A
devoção dos chineses a Nossa Senhora remonta aos anos 1900, quando o país viveu
um período conturbado, denominado o Levante dos Boxers. Em junho deste ano, os
boxers, anticatólicos, contrários à presença estrangeira no país e à influência
do Papa, decidiram invadir Dong Lu, onde estava sediada uma importante missão
lazarista, e matar os cerca de nove mil católicos que ali viviam.
A proteção
de Maria Santíssima
Milhares
de boxers cercaram a aldeia e quando estavam prestes a invadi-la, viram uma
Senhora com um Menino que pairava sobre o povoado. A primeira reação que
tiveram foi a de disparar para o Céu. Mas, vendo que o efeito era nulo, ficaram
com medo e fugiram em debandada. Contemporaneamente, os anciãos e as mulheres,
que tinham permanecido recolhidos no interior da igreja para pedir a vitória
sobre os inimigos, viram a imagem desaparecer e a tela ficar, literalmente,
branca. Quando a batalha terminou a imagem de Nossa Senhora voltou à pintura,
dando a entender que tinha saído para ajudar a afugentar os inimigos dos seus
filhos e devotos.
O primeiro
Santuário
Para
agradecer à Virgem Maria por tê-los salvo da invasão e do massacre, os
habitantes construíram um santuário mariano, onde passou a ser venerada uma
pintura representando a Virgem Maria com os trajes de imperatriz chinesa.
Em
1924, no primeiro Sínodo dos bispos chineses realizado em Xangai, o bispo
jesuíta Henri Lecroart defendeu a ideia de que a China, a Mongólia, o Tibete e
a Manchúria fossem consagrados à Virgem Maria, sob a invocação de "Nossa
Senhora Imperatriz da China". A sua ideia foi aceite e a consagração foi
feita em junho desse mesmo ano por 150 bispos, encabeçados pelo arcebispo Celso
Constantini, que era na altura o delegado apostólico na China.
Em
1932, o Papa Pio XI elevou o santuário de Dong Lu à categoria de Santuário. Em
1941, o Papa Pio XII estabeleceu uma festa litúrgica em honra de Maria
Medianeira de todas as graças, sob a invocação de "Santa Mãe, Imperatriz
da China".
Infelizmente, o Santuário de Dong Lu foi bombardeado e destruído pelos japoneses, durante a Segunda Guerra Mundial. Mas os católicos chineses reconstruiram um novo, ainda maior do que o anterior, situado no meio de uma floresta de bambu em Shangai.
Em
1973, após o Concílio Vaticano II, a conferência episcopal chinesa, com a
aprovação da Santa Sé, decidiu que a festa da Santa Mãe e Imperatriz da China
seria celebrada no sábado anterior ao segundo domingo de maio, no qual se
celebra o Dia da Mãe.
Nova aparição
de Nossa Senhora em She Shan
No
dia 23 de maio de 1995, Nossa Senhora voltou a aparecer e o acontecimento foi
certificado pelo bispo de Baoding. Cerca de trinta mil peregrinos viram o sol
girar da esquerda para a direita e colorindo o céu com várias cores, num
acontecimento que durou cerca de vinte minutos.
Ainda
como manifestação do apreço da Igreja Universal pelos católicos chineses, desde
o ano de 2007, Bento XVI instituiu o dia 24 de maio memória litúrgica da Virgem
Maria, Auxílio dos Cristãos, como Nossa Senhora de She Shan, venerada com
grande devoção no imponente Santuário que traz o mesmo nome, único local de
peregrinação para os católicos chineses, autorizado pelo governo comunista.
Oração a
Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos
Nesta
ocasião, o Papa Bento XVI escreveu a seguinte oração:
“Virgem
Santíssima, Mãe do Verbo encarnado e Mãe nossa, venerada com o título de
«Auxílio dos cristãos» no Santuário de Sheshan, para o qual, com devoto
afecto, levanta os olhos toda a Igreja
que está na China, vimos hoje junto de Vós implorar a vossa protecção.
Lançai
o vosso olhar sobre o Povo de Deus e guiai-o com solicitude materna pelos
caminhos da verdade e do amor, para que, em todas as circunstâncias, seja
fermento de harmoniosa convivência entre todos os cidadãos.
Com
o «sim» dócil pronunciado em Nazaré, Vós consentistes que o Filho eterno de
Deus encarnasse no vosso seio virginal e assim desse início na história à obra
da Redenção, na qual cooperastes depois com solícita dedicação, aceitando que a
espada da dor trespassasse a vossa alma, até à hora suprema da Cruz, quando no
Calvário permanecestes de pé junto do vosso Filho, que morria para que o homem
vivesse.
Desde
então tornastes-Vos, de forma nova, Mãe de todos aqueles que acolhem na fé o
vosso Filho Jesus e aceitam segui-Lo carregando a própria Cruz sobre os ombros.
Mãe
da esperança, que na escuridão do Sábado Santo caminhastes, com inabalável
confiança, ao encontro da manhã de Páscoa, concedei aos vossos filhos a capacidade
de discernirem em cada situação, mesmo na mais escura, os sinais da
presença amorosa de Deus.
Nossa
Senhora de She Shan, sustentai o empenho de quantos na China continuam, no meio
das canseiras diárias, a crer, a esperar, a amar, para que nunca temam falar de
Jesus ao mundo e do mundo a Jesus.
Na
imagem que encima o Santuário, levantais ao alto o vosso Filho, apresentando-O
ao mundo com os braços abertos em gesto de amor. Ajudai os católicos a serem
sempre testemunhas credíveis deste amor, mantendo-se unidos à rocha de Pedro sobre
a qual está construída a Igreja. Mãe da China e da Ásia, rogai por nós agora e
sempre. Amen.”
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