais, lugares onde durante séculos os doentes, as crianças e até os criminosos foram consolados.
Agora, um facto curioso! Ao serem retirados os crucifixos, não
existe nada que se possa colocar no seu lugar e que forme o coração no sentido
do dever, nos pensamentos generosos, no incentivo da prática do bem, evitando o
mal. O que se têm para apresentar a quem sofre, para o consolar? O que têm para
apresentar ao homem feliz e afortunado, para lhe dizer que tem deveres de
caridade para com os pobres e os mais necessitados?
Nada. Eles não têm nada!
Procura-se retirar, com cada vez maior frequência e
radicalidade, Deus, a religião, a moral, os crucifixos da vida dos homens e o
resultado é patente: os corações estão a ficar cada vez mais desamparados e
vazios. Tornam-se rapidamente egoístas e vis, uns sempre prontos a reclamar e a
revoltar-se, outros sempre duros e insaciáveis pelas riquezas, em vez de
repousarem na luz, na força e consolação divina.
Assim, depois de ler este artigo, adore a cruz, com ainda maior
fervor e tenha-a sempre exposta na sua casa, no seu lugar de trabalho, no seu
carro e, sobretudo, no seu coração para viver e morrer em união com ela, como
Jesus Cristo nosso Salvador, pois ela é penhor da ressurreição e da felicidade
eterna!
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