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segunda-feira, 11 de março de 2019

O sinal da Cruz, sinal do cristão



Todas as obras de Deus têm um cunho de grandeza. O Céu, os esplendores do firmamento, a pequena flor, o menor grão de areia, se forem examinados cuidadosamente em cada uma das suas partes, revelam a omnipotência, a sabedoria e a grandeza infinita do seu Criador.

Assim é, também, a religião católica. Ela saiu das mãos de Deus e é a manifestação, a revelação que Deus fez de Si mesmo a seres racionais, que Se dignou criar.

Se analisarmos atentamente os menores detalhes da religião, descobriremos belezas e sublimidades não menos admiráveis do que as belezas da natureza. Tomemos, por exemplo, o sinal da Cruz, esta pequena prática de Religião, tão universal, tão frequente no decurso dos nossos dias.

Todos nós fazemos o sinal da Cruz. Mas será que pensamos nos mistérios que ele encerra?!  Por falta de reflexão, não lhe damos a importância que ele merece.

O sinal da Cruz é um sinal exterior, que distingue os cristãos dos outros homens, um movimento que os cristãos fazem sobre si mesmos, normalmente com a mão direita e que se faz traçando a figura de uma cruz sobre o peito, sobre a teste, ou sobre, a boca ou sobre qualquer objeto exterior.
Foram os apóstolos, revestidos da autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que o instituíram e ensinaram esta prática religiosa aos primeiros discípulos do Evangelho.

Jesus Cristo, crucificado, a regra viva dos seus discípulos

Por que deram preferência a este sinal e não a outro? A preferência a este sinal está no fato de que ele lembra àquele que o faz, e aos que o vêem fazer, que Jesus Cristo é o Deus dos cristãos e o Senhor único das almas. Também, porque lembra que Deus, tão grande e bom, nos amou tanto que se entregou por nós ao suplício da Cruz e que devemos amá-Lo com toda a nossa alma.

O sinal do Cruz põe-nos sempre diante dos olhos Nosso Senhor crucificado, nosso modelo, cujas virtudes devemos imitar, se quisermos ser salvos nEle e por Ele. Jesus Crucificado é a regra viva de todos os seus discípulos e a Sua Cruz é o código da Sua moral. O sinal da Cruz de Jesus Cristo resume, portanto, toda a moral cristã, e recorda àquele que o faz com atenção a obrigação de imitar, na vida de cada dia, a penitência, a mortificação, a humildade, a doçura, a paciência, o desapego, a castidade, a obediência do Seu Mestre, seu amor para com o Pai celeste, para com a sua Mãe Santíssima, para com todos os homens, sua misericórdia para com os seus inimigos, e o seu amor pelo sofrimento.

Por que é ele o sinal do Cristão? Porque faz lembrar aos cristãos a eterna bem-aventurança. Com efeito, Nosso Senhor ressuscitou depois da sua Paixão e Morte e foi pela Cruz que entrou na sua glória. Assim, sucederá, também, com os seus discípulos. A glória no paraíso deve ser o fruto da vida crucificada, à semelhança da vida do Salvador. É por isso que Ele nos declara no Evangelho que quando vier, no fim do mundo, para julgar todos os homens, aparecerá com o sinal sagrado da Cruz, para servir de reconhecimento aos seus escolhidos, e de condenação para os réprobos.

Lembra os pontos mais importantes da nossa religião

O sinal da Cruz é também o sinal distintivo dos cristãos, porque ele faz lembrar os pontos mais importantes da nossa religião:

1)      Recorda o mistério da Santa e Indivisível Trindade, pois que, ao fazê-lo, se diz: “Em nome do Padre (ou do Pai), do Filho e do Espírito Santo, três pessoas; O Pai, o Filho e o Espírito Santo; mas num só Deus; em nome, e não em nomes.

2)      O mistério da Encarnação e da Eucaristia, isto é, o Filho de Deus que desceu do Céu à terra por nós, no seio da Virgem Maria, e continua descer nos nossos altares. Porquanto, é ao dizer: em nome do Filho, que se desce a mão da testa ao peito, viva imagem do aniquilamento do Filho de Deus, que repousa no coração dos seus fiéis como outrora nas castas entranhas de Maria.

3)      O mistério da Redenção, isto é, Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, feito homem, morrendo numa Cruz para apagar os nossos pecados, para nos fazer merecer o perdão e a salvação eterna, e abrir-nos as portas do Céu, fechadas pelo pecado.

4)      O mistério da Igreja, isto é, da sociedade, una, santa e católica dos discípulos de Jesus Cristo, dos filhos da Cruz. Sendo o sinal da Cruz o mesmo para todos, é o sinal da sua união num só corpo, o sinal exterior da sua sociedade. O sinal da Igreja, recorda admiravelmente a sua unidade, formando um só corpo, fora do qual não se está com Jesus Cristo; a sua universalidade, que Ela é católica (ou universal) estendendo-se a todos os países, a todos os povos, e chamando-os a todos à luz da verdade; que Ela é santa, tendo por chefe e por modelo o Santo dos Santos, Jesus crucificado, cuja imitação é o caminho único e mais seguro da verdadeira santidade; apostólica, isto é, fundada pelos apóstolos, instituidores do sinal da Cruz, os quais a governam sempre pelos seus legítimos sucessores, os pastores da Igreja Católica.

5)      Finalmente, o sinal da Cruz recorda aos cristãos que a verdadeira e única Igreja de Jesus Cristo é a Igreja romana, isto é, a Igreja governada pelo Papa, Vigário de Cristo e sucessor de São Pedro, Príncipe dos Apóstolos, o qual sofreu por Jesus Cristo, em Roma, o martírio da Cruz.

Ou seja, o sinal da Cruz resume tudo o que há de grande e de mais fundamental no dogma e na moral do Cristianismo.

Afasta os demónios

O sinal da cruz é também uma arma vitoriosa contra o inferno. O demónio, dizia Santa Teresa de Ávila no capítulo XXX da sua vida, tentou-a muitas vezes, com muitas provações interiores e secretas. Às vezes, ele a tentava quase em público, por uma ação visível. “Encontrava-me um dia num oratório quando ele me apareceu, ao lado esquerdo, sob uma forma asquerosa. Prestei muita atenção na sua boca: ela era horrível. Do seu corpo saia uma grande chama, clara e sem mistura de sombras. Ele disse-me com uma voz horrorosa que eu lhe tinha escapado das mãos, mas que voltaria a tentar-me. Meu medo foi grande. Fiz o sinal da Cruz e ele desapareceu. Contudo, voltou a aparecer. Fiz novamente o sinal da Cruz, e ele pôs-se em fuga, não tardando a reaparecer. Então atirei água benta do lado onde ele estava e ele não mais voltou".

Façamo-lo do fundo do coração

É pois com toda a razão que os Apóstolos no-lo deram como nosso sinal distintivo. É também a razão por que a Igreja o emprega na administração das coisas santas, nos Sacramentos, nas bênçãos, no princípio e no fim de toda as suas orações.

Façamos de hoje em diante com respeito e com a devida atenção este sinal tão venerável. Façamo-lo, não por hábito, e com as pontas dos dedos como quem sacode o peito, mas com espírito religioso, pausada e lentamente, do fundo do coração.

Façamo-lo com muita frequência, principalmente nas nossas tentações e amargura, antes e depois das refeições, e ao fazê-lo tenhamos cuidado de nos lembrar das santas verdades, que ele encerra, e das obrigações, que nos impõe, o nosso título tão grande de cristãos.

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