O cristianismo não é uma coisa do passado, vivido como se olhássemos sempre para trás, para os tempos evangélicos, mas sempre novo, pois está marcado pela presença constante de Jesus Cristo, que está no meio de nós, e que é de hoje, ontem, amanhã e toda a eternidade. Na história da humanidade, encontramos “pegadas” de Deus. Este blogue procura, humildemente, mostrar alguma delas.
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sábado, 20 de abril de 2019
sexta-feira, 5 de abril de 2019
A recusa ao Sagrado Coração e o fim da dinastia Bourbon no trono francês
Santa
Margarida Maria Alacoque (1647-1690), religiosa visitandina do Mosteiro de
Paray le Monial, teve numerosas manifestações extraordinárias do Céu, onde
Nosso Senhor Jesus Cristo, aparecendo-lhe, pediu para que fosse difundida a devoção
ao Seu Sagrado Coração:
“Eis aqui este Coração que tanto
tem amado aos homens, que nada tem poupado, até se esgotar e consumir para
lhes testemunhar o seu amor; e em troca não recebe da maior parte
deles senão ingratidão, irreverências e sacrilégios, tibieza e
desdém para com este Sacramento de amor. (...) Prometo-te que o Meu Coração se dilatará,
para derramar com abundância o meu Divino Amor sobre os que
lhe tributarem honras e procurarem fazer com que outros lha tributem”.
Numa destas
aparições, Jesus pediu-lhe para fazer chegar ao Rei de França, Luís XIV (1643 –
1715) o Seu desejo de que a França fosse consagrada ao Sagrado Coração de
Jesus.
No dia 17
de junho de 1689, Santa Margarida Maria enviou uma carta ao monarca nos
seguintes termos: “O
Sagrado Coração de Jesus deseja,
segundo me parece, entrar com pompa na casa dos Príncipes e dos Reis, para
nelas ser honrado, tanto quanto nelas foi ultrajado, desprezado e humilhado
durante a Sua Paixão. E que receba tanto prazer ao ver os grandes da Terra rebaixados
e humilhados diante d`Ele, quanta amargura sentiu ao ver-Se aniquilado a seus
pés.
"Faz saber
ao filho primogénito do Meu Sagrado Coração que, assim como o seu nascimento
temporal foi obtido através da devoção aos méritos da Minha Santa Infância, do
mesmo modo obterá o seu nascimento para a graça e para a gloria eterna, pela
Consagração que fará de si mesmo ao Meu Coração Adorável, que quer triunfar do
seu e, por seu intermédio, do dos grandes da Terra. Ele quer reinar no seu
Palácio, ser pintado nos seus estandartes e gravado nas suas armas, para fazê-las
vitoriosas sobre os seus inimigos, dobrando aos seus pés essas cabeças
orgulhosas e soberbas, para fazê-lo triunfar sobre todos os inimigos da Santa
Igreja”.
A 25 de Agosto de 1689, Margarida Maria insistiu
com a Madre de Saumaise, pedindo-lhe, textualmente, que fizesse com que o
confessor do rei, o Padre de La Chaise, levasse ao monarca o desejo do Sagrado
Coração de Jesus. Esta carta continha dois novos pedidos importantes:
“O Pai
Eterno, querendo reparar as amarguras e angústias que o Adorável Coração do seu
Filho recebeu na casa dos Príncipes da Terra, entre as humilhações e os ultrajes
da Paixão, quer estabelecer o Seu Império no coração do nosso grande monarca,
do qual se quer servir para a execução do Seu Desígnio, que é fazer erigir um
edifício onde esteja exposto o quadro deste Divino Coração, para aí receber a
consagração e as homenagens do Rei e da Corte.
“Além disso, este Divino Coração quer tornar-se o
protector e defensor da sua sagrada pessoa contra todos os seus inimigos. Por
isso, escolheu-o, como Seu fiel amigo, para conseguir autorização da Santa Sé Apostólica para uma Missa e obtenção de todos os outros privilégios que devem acompanhar a
devoção a este Divino Coração”.
Há indicações que confirmam o recebimento do pedido
do Sagrado Coração pelo rei Luís XIV, não através do padre La Chaise que, provavelmente,
era contrário a devoções que solicitassem uma fé maior do que aquela que um rei
pouco religioso pudesse suportar, mas da princesa Maria Beatriz d’Este. Que se tornando
religiosa visitandina, esteve em estreito contacto com Santa Margarida Maria.
Entretanto, Luís XIV, como os seus sucessores Luís
XV (1715 – 1774) e Luís XVI (1774 – 1792) negaram-se a consagrar publicamente a
França ao Sagrado Coração de Jesus, como lhe fora pedido pelo divino Salvador,
apesar de Luís XIV ter apresentado à Santa Sé, em 1696, o pedido de uma missa
ao Sagrado Coração de Jesus.
Como
consequência desta recusa, no dia 17 de junho de 1789, festa do Sagrado Coração
de Jesus, exatamente cem anos depois da data da carta de Santa Margarida Maria
Alacoque, o Terceiro Estado instituiu a Assembleia Nacional, um rompimento com
a estrutura social do Antigo regime francês, fundado na divisão de três ordens:
clero, nobreza e povo.
Este acto
despojou o rei da soberania, que segundo o regime monárquico vigente residida
na sua pessoa. E este foi apenas o primeiro passo dos revolucionários. Em seguida,
foi proclamada a República e Rei Luís XVI foi assassinado na guilhotina, no dia
21 de janeiro de 1793.
Depois da
Revolução Francesa, salvo os quinze anos da Restauração, a dinastia dos Bourbon
foi expulsa definitivamente do trono da França.
domingo, 31 de março de 2019
A alegria não pode coabitar com o pecado
São João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla e Doutor
da Igreja, afirma: “Nenhum bem terreno é capaz de mitigar a sede de paz e a
felicidade do coração humano: nem a abundância de ouro, nem o poder soberano,
nem a sumtuosidade dos banquetes, nem o luxo dos vestidos. Só a boa
consciência é capaz de nos dar esta paz tão desejada. Quem conserva a
consciência limpa de pecado, ainda que ande vestido de farrapos e atormentado
pela fome, é mais feliz do que aquele que participa em todos os divertimentos possíveis
e imagináveis mas que tem uma consciência torturada de remorsos” (cf. Homilia sobre as
calendas).
Isto não quer dizer que a satisfação dos sentidos e os
divertimentos do mundo não possam, pelo menos por algum tempo, entreter a alma
numa certa letargia e fazer calar a consciência. Mas, este estado de coisas dura
muito pouco tempo. E por mais que o homem tente, as consolações e alegrias
deste mundo não são capazes de sarar completamente a ferida do coração.
O exemplo do poeta
alemão Clemente Brentano
Clemente Brentano, um poeta alemão, depois de ter passado muito tempo no deleite de todos os prazeres que o mundo pode oferecer, lastimava-se dos erros da sua vida e esperava encontrar algum alívio e consolo com pessoas amigas, bem intencionadas e de confiança. Com todos se queixava, mas a paz do coração não lhe era restituída. Vinha-lhe sempre à memória os horrores da sua vida passada e um descontentamento geral tirava-lhe todo o ânimo.
Encontrava-se Brentano nesta disposição, quando no fim do ano 1816, encontrou uma piedosa senhora, a poetiza Luiza Hensel, que na altura ainda era protestante e que viria a converter-se ao catolicismo em 1819. Luiza conquistou rapidamente a sua confiança, pela inocência e candura. Assim, Brentano não tardou muito a explicar-lhe a triste situação em que se encontrava, remoído de remorsos. Depois de ter ouvido a sua história, Luiza respondeu-lhe, gravemente:
--“De que lhe serve manifestar tudo isto a uma jovem, como eu? O senhor é católico e tem a felicidade de ter a confissão. Exponha os seus erros ao seu confessor!”
Ao ouvir estas palavras, Brentano chorou e fez questão de dizer em alta voz para que os outros também ouvissem:
--“É incrível! Quem me diz isto é a filha de um pastor protestante...”
Deve ter sido uma enorme humilhação para Brentano ouvir, da boca de uma senhora de outra religião, que ele deveria fazer a confissão dos seus pecados e misérias a um sacerdote.
Aceitando o conselho de Luiza, tomou a resolução de fazer uma confissão geral. Foi ter com o Cónego Tauber e pediu-lhe para que ouvisse a sua confissão, assim que estivesse devidamente preparado. Já nesta ocasião, recebeu palavras de ânimo e de conforto, começando a derreter o gelo do seu coração sob o calor da graça divina. Após uma longa preparação, em meio a combates terríveis, Brentano fez, finalmente, a sua confissão. Aquela era a primeira depois de dez anos...
No dia seguinte, recebeu também a Eucaristia e encontrava-se muito feliz por ter encontrado a paz com Deus e consigo mesmo.
A Confissão é fonte de paz e consolo para o coração atribulado
Como Brentano, sempre que precisarmos, devemos recorrer à Confissão. Ela é o meio mais fácil e mais simples para nos reconciliarmos com Deus. Ela é uma fonte de paz e consolo para o nosso coração atribulado. Por uma boa e digna confissão, fechamos as portas do inferno e as do Céu são abertas.
Quantas graças não devemos dar a Deus por ter instituído para a nossa salvação o santo Sacramento da Penitência, no qual o sacerdote perdoa em nome de Deus os pecados – se o pecador arrependido os confessa sinceramente e tem a vontade de cumprir a penitência imposta.
A Confissão, porém, não é somente para nós uma felicidade inestimável, mas também um dever rigoroso.
O Divino Salvador disse aos seus discípulos:
“Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes na terra será ligado no Céu; e tudo o que desligardes na terra será desligado no Céu.” (Mt 18, 18). E pouco antes da sua Ascensão conferiu solenemente aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados, dizendo-lhes: “Assim como Pai me enviou, também Eu vos envio a vós. Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos” (Jo 20, 21-23).
Portanto, para todos os católicos que, depois do batismo, cometem um pecado mortal, torna-se necessária a recepção do Sacramento da Penitência.
Felizes somos nós, católicos, por termos este grande sacramento, que não só nos purifica do pecado, mas também nos protege poderosamente contra ele, ajudando-nos eficazmente a recobrar a alegria do nosso coração e, sobretudo, a alcançar a perfeição cristã.
terça-feira, 12 de março de 2019
Uma maneira especial de rezar o Rosário
O Prof. Plinio Corrêa
de Oliveira, numa reunião proferida no dia 6 de julho de 1985, comentava como
era a sua devoção para com Nosso Senhor e Nossa Senhora. Nesta ocasião explicou
como rezava o terço e sentia a proximidade de Maria Santíssima.
“Há pessoas que, ao rezarem, têm toda a impressão de que
estão falando com um Santo, ou com Nossa Senhora, ou com Nosso Senhor Jesus
Cristo, e que eles estão ouvindo e considerando, como um de nós, o que dizem.
Outras têm a impressão de que há um vidro entre elas e os Santos, e que não se
podem pôr propriamente na presença deles.
“Comigo dá-se uma coisa curiosa: sinto uma superioridade
muito grande dos seres celestes. E com Nossa Senhora nem se fale! Sinto-A como
no alto de uma ogiva a uma distância colossal de mim, e que assim mesmo existe
certo atrevimento da minha parte em me aproximar. Aquilo que São Luís Maria
Grignion diz: “petit vermisseau et misérable
pécheur”, [vermezinho e miserável pecador], é bem a impressão que tenho.
"Estou certo de que
Ela me ouve, mas numa impassibilidade de ícone, e aquilo que eu digo chega lá
por um eco amortecido, fraco, distante. Maria Santíssima toma conhecimento
completo, mas da parte d’Ela não procede nada para mim porque não sou digno
disso. É a impressão. Eu sei, teologicamente, que não é assim, e rezo com a
certeza de que não é, mas a impressão é esta. Numa ou noutra rara ocasião tenho
a sensação de que Nossa Senhora, daquela distância, sorri com uma afabilidade
muito grande. Mas não sei bem se sou eu que subo ou Ela que baixa. Mas sinto
que a distância diminui e é como se eu falasse muito de perto com Ela. Mas é de
relance. Depois restabelece aquela distância… Não é uma distância in obliquo, mas como se houvesse um
vidro grossíssimo entre a Santíssima Virgem e eu.
“Contudo, gosto muito dessa distância, porque satisfaz o meu
desejo de admirar e contemplar.
“A tendência da minha piedade é de imaginar Nosso Senhor
Jesus Cristo, Deus, Nossa Senhora, todos os Anjos e Santos enormes, com
distância extraordinária, por assim dizer fabulosa. E, sentindo--me muito
pequeno, de algum modo nessa separação sinto uma união. É o prazer de me sentir
insignificante. Aquilo me enche de contentamento, de uma alegria, de uma
dedicação, de espírito filial que corresponde a um modo de ser.
“Sei, teologicamente, que não há essa distância. Ela é Mãe
de misericórdia, e se eu tivesse uma dúvida neste ponto, desintegrava-me na
hora; porque então nada é nada na terra de ninguém. Mas, enfim, é o modo de ser
de cada um.
“Outro dia eu estava rezando o Rosário e isso sobreveio
assim: pela primeira vez, ocorreu-me rezar os mistérios do Rosário como quem
estivesse junto a Nossa Senhora, comentando com Ela o que eu pensava de cada um
daqueles factos que se passaram.
“Um pouco como quem pergunta o que Ela teria sentido naquela
ocasião. Mas achei que essa era uma situação diferente das habituais. Rezei até
muito bem o Rosário assim. Digo isso para mostrar como é uma coisa individual,
que não deve ser tomada como padrão.
“Desde então tenho rezado o Rosário assim, com proveito.
Neste caso, vem certa impressão de proximidade d’Ela, fazendo contraste com o
que acabo de dizer”.
Revista Dr. Plinio, nº 211, pp. 8 e 9
segunda-feira, 11 de março de 2019
O sinal da Cruz, sinal do cristão
Todas as obras de Deus têm um cunho de grandeza. O Céu, os
esplendores do firmamento, a pequena flor, o menor grão de areia, se forem
examinados cuidadosamente em cada uma das suas partes, revelam a omnipotência, a
sabedoria e a grandeza infinita do seu Criador.
Assim é, também, a religião católica. Ela saiu das mãos de
Deus e é a manifestação, a revelação que Deus fez de Si mesmo a seres
racionais, que Se dignou criar.
Se analisarmos atentamente os menores detalhes da religião,
descobriremos belezas e sublimidades não menos admiráveis do que as belezas da
natureza. Tomemos, por exemplo, o sinal da Cruz, esta pequena prática de
Religião, tão universal, tão frequente no decurso dos nossos dias.
Todos nós fazemos o sinal da Cruz. Mas será que pensamos nos
mistérios que ele encerra?! Por falta de
reflexão, não lhe damos a importância que ele merece.
O sinal da Cruz é um sinal exterior, que distingue os
cristãos dos outros homens, um movimento que os cristãos fazem sobre si mesmos,
normalmente com a mão direita e que se faz traçando a figura de uma cruz sobre
o peito, sobre a teste, ou sobre, a boca ou sobre qualquer objeto exterior.
Foram os apóstolos, revestidos da autoridade de Nosso Senhor
Jesus Cristo, que o instituíram e ensinaram esta prática religiosa aos
primeiros discípulos do Evangelho.
Jesus Cristo, crucificado,
a regra viva dos seus discípulos
Por que deram preferência a este sinal e não a outro? A
preferência a este sinal está no fato de que ele lembra àquele que o faz, e aos
que o vêem fazer, que Jesus Cristo é o Deus dos cristãos e o Senhor único das almas. Também, porque lembra que Deus, tão grande e bom, nos amou tanto que
se entregou por nós ao suplício da Cruz e que devemos amá-Lo com toda a nossa
alma.
O sinal do Cruz põe-nos sempre diante dos olhos Nosso Senhor
crucificado, nosso modelo, cujas virtudes devemos imitar, se quisermos ser
salvos nEle e por Ele. Jesus Crucificado é a regra viva de todos os seus
discípulos e a Sua Cruz é o código da Sua moral. O sinal da Cruz de Jesus
Cristo resume, portanto, toda a moral cristã, e recorda àquele que o faz com
atenção a obrigação de imitar, na vida de cada dia, a penitência, a
mortificação, a humildade, a doçura, a paciência, o desapego, a castidade, a
obediência do Seu Mestre, seu amor para com o Pai celeste, para com a sua Mãe
Santíssima, para com todos os homens, sua misericórdia para com os seus
inimigos, e o seu amor pelo sofrimento.
Por que é ele o sinal do Cristão? Porque faz lembrar aos
cristãos a eterna bem-aventurança. Com efeito, Nosso Senhor ressuscitou depois
da sua Paixão e Morte e foi pela Cruz que entrou na sua glória. Assim,
sucederá, também, com os seus discípulos. A glória no paraíso deve ser o fruto
da vida crucificada, à semelhança da vida do Salvador. É por isso que Ele nos
declara no Evangelho que quando vier, no fim do mundo, para julgar todos os
homens, aparecerá com o sinal sagrado da Cruz, para servir de reconhecimento
aos seus escolhidos, e de condenação para os réprobos.
Lembra os pontos mais
importantes da nossa religião
O sinal da Cruz é também o sinal distintivo dos cristãos,
porque ele faz lembrar os pontos mais importantes da nossa religião:
1)
Recorda o mistério da Santa e Indivisível
Trindade, pois que, ao fazê-lo, se diz: “Em nome do Padre (ou do Pai), do Filho
e do Espírito Santo, três pessoas; O Pai, o Filho e o Espírito Santo; mas num
só Deus; em nome, e não em nomes.
2)
O mistério da Encarnação e da Eucaristia, isto
é, o Filho de Deus que desceu do Céu à terra por nós, no seio da Virgem Maria,
e continua descer nos nossos altares. Porquanto, é ao dizer: em nome do Filho, que se
desce a mão da testa ao peito, viva imagem do aniquilamento do Filho de Deus,
que repousa no coração dos seus fiéis como outrora nas castas entranhas de
Maria.
3)
O mistério da Redenção, isto é, Nosso Senhor
Jesus Cristo, Filho de Deus, feito homem, morrendo numa Cruz para apagar os
nossos pecados, para nos fazer merecer o perdão e a salvação eterna, e
abrir-nos as portas do Céu, fechadas pelo pecado.
4)
O mistério da Igreja, isto é, da sociedade, una,
santa e católica dos discípulos de Jesus Cristo, dos filhos da Cruz. Sendo o
sinal da Cruz o mesmo para todos, é o sinal da sua união num só corpo, o sinal
exterior da sua sociedade. O sinal da Igreja, recorda admiravelmente a sua
unidade, formando um só corpo, fora do qual não se está com Jesus Cristo; a sua
universalidade, que Ela é católica (ou universal) estendendo-se a todos os
países, a todos os povos, e chamando-os a todos à luz da verdade; que Ela é
santa, tendo por chefe e por modelo o Santo dos Santos, Jesus crucificado, cuja
imitação é o caminho único e mais seguro da verdadeira santidade; apostólica,
isto é, fundada pelos apóstolos, instituidores do sinal da Cruz, os quais a
governam sempre pelos seus legítimos sucessores, os pastores da Igreja
Católica.
5)
Finalmente, o sinal da Cruz recorda aos cristãos
que a verdadeira e única Igreja de Jesus Cristo é a Igreja romana, isto é, a Igreja
governada pelo Papa, Vigário de Cristo e sucessor de São Pedro, Príncipe dos Apóstolos,
o qual sofreu por Jesus Cristo, em Roma, o martírio da Cruz.
Ou seja, o sinal da Cruz resume
tudo o que há de grande e de mais fundamental no dogma e na moral do
Cristianismo.
Afasta os demónios
O sinal da cruz é também uma arma
vitoriosa contra o inferno. O demónio, dizia Santa Teresa de Ávila no capítulo
XXX da sua vida, tentou-a muitas vezes, com muitas provações interiores e
secretas. Às vezes, ele a tentava quase em público, por uma ação visível.
“Encontrava-me um dia num oratório quando ele me apareceu, ao lado esquerdo,
sob uma forma asquerosa. Prestei muita atenção na sua boca: ela era horrível.
Do seu corpo saia uma grande chama, clara e sem mistura de sombras. Ele
disse-me com uma voz horrorosa que eu lhe tinha escapado das mãos, mas que
voltaria a tentar-me. Meu medo foi grande. Fiz o sinal da Cruz e ele
desapareceu. Contudo, voltou a aparecer. Fiz novamente o sinal da Cruz, e ele
pôs-se em fuga, não tardando a reaparecer. Então atirei água benta do lado onde
ele estava e ele não mais voltou".
Façamo-lo do fundo do coração
É pois com toda a razão que os
Apóstolos no-lo deram como nosso sinal distintivo. É também a razão por que a
Igreja o emprega na administração das coisas santas, nos Sacramentos, nas
bênçãos, no princípio e no fim de toda as suas orações.
Façamos de hoje em diante com respeito e com a devida atenção este sinal tão venerável. Façamo-lo, não por hábito, e com as pontas dos dedos como quem sacode o peito, mas com espírito religioso, pausada e lentamente, do fundo do coração.
Façamos de hoje em diante com respeito e com a devida atenção este sinal tão venerável. Façamo-lo, não por hábito, e com as pontas dos dedos como quem sacode o peito, mas com espírito religioso, pausada e lentamente, do fundo do coração.
Façamo-lo com muita frequência,
principalmente nas nossas tentações e amargura, antes e depois das refeições, e
ao fazê-lo tenhamos cuidado de nos lembrar das santas verdades, que ele encerra, e
das obrigações, que nos impõe, o nosso título tão grande de cristãos.
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