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quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

O diadema da glória

 

O Santíssimo Cristo de Burgos

Venera-se em Burgos, na Espanha, um crucifixo milagroso, diante do qual várias gerações ajoelharam-se para agradecer milagres recebidos ou para recorrer à divina proteção.

Uma antiga lenda atribui a sua autoria a Nicodemos, defensor de Nosso Senhor Jesus Cristo diante do Sinédrio e aquele que, juntamente com José de Arimateia, ajudou na preparação do cadáver do Divino Redentor para o enterro no Sepulcro (Jo 19, 39-42). Ele teria moldado o crucifixo sobre o corpo de Nosso Senhor, quando estava a ser retirado da Cruz.

Outra lenda, escrita por um Barão da Boémia, León de Rosmithal de Blatna, entre os anos 1465 e 1467, conta que ele teria sido encontrado, quando uns marinheiros de Burgos se depararam com um galeão vazio, no qual só havia uma caixa, contendo um crucifixo e umas tábuas com os dizeres: “Qualquer que seja a costa em que o navio aportar, ponha a representação do Nosso Salvador Crucificado num lugar decoroso”. Assim, o Santo Cristo de Burgos, com pelos e unhas naturais, braços e pernas articuláveis, as articulações e a ferida do costado recobertas com pele curtida de animal, teria sido levado ao Mosteiro Real de Santo Agostinho.

Durante a Guerra da Independência, o crucifixo foi transladado para a Catedral e depois voltou para o Mosteiro. Entretanto, com a chamada “Desamortização de Mendizábal”, quando se decretou a supressão de todos os Mosteiros de Ordens monacais e militares, voltou definitivamente para a Catedral de Burgos.

Nosso Senhor operou vários milagres, através deste crucifixo. O mais conhecido, foi a cura de Pedro Girón, Conde de Ureña, que tinha uma grave ferida aberta durante a guerra de Granada. Como agradecimento, mandou fazer uma coroa de ouro para ser colocada na cabeça do Crucificado e levou a antiga coroa de espinhos, como relíquia. Contudo, Nosso Senhor terá recusado portar uma coroa de ouro, sacudindo a cabeça e fazendo com que a mesma caísse ao chão, mostrando aos homens que Deus quer ser adorado como Aquele que não poupou sofrimentos por amor a cada de nós.

Conhecendo a história do Santo Cristo de Burgos e venerando-O, uma pergunta vem imediatamente à nossa cabeça: E nós? Se nos fosse dada a possibilidade de escolhermos, desejaríamos uma coroa de ouro, com muitas pedras preciosas, ou compreenderíamos a necessidade de aceitarmos a nossa coroa de espinhos e os nossos sofrimentos, com paciência e resignação, por amor de Deus?

Rezemos e peçamos a Nosso Senhor crucificado que nos dê força, coragem e a compreensão de que a alegria celeste, eterna, é conquistada com as dores passageiras, que suportamos neste mundo, em união com o nosso Redentor. Se assim fizermos, dia virá em que Nosso Senhor Jesus Cristo, com as suas mãos puríssimas e paternas, tocarão os nossos espinhos e, sob o efeito do seu divino contacto, o diadema da dor e da humilhação, tornar-se-á diadema de glória!

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