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sábado, 26 de março de 2022

Oração pela paz


 

Ó Mãe de Deus e Mãe nossa, Padroeira da Ucrânia, nestes tempos de guerra, o nosso coração volta-se para Vós!

Socorrei os vossos filhos ucranianos, tão necessitados da vossa maternal proteção. Ponde-Vos ao seu lado, dando-lhes força e ânimo para enfrentar com coragem as misérias e as agruras da guerra, e confortai-os nas dores e sofrimentos indizíveis que padecem. Tende piedade de tantas mães, angustiadas pelo destino dos seus filhos, de tantos órfãos, de milhares de cidadãos comuns que se tornaram soldados sem preparação. Tende piedade da Ucrânia, sobre a qual se avizinha tanta ruína!

Incuti-lhes a firme confiança, no Vosso socorro e triunfo final, ó Mãe de Misericórdia.


(Rezar 3 Ave-Marias).

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

O discurso violento é contraproducente: o exemplo de Benjamim Franklin

Se ao apresentar as suas ideias usa palavras violentas, gosta de contradizer o seu interlocutor, tem muita facilidade nas polémicas, mas vê que o resultado não é sempre positivo, conheça a sugestão que Benjamim Franklin, estadista e um dos fundadores dos Estados Unidos, deixou na sua autobiografia. Estas linhas são também muito valiosas para quem pretende envolver-se em algum projeto associativo, pertencer a algum clube, ou partido político.

Na sua juventude, Franklin tinha muitos inimigos e desconhecia a razão.

Com o passar dos anos, deu-se conta de que a causa estava na sua maneira de falar. Como acreditava naquilo que dizia, exprimia-se com convicção e grande segurança. Ora, isto dava-lhe um ar de arrogância, parecendo querer impor aos outros as suas opiniões e julgamentos. Em determinado ponto da sua vida, deu-se conta de que esta maneira de se exprimir era muito prejudicial para as suas ideias e que precisava mudar.

Assim, criou para si uma regra: nunca contradizer diretamente a opinião dos outros, nem de sustentar as suas com muita resolução. Passou a não usar mais palavras, nem expressões que poderiam dar a impressão de que tinha uma ideia fixa, uma teoria que não podia ser melhorada. Baniu do seu vocabulário corrente as palavras: “certamente”, “sem dúvida”, etc., e substitui-as por “presumo”, “parece-me”, “imagino que queira dizer”, “tem-se a impressão de que”.

Se alguém lhe apresentava uma proposta que lhe parecia um erro, continha-se e não tinha o prazer de contradizer rápida e friamente, mostrando o quão absurda era aquela teoria ou ideia. Pelo contrário, começava por procurar aspetos positivos daquela proposição, procurava explicar que em circunstâncias específicas até seria acertada, mas que no momento atual, lhe parecia haver uma diferença a ser considerada, etc.

Aos poucos, o grande estadista, começou a perceber as enormes vantagens da mudança de tom. A conversa ficou mais agradável para os seus interlocutores; a maneira mais modesta de enunciar as suas opiniões, fez com que fossem mais facilmente aceitas as suas propostas, e sem contradições; fez com que se mortificasse menos, quando errava, ou se via contrariado pela realidade; e, sobretudo, fez com que os outros mais facilmente abandonassem os seus erros e aderissem às suas ideias.

Ele não adotou este método sem violentar a sua propensão natural, mas com o tempo ela tornou-se fácil e habitual, a tal ponto que, depois de cinquenta anos de uma vida muito ativa, como escritor, tipógrafo, político, inventor, cientista, estadista e diplomata, as pessoas testemunharam não ter nunca ouvido sair da sua boca uma ideia que não se pudesse melhorar.

Foi este bom hábito, antecedido por uma certa reputação de integridade moral, o fator predominante para alcançar confiança junto dos americanos. Quando ele propunha ou alguma instituição nova ou a reforma de velhas estruturas administrativas e públicas, o povo acreditava nele.

Alguém poderia pensar: Benjamim Franklin era um grande orador e para este tipo de pessoas, tudo é mais fácil. Ora, isto não é verdade. Ele mesmo afirma ter sido uma pessoa sem eloquência, hesitante na escolha das palavras, medianamente correto na linguagem, mas que convencia quando falava.

Assim devemos ser nós, do que adianta defendermos boas ideias, bons ideais e até as verdades da nossa Fé, se não conseguimos convencer ninguém? Talvez, seja preciso mudar o tom do nosso discurso... Sem pactuar, é claro, com o erro!





quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

As palavras movem, mas os exemplos arrastam



Encontramos na vida de São Francisco de Assis um facto que atesta, como o exemplo toca muito mais os corações do que as palavras.

Certa vez, São Francisco chamou Frei Leão e disse-lhe:

— Meu irmão, vamos pregar!

Depois de longos passeios pelas ruelas pitorescas de Assis, voltaram ao convento.

"Pai", disse o jovem monge ao santo, "não íamos pregar?"

"Meu filho", respondeu São Francisco, "durante este passeio, pregamos".

"Como, meu pai?" disse o jovem monge atônito.

"Pela nossa pobreza e modéstia", acrescentou o santo.

São Francisco quis assim fazer com que este religioso, ainda noviço, entendesse que o exemplo muitas vezes equivale a uma longa e boa pregação.

Outro exemplo que ilustra a força do exemplo, remonta à época das missões do Japão.

Um religioso da Companhia de Jesus pregava numa praça pública. Uma grande multidão ouvia-o com atenção, interesse e até avidez, quando um dos assistentes se aproximou do orador e cuspiu-lhe na face.

O santo religioso, sem se comover, enxugou o rosto e continuou o sermão.

Os ouvintes, tomados de admiração, comentaram entre si:

"Uma religião que dá forças suficientes para aceitar sem se queixar de tamanha ignomínia, só pode ser divina!..."

E um grande número de pagãos converteu-se mais pelo gesto do que pelas palavras.

E nós! Qual o exemplo que damos quando saímos à rua, vamos ao trabalho, passeamos ou quando estamos em família, entre amigos ou até com desconhecidos?

A nossa maneira de vestir, as nossas conversas, os nossos gestos são coerentes com o que professamos e acreditamos? Ou acabamos por dar mal exemplo e sermos como o Frei Tomás do provérbio popular, que predica e pede para as pessoas fazerem aquilo que ele diz e não o que faz?”


sábado, 8 de janeiro de 2022

Cristo Protetor, a maior imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo do Brasil

Cristo Protetor - Agencia Leonardo Capitanio - Konce
Uma imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo está a ser levantada na cidade de Encantado, no Estado brasileiro do Rio Grande do Sul e será o maior Cristo do Brasil, superando até o tamanho da imagem do Corcovado, no Rio de Janeiro.

Trata-se de um “Cristo Protetor”, nascido da fé e devoção do povo, que medirá 43,5 metros de altura e cuja envergadura dos braços terá 39 metros.

Nos últimos dias de 2021, o governador do Estado e o prefeito da cidade de Taquari assinaram um acordo para a construção das estradas e dos acessos pedonais, que darão acesso ao monumento.

No dia 22 de dezembro, o coração do Cristo Protetor foi concluído e espera-se que a inauguração da estátua aconteça em janeiro de 2022. 

Catholic nurse unfairly dismissed over cross necklace, UK tribunal rules

A Catholic nurse was unfairly dismissed by a U.K. hospital trust for wearing a cross necklace, an employment tribunal ruled this week.


In a decision published on Jan. 5, the tribunal said that the trust’s treatment of Mary Onuoha was “directly discriminatory.”

The campaign group Christian Concern hailed the verdict as a “landmark ruling” strengthening the legal principle that employers cannot discriminate against employees for “reasonable manifestations” of faith in the workplace.

Onuoha was forced to leave her job as a National Health Service (NHS) theater practitioner at Croydon University Hospital in south London in June 2020 after a two-year battle with her employers over wearing the cross.

With support from the Christian Legal Centre, Christian Concern’s legal ministry, she took her case against Croydon Health Services NHS Trust to an employment tribunal.

At a hearing in October 2021, the trust argued that the cross necklace had presented an infection risk. But the tribunal concluded that the risk was “very low.”

It added that there was “no cogent explanation” of why religious head coverings such as hijabs and turbans were permitted under the dress code and uniform policy, but “a fine necklace with a small pendant of religious devotional significance is not.”

Christian Concern said that Onuoha, who was born in Nigeria and moved to the U.K. in 1988, was delighted and relieved by the ruling.

Andrea Williams, chief executive of the Christian Legal Centre, commented: “From the beginning, this case has been about the high-handed attack from the NHS bureaucracy on the right of a devoted and industrious nurse to wear a cross — the worldwide, recognized and cherished symbol of the Christian faith. It is very uplifting to see the tribunal acknowledge this truth.”

“It was astonishing that an experienced nurse, during a pandemic, was forced to choose between her faith and the profession she loves.”

“Any employer will now have to think very carefully before restricting wearing of crosses in the workplace. You can only do that on specific and cogent health and safety grounds. It is not enough to apply general labels such as ‘infection risk’ or ‘health and safety.’”

The U.K. has seen a number of high-profile cases of employers demanding that employees remove or cover cross necklaces.

In 2013, the European Court of Human Rights ruled in favor of Nadia Eweida, a Coptic Christian who was asked by her employer British Airways to cover up her white gold cross.

But the court declined to support Shirley Chaplin, a nurse who was told by the Royal Devon and Exeter NHS trust hospital not to wear a cross necklace, on health and safety grounds, that she had worn to work for 30 years.

“We are delighted that the tribunal have ruled in Mary’s favor and delivered justice in this case,” Williams said.

“Shirley Chaplin, who also fought for the freedom to wear a cross necklace 10 years ago has also now been vindicated.”

Catholic News Agency, London, England, Jan 7, 2022

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Amar a Deus por interesse

A festa de Baltazar - John Martin,
Yale University Art Gallery, New Have, Connecticut, USA

Se a prosperidade e os bens temporais estivessem ligados à virtude, não amaríamos a Deus por ser o nosso Criador e Senhor do Céu e da Terra, mas procuraríamos amá-Lo por interesse.

Santo Agostinho assim explicou este problema:

Algumas pessoas, quando vêm os inimigos de Deus e os libertinos no meio das riquezas, pensam: “Tenho servido a Deus por muito tempo, guardado os Seus mandamentos e cumprindo todos os deveres da religião. No entanto, meu destino ainda é o mesmo; os meus negócios não são os mais prósperos, e até parece que Deus se encarrega de os contrariar. Pelo contrário, os que vivem no mal, sem regras, sem religião, não param de gozar de uma saúde férrea, acumulando bens atrás de bens, sendo honrados e distinguidos”.

Mas um verdadeiro católico deve amar a Deus por causa da saúde do corpo, dos bens e das honras? É claro que não. A privação de todas estas coisas, muitas vezes, acontece para que se aprenda a amá-Lo não pelo que Ele dá, mas pelo que Ele é!

Acrescenta ainda Santo Agostinho que, se uma pessoa é justa, vive na amizade com Deus, em estado e ordem da Graça.

Ora, como esta Graça, que é uma participação criada na vida incriada de Deus, nos é dada de forma totalmente gratuita, não devemos amá-Lo por outra recompensa senão a de O receber, como ensina o livro da Génese: “Serei Eu mesmo a vossa recompensa demasiadamente grande” (Gn 15, 1).

Realmente, se pensarmos bem, se os bens da terra estivessem ligados ao cumprimento dos Mandamentos e à nossa vida espiritual, o nosso amor passaria de autêntico para uma espécie de amor mercenário.

Assim, quanto mais reclamamos quando Deus recusa de nos dar, ou retira de nós, os bens materiais, mais devemos considerar o quanto eles seriam perigosos, caso os possuíssemos!

Vale a pena pensar nisto!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Ricominciare sempre


All’inizio di un nuovo anno, ricordiamo un importante consiglio di San Leone Magno:

Non ti arrendere mai,

neanche quando la fatica si fa sentire,

neanche quando il tuo piede inciampa,

neanche quando i tuoi occhi bruciano,

neanche quando i tuoi sforzi sono ignorati,

neanche quando la delusione ti avvilisce,

neanche quando l'errore ti scoraggia,

neanche quando il tradimento ti ferisce,

neanche quando il successo ti abbandona,

neanche quando l'ingratitudine ti sgomenta,

neanche quando l'incomprensione ti circonda,

neanche quando la noia ti atterra,

neanche quando tutto ha l'aria del niente,

neanche quando il peso del peccato ti schiaccia...

Invoca il tuo Dio, stringi i pugni, sorridi... e ricomincia!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

O diadema da glória

 

O Santíssimo Cristo de Burgos

Venera-se em Burgos, na Espanha, um crucifixo milagroso, diante do qual várias gerações ajoelharam-se para agradecer milagres recebidos ou para recorrer à divina proteção.

Uma antiga lenda atribui a sua autoria a Nicodemos, defensor de Nosso Senhor Jesus Cristo diante do Sinédrio e aquele que, juntamente com José de Arimateia, ajudou na preparação do cadáver do Divino Redentor para o enterro no Sepulcro (Jo 19, 39-42). Ele teria moldado o crucifixo sobre o corpo de Nosso Senhor, quando estava a ser retirado da Cruz.

Outra lenda, escrita por um Barão da Boémia, León de Rosmithal de Blatna, entre os anos 1465 e 1467, conta que ele teria sido encontrado, quando uns marinheiros de Burgos se depararam com um galeão vazio, no qual só havia uma caixa, contendo um crucifixo e umas tábuas com os dizeres: “Qualquer que seja a costa em que o navio aportar, ponha a representação do Nosso Salvador Crucificado num lugar decoroso”. Assim, o Santo Cristo de Burgos, com pelos e unhas naturais, braços e pernas articuláveis, as articulações e a ferida do costado recobertas com pele curtida de animal, teria sido levado ao Mosteiro Real de Santo Agostinho.

Durante a Guerra da Independência, o crucifixo foi transladado para a Catedral e depois voltou para o Mosteiro. Entretanto, com a chamada “Desamortização de Mendizábal”, quando se decretou a supressão de todos os Mosteiros de Ordens monacais e militares, voltou definitivamente para a Catedral de Burgos.

Nosso Senhor operou vários milagres, através deste crucifixo. O mais conhecido, foi a cura de Pedro Girón, Conde de Ureña, que tinha uma grave ferida aberta durante a guerra de Granada. Como agradecimento, mandou fazer uma coroa de ouro para ser colocada na cabeça do Crucificado e levou a antiga coroa de espinhos, como relíquia. Contudo, Nosso Senhor terá recusado portar uma coroa de ouro, sacudindo a cabeça e fazendo com que a mesma caísse ao chão, mostrando aos homens que Deus quer ser adorado como Aquele que não poupou sofrimentos por amor a cada de nós.

Conhecendo a história do Santo Cristo de Burgos e venerando-O, uma pergunta vem imediatamente à nossa cabeça: E nós? Se nos fosse dada a possibilidade de escolhermos, desejaríamos uma coroa de ouro, com muitas pedras preciosas, ou compreenderíamos a necessidade de aceitarmos a nossa coroa de espinhos e os nossos sofrimentos, com paciência e resignação, por amor de Deus?

Rezemos e peçamos a Nosso Senhor crucificado que nos dê força, coragem e a compreensão de que a alegria celeste, eterna, é conquistada com as dores passageiras, que suportamos neste mundo, em união com o nosso Redentor. Se assim fizermos, dia virá em que Nosso Senhor Jesus Cristo, com as suas mãos puríssimas e paternas, tocarão os nossos espinhos e, sob o efeito do seu divino contacto, o diadema da dor e da humilhação, tornar-se-á diadema de glória!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Que tipo de beijo darei ao Menino Jesus, neste Natal?

Durante as festas natalícias, oscularemos muitas vezes o Menino Jesus. Mas, como serão as nossas manifestações de amor ao filho de Deus, nascido da Virgem Maria?

Ao ler os Evangelhos, percebe-se que Nosso Jesus Cristo recebeu três tipos de beijos durante a sua vida.

O primeiro deles, o mais perfeito, foi dado por Maria Santíssima e São José, na Gruta de Belém. São ósculos nascido de corações inocentes, cheios de amor de Deus e de virtudes.


O segundo, foi o de Maria Madalena que lavou, enxugou com os seus cabelos e beijou os pés de Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecendo a Deus o ósculo do arrependimento, que lava, purifica e dá forças para viver em união com Deus.

Por fim, o terceiro, recebeu Nosso Senhor na sua fronte Sagrada. Foi o ósculo de um homem agitado, revoltado e invejoso, chamado Judas, cujo nome ficou associado à traição, covardia e extrema baixeza. Ele representa o beijo de todos os que vendem a sua alma por dinheiro, por uma carreira ou por um prazer efêmero.

Também hoje, como no tempo Evangélico, Nosso Senhor recebe ósculos dos homens. Como são estes beijos? Como será o meu ósculo?

Alguns corações puros, aproximam-se do Redentor e, desejosos de imitarem Nossa Senhora e São José, beijam o Menino Jesus, e adoram-n’O de todo o coração. São os que querem ser bons católicos, que procuram seguir os mandamentos e vivem na prática da virtude, com os olhos postos mais em Deus e no próximo do que em si e no mundo.

Outros, como Santa Maria Madalena, humildes, arrependidos e envoltos em lágrimas, osculam o Menino Jesus, confiantes na divina misericórdia.


Finalmente, existem ainda aqueles que osculam a representação do Menino Jesus com indiferença ou desdém, quase que por uma obrigação social, como se fossem obrigados a seguir os demais membros da família. São os pecadores empedernidos, aqueles que vivem mergulhados no mal, que não sentem sequer o desejo de se levantar e acabam por viver, não raras vezes, em estado de completa revolta contra Deus.

Neste Natal, talvez o ósculo ao Menino Jesus seja, aparentemente, o mesmo para todos. Contudo, Deus distinguirá neles os três tipos de ósculos:
  1. O das almas puras, que são como um bálsamo para o Seu Sagrado Coração;
  2. O dos arrependidos, que são como um sorriso e incentivo para continuarem a rezar e confiarem na proteção de Deus e de Nossa Senhora;
  3. O dos ignorantes, indiferentes ou pecadores, mergulhados nos seus vícios morais, que entristecem o Divino Infante, que tanto os quer salvar.
Que o beijo depositado pelos nossos lábios sobre o Menino Jesus seja sempre puro, ou sinceramente arrependido, confiante na misericórdia d’Aquele que não só nasceu para nos salvar, como quis sofrer, morrer, Ressuscitar para nos redimir e abrir-nos as portas do Céu.

domingo, 9 de maio de 2021

Duas maneiras de sofrer: amando ou revoltando-se

Como bem pudemos ver neste tempo pandémico, quer queiramos ou não, sofremos.

Existem pessoas que sofrem como São Dimas, o bom ladrão e outros, como Gestas, ou Gesmas, o mal. Ambos estavam crucificados ao lado de Nosso Senhor Jesus Cristo e a sofrer de forma similar. São Dimas soube tornar os seus sofrimentos meritórios, aceitando-os em espírito de reparação pelos seus erros e pelos seus pecados, a ponto de se arrepender e pedir: “Jesus, lembrai-vos de mim, quando entrares no vosso reino” e de receber a bela promessa do Divino Salvador: "Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. O outro, ao contrário, gritou imprecações e blasfêmias, e expirou no meio de terrível desespero.

Existem duas maneiras de sofrer: amando ou revoltando-se.

Todos os santos sofreram com paciência, fé e perseverança, porque amavam a Deus. Muitos de nós, contudo, sofremos com raiva, ressentimento e cansaço, porque não amamos a Deus. Se O amássemos, aceitaríamos a cruz e ficaríamos contentes por poder sofrer por Quem padeceu e morreu por nós.

A vida realmente não é fácil! E o que mais nos assombra, talvez nem seja a hora da dor, mas o medo de virmos a sofrer um dia. Contudo, ao termos bem presente a Cruz de Cristo, as nossas dores ficam mais suaves!

Já imaginou, caro leitor, quão felizardos somos, nós católicos?!  Fomos batizados, conhecemos a Deus, amamos a sua bondade infinita e sentimos constantemente o poder da sua divina misericórdia. Ora existem pessoas que sofrem o mesmo que nós e não têm o mesmo consolo e a mesma esperança que nós.

Hoje em dia, a maioria dos homens voltam as costas ao sofrimento. E quanto mais fogem das suas cruzes, mais elas os perseguem, os atingem e os esmagam.

Se quisermos viver serenamente, devemos fazer como Santo André, que ao ver a cruz que se elevava diante de si, exclamou: “Salve, ó boa cruz! Ó admirável cruz! Ó cruz desejável! Recebei-me nos vossos braços, tirai-me do meio dos homens e devolvei-me o meu Mestre que me redimiu através da Cruz".

E um aspeto curioso que devemos sempre considerar: Quem está preparado para abraçar a sua cruz, caminha na direção oposta à do sofrimento. Ele talvez se depare com ela durante algum período da sua vida, mas fica contente e encontra forças para a carregar, leva-a com coragem, procurando unir-se dia-a-dia a Nosso Senhor Jesus Cristo, purificando o seu coração, afastando-se dos falsos prazeres do mundo. Numa palavra, o sofrimento vivido cristãmente ajuda a passar as dificuldades da vida, como uma ponte ajuda a passar pelas águas de um rio.

Vejamos como foram as vidas dos santos. Quando não eram perseguidos, mortificavam-se. Um bom religioso, certa vez, manifestou a Nosso Senhor a sua estranheza por estar a ser perseguido dentro da sua comunidade: “Senhor, o que fiz para ser tratado assim?” E Nosso Senhor respondeu-lhe: "E Eu? O que fiz para ser crucificado no Calvário?” O religioso percebeu, chorou, pediu perdão e não ousou mais reclamar.

As pessoas do mundo lamentam quando têm cruzes, e os bons seguidores de Cristo preocupam-se, desconfiam e sofrem quando não passam por alguma provação.

Sim! o cristão vive no meio das cruzes como os peixes vivem na água.

A Cruz de glória

A Cruz é o estandarte triunfal de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Ao morrer pregado no madeiro da Cruz, o Salvador pacificou com o seu sangue todas as coisas na terra e no Céu, mutando a sentença de morte contra os homens em graça de salvação (cf. Cl 2, 14).

Os Padres da Igreja chamam a Cruz, sinal vivificante, sinal da fé, fortaleza da vida, grande bem, escudo inexpugnável, espada régia para vencer os demónios (Gretzer, de Cruce, 5, 64).

São João Crisóstomo chama a cruz de esperança dos cristãos, ressurreição dos mortos, luz dos cegos, caminho dos transviados, muleta dos coxos, consolo dos pobres, travão dos ricos, destruidor dos soberbos, juiz dos injustos, liberdade dos escravos, luz dos ofuscados, glória dos mártires, abstinência dos monges, castidade das virgens, gáudio dos sacerdotes e fundamento da Igreja.

Coloquemos a Santa Cruz nas nossas frontes, nos nossos corações e nos nossos braços, como explica Santo Ambrósio (Livro de Isaac, 8). Na fronte, para que a professamos publicamente, a toda a hora; no coração, para que a amemos sempre; e no braço para que operaremos sempre o bem.

Assim, rezando e combatendo permaneceremos fiéis até à morte, momento em que a Cruz passará de escudo a glória, por toda a eternidade.