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domingo, 2 de outubro de 2011

Os sacerdotes não se devem calar diante do lobo que ataca o rebanho

O dever dos Pastores de não se calarem diante da investida dos lobos sobre o rebanho, não tendo medo de dizer a verdade, e ser arauto da vinda do rigoroso juiz, foi assim ensinado pelo Papa São Gregório Magno na sua regra pastoral:
O Pastor deve saber guardar silêncio com discrição e falar com oportunidade, de modo que nem diga o que deve calar nem cale o que deve dizer. Porque assim como a palavra discreta leva ao erro, também o silêncio imprudente confirma no erro os que deviam ser ensinados. Muitas vezes os pastores incompetentes, pelo temor de perder a estima dos homens, não se atrevem a dizer livremente a verdade;  e deste modo, segundo a palavra da Verdade, não atendem à guarda do rebanho com o zelo de verdadeiros pastores, mas comportam-se como mercenários: fogem ao vir o lobo, refugiando-se no silêncio.
Por isso o Senhor os repreende por meio do Profeta: “São cães mudos, incapazes de ladrar”. E insiste noutro lugar: “Não acudistes às brechas nem reconstruístes a muralha em defesa da casa de Israel, para que pudesse resistir no combate no dia do Senhor”. Acudir às brechas é opor-se aos poderes deste mundo, falando com inteira liberdade em defesa da grei. Resistir no combate no dia do Senhor é lutar por amor da justiça contra os ataques da iniquidade.
Dizer de um pastor que teve medo de dizer a verdade, que é senão dizer que voltou as costas ao inimigo com o seu silêncio? Mas se ele vai em defesa do rebanho, é como se levantasse a muralha da casa de Israel contra os seus inimigos. Por isso, também ao povo que recaía na infidelidade disse o Senhor: “Os teus profetas anunciaram-te apenas coisas falsas e insensatas; não te manifestaram a tua iniquidade para te conduzirem à penitência”. Na Sagrada Escritura dá-se por vezes o nome de profetas aos doutores que, denunciando a instabilidade das coisas presentes, anunciam as realidades futuras. Aqueles a quem a palavra divina acusa de proclamar coisas falsas são os que temem denunciar a culpa dos pecadores e os lisongeiam com falsas seguranças; não revelam aos culpados uma palavra de repreensão e assim lhes ocultam a sua iniquidade.
Ora a repreensão é a chave com que se abre ou revela aos pecadores a sua culpa: com a repreensão abre-se-lhes a consciência para verem a sua iniquidade, que muitas vezes é ignorada pelo próprio que a cometeu. Por isso diz São Paulo que o bispo deve ser capaz de “exortar na sã doutrina e de refutar os que falam contra ela”. Também o profeta Malaquias declara: “os lábios do sacerdote são os guardas da ciência, da sua boca se espera a instrução, porque é o mensageiro do Senhor dos Exércitos”. E o Senhor adverte ainda por meio do profeta Isaías: “Clama sem cessar, levanta como trombeta a tua voz”.
Ora aquele que recebe o sacerdócio assume esta missão de arauto, para ir proclamando em alta voz a vinda do rigoroso juiz que se aproxima. Mas se o sacerdote não cumpre o ministério da pregação, que voz se pode esperar desse arauto mudo? Foi por esta razão que o Espírito Santo desceu sobre os primeiros pastores em formas de línguas; assim fez compreender que aqueles sobre quem Ele desce, tornam-se imediatamente seus mensageiros.
(Regra Pastoral de São Gregório Magno, Lib. 2, 4; PL 77, 30-31)