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quinta-feira, 4 de julho de 2019

"Ama-Me como és!"


Filho meu, diz o Senhor, conheço a tua miséria, as tuas lutas e as tribulações da tua alma, as debilidades do teu corpo, a tua covardia e os teus pecados. Mesmo conhecendo-os, peço-te: "Dá-Me o teu coração! Ama-Me como és!"

Se esperas ser um anjo para te entregares ao amor, nunca Me amarás. Ainda que, com frequência caias nestas tuas faltas que querias não cometer e que sejas fraco na prática da virtude, não te permito que não Me ames.

A cada instante e em qualquer que seja a situação em que te encontras, no fervor ou na aridez, na fidelidade ou na infidelidade, ama-Me como és. 

Quero o amor do teu coração indigente! Se esperas ser perfeito para Me amares, então, nunca Me amarás. Não posso, porventura, fazer surgir do nada milhares de santos, mil vezes mais perfeitos e mais amantes do que aqueles que já criei?

Não sou Eu Todo-poderoso? E se ao invés disso, agradasse-Me deixar para sempre, no nada, estes maravilhosos seres e preferir o pobre amor de teu coração! Meu filho, deixa-Me amar-te, quero o teu amor. Quero formar-te, mas, enquanto isso, amo-te como és. E espero que faças o mesmo. Quero ver que do abismo da tua miséria sobe o teu amor. Amo em ti até a tua debilidade. Amo o amor dos pobres; quero que da indigência se eleve continuamente este brado: “Senhor, amo-Vos”!

É o canto do teu coração que Me importa. De que Me serviria a tua ciência e o teu talento? Não são virtudes que te peço e, se tas desse, tu és tão fraco, que o amor-próprio se misturaria nelas: Mas, não te preocupes com isto!

Poderia ter-te destinado a grandes feitos; mas, tu serás o servo inútil. Tirar-te-ei até o pouco que tens, porque te criei para o amor: Ama! O amor fará com que realizes todo o resto sem pensar nisto, procurando preencher o momento presente com o teu amor. Hoje, estou à porta do teu coração como um mendigo - Eu que sou o Senhor dos senhores! Bato e espero, apressa-te a abrir-Ma e não te desculpes com a tua miséria. A tua indigência, se a conhecesses plenamente, morrerias de dor. Só isto poderia ferir o Meu coração: ver-te duvidar e deixar de ter confiança em Mim.

Quero que penses em Mim a cada hora do dia e da noite; quero que todas as tuas ações, até as mais insignificante, sejam feitas por amor. Quando chegar o sofrimento, dar-te-ei força; deste-Me o amor e Eu dar-te-ei a capacidade de amar para além daquilo que alguma vez pudeste sonhar.

Mas, lembra-te: “Ama-Me, como és. Não esperes ser um santo para te entregar ao amor, caso contrário, nunca Me amarás”!  (Mons. Lebrun, "Ecce Mater Tua" No. 268)


Bondade, misericórdia e convite à conversão

Diante deste apelo de Jesus, vale a pena recordar o que dizia o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre a misericórdia de Deus para connosco, especialmente presente no Sagrado Coração de Jesus:


"Se é verdade que a fraqueza da natureza humana é tal que a observância dos Mandamentos é absolutamente superior a ela, devemos entretanto considerar a infinita misericórdia divina. Não para dela deduzir que Nosso Senhor coonesta o pecado, o crime, Ele que é a perfeição infinita. A misericórdia de Deus não pode consistir em nos deixar jazendo desamparados na nossa corrupção, mas em nos tirar dela.

"Diante dos cegos, dos coxos, dos leprosos, Ele não Se limitava a sorrir e passar adiante. Ele os curava. Diante dos nossos pecados, a sua compaixão não consiste em nos deixar presos, mas em nos tirar deles amorosamente e nos levar aos ombros.

"O que esperamos da misericórdia de Deus são os recursos necessários para nos tornarmos capazes de praticar a lei moral. 

"Temos para isto a graça, que nos foi alcançada pelos méritos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cristo. A graça torna a inteligência do homem capaz do ato de fé. Torna a vontade humana capaz de uma energia tal, que se lhe faz possível praticar os Mandamentos. 

"O grande dom de Deus para os homens, insistimos, não consiste em condescender com as suas faltas, no sentido de que, sem censurar, os deixe displicentemente mergulhados nelas. O grande dom de Deus consiste em nos dar os meios sobrenaturais para evitar o pecado e atingir a santidade. E dai também uma grande responsabilidade para os que recusem este dom inestimável.

"Símbolo expressivo desse amor misericordioso de Deus, da abundância do seu perdão, e da insistência com que Ele está constantemente a convidar o homem a que se arrependa, a que peça as graças necessárias para praticar a virtude, a que por meio da oração consiga todos os recursos necessários para a reforma do seu caráter, é o Sagrado Coração de Jesus.


"Toda misericórdia constitui um grande dom. Mas constitui também uma grande responsabilidade. Posto que o homem, pela oração e pela fidelidade à virtude, pode e deve praticar os Mandamentos, é bem evidente que não resta para ele desculpa nenhuma se se obstinar no pecado. Por isto, a fórmula do apostolado eficaz consiste, não em silenciar aos homens a sua malícia, mas em convidá-los a se lavarem dela na fonte divina onde brotam as torrentes da graça". (Plinio Corrêa de Oliveira, Catolicismo, N° 68, agosto de 1956)

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