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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

A morte de um fundador


"A morte de um fundador de ordem religiosa ou congregação quase sempre ocorre entre sinais ou associações à santidade por seus filhos espirituais, que buscam nas graças dos céus concedidas a ele, o reforço da missão à qual dedicou a vida e sobre a qual se dedicarão, a partir dali, os seus membros a exemplo do fundador. Nem sempre, porém, os sinais são tão evidentes ou claros quanto o que vimos no final da última semana, diante do falecimento do fundador dos Arautos do Evangelho.

"Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, 85 anos, morreu na sexta-feira, 1 de novembro. Fundador dos Arautos do Evangelho, a entrega de sua alma ocorreu em meio a diversos sinais vistos por muitos, e diante dos quais não pairam dúvidas. Em primeiro lugar, se dá um dia após o aniversário de sua Primeira Comunhão, ocasião em que pôde receber também pela última vez o Corpo de Cristo. Aos que acusam os Arautos de uma devoção exagerada ou veneração precipitada ao fundador, não se pode dizer que essa coincidência foi inventada por eles. Depois, o dia 1 de novembro, data em que o mundo inteiro celebra o Dia de Todos os Santos, exceto no Brasil, terra do Monsenhor, que repete talvez o ditado que “santo de casa não faz milagres”. O Brasil é conhecido por ter seus heróis valorizados mais fora do que dentro de nossas fronteiras, ao menos oficialmente: a Igreja, no Brasil, transfere a solenidade para o domingo seguinte, diferente da maior parte da Igreja Católica no mundo. Ainda assim, a Solenidade do domingo marcou a despedida e última missa exequial do Fundador que teve como mestre espiritual Plinio Corrêa de Oliveira, também chamado fora do Brasil pelo título de Cruzado do Século XX.

"Uma foto que vem circulando entre seus membros mostra um arco-íris bem acima da Basílica em que foi velado o corpo do Monsenhor, na cerimônia de três dias que se encerrou neste domingo. Esta simbologia poderia ser comparada àquela de uma outra foto, a do famoso raio no Vaticano. O raio como símbolo do castigo e o arco-íris, da esperança. A tibieza de parte do clero será certamente cobrada com altos juros, ao passo que a verdadeira esperança que a Igreja oferece é aquela de sempre: o desejo pela santidade pela radicalidade do serviço às almas, do apostolado vivo que parece só poder renascer no mundo quando há uma ordem forte e devota de seu fundador. O amor ao fundador é, ao contrário do que prega a malícia do mundo, o fermento da verdadeira ação da graça na Igreja, tendo disso tanto exemplos na história: jesuítas, franciscano, dominicanos e tantos outros, que tiveram seus fundadores como sinais visíveis de Deus na Terra.

"A estrutura criada pelos Arautos do Evangelho tem sido fundamental para a manutenção da vida religiosa, por meio de uma criteriosa educação católica de meninos e meninas, buscando a preservação da inocência e a verdadeira formação para a santidade entre uma multidão crescente de famílias. Neste crescimento, decerto um tanto silencioso, avança aquela contrarrevolução sonhada por Plinio Correa, posta em ação de maneira ainda mais profunda por Monsenhor João ao seguir radicalmente os passos de seu mestre, o seu fundador.

"O exemplo contrarrevolucionário dos Arautos deveria servir de grande alerta e admoestação a todos os que pensam enfrentar um mundo moderno anticristão por meio de suas próprias forças, sejam políticas, retóricas ou intelectuais, esquecendo-se que todo sucesso vem de Deus e que ninguém vencerá absolutamente nada sem estar radicalmente unido a Ele. E esta união, defendida por Plinio Corrêa, só poderia ser feita através da Virgem Maria, Mãe do Redentor, canal de graças por onde o próprio Deus quis vir ao mundo e forma perfeitíssima de acesso a Ele neste mundo. Não por acaso, todas as obras marianas da história da Igreja tiveram uma profusão de graças e realizações incríveis, sendo, porém, igualmente perseguidas em alguma medida pelas forças das trevas representadas pelos poderes deste mundo.

"Os Arautos são radicais na devoção à Eucaristia: seus membros, religiosos, religiosas e sacerdotes, recebem o Corpo de Cristo duas vezes por dia, o máximo que é permitido. Isso se deve a uma percepção do fundador, de que, se o mundo amplia a cada dia as oportunidades de pecado, como vemos, é preciso que se amplie ainda mais as oportunidades de graça, sob pena de não perseverar. Para eles, que são tidos como exagerados e radicais por um mundo indiferente e tíbio, uma alma que não se esforce ao máximo para obter a santidade por meio da graça, disponível exclusivamente na Igreja Católica, não mantém estabilidade nem mesmo na obediência aos 10 mandamentos, não podendo, portanto, salvar-se. Esta perceção vem de Plinio Corrêa, que viu o mundo caminhar pelos passos da Revolução, que evoluiria até o culto ao demônio em sua mais radical literalidade. Se vemos, hoje, o mal se apresentar de maneira cada vez mais radical, não é na radicalidade que os bons precisam se enfileirar?

"A metáfora da guerra, da batalha, sempre foi a que mais santificou na Igreja. Esta combatividade, no entanto, recebeu um recuo gigantesco no século XX, sendo esta a razão principal da crise atual e não outra".

Cristian Derosa, Instituto Estudos Nacionais

Jornalista e escritor, autor do livro O Sol Negro da Rússia: as raízes ocultistas do eurasianismo, além de outros 5 títulos sobre jornalismo e opinião pública. Editor e fundador do site do Instituto Estudos Nacionais

Falece um exímio formador, verdadeiro guerreiro de Maria Santíssima, filho espiritual de Plinio Correa de Oliveira e pai de uma grande família de almas


 Depois um longo período de sofrimento, no dia 1 de novembro de 2024, Solenidade de Todos os Santos, Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, fundador dos Arautos do Evangelho, entregou a sua alma a Deus.

Não há maior amor do que sofrer e oferecer a sua vida pela Santa Igreja, pelos seus filhos espirituais e por uma Obra que congrega quase duzentos sacerdotes, milhares de religiosos e religiosas, bem como centenas de milhares de leigos, de famílias que vivem intensamente a vida cristã, segundo o carisma dos Arautos, em mais de 70 países.

O Salmista recorda que “Deus é admirável nos seus santos” (Sl 67, 36) e é verdade que Ele continua a “fazer” coisas extraordinárias através de homens bons e fiéis. Hoje os nossos pensamentos e as nossas orações voltam-se de forma particular para Mons. João Clá. Todos aqueles que tiveram a felicidade de serem formados por ele, de terem aprendido a amar a Sagrada Eucaristia e a louvar Nossa Senhora, a consagrarem-se a Ela, segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort, graças a ele, manifestam com filial veneração a sua eterna gratidão a um exímio formador e um verdadeiro guerreiro da Santíssima Virgem.

Do Céu, certamente, Mons. João Clá continuará a inspirar os Arautos do Evangelho a fim de que sejam sempre fiéis ao seu carisma, que continuem a formar a juventude e que lutem pelo triunfo do Imaculado Coração de Maria, como Nossa Senhora prometeu em Fátima.

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Nossa Senhora pede-nos o oferecimento da vida sem vermos a vitória

 



Deus quer almas que se Lhe entreguem inteiramente (...) para serem aventureiros da Virgem Maria, mas aventureiros de uma aventura singular, porque é uma aventura que tem consigo a certeza de que haverá risco, mas que haverá vitória! Não há dúvida sobre a vitória. Não há dúvida sobre o êxito inteiro da ação empreendida.

Sabemos que haverá muitos obstáculos. Mas, para além dos obstáculos, veremos a Santíssima Virgem, a Nossa Senhora dos Milagres, que pode fazer milagres, e que tem feito e que fará ainda. Ela pode fazer milagres para vencer. Mas a nossa aventura é tal que, ainda que se tenha que operar milagres, ela será conduzida a bom resultado.

Onde está Nossa Senhora não há derrotas possíveis, depois disso vem necessariamente uma pergunta de Deus, uma pergunta de Nossa Senhora: "Meu filho, pedi-te que entres nessa aventura. Tu entrastes na aventura porque te parecia boa, porque te parecia formosa. Foste atraído pela aventura. Mas Eu queria saber se o teu amor por Mim é tão grande, que mesmo que essa aventura não tivesse resultado, mesmo que não produzisse consequências, mesmo que tu e os teus companheiros de ação devêsseis ser derrotados, ignorados pela História, sob o riso dos Meus inimigos, esmagados para a Minha glória, para serdes heróis no Reino dos Céus e exclusivamente por amor a Mim, sem pensar nos resultados terrenos, Eu quero saber se o vosso entusiasmo, se a vossa dedicação iria bastante longe para aceitar também este risco. Aceitar também a possibilidade de um holocausto completo, de um oferecimento da vida, com a aceitação do insucesso. Ou seja, o oferecimento da vida, a aceitação da morte, sem ter a certeza da vitória".

Houve tantos e tantos que assim morreram pela Igreja. Pensem nos Cristeros do México no século passado. Pensem nos Chouans da França. Pensem nos carlistas da Espanha, pensem nos heróis da Reconquista castelhana, da Reconquista portuguesa. Esses heróis, na maior parte dos casos, morreram nos séculos da reconquista, durante os quais não tinham a certeza de que afinal os católicos venceriam os mouros. Não tinham certeza de que a guerra santa, na qual morriam, ia vencer.

Mas, eles aceitavam a morte com um olhar sobrenatural. Não lhes importava a vida, não lhes importava a glória terrena. Eles queriam o sacrifício, a integridade da sua dedicação a Nossa Senhora. E é porque a sua dedicação foi levada até este ponto que Nossa Senhora lhes deu a coroa. Porque a coroa da vitória final deve ser dada não aos que aceitam a luta para obter a vitória, mas para aqueles que aceitaram a luta, mesmo que não tivessem a vitória! Estes merecem a vitória.

Um que entra para uma luta olhando mais para a vitória que para o ideal, olhando mais a satisfação do amor-próprio de ser um vencedor, do que os direitos da Rainha destronada, pela qual é necessário morrer, este não tem condições de alma para ser uma pedra viva do Reino de Maria.

O Reino de Maria vencerá. O Reino de Maria será edificado, e será uma construção ainda mais magnífica do que a Idade Média! Mas, esta construção só terá sua força, se for edificada sobre homens absolutamente desinteressados! Homens capazes, na luta de todos os dias, de dizer duas coisas simultâneas a Nossa Senhora: "Minha Mãe, eu creio na vossa promessa e eu creio no sucesso, mas, minha mãe, mesmo que não me devesses dar o sucesso, eu igualmente lutaria por Vós, porque sois minha Mãe, e eu não quero o meu sucesso, mas o vosso. E se outros terão de colher o sucesso, eu terei semeado o sucesso pela minha dedicação, eu estarei contente, minha Mãe, porque terei vivido e terei morrido herói anônimo por Vós".

Esta é a prova de dedicação que Nossa Senhora nos pede. É de ter este estado de espírito, por onde ao mesmo tempo temos a certeza da vitória, mas sejamos completamente desapegados da vitória.

E qual é a maneira pela qual esta prova se dará? Ela dar-se-á pela vida de todos os dias. Há de suceder, necessariamente, que os senhores terão dificuldades. Há de suceder que rirão dos senhores. Há de suceder que em muitas ocasiões, os senhores comecem atividades apostólicas e não tenham o sucesso imediato. Há de suceder que algumas vezes, pela miséria humana, os senhores se entendam mal uns com os outros, e que haja dificuldades inclusive entre os senhores. Há de haver momentos em que não acontece nada de novo.

E os senhores veem então grandes forças internacionais, imensas que parecem furacões, que se levantam contra a Igreja Católica e a Civilização Cristã! E os senhores sentir-se-ão pequenos.

Nesse momento a vossa vocação vai ser posta à prova. E nesses momentos é preciso não ter indecisão, não ter nenhuma forma de dúvida. Ter uma dedicação completa. Vós deveis dizer: "Eu estou certo de que mais cedo ou mais tarde o sucesso virá. Eu esperarei o sucesso rezando, aceitando os insucessos parciais com coragem de um verdadeiro lutador, porque um dia Nossa Senhora me ajudará"!

Plinio Corrêa de Oliveira

Os fracassos da educação nascem do esquecimento do fim último das crianças



A edução das crianças depende do conceito da vida. Vive-se como se pensa e educa-se como se vive, ou como os meios de comunicação de massas diz que vivemos ou devemos viver. E este conceito da vida envolve uma doutrina da educação e toda doutrina de educação baseia-se numa filosofia de vida que, no fundo, pode ser resumida em duas perguntas: Que é o homem? Para que está neste mundo?

As diferentes respostas a estas perguntas indicam os rumos que as sociedades dão à educação.

Para nós católicos as respostas são simples.

Que é o homem? Ele é um ser composto de corpo e de alma, portanto, com inteligência, vontade e sensibilidade. Ele é uma pessoa irredutível e membro de uma família, uma pequena sociedade onde nasce, depois escolhe uma profissão e trabalha, finalmente, vive, seguindo as leis e regras do Estado. Como tem uma alma imortal, é filho do tempo, mas destinado à eternidade. Senhor absoluto dos seus atos, pelo livre-arbítrio, mas súdito incondicional de Deus, e submisso às justas leis da sociedade em que vive. O homem, com instintos que pedem satisfação, tem por outro lado, exigências morais que o obrigam a usar dos instintos dentro de normas que os precedem e transcendem. É um ser composto de fraquezas e de forças, de egoísmos e generosidades, possuindo entrelaçadamente como já referi, o intelecto, a vontade e sensibilidade, que se distinguem, mas não se separam, pelo contrário, ligam-se e completam-se numa maravilhosa unidade.


Para que está neste mundo?

O homem foi criado por Deus, inocente e puro. Mas caiu. Quando a mão de Deus o ergueu, pela misericórdia da Redenção, já não era o mesmo. A queda não apenas lhe arrebatara a graça santificante e os dons preternaturais, como também desequilibrou o seu próprio funcionamento natural. As paixões desordenam-se, inclinando-o para o mal. Ele ficou com a inteligência turvada, a vontade enfraquecida, tornando-o incapaz de praticar o bem. Mesmo reconduzido à graça, pelo batismo, pesam-lhe as consequências da queda. Correspondendo à graça, pode, com algum esforço, manter o equilíbrio, vivendo no bem e na virtude. Tendo sido criado para o Céu, vive desgostoso e insatisfeito na terra, de tal maneira inquieto que só sossega, quando descansa em Deus. Dir-se-ia que sente uma nostalgia da Casa Paterna, uma como saudade daquelas tardes em que o Senhor descia a passear com ele no Paraíso (Gn 3, 8). Na verdade, nunca se esqueceu que Deus é o seu primeiro princípio e o seu último fim.

Só com esta visão completa do homem, estaremos em condições de proporcionar às crianças uma educação integral. Encarando o homem como ele é, podemos torná-lo como deve ser. Deveria ser, portanto, dever do educador explicar e apresentar aos pequenos a multiplicidade das suas funções orgânicas e espirituais, no seu destino terreno e eterno, nas suas atividades individuais e sociais, a fim de que aprendam uma hierarquia de valores, que lhes dará um rumo certo à educação, não deformando o conjunto, nem perturbando a harmonia das suas finalidades.

A criança deve aprender que tudo existe em vista de um fim. Nas várias finalidades humanas, uma deve dominar a todas e é, por isso mesmo, o motivo primeiro e último da existência. Todos os fins particulares, importantes que sejam, devem subordinar-se e servir a este último fim, cuja consecução deve ser a maior preocupação da vida, o seu verdadeiro ideal. Isto é de tal modo vital, que a vida só tem sentido em vista deste fim: perdido ele, tudo fica perdido, mas se for alcançado, tudo se ordena, e até os fins secundários são mais facilmente atingidos.

Portanto, a salvação da alma domina e deve canalizar tudo. Temos um fim último eterno, que, por isto, constitui toda a nossa felicidade e cuja perda é para nós a suprema desgraça. Mas, nem por isso se desfazem os demais fins da vida. Pelo contrário, convergem e orientam-se todos para ele.

Este é o verdadeiro conceito do homem e da vida e, por ele, devemos educar os nossos filhos e netos: “Cuidar do corpo para servir à alma. Cuidar da inteligência para servir à vontade; cuidar da vontade para servir a Deus”.

Os fracassos da educação nascem do esquecimento do fim e dos meios sobrenaturais para atingi-lo. E aquele homem do dever, senhor de si, de vontade firme, em busca de perfeição, por mais que se façam esforços, não se consegue sem o ideal cristão, o amparo da oração, a força dos sacramentos. Na educação, como em tudo, é cabal a palavra do Divino Mestre: “Sem Mim, nada podeis fazer” (Jo 15, 5).

É pena que, em lugar de impulsionar as crianças para Deus, sejam alguns “educadores” os primeiros a extinguir neles o Espírito, penetrando-as de ideais errôneos e enchendo-lhes de terra o coração. A criança em sua recetividade generosa é campo fecundo para a impregnação cristã. Facilmente, poder-se-ia comunicar o conceito cristão da vida, uma vontade disposta a fazer o bem, na intenção de fazer sempre o agrado do Pai (Jo 20, 9-29).

sábado, 19 de outubro de 2024

O poder da oração


 

Onde, pergunto-me, encontrar um tesouro maior do que a oração? Onde podemos encontrar uma mina mais rica e fecunda? 

Ouçam, novamente, o que diz outro doutor, muito religioso e santo, ao tratar do mesmo assunto: 

“Na oração, a alma purifica-se do pecado, a caridade nutre-se, a fé enraíza-se, a esperança fortalece-se, o espírito alegra-se, a alma derrete-se de ternura, o coração é purificado, a verdade é descoberta, a tentação é vencida, a tristeza foge, os sentidos são renovados, a tibieza desaparece, a ferrugem dos vícios é consumida; desta prática surgem também faíscas vivas, desejos ardentes do Céu, e entre essas faíscas arde a chama do amor de Deus". 

São grandes, é preciso admiti-lo, as excelências da oração e os seus privilégios são admiráveis! A ela os Céus abrem-se, a ela revelam-se segredos, à sua voz o ouvido de Deus está sempre atento. Não direi mais nada. Isto é suficiente para termos uma ideia do fruto deste santo exercício.

São Pedro de Alcântara, Padroeiro do Brasil

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Oração do Professor Dr. Plinio Corrêa de Oliveira ao Anjo da Guarda

 


Meu Santo Anjo da Guarda, sei que dentro dos planos divinos deveis, pelos desígnios de Deus, exercer especial papel na realização da minha vocação. Vós, com todos os Espíritos Celestes, possuís uma missão altíssima na luta contra a Revolução (do bem contra o mal no mundo). Dirijo-me a todos vós tendo presente a vinculação que estas circunstâncias estabelecem honrosamente de mim para convosco.

Em nome desse vínculo, suplico-vos: “Obtende da Rainha do Céu que a vossa ação se intensifique e tome toda a magnitude proporcionada com as minhas debilidades, infidelidades, fraquezas, com o meu desejo de servir inteiramente a Causa da Igreja Católica e da Civilização Cristã”.

Peço-vos, portanto, que intervenhais quanto antes sobre as pessoas e os acontecimentos de maneira que, libertos da ação do demónio, a qual hoje atingiu um auge, possamos pertencer-vos inteiramente e ser os vossos guerreiros na grande luta espiritual que se aproxima.

Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira

Oração de Santo Ildefonso a Nossa Senhora


 Ó doce Virgem, iluminadora dos corações, curai a minha cegueira, iluminai a minha fé, fortificai a minha esperança, ascendei em mim a caridade ... Como aurora brilhante que precedeu o Sol eterno, esclarecei o mundo com a luz da graça, iluminai a Igreja com o brilho das vossas virtudes.

Ó gloriosa Soberana, sois Aquela que a Escritura fala nos seguintes termos: “Deus disse: Que a luz exista, e a luz existiu”. Ó luz pura, luz encantadora, luz que ilumina o céu, fazendo tremer o inferno! Luz que traz de volta os perdidos, fortifica aqueles que desanimam, alegra os Anjos e todos os Santos da Corte Celeste! Ó luz reveladora dos mistérios que mostrai as coisas escondidas e dissipai as trevas! Fazei-nos ver os nossos pecados, reerguei o que em nós está em ruínas, dissipai as nossas trevas, curai os doentes, conduzi os pecadores às vias da penitência.

Santo Ildefonso, sermão 17 

Consagração ao Anjo da Guarda



Desde o século XVI, o Papa Paulo V oficializou o dia 2 de outubro como festa dos Anjos da Guarda. Solícitos e puros, os Anjos são fiéis mensageiros de Deus e da sua Palavra. Força de Deus, Remédio nas fraquezas da vida, guias e companheiros da nossa humana jornada. Os Anjos guardam os nossos passos, protegem-nos de todos os males e levam as nossas orações à divina presença.

Assim, para proteger-nos no combate contra o demónio, o mundo e a carne, peçamos ao nosso Anjos da guarda, invisível e forte defensor, que nos guarde hoje e sempre. Melhor ainda, consagremo-nos ao nosso Anjo da Guarda por meio da seguinte oração:

“Santo Anjo da Guarda, desde o início da minha existência, Deus Vos confiou a missão de me proteger e guiar. Na presença de Deus, meu Senhor e Mestre, de Maria Santíssima, minha Mãe Celeste, de todos os Anjos e Santos, eu, ........., pobre pecador, consagro-me hoje a vós.

Peço-vos que me tomeis pelas mãos e não mais me largueis. Por estas mãos, que agora são também vossas, prometo fidelidade e obediência constantes a Deus e à Santa Igreja.

Prometo venerar sempre Maria Santíssima, como minha Soberana, minha Rainha e minha Mãe e imitar a sua vida.

Prometo também venerar-vos sempre, meu santo protetor, e propagar, segundo os meus meios, a devoção aos santos Anjos, a fim de obter o socorro da vossa proteção, prometida especialmente nos momentos, como os nossos, em que se travam batalhas espirituais, a favor ou contra o Reino de Deus.

Obtende-me, eu vos suplico, ó Santo Anjo de Deus, que o amor de Deus me consuma e que a fé infalível me guarde de todo o desvio ou passo em falso. Pela vossa mão poderosa, afastai de mim os assaltos do inferno.

Peço-vos, pela humildade de Maria Santíssima, que me liberte de todos os perigos, para que, sob a vossa proteção, chegue às portas da Cidade Celeste e convosco louve a Deus pelos séculos dos séculos. Amém".

domingo, 29 de setembro de 2024

Nações-chave: França e países ibero-americanos

 


Sabemos que Deus criou uma nação-chave no Antigo Testamento: Israel. Haveria também no Novo Testamento alguma nação-chave? Com toda a certeza podemos responder afirmativamente. Porém, é necessário distingui-las em dois graus. No primeiro diríamos que as nações chave do Novo Testamento são os povos cristãos. Mas -- e aqui entramos no segundo grau -- dentro dos povos cristãos haverá alguma nação-chave?

São Pio X diz, numa de suas encíclicas, que Deus criou uma nação-chave, um povo eleito, entre os cristãos: a nação francesa. E' ela que, naturalmente, influencia o mundo inteiro. No campo das virtudes, por exemplo, quando são praticadas pelos franceses, irradiam-se pelo mundo inteiro com grande facilidade. Haverá culto mais difundido que o de Santa Terezinha do Menino Jesus?

Diante disto põe-se um problema penoso e pungente: como está esta nação-chave nos nossos dias? Haverá uma esperança para ela?

Com relação à França eu sou como o judeu em relação ao povo eleito. Amo o templo, amo as ruínas do templo, e se essas ruínas se desfizerem em pó, eu amarei o pó que resultou dessas ruinas.

Devo dizer, pois, que tenho a impressão de que a França continuará a ser a nação-chave. Mas, assim como outrora tivemos o império do Oriente e o império do Ocidente, assim como na própria Cristandade havia dois impérios, o Bizantino e o Romano-Alemão, assim também teremos ao lado do império francês para as nações antigas, o império, o domínio e a hegemonia cultural de outras nações, profundamente embebido daquilo que o espírito latino e francês tem de melhor, mas trazendo também consigo outras seivas. Estas nações, como todas as nações eleitas, são capazes de conhecer as piores misérias, piores do que qualquer outro, quando não correspondem à graça de Deus, mas são também capazes das maiores glórias, desde que correspondam à Sua graça. A meu ver, estas nações são as que constituem o mundo ibero-americano.

Plinio Corrêa de Oliveira, 15/10/1958

 

A oração é um impulso do coração para Deus

 


Como é grande o poder da Oração! É como se uma rainha tivesse livre acesso ao rei em todos os momentos e pudesse obter tudo o que pede.

Não é necessário, para ser ouvida, ler num livro uma bela fórmula composta para a circunstância. Aliás, fora o Ofício Divino, que sou indigna de recitar, não tenho coragem de me obrigar a procurar nos livros as belas orações. Mesmo que as recitasse todas, não saberia qual escolher. Faço como as crianças que não sabem ler, digo simplesmente ao Bom Deus o que Lhe quero dizer, sem usar frases bonitas. E Ele compreende-me sempre...

Para mim, a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o Céu, é um grito de reconhecimento e de amor tanto no meio da provação, como no meio da alegria; enfim, é algo grande, sobrenatural, que me dilata a alma e une-me a Jesus.

Santa Teresinha do Menino Jesus