Deus quer que observemos fielmente os Seus mandamentos e os da Igreja, pratiquemos as virtudes cristãs e vivamos segundo as regras do Evangelho, chamadas no seu conjunto de moral, que quer dizer, “regra de costumes”, em latim “morum lex”.
Quem obedece à moral e vive segundo esta regra é chamado de
justo. Enquanto, o imoral ou ímpio é aquele que preferiu o seu capricho à
vontade de Deus e quer viver segundo as suas paixões e não segundo a lei divina.
Para se entender bem a moral, é preciso estarmos de acordo
sobre uma palavra muito importante: “Consciência”. Ela é a luz interior, que
nos faz conhecer os nossos deveres, que nos repreende quando erramos, quando
fazemos o mal e que nos alegra quando temos a coragem de seguir a voz de Deus e
sermos bons cristãos.
Contudo, é preciso prestar muita atenção, pois a palavra “moral”
tem hoje significados muito diferentes. E, todos sabemos, que quanto mais
importante é um conceito, tanto mais grave é a aplicação de uma má
interpretação. Assim, existe hoje uma falsa moral, conhecida como “moral do
homem”, “moral do bem” ou “moral cívica”. Mas, não nos enganemos, ela não têm
nada a ver com a verdadeira moral, que é cristã.
Aqueles católicos, que foram batizados mas que não
frequentam a igreja e os sacramentos, que vivem num certo ateísmo prático
moderno, adquirem uma enganadora tranquilidade de espírito ao obedecer esta
falsa moral.
Com efeito, nada há de mais cómodo do que esta pretendida
moral do “homem de bem” e que tem um sentido muito elástico. Ela é na realidade
uma regra imoral e inútil para uma pessoa que procura a virtude. Para esta
falsa moral, tudo se resume em dois pontos: “Não matar e não roubar” – o que é de certo modo muito bom, muito
louvável, mas que não é suficiente. A pseudo moral moderna não vai mais longe
do que isto.
Deve-se tolerar tudo
Esta moral deixa claro, e até ostenta pomposamente, que se deve ser um bom pai, uma boa mãe, um bom filho ou boa filha, um bom marido ou boa esposa, mas não aceita que lhe sejam apresentadas regras ou modelos; que se entre em detalhes com definições dos deveres da vida de cada um dos estados acima mencionados; nem quer que se regule o comportamento, os costumes, o combate aos vícios, aos maus hábitos e aos instintos egoístas. Ou seja, não se pode dizer nada, não se pode proibir nada e deve-se tolerar tudo.
Segundo a moral moderna, cívica e não religiosa, pode-se ser
desregrado, viciado em jogos de azar, bêbado, colérico, egoísta, dissipador,
avarento, sem amor para com o próximo, orgulhoso e sensual. Ora, quem não vê o
vácuo deste comportamento, quando comparado com a moral cristã, e como é
impossível encontrar nestas máximas de “não matar e não roubar” o poder
necessário para travar as paixões que todos temos dentro de nós?
Para dizer a verdade, isto não passa de um meio enganador de
poder justificar a prática do mal com roupagem de bem, sem incomodar muito a
consciência… Mas, com pesar para os inúmeros homens e mulheres de bem dos
nossos dias, temos que afirmar que Deus é mais exigente do que isto.
A moral cristã, que Ele mesmo nos deu, é a regra, segundo a qual seremos julgados e é a regra da nossa consciência. Podemos tentar mudá-la, mas Deus vence sempre, fazendo recordar a célebre frase do escritor Felipe Néricault Destouches, na sua obra “O Glorioso”: “Expulsai o natural e ele virá à galope!”.
A verdadeira moral apoia-se inteiramente sobre a
religião. O seu fundamento, ao qual ela dirige tudo, é o amor e o serviço a
Nosso Senhor Jesus Cristo. O Evangelho, com as suas máximas, é o seu código e
ensina-nos, antes de tudo, a necessidade da penitência, a renúncia de nós
mesmos, a caridade fraterna, a humildade, a doçura, a pureza de coração e de
corpo, o desapego dos bens materiais, a obediência a Deus e aos ensinamentos da
Santa Igreja. Ou seja, numa palavra, ela é a prática da vida e das virtudes
cristãs.
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