A festa de Baltazar - John Martin, Yale University Art Gallery, New Have, Connecticut, USA |
Se a prosperidade e os bens temporais estivessem ligados à virtude, não amaríamos a Deus por ser o nosso Criador e Senhor do Céu e da Terra, mas procuraríamos amá-Lo por interesse.
Santo Agostinho assim explicou este problema:
Algumas pessoas, quando vêm os inimigos de Deus e os libertinos no meio das riquezas, pensam: “Tenho servido a Deus por muito tempo, guardado os Seus mandamentos e cumprindo todos os deveres da religião. No entanto, meu destino ainda é o mesmo; os meus negócios não são os mais prósperos, e até parece que Deus se encarrega de os contrariar. Pelo contrário, os que vivem no mal, sem regras, sem religião, não param de gozar de uma saúde férrea, acumulando bens atrás de bens, sendo honrados e distinguidos”.
Mas um verdadeiro católico deve amar a Deus por causa da saúde do corpo, dos bens e das honras? É claro que não. A privação de todas estas coisas, muitas vezes, acontece para que se aprenda a amá-Lo não pelo que Ele dá, mas pelo que Ele é!
Acrescenta ainda Santo Agostinho que, se uma pessoa é justa, vive na amizade com Deus, em estado e ordem da Graça.
Ora, como esta Graça, que é uma participação criada na vida incriada de Deus, nos é dada de forma totalmente gratuita, não devemos amá-Lo por outra recompensa senão a de O receber, como ensina o livro da Génese: “Serei Eu mesmo a vossa recompensa demasiadamente grande” (Gn 15, 1).
Realmente, se pensarmos bem, se os bens da terra estivessem ligados ao cumprimento dos Mandamentos e à nossa vida espiritual, o nosso amor passaria de autêntico para uma espécie de amor mercenário.
Assim, quanto mais reclamamos quando Deus recusa de nos dar, ou retira de nós, os bens materiais, mais devemos considerar o quanto eles seriam perigosos, caso os possuíssemos!
Vale a pena pensar nisto!