Frei Pio (de Pietrelcina) é na verdade um homem extraordinário.
Basta dizer que tem as mãos
chagadas, como as do próprio Jesus Cristo e que foi favorecido por Deus com essas chagas miraculosas, como o seráfico fundador da ordem a que pertence, o doce “poverello” de Assis.
Muito poucos tem sido os favorecidos pela ventura rara de beijar essas mãos de chagas miraculosas. Eu tive essa ventura. Assisti à missa do Frei Pio, contemplei-o durante
bastante tempo, falei-lhe... e a minha impressão é tamanha e a emoção que senti foi
tão violenta e tão agradável ao mesmo tempo que não sei como exteriorizar o meu contentamento.
Não há naquele homem nada que não impressione. As falas, as maneiras, o seu porte, a sua missa ... ah! sobretudo vê-lo no altar,
oferecendo o Santo Sacrifício … encanta, hipnotiza. Dá vontade de ficar ali sempre.
Uma tossezinha seca e
aguda, que parece despedaçar-lhe o peito, acomete-o com frequência.
Apesar disso quase todas as manhãs vai ao confessionário. Diz missa
com o fervor de um serafim. Todos os
assistentes choram, quando ele celebra. Quando distribui a
Sagrada Comunhão procura cobrir as
mãos com a alva, para que não vejam as chagas. Estas são a toda a largura da mão pelo lado da palma e do tamanho de um “duro espanhol” pelo lado contrário. Tem iguais chagas nos pés. As plantas inteiramente chagadas e
por cima chagas em forma de moedas, que lembram duas rosas. Tem também duas chagas no peito, sobre o coração.
Todos os dias mana sangue de todas elas. Têm a cor rosa muito viva e exalam um
delicadíssimo aroma. Só para dizer missa é que as descobre. Fora desse acto
oculta-as com umas luvas. Para ver-lhas
usam muitos do estratagema de ajudar lhe à missa. É
processo posto em prática por muitos estrangeiros,
o que rende ao sacristão uma conta calada, pois disputa-se à custa de
apreciáveis gorgetas a honra de ajudar à missa ao santo religioso.
Muitos há ainda que mais para
ver-lhe as mãos do que por devoção e amor a Jesus Sacramentado se aproximam da Sagrada Mesa. A sua curiosidade não tarda a
converter-se em místico fervor. Muitos incrédulos, tocados pela candura daquele
homem extraordinário, têm pedido a confissão.
Frei Pio não consente que lhe tirem fotografias, posto que lho tenham pedido de mil
maneiras, servindo-se de mil estratagemas.
A sua existência, a conservação da sua vida parece-me ser um contínuo
milagre. Pois como explicar naturalmente
que um homem continue vivendo com sessenta
graus de temperatura?
Que horror!
Os médicos não são capazes de explicar o facto, que se torna ainda de mais difícil explicação, se considerarmos que, em virtude dessa
alta temperatura, Frei Pio está sujeito a uma transpiração
abundantíssima que o debilita enormemente.
Há muitas curas extraordinárias, factos de bilocação, descoberta
dos segredos da alma.
A 20 de Setembro de 1918, ao sair do coro desapareceu de entre a
comunidade.
Surpreendidos os religiosos, seus companheiros, procuraram-no por toda a parte e
depois de muito trabalho foram encontrá-lo desfalecido e com as chagas miraculosas impressas no corpo, a carne viva, o sangue fresco. Eram mais pequenas do que hoje e tinham um cheiro muito pronunciado a rosas, que ainda conservam.
São muitos os prodígios que se contam de Frei Pio.
Um dia foi á aldeia de São João Rotondo e curou um doente que os médicos tinham declarado perdido. Isto sem sair do
convento ou deixar de assistir com os religiosos seus companheiros aos actos da
comunidade.
Duas vezes passou da sacristia ao confessionário duma maneira invisível. É frequente descobrir as
consciências dos que se lhe confessam, antes de ouvi-los em confissão.
Testemunho sobre Santo Pio de Pietrelcina, publicado no "Diário do Minho", de 25 de Julho de 1922
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