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terça-feira, 4 de setembro de 2012

A conversão de Liszt


“Depois de me ter privado, dolorosamente, durante trinta anos, de 1830 a 1860, do sacramento da confissão é com uma convicção plena, que recorrendo a ele novamente, pude dizer ao meu confessor, o Padre Hohmann de Weimar: ‘ A minha vida não foi senão um longo distanciamento do sentimento do amor’. Acrescento: singularmente levada pela música, arte ao mesmo tempo divina e satânica que, mais do que todas as outras, nos induz em tentação”. Esta carta do grande pianista, compositor e maestro Franz Liszt a Carolina Sayn-Wittgenstein, escrita em 1877, descreve alguns passos da conversão do grande pianista, que desde a infância sentiu dentro de si um chamado interior para o Sacerdócio e para as vias de perfeição.
No dia 23 de Junho de 1857, aos 45 nos, Liszt entra na ordem Franciscana. Contudo, uma sucessão de tragédias precipita a conversão completa e a radical mudança de vida do músico.  

No dia 13 de Dezembro de 1859, Franz perdeu o seu filho Daniel e no dia 11 de Setembro de 1862 a sua filha Blondine, ambos frutos de uma ligação ilegítima com a Contessa Maria d’Agoult. Em cartas aos seus amigos, Liszt anuncia que, depois destes fatos, se retirará e viverá na solidão.
Pouco tempo depois, encontramo-lo no mosterio Madonna del Rosario, em Roma. No dia 25 de Abril de 1865, Liszt recebe a tonsura das mãos do Cardeal Hohenlohe e a 31 de Julho de 1865, as quatro ordens menores (porteiro, leitor, exorcista e acólito).

Alguns anos mais tarde, no dia 14 de Agosto de 1879, foi nomeado cónego honorário de Albano.

Certo dia, o Beato Papa Pio IX foi até ao Palácio do Cardeal Hohenlohe, onde Liszt vivia, e pediu-lhe que tocasse piano, para mostrar que o artista não deve morrer quando entra para uma ordem religiosa ou para o Sacerdócio, mas deve pedir a Deus novas forças e brilhantes inspirações.
Liszt ainda chegou a tomar parte na vida musical de Roma.

Uma das principais ocasiões deu-se no Palazzo Altieri, quando foi maestro de várias peças de música sacra, como "Seligkeiten" do seu "Christus-Oratorio", ou o seu "Cântico do Sol, de Francisco de Assis", como também o "Die Schöpfung" de Haydn e de algumas músicas de Bach, Beethoven, Jommelli, Mendelssohn e Palestrina.

Para além de Franz Liszt, Arvo Part e John Coltrane são exemplos de compositores que se converteram no meio das suas carreiras e que manifestaram esta mudança radical nas suas músicas.

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