“Filha caríssima,
quero usar de misericórdia para com o mundo e exercer a minha providência para com
os homens em todas as suas aspirações. Mas o homem, ignorante, orienta para a
morte o que Eu dou para vida, e assim se torna cruel para consigo mesmo; apesar
disso, continuo sempre a exercer para com ele a minha Providência. Por isso
quero que o saibas: tudo o que faço ao homem procede da minha infinita
Providência.
Com providência o
criei e, ao contemplar-Me nele, fiquei encantado com a beleza da minha criatura,
porque foi do meu agrado criar o homem à minha imagem e semelhança com especial
providência.
Dotei-o de
memória para que recordasse os meus benefícios e tornei-o participante do meu
poder de Pai eterno. Dotei-o também de inteligência, a fim de que, na sabedoria
de meu Filho, conhecesse a minha vontade e compreendesse a ardente caridade
paterna com que distribuo todas as minhas graças. Dotei-o ainda de vontade para
amar, fazendo-o participante da clemência do Espírito Santo, para que pudesse
amar o que vê e compreende com a sua inteligência.
Tudo isto é obra
da minha suave Providência, tendo apenas em vista tornar o homem capaz de Me
conhecer e amar na alegria inefável da minha visão eterna. Entretanto, como já
te disse outras vezes, as portas do Céu fecharam-se pela desobediência de vosso
primeiro Pai, Adão, e por causa desta desobediência vieram ao mundo todos os
males.
Para libertar o
homem da morte causada pela sua desobediência, providenciei com toda a
clemência, dando-vos o meu Filho Unigénito, para remediar por meio d’Ele as
vossas necessidades. Exigi-Lhe uma grande obediência para libertar a humanidade
daquele veneno, que, pela desobediência do vosso primeiro pai, tinha alastrado
pelo mundo. Cheio de amor pelo homem e com verdadeira obediência, Ele
entregou-Se generosamente à morte ignominiosa da sacratíssima cruz; e, mediante
a sua morte santíssima, deu-vos a vida, não pela eficácia da natureza humana
mas pelo poder da sua divindade”.
Do diáologo de
Santa Catarina de Sena, sobre a Divina Providência (Cap. 134, ed. Latina, Ingolstad 1583, ff. 215v-216) 2º Leitura do Sábado da XXX semana do Tempo Comum.
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