Quanto maiores forem os favores concedidos por Deus a uma
alma, tanto maior será o conhecimento da própria indignidade, desproporção e
miséria que o Senhor dará àqueles que os recebem.
Este foi sempre um dos sinais para distinguir os verdadeiros
dons celestes, das contrafações diabólicas.
Exemplo disto encontramos em Nossa Senhora, na Anunciação do
Anjo São Gabriel. Ao ouvir: "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”. A
Santíssima Virgem perturbou-Se com as palavras e pôs-se a pensar no que
significaria semelhante saudação. Pouco depois, como comenta São Lucas, já na
casa da sua prima, Santa Isabel, deu glória a Deus dizendo: "A minha alma
glorifica o Senhor e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador. Porque pôs os
olhos na humildade da sua serva, dora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada"
(Lc 1, 46 – 48).
O sentimento de pequenez e de indignidade são comuns aos
Santos. O próprio Nosso Senhor Jesus Cristo revelou a Santa Margarida Maria
Alacoque o que lhe aconteceria:
“Depois de receber algumas dessas comunicações divinas, das
quais a alma é tão indigna, sentirei o meu espírito imerso num abismo de
aniquilação e de confusão, de modo que a minha dor será tão penível, diante da
minha indignidade, quanto doce foi o conforto que me trouxe a notável liberalidade
do meu Salvador, afogando assim toda a minha complacência humana e todo o
sentimento da minha própria estima" ("Vida da beata Madre Margarida
Maria Alacoque, escrita pela própria", Trento 1889, pag. 280).
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