Diaconisa Febe |
Muito se tem falado sobre a necessidade das mulheres terem
um papel mais ativo na Igreja e, inclusive, evoca-se a instituição das
diaconisas, uma prática tão antiga quanto a dos diáconos e que aparece
claramente numa das cartas de São Paulo, quando entrega uma das suas cartas à
Diaconisa de Cencreia, chamada Febe (Rm 16, 1).
No “Dicionário das antiguidades cristãs” do Padre Martigny,
encontramos enumeradas as funções das diaconisas, dentro e fora da edifico
sagrado, a serviço do Bispo:
* Guardavam a porta da Igreja reservada para as mulheres.
* Instruíam as mulheres catecúmenas.
* Ajudavam o bispo no batismo das mulheres (que naquela
altura era de imersão).
* Cuidavam das mulheres pobres e doentes.
* Orientavam as virgens e viúvas;
* Estavam presentes nas conversas privadas dos bispos,
padres e diáconos com as pessoas do sexo oposto.
(Dictionnaire des
antiquités chrétiennes, de l’abbé Martigny, Paris, 1977, pp. 243-244).
As Constituições apostólicas, cujos primeiros elementos
datam do seculo I e vão até ao século III, apresentam uma fórmula de bênção das
diaconisas, bem distintas das fórmulas usadas na ordenação dos diáconos da
época. O bispo impunha-lhes as mãos, dando-lhes uma bênção e recitava a
seguinte oração: “Deus eterno, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que quisestes
criar o homem e a mulher; que cumulaste com o vosso espírito Maria, Ana, Débora
e Helda; que estabelecestes guardas das portas do Tabernáculo e do Templo, volvei
os olhos sobre a vossa serva que é elevada ao ministério de diaconisa e
concedi-lhe o Espírito Santo. Purificai-a de toda a corrupção da carne e do
espírito, a fim de que possa exercer dignamente o serviço que lhe é confiado
para a gloria e louvor de Jesus Cristo”.
No começo da Igreja, os bispos escolhiam para ser diaconisas
pessoas que tinham oferecido a Deus a sua virgindade, viúvas que tinham sido
casadas apenas uma vez e que depois da morte do marido tinham dado prova de
sólida piedade e tinham prometido a Deus guardar a castidade o resto da vida.
São Paulo não queria que fossem ordenadas mulheres com menos de sessenta anos.
Contudo, o Concílio de Trullo, também conhecido como Concílio Quinissexto,
reduziu a idade para quarenta anos.
No seculo II, algumas diaconisas desempenharam papéis
reservados ao clero. O Papa Sotero, entretanto, interveio no ano de 175 para
repreender severamente esta atitude e escreveu um decreto, que ficou no
direito. Parece que nas igrejas orientais, a disciplina foi menos severamente
aplicada.
Entretanto, a maior parte das igrejas não possuíam mais
diaconisas, desde o século V, tendo sida esquecida até ao século X. Este intervalo
de cinco séculos sem diaconisas é suficiente para indicar que a Igreja não
teria abolido um sacramento instituído por Cristo…