Os monges-soldados “sabiam mostrar-se ao mesmo
tempo mais mansos que os cordeiros e mais terríveis que os leões, a ponto de
não se saber se deviam ser chamados religiosos ou soldados, ou melhor, a quem
não cabia melhor designação do que a dos dois nomes juntos,
monges e cavaleiros, porque sabiam combinar a doçura de uns e o valor de outros”
como afirmava São Bernardo de Claraval na obra “De Laude novae militiae ad milites templi” (Em louvor da nova milícia
guardiã do Templo).
Com as cruzadas - que tinham como principal objetivo libertar
o Santo Sepulcro das mãos do Sultanato de Rum, garantindo a
peregrinação dos cristãos ao lugar santíssimo onde Nosso Senhor Jesus Cristo
tinha sido sepultado e ressuscitado - a vida das três principais Ordens de Cavalaria - a “Ordem de São João de Jerusalém”, ou
Hospitalários, a “Ordem dos Pobres Cavaleiros
de Cristo e do Templo de Salomão”, ou Templários e a “Ordem dos Cavaleiros
Teutónicos”, ou Teotónicos - começou a atrair milhares de intrépidos cavaleiros e piedosos católicos, que sentiam um
chamamento para servir a Deus de todo o coração, com espírito religioso e militar.
Conta Joseph-François Michaud, na História das Cruzadas no, tomo
II –pp. 180-181, que retirados do mundo, os monges-guerreiros não tinham outra família senão a de Jesus Cristo e uma única pátria: Jerusalém.
As alegrias, os infortúnios, os perigos, tudo era partilhado entre
eles. Um só espírito dirigia todas as suas ações e todos os seus pensamentos, pois
viviam com um único objetivo: libertar o Santo Sepulcro. Todos estavam reunidos
numa mesma casa, que parecia habitada por um só homem. Viviam em grande
austeridade. Quanto mais a disciplina era severa, mais os corações pareciam unidos.
As armas eram o seu adorno. Não se encontravam ornamentos preciosos nas suas habitações,
nem nas suas igrejas, porque nelas só estavam presentes lanças, escudos e estandartes tomados dos inimigos.
À aproximação do combate, diz São Bernardo, armavam-se, interiormente,
com a Fé e exteriormente com o ferro. Não temiam nem o número, nem o furor dos adversários.
Sentiam-se altivos quando venciam, pois sabiam que toda a vitória vem de Deus.
Mas se morressem não ficavam tristes, pois confiavam na misericórdia divina.
Para os monges-guerreiros, a religião tinha santificado os
perigos e as violências da guerra. Quem passasse por algum dos seus mosteiros
na Palestina sentia-se numa fortaleza, onde o ruído das armas se misturava com o
cântico do Ofício divino, das Missas e das orações.
Sem comentários:
Enviar um comentário