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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Colaboração Comunismo-Nazismo

Não sei porque no Ocidente certos intelectuais de esquerda e a midia em geral, apresentam sempre a ideia de que o Nazismo está ligado à direita (adeptos, segundo eles, das ditaduras e da restrição à liberdade) e os comunistas à esquerda (defensores da liberdade perfeita, num mundo de apoios mútuos e sociais).

Ora, a verdade histórica é bem diferente : os comunistas colaboraram com os nazis e os dois sistemas têm muitos fins comuns. Portanto, tendo a tolher as liberdades à força e impondo uma visão ditatorial do mundo. Não seria mais correcto dizer que os dois regimes são de extra-esquerda?!

Os links dos videos abaixo fazem parte de um documentário 

lançado em 2008 sobre o comunismo na União Soviética e as relações germano-soviéticas antes de 1941 escrito e dirigido por Edvins Snore e patrocinado pela grupo da União Européia das Nações do Parlamento Europeu. Snore passou 10 anos coletando informações e dois anos filmando em vários países.
Ele apresenta várias entrevistas com historiadores ocidentais e russos, como Norman Davies e Boris Sokolov, o escritor russo Viktor Suvorov, o dissidente soviético Vladimir Bukovsky, membros do Parlamento Europeu e os participantes, bem como as vítimas do terror Soviético.
 
Explica também a estreita conexão filosófica, política e organizacional entre os regimes Nazis e Soviético antes e durante as primeiras fases da II Guerra Mundial  .
Por outro lado, destaca o Grande Expurgo, bem como o genocídio do Holodomor, o massacre de Katyn, a colaboração da polícia secreta soviética (NKVD) com a Gestapo nazi, deportações em massa na União Soviética e experiências médicas nos Gulags.

Será que alguém ainda tem dúvidas sobre a tragédia que representa o modelo Nazi ou comunista na nossa sociedade?

Seria preciso acrescentar ainda um ponto que não foi apresentado neste documentário: as perseguições religiosas e os mártires, tanto da era Nazi quanto da Soviética.
http://www.youtube.com/watch?v=Lr0dT8tvR5o&feature=related – Parte 1

http://www.youtube.com/watch?v=KQkjrrDp7LQ&feature=related – Parte 2

http://www.youtube.com/watch?v=jS3mwy3Xars&feature=related – Parte 3

http://www.youtube.com/watch?v=F32FOKVj6vQ&feature=related – Parte

http://www.youtube.com/watch?v=o84mdbFAeG8&feature=related – Parte 5

http://www.youtube.com/watch?v=oU_87356nJ4&feature=related – Parte 6



terça-feira, 8 de novembro de 2011

Crise vocacional em Portugal

São impressionantes, os números recentemente divulgados pelo presidente da Comissão Episcopal das vocações e bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos: os seminários das dioceses portuguesas (14 menores, até ao 12º ano, e 11 maiores, faculdades de Teologia) perderam 37 alunos em 2011, e contam com cerca de 500 e 411 seminaristas, respectivamente.
Uma das dioceses onde o número de seminarista se vai mantendo é Braga, mas com apenas 21 alunos no Seminário menor e 28 no maior.
Peçamos ao Santo Cura de Ars, padroeiro dos sacerdotes, que a messe do Senhor nunca fique sem trabalhadores, pois nunca precisamos tanto de santos e sábios ministros de Cristo como hoje.

Arrependamo-nos e façamos penitência

Façamos penitência enquanto vivemos na terra. Somos barro nas mãos de um artífice. O oeliro pode recompor o vaso que lhe sai defeituoso ou se lhe desfaz nas mãos, enquanto o está a modelar; mas depois de o introduzir no forno já não o retoca mais. Assim também nós, enquanto estamos neste mundo, façamos penitência e arrependamo-nos sinceramente de todos os pecados cometidos, enquanto é tempo, para sermos salvos pelo Senhor.
Depois de partirmos deste mundo, já não poderemos confessar os nossos pecados nem fazer penitência. Por isso, irmãos, façamos a vontade do Pai, conservemos casto o nosso corpo e guardemos os mandamentos do Senhor, e assim, alcançaremos a vida eterna. Diz o Senhor no Evangelho: “Se não fostes fiéis no pouco, quem vos confiará o muito? Eu vos digo: Quem é fiel no pouco também será fiel no muito”. Quer dizer: conservai o corpo casto e o carácter cristão imaculado, para que sejais dignos de receber a vida.
E nenhum de vós ouse afirmar que o nosso corpo não será julgado nem ressuscitará. Considerai bem: em que situação fostes redimidos e iluminados, senão enquanto vivíeis neste corpo? Por isso devemos guardar o corpo como um templo de Deus. Assim como fostes chamados neste corpo, também neste corpo vos apresentareis. Se Cristo Senhor, que nos salvou , sendo antes apenas espírito, Se fez homem e assim nos chamou, também nós receberemos a recompensa neste corpo.
Amemo-nos, portanto, uns aos outros, para chegarmos todos ao reino de Deus. Enquanto temos tempo para sermos curados, entreguemo-nos a Deus, nosso médico, e dêmos-Lhe a retribuição devida. Que retribuição? A penitência de um coração sincero. Deus conhece previamente todas as coisas; conhece tudo o que se passa no coração. Tributemos-Lhe o nosso louvor, não só com a boca mas também com todo o coração, para que nos receba como seus filhos. Porque o Senhor disse: “Os meus irmãos são aqueles que fazem a vontade de meu Pai”.   
Homilia de um autor do século II   (Cap. 8, 1-9, Funk I. 152 – 156)

domingo, 2 de outubro de 2011

Os sacerdotes não se devem calar diante do lobo que ataca o rebanho

O dever dos Pastores de não se calarem diante da investida dos lobos sobre o rebanho, não tendo medo de dizer a verdade, e ser arauto da vinda do rigoroso juiz, foi assim ensinado pelo Papa São Gregório Magno na sua regra pastoral:
O Pastor deve saber guardar silêncio com discrição e falar com oportunidade, de modo que nem diga o que deve calar nem cale o que deve dizer. Porque assim como a palavra discreta leva ao erro, também o silêncio imprudente confirma no erro os que deviam ser ensinados. Muitas vezes os pastores incompetentes, pelo temor de perder a estima dos homens, não se atrevem a dizer livremente a verdade;  e deste modo, segundo a palavra da Verdade, não atendem à guarda do rebanho com o zelo de verdadeiros pastores, mas comportam-se como mercenários: fogem ao vir o lobo, refugiando-se no silêncio.
Por isso o Senhor os repreende por meio do Profeta: “São cães mudos, incapazes de ladrar”. E insiste noutro lugar: “Não acudistes às brechas nem reconstruístes a muralha em defesa da casa de Israel, para que pudesse resistir no combate no dia do Senhor”. Acudir às brechas é opor-se aos poderes deste mundo, falando com inteira liberdade em defesa da grei. Resistir no combate no dia do Senhor é lutar por amor da justiça contra os ataques da iniquidade.
Dizer de um pastor que teve medo de dizer a verdade, que é senão dizer que voltou as costas ao inimigo com o seu silêncio? Mas se ele vai em defesa do rebanho, é como se levantasse a muralha da casa de Israel contra os seus inimigos. Por isso, também ao povo que recaía na infidelidade disse o Senhor: “Os teus profetas anunciaram-te apenas coisas falsas e insensatas; não te manifestaram a tua iniquidade para te conduzirem à penitência”. Na Sagrada Escritura dá-se por vezes o nome de profetas aos doutores que, denunciando a instabilidade das coisas presentes, anunciam as realidades futuras. Aqueles a quem a palavra divina acusa de proclamar coisas falsas são os que temem denunciar a culpa dos pecadores e os lisongeiam com falsas seguranças; não revelam aos culpados uma palavra de repreensão e assim lhes ocultam a sua iniquidade.
Ora a repreensão é a chave com que se abre ou revela aos pecadores a sua culpa: com a repreensão abre-se-lhes a consciência para verem a sua iniquidade, que muitas vezes é ignorada pelo próprio que a cometeu. Por isso diz São Paulo que o bispo deve ser capaz de “exortar na sã doutrina e de refutar os que falam contra ela”. Também o profeta Malaquias declara: “os lábios do sacerdote são os guardas da ciência, da sua boca se espera a instrução, porque é o mensageiro do Senhor dos Exércitos”. E o Senhor adverte ainda por meio do profeta Isaías: “Clama sem cessar, levanta como trombeta a tua voz”.
Ora aquele que recebe o sacerdócio assume esta missão de arauto, para ir proclamando em alta voz a vinda do rigoroso juiz que se aproxima. Mas se o sacerdote não cumpre o ministério da pregação, que voz se pode esperar desse arauto mudo? Foi por esta razão que o Espírito Santo desceu sobre os primeiros pastores em formas de línguas; assim fez compreender que aqueles sobre quem Ele desce, tornam-se imediatamente seus mensageiros.
(Regra Pastoral de São Gregório Magno, Lib. 2, 4; PL 77, 30-31)

Relação entre mestre e o súbdito

São Gregório de Nissa, ao escrever sobre a vida cristã e o caminho para a Perfeição, apresenta um modelo de relação entre os mestres e os súbditos que faz com que a nossa vida na terra seja semelhante à dos Anjos no Céu.

Quem despreza totalmente as seduções da vida terrena e rejeita toda a glória mundana, sentir-se-á também movido a renunciar à própria vida. Renunciar à propria vida significa não buscar nunca a própria vontade, mas seguir sempre a vontade de Deus como sua única norma segura, e depois nada possuir que não seja necessário ou comum. Quem assim procede está livre e disponível para cumprir o que lhe mandarem os superiores, realizando-o prontamente, com alegria e esperança, como bom servo de Cristo, redimido para o bem comum de seus irmãos. Isto é o que quer também o Senhor quando diz: “Quem quiser ser o primeiro e o maior entre vós, seja o último de todos e o servo de todos”.
É necessário, porém, que tal servidão entre os homens seja gratuita, e aquele que exerce há-de submeter-se a todos e servir os seus irmãos como se fosse devedor de todos e de cada um deles. Na verdade, quem está constituído em autoridade deve esforçar-se por trabalhar mais que os outros pelo bem comum e ser para os súbditos um exemplo de humildade e uma imagem de serviço, considerando os seus irmãos como um tesouro que lhe foi confiado por Deus.
Por isso, os superiores devem comportar-se com a solicitude de bons educadores, como quem trata crianças de tenra idade que seus pais lhe confiaram.
Se vos sentirdes assim vinculados uns aos outros, tanto os súbditos como os mestres, aqueles obedecendo com satisfacção às ordens e preceitos, estes promovendo com alegria os irmãos ao estado de perfeição, se assim procurais honrar-vos mutuamente, então a vossa vida na terra será semelhante à dos Anjos no Céu.
(São Gregório de Nissa, sobre a vida cristã, PG 46, 297-298)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Cegos de corpo e alma

Quem me dera ter agora neste auditório a todo o mundo! Quem me dera que me ouvira agora a Espanha, que me ouvira a França, que me ouvira a mesma Roma! Príncipes, reis, imperadores, monarcas do mundo: vedes a ruina dos vossos reinos, vedes as aflições e misérias dos vossos vassalos, vedes as violências, vedes as opressões, vedes os tributos, vedes as pobrezas, vedes as fomes, vedes as guerras, vedes as mortes, vedes os cativeiros, vedes a assolação de tudo?
Ou o vedes ou não vedes. Se o vedes, como o não remediais? E se não o remediais, como o vedes? Estais cegos...
Príncipes, eclesiásticos, grandes, maiores, supremos, e vós, ó prelados, que estais em seu lugar: vede os destroços da fé, o descaimento da religião, vedes o desprezo das leis divinas, vedes a irreverência dos lugares sagrados, vedes o abuso dos costumes, vedes os pecados públicos, vedes os escândalos, vedes as simonias, vedes os sacrilégios, vedes a falta da doutrina sã, vedes a condenação e perda de tantas almas, dentro e fora da Cristandade?
Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes, como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos...
Ministros da República, da Justiça, da Guerra, do Estado, do Mar e da Terra; vedes as obrigações que se descarregam sobre o vosso cuidado, vedes o peso que carrega sobre as vossas consciências, vedes os roubos, vedes os descaminhos, vedes a desatenção do governo, vede as injustiças, vedes os enredos, vedes as dilações, vedes os subornos, vedes os respeitos, vedes as potências dos grandes e as vexações dos pequenos, vedes as lágrimas dos pobres, os clamores e os gemidos de todos?
Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes, como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos...
Pais de família que tendes casa, mulher, filhos, criados: vedes o desconcerto e descaminho de vossas famílias, vedes a vaidade da mulher, vedes o pouco recolhimento das filhas, vedes a liberdade e más companhias dos filhos, vedes a soltura e descomedimento dos criados, vedes como vivem, vedes o que fazem e o que se atrevem a fazer, fiados muitas vezes na vossa dissimulação, no vosso consentimento e na sombra do vosso poder?
Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes, como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos...
Homem cristão, de qualquer estado e de qualquer condição que sejas: vês a fé e o carácter que recebeste no baptismo, vês a obrigação da lei que professas, vês o estado em que vives há tantos anos, vês os encargos da tua consciência, vês as restituições que deves, vês a ocasião de que te não apartas, vêrs o perigo da tua alma e da tua salvação, vès que estás actualmente em pecado mortal, vês que se te toma a morte nesse estado te condenas sem remédio, vês que se te condenas hás de arder no inferno enquanto Deus for Deus, e que hás de carecer do mesmo Deus por toda a eternidade?
Ou vemos tudo isso, cristãos,  ou não o vemos. Se o não vemos, como somos tão cegos? E se o vemos, como o não remediamos?!
(Padre António Vieira, Sermão da Quaresma sobre o tema da Cura do cego de nascença).
Estas palavras pronunciadas pelo grande pregador na Igreja da Misericórdia de Lisboa no ano de 1669, mostram-nos que os desvarios e desgovernos são de todos os tempos. Para nos remirmos de tão funesta desordem, embebamos o nosso espírito na oração, na boa leitura ou na meditação e certamente, as escamas cairão dos nossos olhos!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Conselhos do Papa aos novos Bispos: acolher os novos carismas e santidade

O encontro anual com os Bispos nomeados durante o ano ofereceu-me a possibilidade de sublinhar alguns aspectos do ministério episcopal. Hoje, gostaria de meditar brevemente convosco sobre a importância do acolhimento, por parte do Bispo, dos carismas que o Espírito suscita para a edificação da Igreja. A consagração episcopal conferiu-vos a plenitude do sacramento da Ordem que, no seio da Comunidade eclesial, é posto ao serviço do sacerdócio comum dos fiéis, do seu crescimento espiritual e da sua santidade. Com efeito, o sacerdócio ministerial — como bem sabeis — tem a finalidade e a missão de fazer viver o sacerdócio dos fiéis que, em virtude do Baptismo, participam à sua maneira do único sacerdócio de Cristo, como afirma a Constituição conciliar Lumen Gentium: «O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, embora se diferenciem essencialmente um do outro, e não apenas em grau, contudo ordenam-se mutuamente um para o outro: na verdade ambos participam, a seu modo peculiar, do único sacerdócio de Cristo» (n. 10). Por este motivo, os Bispos têm a tarefa de vigiar e trabalhar a fim de que os baptizados possam crescer na graça e em conformidade com os carismas que o Espírito Santo suscita nos seus corações e nas suas comunidades. O Concílio Vaticano II recordou que, enquanto unifica a Igreja na comunhão e no ministério, o Espírito Santo enriquece-a e dirige-a com diversos dons hierárquicos e carismáticos, adornando-a com os seus frutos (cf. ibid., n. 4). A recente Jornada Mundial da Juventude em Madrid demonstrou, mais uma vez, a fecundidade da riqueza dos carismas na Igreja, precisamente hoje, e a unidade eclesial de todos os fiéis reunidos ao redor do Papa e dos Bispos. Uma vitalidade que fortalece a obra de evangelização e a presença da Igreja no mundo. E vemos, podemos quase tocar, o facto de que também hoje o Espírito Santo está presente na Igreja, cria carismas e fomenta a unidade.
O dom fundamental que sois chamados a alimentar nos fiéis confiados aos vossos cuidados pastorais consiste, antes de tudo, na filiação divina, que é participação de cada um na comunhão trinitária. O essencial é que nos tornemos realmente filhos e filhas no Filho. O Baptismo, que faz dos homens «filhos no Filho» e membros da Igreja, é a raiz e a fonte de todos os outros dons carismáticos. Mediante o vosso ministério de santificação, vós educais os fiéis a participar cada vez mais intensamente no ofício sacerdotal, profético e real de Cristo, ajudando-os a edificar a Igreja em conformidade com os dons reebidos de Deus, de maneira concreta e co-responsável. Com efeito, devemos ter sempre presente o facto de que as dádivas do Espírito, quer sejam extraordinárias quer simples e humildes, são sempre concedidas gratuitamente para a edificação de todos. O Bispo, enquanto sinal visível da unidade da sua Igreja particular (cf. ibid., n. 23), tem a tarefa de unificar e harmonizar a diversidade carismática na unidade da Igreja, favorecendo a reciprocidade entre o sacerdócio hierárquico e o sacerdócio baptismal.
Portanto, acolhei os carismas com gratidão, para a santificação da Igreja e a vitalidade do apostolado! E este acolhimento e gratidão ao Espírito Santo, que age também hoje no meio de nós, são inseparáveis do discernimento, que é próprio da missão do Bispo, como reiterou o Concílio Vaticano II, que confiou ao ministério pastoral o juízo a respeito da autenticidade dos carismas e do seu exercício ordenado, sem extinguir o Espírito, mas examinando e considerando aquilo que é bom (cf. ibid., n. 12). Isto parece-me importante: por um lado, não extinguir, mas por outro, distinguir, ordenar e considerar, examinando. Por isso, deve ser sempre claro o facto de que nenhum carisma dispensa da referência e da submissão aos Pastores da Igreja (cf. Exortação Apostólica Chirstifideles laici, 24). Acolhendo, julgando e ordenando os vários dons e carismas, o Bispo presta um serviço grandioso e inestimável ao sacerdócio dos fiéis e à vitalidade da Igreja, que resplandecerá como esposa do Senhor, revestida da santidade dos seus filhos.
Este ministério complexo e delicado exige que o Bispo alimente com atenção a sua própria vida espiritual. Somente assim cresce o dom do discernimento. Como afirma a Exortação Apostólica Pastores Gregis, o bispo torna-se «pai» precisamente porque é «filho» da Igreja (cf. n. 10). Por outro lado, em virtude da plenitude do sacramento da Ordem, é mestre, santificador e Pastor, que age no nome e na pessoa de Cristo. Estes dois aspectos inseparáveis chamam-no a crescer como filho e como Pastor no seguimento de Cristo, de maneira que a sua santidade pessoal manifeste a santidade objectiva, recebida mediante a consagração episcopal, porque a santidade objectiva do sacramento e a santidade pessoal do bispo caminham juntas. Portanto, caros Irmãos, exorto-vos a permanecer sempre na presença do Bom Pastor e a assimilar cada vez mais os seus sentimentos e as suas virtudes humanas e presbiterais, mediante a oração pessoal que deve acompanhar as vossas importantes jornadas apostólicas. Na intimidade com o Senhor encontrareis conforto e sustento para o vosso ministério exigente. Não tenhais medo de confiar ao Coração de Jesus Cristo todas as vossas preocupações, persuadidos de que Ele cuida de vós, como já admoestava o apóstolo Pedro (cf. 1 Pd 5, 6). A oração seja sempre alimentada pela meditação da Palavra de Deus, pelo estudo pessoal, pelo recolhimento e pelo justo descanso, a fim de que possais, com tranquilidade, saber ouvir e acolher «o que o Espírito diz às Igrejas» (Ap 2, 11) e conduzir todos para a unidade da fé e do amor. Com a santidade da vossa vida e a caridade pastoral sereis de exemplo e de ajuda para os sacerdotes, vossos primeiros e indispensáveis colaboradores. Tereis o cuidado de fazer com que eles cresçam na co-responsabilidade, como guias sábios dos fiéis que, juntamente convosco, são chamados a edificar a Comunidade com os seus dons, os seus carismas e com o testemunho da sua própria vida, para que a Igreja dê testemunho de Jesus Cristo na coralidade da comunhão, a fim de que o mundo creia. E precisamente hoje, esta proximidade dos sacerdotes em relação a todos os problemas é de enorme importância.
 (Papa Bento XVI, discurso aos participantes no encontro promovido pela Congregação para os Bispos com os novos Bispos, 15/9/2011)


Não bastam os estudos, é preciso escutar os outros

A ligação entre a Graça de Deus e a atenção prestada à Palavra de Deus e ao que os outros nos dizem é um tema interessante que mereceria um estudo profundo.
No dia 24 de Setembro de 2011, o Papa Bento XVI fez um discurso espontâneo a 60 seminaristas no qual explicou a necessidade de ouvirmos a Palavra de Deus que vem através dos outros, sejam eles fundadores, sacerdotes ou mesmo amigos, leigos.
“São Paulo escreveu que a fé vem da escuta, não da leitura. Precisa também da leitura, mas vem da escuta, isto é, da palavra vivente, das palavras que os outros me dirigem e que posso escutar; das palavras da Igreja através de todos os tempos, da palavra atual que esta me dirige por meio dos sacerdotes, bispos, irmãos e irmãs”, afirmou.
“Nós somos Igreja: sejamos Igreja! Sejamos Igreja precisamente nesse abrir-nos e ir além de nós mesmos; sejamos Igreja junto aos outros.”

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A descoberta do talento de Giotto

Nos arredores de Florença, Cimabue, pintor, criador de mosaicos e o introdutor da perspectiva na pintura durante o Renascimento, passeava a cavalo, quando se deparou com um pastor de tenra idade, a desenhar carneiros sobre uma pedra com um pedaço de carvão.

Os animais e a lã eram tão reais, tão perfeitos, que o insígne Cimabue levou o pastor para a cidade a fim de estudar a arte da pintura.

Esse pastor de carneiros veio a ser, anos depois, o imortal Giotto, que resplandece em todo o século áureo de Florença, vindo até a sobrepujar Cimabue, escurecendo a glória do seu protector.

Deus Existe: Como o ateu mais famoso do mundo mudou de ideias

Por mais de cinco décadas, o filósofo Inglês Antony Flew foi um dos ateus mais veementes no mundo. Em 2004, na Universidade de Nova York, em 2004 deixou a sua plateia estupefacta ao anunciar que já aceitava a existência de Deus e que estava particularmente impressionado com o testemunho do Cristianismo.
No seu livro, cujo título original é Deus Existe: Como o ateu mais famoso do mundo mudou de ideias (Nova York: Harper One, 2007), Flew não só desenvolve os seus próprios argumentos sobre a existência de Deus, mas argumenta contra as opiniões de importantes cientistas e filósofos sobre a questão de Deus.
A sua investigação levou-o a examinar, entre outros, os trabalhos críticos de David Hume sobre o princípio da causalidade e os argumentos de cientistas de renome, como Richard Dawkins, Paul Davies e Stephen Hawking. Outro dos pensamentos sobre Deus que tomou como referência foi o de Albert Einstein, já que, ao contrário do que afirmam ateus como Dawkins, Einstein foi claramente crente.
A principal razão que levou Flew a mudar radicalemnte de opinão decorre das recentes investigações científicas sobre a origem da vida, que mostram a existência de uma "inteligência criadora". "" Creio que o ADN tem demonstrado, devido à incrível complexidade dos mecanismos que são necessários para se gerar a vida, que tem de haver uma inteligência superior no funcionamento unitário de elementos tão extraordinariamente diferentes uns dos outros", afirma.
"É a enorme complexidade dos muitos elementos envolvidos nesse processo e a enorme subtileza dos modos que tornam possível que trabalhem juntos. Esta grande complexidade dos mecanismos que se dão na origem da vida é que me levou a acreditar na participação de uma inteligência", acrescenta Flew.

Sobre a teoria de Richard Dawkins de que o chamado "gene egoísta" é responsável pela vida humana, Flew qualifica-a de “exercício supremo de mistificação popular". "Os genes, evidentemente, não podem ser egoístas ou altruístas, assim como qualquer outra entidade não consciente não pode competir com outra ou fazer escolhas."

"Agora acredito que o universo foi criado por uma inteligência infinita e que as intrincadas leis do universo revelam o que os cientistas têm chamado de a Mente de Deus. Acredito que a vida e a reprodução tiveram origem numa fonte divina ", diz ele.

"Porque apoio isto, depois de ter defendido o ateísmo por mais de meio século? A resposta simples é que esta é a imagem do mundo, tal como a vejo, que emerge da ciência moderna. A ciência destaca três dimensões da natureza que apontam para Deus." "A primeira é o facto de que a natureza obedece a leis. A segunda, a existência de vida organizada de modo inteligente e dotada de propósito, que se originou a partir da matéria. A terceira é a própria existência da natureza. Mas nesta viagem não me guiei apenas pela ciência. Também me ajudou o estudo renovado dos argumentos filosóficos clássicos", assinala.

"A minha saída do ateísmo não foi causada por nenhum fenómeno novo, nem por um argumento em particular. De facto, nas últimas duas décadas, toda a estrutura do meu pensamento mudou. Isto foi resultado da minha avaliação contínua das evidências da natureza. Quando finalmente reconheci a existência de Deus não foi por uma mudança de paradigma, porque o meu paradigma continua", conclui ele."

Após a publicação do livro, choveram críticas dos seus colegas por causa da mudança efectuada, entre elas a de Mark Oppenheimer, num artigo intitulado A Mudança De Um Ateu.

Oppenheimer caracteriza Flew como um velho senil que é manipulado e explorado pelos cristãos evangélicos para os seus próprios propósitos. Além disso, acusa-o de ter assinado um livro que nunca escreveu. No entanto, Flew, de 86 anos de idade, responde de forma conclusiva: "O meu nome está no livro e representa exactamente a minha opinião. Não permito a publicação de um livro com o meu nome com o qual não esteja cem por cento de acordo."

"Eu precisava de alguém para o escrever porque eu tenho 84 anos”', disse ele. “Foi esse o papel de Roy Varghese. A ideia de que alguém me manipulou porque sou velho é perfeitamente errada. Posso estar velho, porém é difícil que alguém me manipule. Este é o meu livro e representa o meu pensamento é", sentenciou.