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domingo, 23 de junho de 2013

Falando um pouco de religião


Sob o título “Falando um pouco de religião” Danuza Leão, articulista, resolveu escrever sobre matéria que desconhece: a  Igreja Católica, na Folha de São Paulo do domingo, dia 15 de março de 2009.

Como as acusações continuam a ser repetidas e refletem uma corrente de pessoas preconceituosas, reproduzo o artigo repleto de lacunas e de falta de conhecimento religioso e a resposta do Prof. Felipe Aquino, doutor em engenharia mecânica. Recentemente, recebeu o título de Cavaleiro de São Gregório Magno, conferido pelo Papa Bento VI.

Falando um pouco de religião – Danuza Leão

EU ESTUDEI em colégio de freiras e posso falar de cadeira dos recreios que perdi aos sete, oito anos, ajoelhada no milho na capela, para pagar os meus pecados. Isso não é sadismo em alto grau? Fico tentando lembrar que pecados seriam esses. Teria falado na hora da aula? Teria comido um pedaço da sobremesa antes do almoço? Teria deixado de fazer algum dever? E as freiras ainda nos induziam a fazer sacrifícios, tipo deixar de comer uma mariola ou uma paçoca por amor a Deus. Sacrifício, a palavra que define a Santa Igreja Católica. E a missa obrigatória em todos os domingos e dias santificados? Depois disso, igreja, para mim, só em excursão turística -e assim mesmo só algumas.

É possível considerar o desejo sexual um pecado, um orgasmo um pecado, ter relações sexuais, mesmo de casais casados na igreja, sem outra intenção, a não ser a de procriar, um pecado? E ao considerar quase tudo que dá prazer um pecado, não dá para perceber o quanto as mentes católicas são doentes? E malvadas? Os sacrifícios, tão cultuados entre os católicos -cordas apertando a cintura, debaixo do vestido, até sangrar, eram um grande sinal de amor a Deus. Mas o que deve acontecer naqueles conventos e seminários, com aquele monte de moças e rapazes com seus hormônios explodindo, mas tendo que seguir o sentido contrário ao da natureza para amar a Deus sobre todas as coisas, isso é segredo, e jamais saberemos o que lá se passa - mas minha mão no fogo eu não boto. Será que são todos castos? Dos padres pedófilos se fala um pouquinho, mas logo o assunto é  esquecido. E da excomunhão dos médicos que fizeram o aborto na menina de nove anos estuprada não vou nem falar, porque tudo já foi dito.

Para a Santa Madre Igreja, quanto mais se sofre mais se tem direito ao reino dos céus. Quem tiver uma doença grave será recompensado, se for cego, surdo, mudo e paralítico, é considerado um santo, praticamente, e ai dos que são felizes, dão risadas e gostam da vida. Estes estão condenados às trevas do inferno. Para ser um católico de verdade é preciso sofrer, e quanto mais, melhor. Como têm prestígio as carolas vestidas de preto, com um véu na cabeça e um terço na mão, falando que este mundo está perdido (e levando um pratinho de biscoitos para os padres). Perdido está quem não aproveitou esta vida e nunca ouviu falar em felicidade, pois o  que vem depois ninguém sabe direito. Pelo menos, ninguém voltou pra contar.

Mas também me revoltam as invenções praticadas em nome de Deus, das mais banais às mais revoltantes. Quem pode, em sã consciência, jurar amor "até que a morte nos separe?" Quem faz uma jura dessas é hipócrita, porque até as crianças do jardim-de-infância sabem que a vida não é assim. Mas do que os cardeais gostam mesmo é dos paramentos, das vestes de brocado, dos cálices de ouro, dos tronos incrustados de pedrarias, do luxo das igrejas de ouro, dos quadros mais preciosos deste mundo e de dar declarações absolutamente inúteis, tipo "o papa está muito preocupado com a fome no mundo", como se essa preocupação resolvesse alguma coisa. Esse papa, aliás, que veste Armani e sapatos vermelhos de Prada. Se o Vaticano se desfizesse de metade de seus tesouros, é bem possível que não houvesse mais fome no mundo. Fui batizada,  crismada e fiz a primeira comunhão, mas não cheguei ao ponto de me casar no religioso; e não me incomodaria nem um pouco se fosse excomungada.

Carta do professor Felipe Aquino para a articulista, escritora e socialite Danuza Leão.

 "Com muito respeito gostaria de lhe escrever. Que você não se importe de ser excomungada, não me surpreende, falta-lhe o dom da fé; mas dizer que se a Igreja vendesse os seus bens acabaria com a fome no mundo, isso é demais!  Você sabia que o Vaticano é proibido de vender a menor peça do Museu do Vaticano, uma vez que o Direito Internacional o proíbe  por ser o Vaticano apenas o guarda disso tudo, segundo o Tratado do Latrão assinado com a Itália? Você sabe qual é o tamanho do Vaticano? Resposta: 0,44 km quadrados; não cabe nem um campo de aviação. Aliás, sabe quantos aviões tem o Papa? Zero. E ele é um Chefe de Estado; existe algum que seja tão carente?

 Fiquei arrepiado com tanta bobagem e preconceito que você destilou em sua matéria.

 Como você, eu também estudei em colégio católico, salesiano, graças a Deus; e assistia a missa todos os dias, graças a Deus, e ainda hoje a assisto todos os dias, graças a Deus; é a grande alegria do meu dia (o Sacrifício do Calvário) que nos salva. Você despreza o seu Batismo e a sua Crisma; eu quero lhe dizer que o único diploma que eu tenho coragem de expor na parede do meu escritório é a minha certidão de Batismo; ele me abriu as portas do Céu, me deu a graça de ser membro de Cristo, da Igreja, herdeiro do Céu. O resto... vai ficar na terra.

Estudei física e matemática, fiz mestrado na Universidade Federal de Itajubá e doutorado no ITA em Ciências Aeroespaciais, fiz pós-doutorado na UNESP; fui diretor de um campus da USP em Lorena, SP, por quase vinte anos, sempre eleito por meus pares. Digo isso para você saber que não sou um ignorante que faz da religião uma fuga; ou da Igreja um escudo de proteção; sou católico convicto.

O que lhe faltou, Danuza, infelizmente, foi ter conhecido a Igreja mais a fundo, mais de perto; faltou a você e a tantos que hostilizam a Igreja, nossa Mãe, Corpo místico de Cristo, estudar um pouquinho de teologia: cristologia, história da Igreja, escatologia, mariologia, dogmática, exegese bíblica, hermenêutica, liturgia, moral, mística... Se você tivesse estudado um pouquinho disso tudo; se os seus conhecimentos de Religião não ficassem apenas do tamanho do seu vestidinho de Primeira Comunhão, tudo seria diferente em sua vida; e você não estaria pisando tanto e maldosamente na Igreja que Cristo fundou para a nossa Salvação; mas, ainda é tempo...

 O que de melhor seus pais bondosos lhe deram, foi a Fé; não a jogue fora. A vida terrena passa, o corpo se extingue, a velhice chega, a morte se aproxima, mas a alma sobrevive. CUIDE DELA!

Jesus disse: "de que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma"?