No tempo do Imperador Domiziano, São Rómulo e seus quatro companheiros, Caríssimo, Marchiziano, Crescênzio e Dulcíssimo começaram a converter a população na Etruria. Logo foram chamados à presença do governador de Fiesole Reperziano. Intimados, sob terríveis ameaças, a prestar adoração aos ídolos e, ao mesmo tempo, a renegar o Cristo. Recusando-se todos a semelhante sacrilégio, foram, pois, cruelmente flagelados e postos numa escura masmorra, onde padeceram fomes e sedes terríveis.
Passados muitos meses, quando o Governador mandou abrir as portas da prisão, certo de que os acharia a todos putrefatos, eis que, por milagre de Deus (o qual lhes apareceu no cárcere na mesma auréola luminosa com que no monte Tabor aparecera aos três apóstolos), estavam perfeitos de corpo e alma, entoavam, com vozes felizes, hinos ao Senhor!Ordenou-lhes pela segunda vez o magistrado, sob pena de mais crueis castigos, que renegassem o Cristo e adorassem os ídolos que eram a religião de César, mas, pela segunda vez, recusaram Rómulo e os seus companheiros obedecer àquela ordem por ser incompatível com a sua fé e o seu amor a Jesus. Foram, pois, ignominiosamente arrastados pelas ruas e por fim trucidados com adagas e punhais!
A caminho do suplício, vendo uma camponesa a extrair água de um poço, aberto à beira da estrada, rogou-lhe o bispo que por favor algumas gotas lhe desse, tanta era a sede que lhe abrasava os lábios. Negando-se ela, porém, a praticar aquela obra de misericórdia, toda a água se converteu logo em copioso e verdadeiro sangue!
Este poço ainda pode ser visto na parte subterrânea da catedral de Fiesole, chamada confessione, assim como uma inscrição gravada no mármore, que narra o facto:
"All'Egitto protervo il Cielo irato
l'acqua in sangue cangiò per pena e scorno,
e Dio a quei, che bere all'affetato
Romolo denegorno.
L'acqua di questo pozzo in sangue tinse,
nè di ber sangue l'empie brame estinse:
Ma tu, che chiara l'hai,
se al Dator grato, e fedel perseveri,
quà refrigeri e'n Ciel nettare avrai."
(Luis Guimarães Filho, Fra Angélico, ed. Vozes, pag. 35-36)
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