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quarta-feira, 20 de março de 2024

A origem dos “capuchinhos”, os frades menores de vida eremítica


No início do século XVI, Fr. Mateus de Bascio, sacerdote da Ordem dos Frades Menores, teve uma visão em que o próprio São Francisco de Assis apareceu-lhe com vestes rudes e com um capuz pontiagudo costurado à túnica. Para o frade, a Ordem deveria observar a Regra de maneira mais restrita e vestir-se segundo a visão. Os seus superiores não o quiseram ouvir e assim, Fr. Bascio saiu secretamente do convento de Montefalcone em direção a Roma. Na Cidade Eterna, foi recebido por Clemente VII, que o autorizou a observar a Regra segundo seu desejo, a vestir o hábito que já levava e a pregar livremente. Contudo, o Provincial, São João de Fano, mandou encarcerá-lo no Convento de Farano, por ter fugido e vivido como vagabundo. Ali permaneceu por três meses. A notícia da sua detenção chegou a Catarina Cibo, duquesa de Camerino, sobrinha de Clemente VII, que o venerava, porque Fr. Mateus exercera a caridade heroicamente, durante a peste de 1523, ajudando os doentes.

Dois anos depois, o Espírito Santo continuou a tocar os corações. Deus desejava que a Ordem fosse reformada.

Dois irmãos de sangue, Fr. Ludovico e Fr. Rafael de Fossombrone, pediram permissão ao Provincial para se retirarem num convento isolado com outros companheiros, a fim de observar a Regra em toda a sua pureza. Como não foram autorizados, fugiram e refugiaram-se entre os conventuais de Cingoli. O Provincial apressou-se em conseguir um Breve Pontifício, declarando apóstatas Mateus de Bascio e os dois irmãos, que tiveram de se refugiar no Mosteiro dos Camaldulenses, em Massaccio.

Catarina Cibo, apresentou uma petição de Ludovico e Rafael a seu tio, Clemente VII, quando este se encontrava em Viterbo. Depois de prudente exame, o Papa expediu a bula "Religionis Zelus", que reconhecia juridicamente a nova fraternidade. A Ordem “Capuchinha” estava fundada. A duquesa fez publicar imediatamente o documento, na praça pública de Camerino, e em todas as igrejas dos seus domínios. A bula era dirigida a Ludovico e Rafael de Fossombrone e continha os seguintes pontos: “faculdade de levar vida recolhida, eremítica, segundo a Regra de São Francisco; usar barba; portar o hábito com um capuz piramidal; pregar livremente ao povo”. Os reformados ainda ficavam sob a proteção dos superiores conventuais, porém passaram a ter um superior próprio com autoridade semelhante à dos Provinciais. Receberam também a autorização para receber noviços, tanto clérigos como leigos.

Com a bula "Religionis Zelus" um grande número de observantes e alguns noviços uniram-se aos Capuchinhos. Com isso, foi preciso multiplicar os conventos e eremitérios e pensar numa melhor organização.

Em abril de 1529, convocou-se o primeiro Capítulo, em Albacina, formado por doze religiosos, para eleger os superiores e redigir as Constituições, que obrigavam a recitação simples do ofício divino; supressão de toda a função pública para dar mais tempo à oração mental; uma só Missa em cada convento, exceto nas festas; proibição de celebrar Missas cantadas e de receber estipêndios; proibição de acompanhar funerais e tomar parte em outras procissões a não ser a do Corpo de Deus e das Rogações.

Ficou também estabelecida a disciplina ou autoflagelação diária, depois das Matinas da meia noite; duas horas obrigatórias de oração mental para os menos fervorosos; entretanto, todos deviam rezar durante todo o tempo em que não estivessem envolvidos em outras ocupações; silêncio rigoroso em alguns tempos determinados.

Na vida diária, não se podia servir mais que um prato nas refeições; proibia-se pedir carne de esmola, queijos e ovos; mas podia-se receber donativos em espécie, quando oferecidos espontaneamente. Cada religioso tinha a liberdade de, à mesa, privar-se de carne, vinho e alimentos finos. Não eram feitas previsões para além de dois ou três dias, e diariamente se pedirá esmola.

Na conduta pessoal, os monges podiam ter uma segunda túnica, quando fosse necessária por causa do frio. O manto era usado somente pelos enfermos ou idosos. O hábito devia ser estreito e ajustado. As sandálias eram permitidas, como exceção, aos que não podiam andar descalços.

Não se admitiam avalistas ou procuradores. As casas eram edificadas fora das cidades e continuavam sempre como propriedade dos benfeitores. Na medida do possível, construía-se com vime e barro. As celas eram tão pequenas e estreitas, que mais pareciam sepulcros. Havia uma ou duas ermidas afastadas do convento para os frades que queriam retirar-se com toda a liberdade para viver em oração e levar uma vida mais rígida. Em cada casa não devia ter mais que sete ou oito religiosos. Nos conventos mais importantes, podia-se chegar no máximo a dez ou doze. As igrejas eram pequenas e pobres.

Finalmente, os superiores deviam enviar, com frequência, pregadores a evangelizarem, mas estes não podiam aceitar retribuição alguma pelo seu ministério. A pregação deveria ser simples e sincera. Cada pregador não devia ter mais que um ou dois livros. Só era permitido o estudo da Sagrada Escritura e dos autores sacros. Os religiosos ouviam confissões somente em caso de extrema necessidade.

Em Albacina, Mateus de Bascio foi eleito Vigário-Geral, contra a sua vontade, renunciando em seguida, para melhor seguir a sua vocação de pregador ambulante. Assim, o governo da Ordem passou para Ludovico de Fossombrone.

A designação de frades menores de vida eremítica, expressa na Bula de aprovação e adotada no cabeçalho das Constituições de Albacina, não vingou. Quando os reformados apareceram, pela primeira vez, nas ruas de Camerino com o novo hábito e com a barba longa, os jovens tomaram-nos por ermitãos errantes e seguiam-nos gritando: Scapuccini! Scapuccini! Romiti! Romiti! (Eremitas Encapuçados!) O povo começou a chamá-los por esse nome, devido ao longo capuz adotado. Posteriormente, também os escritores e, desde 1534, os documentos pontifícios usam esta denominação.

domingo, 10 de março de 2024

Referendo na Irlanda: A Constituição continuará a proteger o casamento e a vida das mulheres dentro dos lares

 



Duas propostas de emendas à Constituição irlandesa foram referendadas no passado dia 8 de março. Os irlandeses decidiram continuar a conferir estatuto constitucional especial apenas à família, baseada no casamento entre duas pessoas; reconhecer o casamento como uma instituição que o Estado deve guardar com cuidado especial e proteger contra ataques, bem como reconhecer a importância para o bem comum da vida das mulheres dentro do lar, exigindo do Estado o esforço para garantir que as mães não tenham de sair para trabalhar, negligenciando os seus “deveres em casa”.

Emenda sobre a Família

A Constituição irlandesa afirma: ”O Estado reconhece a família como a primária, natural e fundamental unidade-grupo da sociedade, e uma instituição moral possuidora de inalienáveis e imprescritíveis direitos, antecedentes e superiores a toda lei positiva. O Estado, portanto, garante a proteção da família na sua constituição e autoridade, como a necessária base da ordem social e como indispensável ao bem-estar da nação e do Estado." Artigo 41.1.1°- 2°

E no Artigo 41.3.1° “O Estado compromete-se a guardar com especial cuidado a instituição do Casamento, na qual se funda a Família, e protegê-la contra ataques.”

As mudanças propostas recusadas eram: ”O Estado reconhece a família, fundada no casamento ou noutras relações duráveis (suprimir o que está em vermelho), como a primária, natural e fundamental unidade-grupo da sociedade, e uma instituição moral possuidora de inalienáveis e imprescritíveis direitos, antecedentes e superiores a toda lei positiva. O Estado, portanto, garante a proteção da família na sua constituição e autoridade, como a necessária base da ordem social e como indispensável ao bem-estar da nação e do Estado." Artigo 41.1.1°- 2°

Artigo 41, 3.1ª: O Estado compromete-se a guardar com especial cuidado a instituição do Casamento, na qual se funda a Família (suprimir o que está em vermelho), e protegê-la contra ataques.

Emenda dos Cuidados

Uma outra emenda visava retirar o reconhecimento e apoio prestado pelo Estado às mulheres no lar.

A atual constituição no Artigo 41.2.1° diz: “Em particular, o Estado reconhece que, através da sua vida dentro do lar, a mulher dá ao Estado um apoio sem o qual o bem comum não pode ser alcançado.”

E no Artigo 41.2.2° “O Estado deve, portanto, esforçar-se para garantir que as mães não sejam obrigadas por necessidade económica a envolver-se em trabalhos, negligenciando os seus deveres no lar.”

A Proposta de mudança era: exclusão do Artigo 41.2.1° e do Artigo 41.2.2° e a inserção de um novo Artigo 42B:

Artigo 42B: “O Estado reconhece que a prestação de cuidados, dos membros de uma família entre si, em razão dos vínculos que existem entre eles, confere à Sociedade um suporte sem o qual o bem comum não pode ser alcançado, e deve esforçar-se por apoiar tal prestação. ”

quinta-feira, 7 de março de 2024

Os últimos momentos da curta vida de Santo Tomás de Aquino


A caminho de Roma, Santo Tomás de Aquino, doente, foi obrigado a parar na Abadia Cisterciense de Fossanova. Já sem forças, pediu para receber a Comunhão.

Ao ver entrar o Santíssimo Sacramento, ajoelhou-se e em lágrimas, exclamou:

“Se nesta vida pode haver um conhecimento deste Sacramento maior que o da fé, nisso respondo acreditar firmemente e sem qualquer dúvida que Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Filho de Deus Pai e da Virgem Mãe. E, assim, creio de todo o coração e confesso com a minha boca tudo o que o sacerdote afirmou sobre este Santíssimo Sacramento”.

Como relata Frei Tocco, uma testemunha ocular, ele “pronunciou outras palavras cheias de devoção, das quais os presentes não conseguiram perceber, mas que se acredita terem sido as do hino: ‘Adoro te devote’” (Adoro-Vos devotamente, ó Divindade Escondida) que escrevera”.

Com muita devoção, aproximou-se do Santíssimo Sacramento e fez a seguinte oração: “Recebo-Vos a Vós, preço da redenção da minha alma, recebo-Vos, viático da minha peregrinação. Por vosso amor estudei, vigiei e gastei-me; preguei-vos, ensinei-vos e nunca manifestei nada contra vós, e se aconteceu foi sem querer e não persisto nessa opinião. E se disse alguma coisa errada contra este Sacramento ou qualquer outra coisa, submeto-me inteiramente à correção da Santa Igreja de Roma, em cuja obediência deixo agora esta vida".

No dia seguinte, 7 de março de 1274, há 750 anos, Santo Tomás recebeu a Extrema Unção e pouco depois faleceu, com apenas 49 anos de idade.

A Cruz de Cristo banida do poster oficial dos Jogos Olímpicos de Paris 2024



O poster oficial dos Jogos Olímpicos de verão de Paris 2024, desenhado por Ugo Gattoni está disponível para a compra.

Segundo o presidente do Comité Organizador, Tony Estanguet, nele “são apresentados os principais símbolos do Paris 2024, juntamente com inúmeras referências aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, bem como a Paris e à França."

Curiosamente, da ilustração foi banida a Cruz da Cúpula dos Invalides

Será que o passado cristão da França, Filha Primogénita da Igreja, deve ser escondido? 

Não nos envergonhemos da Cruz de Cristo! Ela não é um ornamento, mas sinal de vitória e do mistério da nossa Redenção, manifestado pelo sofrimento e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nela Se imolou para nos resgatar do pecado original e abrir-nos as portas do Céu.

Coitado do soberbo! Um dia o seu prédio desabará!


Na catequese do dia 6 de março, Francisco recorda que o soberbo se acha muito mais do que realmente é. Agita-se para ser reconhecido como maior que os outros. Quer ver sempre os seus méritos reconhecidos e despreza os outros considerando-os inferiores.

Há pouco que se possa fazer com uma pessoa cheia de soberba. É impossível falar com ela, muito menos corrigi-la. Com ela basta apenas ter paciência, porque um dia o seu prédio desabará.


segunda-feira, 4 de março de 2024

Não é admissível ordenar mulheres: Paulo VI lembrou a posição da Igreja


Quando surgiu a questão da ordenação das mulheres na Comunhão Anglicana, o Sumo Pontífice Paulo VI, em nome da sua fidelidade o encargo de salvaguardar a Tradição Apostólica, e também com o objetivo de remover um novo obstáculo criado no caminho para a unidade dos cristãos, teve o cuidado de recordar aos irmãos anglicanos qual era a posição da Igreja Católica: "Ela defende que não é admissível ordenar mulheres para o sacerdócio, por razões verdadeiramente fundamentais. Estas razões compreendem: o exemplo ― registado na Sagrada Escritura ― de Cristo, que escolheu os seus Apóstolos só de entre os homens; a prática constante da Igreja, que imitou Cristo ao escolher só homens; e o seu magistério vivo, o qual coerentemente estabeleceu que a exclusão das mulheres do sacerdócio está em harmonia com o plano de Deus para a sua Igreja". 
(Cfr. Paulo VI, Rescrito à carta de Sua Graça o Rev.mo Dr. F.D. Coggan, Arcebispo de Cantuária, sobre o ministério sacerdotal das mulheres, 30 de Novembro de 1975: AAS 68 (1976), 599-600)

Esta não é apenas uma resposta a uma carta, mas um “rescrito”, que segundo o Direito Canónico é um ato administrativo singular. Trata-se de um documento escrito pelo qual a Santa Sé ou autoridade eclesiástica competente, concede um privilégio, graça ou licença ou se pronuncia sobre questão ou controvérsia, em resposta a peticionário, como foi este caso.

sábado, 2 de março de 2024

Marconi, inventor do rádio e católico militante

 

No próximo dia 25 de abril, comemoraremos o centésimo quinquagésimo aniversário do nascimento, em Bolonha, Itália, do engenheiro eletrónico, senador, cientista e inventor do rádio, Guglielmo Marconi.

Antes de Marconi, o mundo comunicava-se através do telégrafo de Samuel Morse, utilizando cabos. Na primavera de 1897, o cientista demonstrou que era possível estabelecer comunicação com pessoas que estavam distantes entre si, através da transcepção de dados e informações previamente codificadas em sinal eletromagnético.

Em1899, Marconi conseguiu uma primeira comunicação da França com a Inglaterra e em 1902, uma primeira mensagem radiotelegráfica entre o Canadá e a Inglaterra.

Em 1920, partiu para a sua primeira viagem no Elettra, um navio de 61 metros que comprou e equipou para servir de laboratório no estudo de ondas curtas e também o seu lar. Além da sua família, as cabines do Elettra recebiam visitantes ilustres, como os Reis da Itália, da Espanha e do Reino Unido. As festas no Elettra tornaram-se célebres pelas músicas transmitidas pelo rádio diretamente de Londres.

Em 1924, Marconi fez com que se fizesse ouvir, pela primeira vez, a voz humana por meio da radiofonia, da Inglaterra até à Austrália. Em reconhecimento pelo seu trabalho, recebeu do rei da Itália, Vítor Emanuel III, o título de marquês.

Construção e inauguração do Rádio Vaticano

A Igreja Católica percebeu rapidamente a utilidade da invenção de Marconi para a evangelização dos povos. Assim, durante dois anos, trabalhou para construir um rádio do Estado do Vaticano. No dia 2 de fevereiro de 1931, foi o próprio Marconi a anunciar a inauguração do “Rádio Vaticano”, pelo Papa Pio XI: “As ondas elétricas transportarão a todo o mundo, através do espaço, a sua palavra de paz e de bênção”.

https://archivio.quirinale.it/video/bisiach//MINUTO-DI-STORIA/T3mam_Marconi_E_Pio_Xi_Inaugurano_Radio_Vaticana.mp4

Conversão e amizade com o Papa Pio XI

Num artigo publicado na revista mensal de Apologética, “Il Timone” de fevereiro, Francesco Agnoli explica a relação de Marconi com a Igreja Católica.

O próprio inventor afirma numa carta, que Maria Cristina Bezzi-Scali, mulher de fé profunda com quem se casou, depois de obter a anulação do seu primeiro casamento, foi o “anjo da minha conversão, da minha redenção, um anjo como o que teve São Paulo no caminho de Damasco”.

Maria Cristina, que frequentava a Curia Romana e conhecia o Papa Pio XI e o Cardeal Pacelli, futuro Pio XII, apresentou-lhes o seu marido. Rapidamente, tornou-se num confidente e amigo de ambos.

Cristo Redentor do Rio de Janeiro e Nossa Senhora da Carta de Messina

Marconi tem o seu nome associado a dois outros acontecimentos: a 12 de outubro de 1931, dia da inauguração do Cristo Redentor do Rio de Janeiro, acendeu a iluminação do monumento, com um sinal de radio transmitido da Itália para o Brasil. E alguns anos mais tarde, contruiu um comando de radio que permitiu ao Papa Pio XI acender, desde o Vaticano, no dia 12 de agosto de 1934, a iluminação da grandiosa imagem de bronze de Nossa Senhora da Carta, em Messina.

Segundo uma antiga tradição, São Paulo chegou a Messina para pregar o Evangelho e converteu muitos cidadãos. Quando se preparava para regressar a Jerusalém, no ano de 42 d. C., o Senado de Messina enviou uma delegação formada por Salvatore Girolamo Driggiano, Ottavio Brizio, Marcello Bonifacite e o centurião Mulè, com uma carta informando da conversão da cidade ao Cristianismo e solicitando a proteção de Nossa Senhora.

Maria Santíssima acolheu-os e em resposta, respondeu com uma carta, escrita em hebraico, enrolada e amarrada com uma mecha dos Seus cabelos, mantida no Catedral de Messina e exibida no dia da festa do “Corpo de Deus”. A preciosíssima relíquia foi colocada no mastro de um pequeno galeão em prata, que representa um dos exemplos da proteção de Nossa Senhora para com a cidade de Messina. A carta da Virgem Maria termina com as seguintes palavras: “Abençoamos a vós e a própria cidade”.

O falecimento de Marconi

A morte de Guglielmo Marconi foi serena. Assim escreveu sua esposa aquela madrugada do dia 20 de julho de 1937: “Os que o assistiram contaram-me com quanta fé Guglielmo, nos últimos instantes da sua vida, osculou repetidamente o pequeno crucifixo. Expirou com grande resignação cristã”.

No dia seguinte, o jornal de Turin, “La Stampa” assim descreveu os seus últimos instantes da vida de Marconi: “como cristão militante que era, recebeu o consolo religioso e rezou o Pai-Nosso com as religiosas. Pouco depois tocou o telefone, era o pontífice em pessoa”, que querida obter informações sobre o estado de saúde do seu amigo.

Recordando-o na Missa matinal, no mesmo dia da sua morte, Pio XI sublinhou particularmente a suprema aspiração do defunto que era “contribuir com a sua atividade científica para alcançar a verdadeira paz cristã entre todos os povos”.

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Quer combater o egoísmo e o orgulho? Reze a ladainha da humildade!


Na Audiência Geral do dia 28 de fevereiro, o Papa Francisco, na saudação em língua espanhola, aconselhou a meditar com frequência na “Ladainha da humildade”, do Cardeal Merry del Val, para combater os vícios que nos distanciam da vida em Cristo.

Apresentamos abaixo a ladainha, que era recitada todos os dias, depois da Missa, pelo servo de Deus Cardeal Rafael Merry del Val y Zulueta, que foi nomeado Cardeal aos 34 anos, tendo sido secretário indefetível do Papa São Pio X.

Como afirmava o Professor Dr. Plinio Correa de Oliveira, sob um certo ponto de vista, essa oração poderia ser chamada “Ladainha do Desprendimento”, pois todos os pedidos nela formulados têm por objetivo evitar o egoísmo. Assim, os desejos de ser estimado, amado, honrado, consultado, preferido, de ser mais santo do que os outros, etc., resultam, em última análise, da preocupação egoísta de considerar-se o primeiro e ter tudo para si. Em síntese, de quem possui, como ideia fixa, o “eu, eu, eu”.

Assim, parece-me em extremo conveniente meditarmos sempre no conteúdo dessa valiosa oração. E fazê-lo com aplicações concretas à nossa vida quotidiana, ao nosso dia-a-dia na vocação. Pois o amor próprio é algo tão contínuo, polimórfico e profundamente radicado na natureza humana, que qualquer pessoa, não tendo vigilância, acaba sendo meio infiltrado — para dizer pouco! — por ele.

Exemplifico. Se desempenhamos uma tarefa de modo bem feito, obtemos um grande resultado e, por isso, somos objetos de admiração dos outros. A pergunta que devemos fazer a nós mesmos é: “Agimos assim por satisfação própria ou por amor de Deus e de Nossa Senhora? Para sermos aplaudidos ou para a glória de Deus?

Se realizamos o trabalho para glorificar a Nosso Senhor Jesus Cristo e a Santíssima Virgem, estamos a fazer o correto e o desejável. Mas, se eu degustar os elogios e pensar: “Fiz tal coisa, e como os outros me admiraram naquela hora! Fulano, que sempre me contraria, ficou com uma face comprida…” Se assim procedo, estarei a entregar-me a considerações lastimáveis, as quais roubam todo o mérito da minha ação.

Precisamos ser indiferentes ao facto de aparecermos ou não naquilo que fazemos, especialmente quando se trata de um apostolado ou ação para benefício espiritual de outros. E para se alcançar esse desprendimento, só há um meio eficaz: examinar-se e perguntar se, de facto, Deus e Nossa Senhora estão a ser bem servidos, honrados e glorificados com as nossas realizações.

Quer dizer, o modo mais prático e correto de rezar a Ladainha da Humildade é fazer continuamente essas aplicações ao nosso comportamento. Por outro lado, se empreendemos um trabalho importante e ninguém nos elogia, não nos incomodemos. Desde que tenhamos procurado atender aos desígnios de Deus, o resto não importa. Dessa forma, combate-se inteiramente o egoísmo e o orgulho.

Ladainha da Humildade

Jesus manso e humilde de coração: fazei o nosso coração semelhante ao Vosso.

O que o varão católico não deve desejar para si

Do desejo de ser estimado, livrai-me, ó Jesus.

Do desejo de ser amado, livrai-me, ó Jesus.

Do desejo de ser conhecido, livrai-me, ó Jesus.

Do desejo de ser honrado, livrai-me, ó Jesus.

Do desejo de ser louvado, livrai-me, ó Jesus.

Do desejo de ser preferido, livrai-me, ó Jesus.

Do desejo de ser aprovado, livrai-me, ó Jesus.

O que o varão católico não deve temer para si

Do receio de ser humilhado, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de ser desprezado, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de sofrer repulsas, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de ser caluniado, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de ser esquecido, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de ser ridicularizado, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de ser infamado, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de ser objeto de suspeita, livrai-me, ó Jesus.

O que o varão católico deve desejar para si

Que os outros sejam amados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Que os outros sejam estimados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Que os outros possam elevar-se na opinião do mundo, e que eu possa ser diminuído, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Que os outros possam ser escolhidos e eu posto de lado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Que os outros possam ser louvados e eu desprezado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Que os outros possam ser preferidos a mim em todas as coisas, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Que os outros possam ser mais santos do que eu, embora me torne santo quanto me for possível, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Ó Jesus, Mestre, Modelo e Fonte de zelo pela glória do Padre Eterno, ouvi-me.

O que o varão católico deve desejar para a igreja militante

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja estimada acima de todas as coisas pelos homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja amada acima de todas as coisas pelos homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja exaltada acima de todas as coisas pelos homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja honrada acima de todas as coisas pelos homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja louvada acima de todas as coisas pelos homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja preferida a tudo pelos homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja acatada como Mestra suprema e infalível por todos os homens, dai-me, ó Jesus.

O desejo ardente e eficaz de que a Igreja militante seja inteiramente compreendida e apoiada por todos os homens, dai-me, ó Jesus.

O que o varão católico deve odiar por amor à Igreja militante

A santa indignação por ver a Igreja militante humilhada por seus adversários internos ou externos, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante desprezada por seus adversários internos ou externos, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante sofrer repulsas de seus adversários internos ou externos, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante caluniada por seus adversários internos ou externos, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante ser objeto de esquecimento dos seus adversários internos ou externos e de seus filhos tíbios, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante ridicularizada pelos seus adversários internos ou externos e objeto do respeito de seus filhos tíbios, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante infamada por seus adversários internos ou externos, dai-me ó Jesus.

A santa indignação por ver a Igreja militante objeto de suspeita de seus adversários internos ou externos e de seus filhos tíbios, dai-me ó Jesus.

O que o varão católico deve desejar para si na Igreja militante

Que os outros filhos da Igreja militante sejam amados mais do que eu, Jesus dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções de apostolado.

Que os outros filhos da Igreja militante sejam estimados mais do que eu, Jesus dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções de apostolado.

Que os outros filhos da Igreja militante possam elevar-se na opinião do mundo, e que eu possa ser diminuído, Jesus dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções de apostolado.

Que os outros filhos da Igreja militante possam ser escolhidos e eu posto de lado, Jesus dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções de apostolado.

Que os outros filhos da Igreja militante possam ser louvados e eu desprezado, Jesus dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções de apostolado.

Que os outros filhos da Igreja militante possam ser preferidos a mim em todas as coisas, Jesus dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções de apostolado.

Que os outros filhos da Igreja militante possam ser mais santos do que eu, embora eu me torne santo, quanto me for possível, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo, para serem inteiramente puras de egoísmo minhas intenções na vida interior.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

As crianças e o uso compulsivo dos telemóveis

 


Parece que, finalmente, estamos a acordar para um verdadeiro problema de sociedade: o vício dos telemóveis e as consequências, por exemplo, na educação das crianças. Na Califórnia, um professor queixou-se de que os seus estudantes assistiam Netflix durante as aulas. No Maryland, a professora de química afirma que os estudantes não prestam a devida atenção nas explicações dadas, pois usam todos os tipos de aplicações, como o Snapchat para mandar mensagens durante as aulas, para ouvirem música e até fazerem compras online. Estes foram apenas os dois últimos casos apresentados pela imprensa americana desta semana de fevereiro. O fenómeno é tão generalizado que os pais e as autoridades começam a ficar preocupados e em já são cada vez mais os países a proibirem o uso de tablets e de telemóvel nas escolas. O vício do contacto imediato com os outros, não pessoal, mas através das aplicações de telemóvel, chega a tal ponto que, mesmo durante as Missas, as crianças não conseguem deixar de ver se alguém lhes mandou alguma foto, comentário ou vídeo. E muitas chegam até a responder... Vale a pena recordar que O uso compulsivo do telemóvel é reconhecido como um transtorno que designado por “nomofobia” e que significa ter medo de ficar sem o telemóvel. Longe do dispositivo a pessoa fica ansiosa com a sensação de estar a perder informações importantes ou apresenta sensações de excesso de tédio.

 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

A Igreja e o mundo moderno


 

“Não há mais de cem pessoas nos Estados Unidos que odeiam a Igreja Católica", escreve o venerável Dom Fulton J. Sheen, no seu livro ‘Respostas da Rádio’. “Há, contudo, milhões que odeiam o que acreditam erradamente ser a Igreja Católica – o que é, obviamente, uma coisa bem diferente. Estes milhões dificilmente podem ser culpados por odiarem os católicos porque os católicos “adoram imagens”; porque “colocam a Mãe Santíssima no mesmo nível de Deus”; porque dizem que “a indulgência é uma permissão para cometer pecado”; porque o Papa “é fascista”; porque a “Igreja é a defensora do Capitalismo”. Ora, se a Igreja ensinasse ou acreditasse em qualquer uma destas coisas deveria ser odiada, mas o facto é que a Igreja não acredita nem ensina nenhuma delas. Segue-se então que o ódio de milhões é dirigido contra o erro e não contra a verdade. Na verdade, se nós, católicos, acreditássemos em todas as inverdades e mentiras que foram ditas contra a Igreja, provavelmente odiaríamos a Igreja mil vezes mais do que eles.

“Se eu não fosse católico e procurasse a verdadeira Igreja no mundo de hoje, procuraria uma igreja que não se desse bem com este mundo, em outras palavras, eu procuraria a igreja que o mundo odeia. A minha razão para tal atitude é que Cristo está em todas as igrejas do mundo e mesmo assim, continua a ser odiado, como foi quando esteve presente entre nós. Se quer encontrar Cristo hoje, então O encontraria na Igreja que não se dá bem com o mundo.

“Procure a Igreja que é odiada pelo mundo, como Cristo também o foi.

“Procure a Igreja que é acusada de ser arcaica, como Cristo foi acusado de ser ignorante.

“Procure a Igreja que os homens troçam como socialmente inferior, como zombaram de Nosso Senhor porque Ele veio de Nazaré.

“Procure a Igreja que é acusada de ter um demónio como Nosso Senhor foi acusado de estar possuído por Belzebu, o príncipe dos demónios.

“Procure a Igreja que, em tempos de intolerância, os homens dizem que devia ter sido destruída em nome de Deus, como os homens crucificaram Cristo e pensaram estar que tinham prestado serviço a Deus.

“Procure a Igreja que o mundo rejeita porque afirma ser infalível, como Pilatos rejeitou Cristo porque Ele afirmou ser a Verdade.

“Procure a Igreja que é rejeitada pelo mundo, como Nosso Senhor foi rejeitado pelos homens.

“Procure a Igreja que, mesmo nas opiniões discordantes, os seus membros A amam como amam Cristo e respeitam a sua Voz como a própria voz do seu Fundador.

“Se a Igreja é impopular com o espírito do mundo então Ela é não-mundana, e se for não-mundana, é de outro mundo. Visto que é de outro mundo, é infinitamente amada e infinitamente odiada, como foi o próprio Cristo. Somente o que é Divino pode ser infinitamente odiado e infinitamente amado. Portanto, a Igreja é Divina.

“Se, então, o ódio à Igreja se baseia em ideias erradas, a atual necessidade básica deve ser a instrução. O amor depende do conhecimento pois não podemos aspirar nem desejar o desconhecido.

“O nosso grande país (Estados Unidos) está repleto do que poder-se-chamar de “cristãos marginais”, ou seja, aqueles que vivem à margem da religião e que são descendentes de pais cristãos vivos, mas que agora são cristãos só de nome. Eles guardam alguns dos seus ideais por indolência e força do hábito; só conheceram a gloriosa história do Cristianismo através de certas formas deformadas às quais se associaram o espírito da época, e agora estão a morrer com ele. Do Catolicismo e dos seus Sacramentos, do seu perdão, da sua graça, da sua certeza e da sua paz, eles nada sabem, exceto alguns preconceitos herdados. E ainda assim são boas pessoas que querem agir corretamente, mas que não têm uma filosofia definida a respeito. Eles educam os seus filhos sem religião e, ainda assim, ressentem-se da moral comprometedora dos seus filhos. Eles ficariam zangados se você lhes dissesse que não são cristãos, mas não acreditam que Cristo é Deus. Eles se ressentem de serem chamados de pagãos, mas nunca tomam um conhecimento prático da existência de Deus. Só há uma coisa da qual eles têm certeza: as coisas não estão certas como estão. É exatamente essa certeza que faz deles o que poderíamos chamar de grandes “potenciais”, pois estão prontos para serem puxados em qualquer uma das duas direções. Em breve, deverão tomar partido; devem juntar-se a Cristo ou devem afastar-se; eles devem estar com Ele ou contra Ele; eles devem estar na Cruz como outros Cristos, ou em baixo como outros algozes. Para que lado tenderão esses cristãos marginais? A resposta depende daqueles que têm Fé. Como as multidões que seguiram Nosso Senhor no deserto, são como ovelhas sem pastor. Eles estão à espera de serem pastoreados como ovelhas ou cabras. Só isso é certo. Sendo humanos e tendo coração, eles querem mais do que a luta de classes e a economia; eles querem a Vida, querem a Verdade e querem o Amor. Numa palavra, eles querem Cristo.