Ou Deus, Inteligência Suprema, ao criar o universo dispôs que houvesse um poder ordenativo que dirigisse a mente dos homens, ou na obra-prima d’Ele, que é a alma humana, o Criador terá deixado uma lacuna e, mais ainda, um caos.
Portanto, ou há uma Igreja infalível ou Deus não existe.
Infalível, sim, pois ela em tudo coloca ordem. Se algo é verdadeiro, o é porque
toda uma linhagem de pontífices, desde São Pedro até ao seu atual sucessor,
ensina inerrantemente a verdade. Compreendendo e aceitando isso, sinto-me
tranquilo, descanso. Se todos acreditarem nisso, todas as cabeças se ordenam a
respeito do essencial do pensamento humano. Então, estabelece-se no mundo uma
ordem superior, acima de todas as outras ordens. Então a obra-prima de Deus
acha-se confirmada.
Esse é o meu sentimento em relação ao Papado. A tal ponto
que, ao ouvir falar do dogma da infalibilidade pontifícia, entusiasmei-me muito
e pensei: Até há pouco sentia-me como um homem que andava no meio de
penhascos, com medo de cair. E agora dizem-me: “Veja bem, aqui há um corrimão”.
Donde, um grande alívio! Posso, com serenidade, admirar o panorama. Chegou a minha
vez de respirar.
Porque eu vejo a minha própria falibilidade. Percebo como
posso errar. Mas, existe uma instituição de origem divina, que orienta a alma
humana desde Nosso Senhor Jesus Cristo até aos nossos dias, ensinando sempre a
mesma Fé, sem erro nenhum. Logo, todo o resto para mim se explica. Agora acho-me
à vontade para caminhar nas trilhas desse mundo. Deus, necessariamente, haveria
de fazer alguém infalível para conduzir a bom porto o coração do homem!
O corolário dessa constatação é este: de todas as religiões,
bastaria que uma ensinasse a infalibilidade, para que eu acreditasse nela.
Assim, quando me inteirei da infalibilidade papal, um brado ecoou no interior da
minha alma, uma exclamação de júbilo perto da qual a que terá brotado do peito de
Colombo ao avistar as Américas seria um riso de criança: essa Igreja em que
nasci é evidentemente verdadeira! Porque Deus, ao fazer uma Igreja autêntica,
tinha de fazê-la infalível!
Plinio Corrêa de Oliveira
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